domingo, 12 de outubro de 2025

Japão não está construindo cidade subaquática — entenda a verdade por trás da manchete

             

by Deise Brandão

Nos últimos dias, manchetes chamativas como “Japão constrói cidade subaquática” voltaram a circular nas redes e em sites de notícias. O título é impactante — mas também enganoso.
A verdade é que o Japão não está construindo uma cidade futurista no fundo do mar. O que existe, de fato, é um projeto conceitual chamado Shimizu Corporation, que propõe a criação de uma cidade subaquática batizada de Ocean Spiral.

    O que realmente existe

A proposta foi apresentada ainda em 2014 e chama atenção pela ousadia: uma estrutura em forma de espiral que desceria até o fundo do oceano, abrigando uma cidade completa — com moradias, áreas comerciais e espaços de pesquisa.
A ideia inclui geração de energia a partir da diferença de temperatura entre a superfície e as camadas mais profundas do mar, por meio da chamada tecnologia OTEC (Ocean Thermal Energy Conversion), que já está em fase de testes no Japão.

    O que ainda não existe

Apesar do entusiasmo, o Ocean Spiral ainda é um conceito futurista.
Nenhuma obra foi iniciada. Especialistas apontam que:

  • o custo estimado ultrapassa dezenas de bilhões de dólares;

  • as tecnologias necessárias ainda não estão maduras;

  • há desafios gigantescos em segurança, engenharia e sustentabilidade.

Ou seja: não há uma “cidade subaquática japonesa” sendo construída neste momento — apenas estudos e protótipos de tecnologias relacionadas.

    Como manchetes distorcem a informação

Esse é um bom exemplo de como títulos sensacionalistas podem induzir o público ao erro. Ao dizer “Japão constrói cidade subaquática”, cria-se a impressão de que a obra está em andamento, quando o correto seria dizer:

“Japão apresenta projeto futurista de cidade subaquática.”

A diferença parece pequena, mas muda completamente o sentido.

    Um olhar para o futuro

O projeto Ocean Spiral representa, sim, uma visão ousada de futuro — uma tentativa de pensar formas alternativas de habitação diante da superpopulação e das mudanças climáticas.
Mas, por enquanto, continua sendo um sonho de engenharia, e não uma construção real.

Antes de compartilhar manchetes chamativas, vale a pena olhar além do título. Nem tudo que parece futurista já está acontecendo — e nesse caso, a cidade subaquática do Japão ainda está debaixo d’água… no papel.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Cris Pereira: o caso que virou espetáculo — e escondeu o verdadeiro protagonista

                      

by Deise Brandão

Não sei se Cris Pereira é culpado ou inocente. O que me interessa — e que ninguém parece querer discutir — é que a mãe da menina não condenou ninguém.

Não foi ela quem reverteu a absolvição.
Não foi ela quem levou o caso a uma Câmara Criminal.

Foi o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul.
E quem assinou a condenação final foi o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
 

O que ninguém está falando

Se fosse uma armação da mãe, como muitos estão repetindo, o processo teria morrido na primeira instância — como morrem todos os processos em que não há prova suficiente.
Mas não.
O Ministério Público recorreu.E quatro desembargadores acataram o recurso e condenaram.
 

A pergunta óbvia que ninguém faz é: por quê?

👉 Quais foram os fundamentos desse recurso?
👉 Que elementos convenceram um colegiado inteiro a reverter uma sentença absolutória?
👉 Por que essa informação não está sendo divulgada com transparência mínima?

O peso da minha experiência

Falo como alguém que conhece, na pele, como o MP e o Judiciário podem manipular destinos.
Sei que decisões podem ser distorcidas, invertidas, usadas politicamente.
Sei que em certas comarcas “padrão”, a versão oficial é apenas o verniz de um jogo muito mais sujo.

Então, sim, é mais plausível — do ponto de vista institucional — que tenha havido manobra ou jogo de bastidores, do que imaginar que uma mãe “armou” algo tão grande a ponto de dobrar promotor e quatro desembargadores sozinha.

Afinal, quem teria dinheiro e poder para isso? 

A engenharia do bode expiatório

Enquanto a sociedade briga entre “mãe mentirosa” e “comediante injustiçado”,
o verdadeiro protagonista do ato jurídico passa despercebido: o Estado.

👉 Não foi a mãe que recorreu.
👉 Não foi a mãe que condenou.
👉 Não foi a mãe que sustentou a tese em segunda instância.

