by Deise Brandão
Por décadas, John Lennon foi vendido como porta-voz do amor universal.
Um guru pop da paz, pregando que o mundo era lindo, desde que o ego ficasse desarmado e todos cantassem “Imagine”.
Mas bastou sair da música para entrar na vida real: Lennon não era exatamente um símbolo de paz. Pelo contrário.
Se o slogan era “Love is all you need”, faltou combinar com a família, com o filho, com as mulheres e com ele mesmo. Infância torta, obsessões e um “diário” perturbador
Lennon cresceu colecionando abandonos: pai ausente, mãe instável, culpa, revolta e um ego gigante.
Em áudios gravados em 1979, o mito do pacifismo confessou fantasias sexuais com a própria mãe quando tinha 14 anos, e disse acreditar que ela “talvez tivesse permitido”.
Ninguém nunca viu John pedir desculpas por isso — muito menos por coisa pior.
O pacifista que batia em casa
Cynthia Powell, sua primeira esposa, não conheceu o Lennon da utopia hippie. Conheceu o Lennon real: agressivo, infiel e cruel.
Sua biografia descreve violência, humilhações e traições.
E o filho Julian, ainda criança, apanhava, era ridicularizado pelo próprio pai e ignorado em quase tudo que dizia respeito à sua vida.
Uma governanta da família relatou, em carta, episódios de agressões que fariam o “ícone da paz” perder qualquer fã sensato.
Lennon pregava amor no microfone e praticava o oposto dentro de casa.
Julian resumiu a contradição melhor do que qualquer crítico: “Meu pai defendia a paz e o amor no mundo. Mas não conseguia demonstrar um pouco de paz e amor pela própria família.”
O mito, a amante e a narrativa conveniente.
Cynthia era esposa no papel — Lennon a tratava como “namoradinha descartável”.
Quando a traição com Yoko Ono não dava mais para esconder, ele simplesmente ficou bêbado… e contou tudo. Como um adolescente orgulhoso de uma aventura proibida.
Yoko, depois, quis reescrever a história — como se Cynthia tivesse atrapalhado o amor épico dos ídolos.Ironia: até Yoko foi traída. Lennon manteve um relacionamento paralelo com sua própria assistente, May Pang, durante 18 meses. E Yoko ainda achou “não prejudicial”.
O homem que cantou sobre amor livre não falava sobre liberdade. Falava sobre posse.
A paz morre quando vira marketing.
John Lennon se tornou ícone por aquilo que dizia, não por aquilo que vivia.
Assim como muita gente hoje faz discurso “de bem”, enquanto destrói quem está perto.
O que morreu não foi a paz.
O que morreu foi a ilusão vendida como paz.
A violência sempre esteve lá. Só não aparecia na capa do disco.
____________________________________________________________
Fontes:
Vice (Vice News / Vice Magazine)
Matérias que abordam os áudios gravados por Lennon, suas confissões e o relacionamento com Cynthia e Julian.
Trechos citados sobre:
-
gravações de 1979 (fantasia com a mãe);
-
relacionamento extraconjugal com May Pang;
-
postura de Yoko Ono ao comentar o caso.
The Times (Reino Unido)
Publicação da carta de Dorothy Jarlett, governanta da família Lennon, revelada apenas em 2015.
Fonte da informação sobre:
Biografia de Cynthia Powell Lennon – “John” (2005)
Livro de memórias da primeira esposa.
Fontes das informações sobre:
Biografia: “John Lennon: A Life” – Philip Norman (2008/2009)
Livro investigativo com entrevistas, documentos privados e relatos de pessoas próximas.
Confirma abusos, padrões de comportamento e o vínculo problemático com a fama.
Obras complementares frequentemente usadas em matérias sobre o tema
-
Bob Spitz – “The Beatles: A Biography” (2007)
Confirma o comportamento agressivo e autodestrutivo.
-
Steve Turner – “Beatles 1966: O Ano Revolucionário” (2016/2018)
Contextualiza a transformação da imagem pública de Lennon em “ativista”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário