Foto criada por IA - Gemini
by Deise Brandão
Enquanto a psiquiatria celebrava eletrochoque, lobotomia e camisa de força como avanços modernos, uma mulher caminhava devagar pelos corredores de um hospital no Rio de Janeiro. Não carregava agulhas, nem contenções. Levava cadernos, tintas e uma teimosia feroz: enxergar pessoas onde o sistema via apenas diagnósticos.
O nome era Nise da Silveira — alagoana, única mulher de sua turma de Medicina, e a médica que escolheu o território mais temido da psiquiatria: a loucura.
Lá dentro, recusou o protocolo. Chamou de tortura o que outros chamavam de ciência. Negou eletrochoques, insulinoterapia, lobotomia, camisa de força. Pagou o preço. Foi ridicularizada, tratada como ingênua, acusada de “não entender psiquiatria”.
Nise respondeu criando o impensável: oficinas de pintura, modelagem, música, jardins, e até cães que circulavam entre pessoas consideradas “irrecuperáveis”. Não viu “delírios sem sentido”. Viu linguagem. Criou o Museu de Imagens do Inconsciente para guardar aquilo que a medicina se recusava a ouvir.
Enquanto hospitais defendiam violência travestida de técnica, Nise aproximava Jung do Brasil, discutia símbolos, sonhos, mitos, e propunha algo subversivo: tratar com afeto. Sua Terapêutica Ocupacional se tornou laboratório vivo de um outro modo de cuidar — o que mais tarde inspiraria a luta antimanicomial.
Hoje, prêmios, centros culturais e documentários levam seu nome. Mas a revolução real está escondida naquilo que ninguém vê: gente que deixou de ser amarrada para poder criar, famílias reencontradas, profissionais que passaram a olhar diferente.
Nise não “doceficou” a psiquiatria. Ela quebrou o concreto e plantou jardim no porão.
Humanizar tratamento mental não é romantizar dor — é recusar barbárie como protocolo.
O nome era Nise da Silveira — alagoana, única mulher de sua turma de Medicina, e a médica que escolheu o território mais temido da psiquiatria: a loucura.
Lá dentro, recusou o protocolo. Chamou de tortura o que outros chamavam de ciência. Negou eletrochoques, insulinoterapia, lobotomia, camisa de força. Pagou o preço. Foi ridicularizada, tratada como ingênua, acusada de “não entender psiquiatria”.
Nise respondeu criando o impensável: oficinas de pintura, modelagem, música, jardins, e até cães que circulavam entre pessoas consideradas “irrecuperáveis”. Não viu “delírios sem sentido”. Viu linguagem. Criou o Museu de Imagens do Inconsciente para guardar aquilo que a medicina se recusava a ouvir.
Enquanto hospitais defendiam violência travestida de técnica, Nise aproximava Jung do Brasil, discutia símbolos, sonhos, mitos, e propunha algo subversivo: tratar com afeto. Sua Terapêutica Ocupacional se tornou laboratório vivo de um outro modo de cuidar — o que mais tarde inspiraria a luta antimanicomial.
Hoje, prêmios, centros culturais e documentários levam seu nome. Mas a revolução real está escondida naquilo que ninguém vê: gente que deixou de ser amarrada para poder criar, famílias reencontradas, profissionais que passaram a olhar diferente.
Nise não “doceficou” a psiquiatria. Ela quebrou o concreto e plantou jardim no porão.
Humanizar tratamento mental não é romantizar dor — é recusar barbárie como protocolo.
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