Mas é a mãe que está sendo linchada.
E junto com ela, a filha — que sequer tem voz para se defender da narrativa pública.
 

O silêncio que grita

A sentença de primeiro grau absolveu.
A sentença de segundo grau condenou.
Entre uma e outra, há uma peça processual que ninguém está cobrando: a apelação do MP.

Essa peça tem um nome. Tem um autor. Tem uma fundamentação jurídica.
E deveria — por obrigação institucional — estar clara à sociedade.

Mas não está. 

Eu não defendo Cris. Eu defendo a verdade.

Se ele for inocente, que o Estado explique por que o condenou.
Se ele for culpado, que o Estado explique por que esconde as provas.
Em ambos os cenários, há algo podre:
ou uma condenação sem transparência,
ou uma verdade que está sendo enterrada.

E no meio disso tudo, transformam uma mãe em vilã pública — para que ninguém olhe para cima. 

    A cobrança é clara:

  •  Quem assinou a apelação do MP?
  • Qual foi a fundamentação que convenceu quatro desembargadores?
  • Por que o TJRS não dá transparência mínima ao caso?
  • Por que o foco foi desviado para a mãe, quando a responsabilidade é institucional? 

Não aceito narrativas prontas. Não aceito linchamentos públicos de quem não condenou.E não aceito que um Estado que se diz de Direito aja na penumbra.

Que a sociedade exija respostas, em vez de destilar achismos e veneno contra pessoas que sequer conhece — de um lado ou de outro. E se conhece, que tenha a coragem de parecer imparcial e cobrar de quem realmente tem poder para responder: o Estado.

 

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Lápis que viram vida

 


by Deise Brandão

Um projeto nas Filipinas está dando novo destino ao que o mundo costuma jogar fora.
Jornais velhos, papel amassado, tinta esquecida — tudo isso renasce em forma de lápis ecológicos. 
Mas não são lápis comuns: na ponta de cada um, há uma cápsula com sementes de manjericão.

Quando o lápis chega ao fim, em vez de ir pro lixo, ele vai pra terra.
E dali, em poucas semanas, nasce uma planta.
Simples assim: o que um dia foi notícia, vira tempero, vira vida.

É mais que reciclagem — é uma lição de coerência.
Um lembrete silencioso de que tudo pode ter um ciclo bonito, se houver intenção.
Esses lápis ensinam o que o mundo anda esquecendo: que sustentabilidade não é discurso, é gesto.
É plantar o que se usa, devolver o que se tira, e permitir que a natureza continue escrevendo conosco.

domingo, 5 de outubro de 2025

MAQUIAVEL TAMBÉM SE APRENDE

                     



by Deise Brandão

Entre o cálculo e a lucidez, há quem aprenda a ver o mundo como ele é — não como gostaria que fosse.

Há quem nasça acreditando na bondade natural das pessoas.
E há quem, depois de cair o bastante, aprenda o idioma dos lobos.

Maquiavel pertenceu a esse segundo grupo.
E quem sobreviveu ao caos também.

Ser maquiavélico não é ser cruel — é enxergar a engrenagem do poder sem o verniz das ilusões.
É saber que, quando as máscaras caem, o que move o mundo não são promessas nem virtudes, mas estratégia, coragem e leitura fria do cenário.

Maquiavel se aprende quando a vida obriga a ver o que os outros fingem não ver:
os falsos aliados, os aplausos interesseiros, o discurso travestido de moralidade.
Aprende-se Maquiavel quando se descobre que quem mais fala de ética teme ser exposto,
e que quem é acusado de dureza é, muitas vezes, o único lúcido em meio aos disfarces.

O maquiavelismo não nasce da frieza — nasce da lucidez.
De quem já confiou e foi traído, acreditou e foi usado, perdoou e foi ferido outra vez.
É o estágio evolutivo de quem cansou de perder por jogar limpo num jogo sujo.

Maquiavel não defendia o mal. Defendia a clareza.
Não dizia “trapaceie”, mas sim: “entenda o jogo antes de jogar”.
E quem entende o jogo muda o tabuleiro.

Ser maquiavélico é agir com propósito, não com impulsos.
É controlar o que os outros chamam de sorte.
E, quando o caos chega, moldá-lo com mãos firmes — porque o caos não se convence com gentilezas.

Maquiavel também se aprende.
Aprende-se nas ausências, nas traições silenciosas, nas vezes em que a verdade custou caro demais.

E se aprende, principalmente, quando se descobre que sobreviver também é uma forma de governar.

sábado, 27 de setembro de 2025

Há muito mais entre o céu e a terra

 

by  Deise Brandão

Há acontecimentos que nos fazem parar, respirar fundo e pensar: até onde vai o acaso? Onde termina a coincidência e começa o mistério? O recente assassinato do ativista Charlie Kirk reacendeu um desses debates, trazendo à tona um filme dos anos 90 e uma sequência de paralelos que parecem mais roteiro do que realidade.

O filme esquecido que voltou à tona

Em Snake Eyes (1998), dirigido por Brian De Palma, Nicolas Cage interpreta Rick Santoro, um detetive que testemunha uma conspiração durante uma luta de boxe em Atlantic City. No centro da plateia, o Secretário de Defesa Charles Kirkland é assassinado. Até aqui, nada além de um thriller típico da época.

O que arrepia hoje é o detalhe da própria sinopse: a trama se passa na noite de 10 de setembro, durante a tempestade tropical “Jezabel”.

O paralelo inesperado

Corta para 2025. O ativista conservador Charlie Kirk é morto, também em 10 de setembro, nos EUA. E as coincidências não param por aí:

  • Nome: Charles Kirkland (filme) ↔ Charlie Kirk (vida real).

  • Data: 10 de setembro, nos dois casos.

  • Local do impacto: ambos atingidos no pescoço.

  • Nome do suspeito: no filme, o boxeador é Lincoln Tyler; no caso real, o acusado chama-se Tyler Robinson.

Coincidência demais? Ou sinais de que certos padrões se repetem em ciclos que não compreendemos totalmente?

Por que isso nos impacta

O ser humano busca padrões como forma de dar sentido ao caos. Mas quando nomes, datas e circunstâncias se alinham dessa forma, a sensação é de que há algo além do acaso — como se a vida piscasse para nós em códigos que ainda não sabemos decifrar.

Não é por acaso que expressões como “falha na Matrix” voltam a circular com força. Essas repetições nos lembram que a fronteira entre ficção e realidade pode ser muito mais tênue do que imaginamos.

Mais do que entretenimento

Este não é apenas um enigma curioso para uma noite de sábado. É também um convite à reflexão: até que ponto estamos presos a ciclos? Quantas vezes a história se repete até que alguém consiga quebrar o padrão?

Checklist das coincidências

  • Data idêntica: 10 de setembro.

  • Nomes próximos: Kirkland ↔ Kirk.

  • Local do impacto: pescoço.

  • Presença de “Tyler” nos dois casos.

  • Evento público como palco: luta de boxe ↔ debate universitário.

Não se trata de banalizar a tragédia, mas de reconhecer que há mistérios que desafiam a lógica. Como escreveu Shakespeare, “há muito mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”.

Coincidência… falha na Matrix… ou sinal de que a realidade é muito mais profunda do que ousamos admitir?  💊 Blue Pill or Red Pill?


sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Defesa de Cris Pereira escora-se em “contradições judiciais”, mas ignora o essencial: houve ou não estupro?

 



by Deise Brandão

O caso do humorista Cris Pereira, condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a 18 anos de prisão por estupro de vulnerável, expõe uma ferida do sistema: quando o processo entra em segredo de justiça e a defesa aposta mais em formalismos do que em enfrentar a acusação de frente, quem perde é a sociedade.

Pereira foi absolvido em 1ª instância e, posteriormente, condenado em 2ª instância. A defesa martela que a decisão do TJRS teria “contrariado laudos oficiais” do Instituto Médico Legal (IML), sustentando que os exames não comprovaram o crime. Até aqui, a narrativa parece sólida: se há laudos técnicos que negam a violência, como condenar?

O problema é que a própria defesa não enfrenta a questão central: houve ou não estupro da criança de três anos?
O que se lê nos comunicados é um debate sobre “contrariedade” entre juízes, sobre a suposta “injustiça” de o tribunal ter reformado a absolvição, sobre “valoração da prova”. Tudo gira em torno da disputa entre o juiz de primeiro grau e os desembargadores.

Ora, em um crime desta gravidade — um homem de 45 anos acusado de estuprar a própria filha de 3 anos — não basta discutir divergências processuais. A sociedade espera clareza. Se o IML atestou categoricamente a inexistência de estupro, por que a defesa não exibe esse documento, com assinatura de peritos, deixando a opinião pública diante de uma prova objetiva?

Ao restringir-se a dizer que a condenação foi “contrária aos laudos”, mas sem expor o conteúdo técnico desses exames, a defesa abre espaço para dúvida. Parece mais preocupada em denunciar um suposto erro de interpretação judicial do que em afirmar, com todas as letras: meu cliente não estuprou.

Essa estratégia revela uma fragilidade. Em vez de enfrentar o mérito — inocência ou culpa —, a linha adotada desloca o foco para formalismos jurídicos. É como se a batalha fosse apenas sobre quem interpretou melhor as provas, e não sobre o que aconteceu com uma criança de três anos.

No fim, a pergunta que ecoa é direta:

  • Se os laudos de fato inocentam Pereira, por que a defesa não sustenta de maneira firme, inequívoca e pública que o estupro nunca ocorreu?

  • Por que a retórica se limita a reclamar da contradição entre juiz e desembargador?

  • Estaríamos diante de uma aposta calculada, onde o discurso jurídico serve apenas para ganhar tempo e empurrar a decisão para tribunais superiores?

Enquanto isso, a vítima — uma criança de três anos — segue no centro de uma disputa onde o essencial se perde: não são os egos dos magistrados ou as técnicas processuais que importam. O que importa é a verdade sobre um crime brutal. E é justamente isso que a defesa evita encarar de frente.

Professor da Escola do Ministério Público é preso suspeito de crimes sexuais no RS

         

by Deise Brandão

A prisão do advogado e professor de Direito Conrado Paulino da Rosa, ocorrida nesta sexta-feira (26), em Porto Alegre, expõe um dos casos mais chocantes envolvendo o meio acadêmico e jurídico do Rio Grande do Sul. Conhecido por sua atuação na área de Direito de Família e Sucessões, Conrado ocupava um posto de prestígio: foi professor e coordenador de cursos de pós-graduação na Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), instituição que forma futuros promotores, procuradores e profissionais da área jurídica.

A ironia é dura: um docente responsável por ensinar sobre ética, família e direitos fundamentais é acusado de violar justamente os princípios que defendia em sala de aula. Pelo menos 13 mulheres já prestaram depoimento à Polícia Civil, relatando episódios de estupro, agressões físicas durante relações sexuais e violência psicológica.

A delegada Fernanda Campos Hablich, responsável pela investigação, destacou que há semelhança entre os relatos, o que reforça o padrão de conduta do suspeito. Os casos teriam ocorrido ao longo de mais de uma década, entre 2013 e 2025.

Queda de prestígio

Até recentemente, Conrado era visto como uma referência acadêmica: foi presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família no Rio Grande do Sul (IBDFAM-RS) e publicou 18 obras sobre Direito de Família. Lecionava para turmas de graduação e mestrado, e representava a FMP em congressos jurídicos.

Na última quinta-feira (18), a instituição anunciou sua demissão em caráter administrativo, após o início das investigações. Em nota, a FMP afirmou que o desligamento ocorreu “sem juízo antecipado sobre responsabilidades relacionadas a fatos externos à instituição”. Ainda assim, o fato de um professor da Escola do Ministério Público figurar no centro de acusações tão graves abala a credibilidade da comunidade acadêmica e gera repercussão entre estudantes e operadores do Direito.

Defesa e repercussão

Nas redes sociais, Conrado declarou que “repudia qualquer forma de violência contra a mulher” e que “a verdade dos fatos se sobressairá”. Seu advogado já anunciou que pedirá Habeas Corpus, considerando a prisão “desproporcional”.

Do outro lado, a advogada das vítimas, Gabriela Souza, ressaltou que a prisão representa um primeiro passo de alívio: “As vítimas, que tiveram coragem de se manifestar, agora podem perceber que sua voz foi ouvida e que os atos relatados não foram ignorados”.

O contraste que choca

O caso não se limita a um escândalo policial. Ele expõe a contradição de um educador do Ministério Público, instituição símbolo da defesa de direitos, estar agora no banco dos investigados por violar justamente esses direitos em sua vida privada.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Cientistas criam hidrogel que imita a pele humana e se autorrepara em 24 horas

 




by Deise Brandão

Um avanço promissor da ciência de materiais pode transformar áreas como medicina, robótica e biotecnologia. Pesquisadores da Universidade Aalto (Finlândia) e da Universidade de Bayreuth (Alemanha) desenvolveram um novo tipo de hidrogel capaz de reproduzir características semelhantes à pele humana — incluindo elasticidade, flexibilidade e, sobretudo, a capacidade de autorregeneração.

Nos testes de laboratório, o material impressionou: após sofrer cortes, conseguiu se recuperar entre 80% e 90% em apenas 4 horas, atingindo reparação completa em 24 horas.

Como funciona o material

O hidrogel é formado por uma rede de polímeros entrelaçados reforçados com nanosheets de argila ultrafinos. Cada amostra de 1 milímetro de espessura contém cerca de 10 mil camadas dessas nanosheets, o que confere ao material uma resistência comparável à da pele humana, mas sem perder a flexibilidade.

O processo de fabricação envolve a mistura de monômeros em água contendo os nanosheets e posterior cura com radiação UV.

Potenciais aplicações

Embora ainda em fase experimental, os cientistas destacam que o hidrogel pode ter múltiplas aplicações, como:

  • Curativos inteligentes para acelerar a cicatrização de feridas;
  • Pele artificial para uso médico ou em pesquisas;
  • Robótica suave (soft robotics), onde materiais flexíveis e autorreparáveis são essenciais;
  • Liberação controlada de medicamentos, aproveitando a estrutura do gel para armazenar e liberar substâncias de forma gradual.

Limites atuais

Por enquanto, os resultados foram observados apenas em condições de laboratório. Antes de chegar a hospitais ou aplicações práticas, será necessário realizar testes em humanos para avaliar a eficácia clínica, a segurança e a resposta do material em situações reais.

O estudo completo foi publicado na revista Nature Materials, com apoio da Aalto University e da University of Bayreuth.

domingo, 21 de setembro de 2025

Seção 301: A arma comercial dos EUA que pode ganhar nova força com os dados da Lei Magnitsky

 


by Deise Brandão

Desde 1974, a Seção 301 do Trade Act, legislação comercial dos Estados Unidos, confere ao governo norte-americano um dos instrumentos mais poderosos de pressão econômica do mundo. Ela autoriza o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) e o presidente a investigar práticas comerciais estrangeiras consideradas injustas e retaliar unilateralmente países com tarifas, cotas e restrições. É, na prática, o fundamento jurídico que sustenta as chamadas “retaliações comerciais” — e um dos pilares do que críticos chamam de “xerife econômico” dos Estados Unidos.

De escudo comercial a ferramenta de pressão global

Originalmente concebida para proteger setores estratégicos americanos nos anos 1970, a Seção 301 foi usada com intensidade nos anos 1980 contra Japão, União Europeia e países emergentes. Após anos de menor protagonismo, voltou ao centro do palco no governo Donald Trump, que a utilizou para justificar a guerra tarifária contra a China.
Essa base legal permite aos EUA impor medidas unilaterais mesmo fora da Organização Mundial do Comércio (OMC), em um gesto que alguns chamam de “extraterritorialidade comercial”.

A novidade: dados e nomes vindos de outra frente

Nos últimos anos, porém, um elemento mudou o jogo. Com a aprovação da Lei Magnitsky (2012, ampliada em 2016), o governo americano ganhou um mecanismo inédito para mapear indivíduos e empresas envolvidas em violações de direitos humanos e corrupção ao redor do mundo. Embora a Magnitsky não faça parte formal da Seção 301, ela gera informações financeiras e comerciais valiosas que podem, em tese, embasar ações mais amplas contra países.

Especialistas em sanções afirmam que, quando uma lista Magnitsky identifica pessoas, empresas de fachada e offshores, os bancos globais são obrigados a reportar e encerrar relações. Isso cria um mapa detalhado de fluxos financeiros. Se dessas descobertas emergirem evidências de envolvimento estatal ou práticas comerciais desleais, o governo americano pode usar a Seção 301 para aplicar retaliações setoriais ou nacionais, alegando distorções sistêmicas.

Do micro ao macro: o efeito cascata

Na prática, o caminho funcionaria assim:

  1. Sanção individual via Magnitsky: congela bens e bloqueia transações de pessoas e empresas específicas.

  2. Reação do sistema financeiro: bancos e parceiros internacionais rompem relações para não sofrer penalidades.

  3. Mapeamento de redes: dados coletados revelam quem financia quem e como.

  4. Ação macro via Seção 301: com base nesse diagnóstico, Washington pode abrir uma investigação comercial e impor medidas contra o país inteiro ou setores inteiros.

É esse “efeito cascata” — do micro (indivíduos) para o macro (países) — que explica por que políticos e empresários ao redor do mundo veem com apreensão a combinação entre Magnitsky e Seção 301.

O que realmente assusta elites estrangeiras

O temor não está apenas na perda de visto ou no congelamento pontual de ativos. O risco maior é a exposição da rede financeira: quem financia, quem se beneficia, quem movimenta dinheiro por trás das cortinas.
Uma vez revelados os nomes e as contas, essas informações podem servir de combustível para investigações comerciais e criminais em outros países ou para sanções econômicas de maior escala.

Bipartidarismo e continuidade

A Seção 301 é fruto do Congresso de 1974, época em que democratas e republicanos buscavam proteger a indústria americana. Já a Lei Magnitsky nasceu no governo Obama, com apoio bipartidário, e ganhou aplicação intensiva no governo Trump. Essa combinação — lei criada por um democrata, aplicada com vigor por um republicano — reforça o caráter de política de Estado dessas ferramentas.

O novo tabuleiro geopolítico

À medida que mais países aprovam legislações “Magnitsky” próprias (Reino Unido, Canadá, União Europeia), o modelo de sanções direcionadas se espalha. Mas os EUA continuam liderando porque controlam o sistema financeiro global. A Seção 301, por sua vez, mantém-se como o instrumento mais contundente para atingir economias inteiras, caso as descobertas individuais revelem conluios estatais.

Em resumo, a Seção 301 é, oficialmente, uma lei de comércio internacional. A Lei Magnitsky, oficialmente, é uma lei de sanções individuais. Mas juntas, elas formam um arsenal de pressão econômica e política capaz de partir do rastreamento de uma pessoa e chegar às tarifas contra um país. 

É essa engrenagem — mais do que vistos negados — que explica o nervosismo de elites políticas e empresariais diante do “modelo Magnitsky + 301”: uma trilha que começa com nomes e termina com mercados inteiros sob pressão. 

Saiba Mais:

Lei Magnitsky: Da Rússia ao Mundo, a Lei Americana que Virou Ferramenta Global de Pressão por Direitos Humanos

 

by Deise Brandão

Criada inicialmente para punir autoridades russas envolvidas na morte do advogado Sergei Magnitsky, a chamada Lei Magnitsky tornou-se um dos instrumentos mais poderosos de política externa dos Estados Unidos e inspirou legislações similares em diversos países. O caso que deu origem à lei começou em 2008, quando Magnitsky denunciou um esquema de corrupção bilionário envolvendo autoridades fiscais e policiais russas. Preso sob acusações controversas, ele morreu em 2009, em prisão preventiva, após denúncias de tortura e negligência médica. O episódio se transformou em símbolo mundial de abuso estatal contra denunciantes.

De iniciativa democrata a política de Estado

O Congresso americano aprovou em 2012 o Sergei Magnitsky Rule of Law Accountability Act, sancionado pelo então presidente Barack Obama. Embora motivada pela situação russa, a lei nasceu com apoio bipartidário e consolidou um novo tipo de sanção: congelamento de ativos nos EUA e restrição de vistos para indivíduos acusados de graves violações de direitos humanos ou corrupção. A primeira versão era direcionada apenas a autoridades da Rússia.

Quatro anos depois, ainda sob Obama, o Congresso aprovou o Global Magnitsky Human Rights Accountability Act, que estendeu o alcance das medidas para qualquer pessoa ou entidade em qualquer país. A partir daí, as sanções deixaram de ser um assunto exclusivo do leste europeu para se tornarem um instrumento global de pressão.

Uso intensificado no governo Trump

Se a criação ocorreu no governo democrata, a aplicação ganhou força no governo republicano. Durante o mandato de Donald Trump (2017–2021), o Departamento do Tesouro e o Departamento de Estado usaram a Lei Magnitsky para sancionar agentes chineses, venezuelanos, sauditas e de outros países, ampliando seu impacto diplomático. Críticos acusaram Washington de usar o instrumento como arma política, enquanto defensores destacaram o efeito dissuasório contra abusos e corrupção.

Como funciona

A legislação autoriza os EUA a aplicar três tipos principais de sanções contra estrangeiros envolvidos em violações graves de direitos humanos ou corrupção:

  • Congelamento de bens sob jurisdição americana.

  • Bloqueio de transações com bancos ou empresas norte-americanas.

  • Proibição de entrada no território dos Estados Unidos.

Embora seja uma lei interna americana, seu alcance internacional se deve ao peso do sistema financeiro dos EUA. Ter ativos bloqueados ou ser impedido de usar bancos correspondentes pode significar isolamento econômico para autoridades estrangeiras.

Modelo replicado em outros países

O sucesso do modelo americano levou outros países a aprovarem legislações semelhantes:

  • Canadá (2017),

  • Reino Unido (2018),

  • União Europeia (2020),
    entre outros. Assim, a chamada “Lei Magnitsky” passou a designar um padrão internacional de sanções direcionadas.

Debate político e críticas

Apesar da origem democrata, a lei virou bandeira bipartidária e hoje é considerada política de Estado. No entanto, setores da esquerda internacional e de países alvo das sanções criticam o caráter extraterritorial da medida, alegando que os EUA impõem sua jurisdição e agenda moral sobre outros países. Por outro lado, ativistas de direitos humanos e dissidentes em regimes autoritários veem na lei uma ferramenta rara de responsabilização, especialmente em contextos onde a justiça local falha ou é cooptada.

O impacto sobre a ideia de justiça internacional

Para vítimas e organizações em países onde impera a impunidade, as sanções Magnitsky funcionam como pressão indireta para expor abusos, cortar fluxos financeiros e sinalizar que atos de corrupção e violações graves não passam despercebidos. Porém, a legislação não substitui tribunais nacionais nem julga crimes fora dos EUA: é um instrumento de pressão econômica e política, não uma corte internacional.

Por fim, a  Lei Magnitsky nasceu de um caso concreto de abuso estatal na Rússia, mas se transformou em um símbolo global de accountability. Criada no governo Obama com apoio democrata, ganhou aplicação intensa no governo Trump e hoje inspira leis semelhantes em todo o mundo. Entre elogios e críticas, continua sendo um dos mecanismos mais contundentes de sanções direcionadas, testando os limites entre soberania nacional, justiça internacional e poder econômico norte-americano.

Saiba Mais:

Seção 301: A arma comercial dos EUA que pode ganhar nova força com os dados da Lei Magnitsky

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Execução de Ruy Ferraz Fontes: por que a pressa em carimbar PCC?

 

by Deise Brandão

Praia Grande (SP), 16set.2025 — O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, 63, foi executado na noite de segunda (15) em Praia Grande, quando deixava a sede da prefeitura, onde exercia o cargo civil de secretário de Administração desde 2023. A emboscada usou ao menos um fuzil e somou mais de 20 disparos — dinâmica típica de execução planejada. O carro da vítima foi alvejado e acabou batendo em um ônibus; os criminosos abandonaram e incendiaram veículo na sequência. 

Fato: Ruy chefiou a Polícia Civil entre 2019 e 2022 e ganhou notoriedade por investigar e prender lideranças do PCC desde os anos 2000 (ataques de 2006). Hoje, porém, era gestor municipal e estava aposentado da ativa policial

O rótulo “PCC” — e as lacunas

Nas primeiras 24 horas, a hipótese de mando do PCC circulou forte — muito por causa do histórico de confronto e do padrão de ataque pesado. Mas não há, até aqui, prova pública de autoria: o que existe é linha de investigação. O GAECO foi acionado para apoiar o inquérito, sinal de caso complexo, mas sem conclusão. 

Perguntas que precisam de resposta antes de cravar facção:

  1. Vínculo orgânico: onde estão as mensagens, pagamentos, logística e nomes que conectem executores a uma Sintonia do PCC?

  2. Motivação específica em 2025: qual fato novo justificaria matar agora um ex-delegado que saiu do comando da corporação em 2022 e virou secretário municipal em 2023?

  3. Cadeia logística: armas, carros, casas de apoio, olheiros, levantamentos de rotina — quem bancou e coordenou? (A polícia já identificou dois carros roubados usados no crime, um Jeep Renegade e uma Hilux, padrão comum em execuções para despistar autoria).

A tese de que “o PCC espera a vítima se aposentar” exige lastro: qual o precedente? Em qual investigação recente isso se comprovou? Sem tais respostas, o rótulo apressado mais contamina do que esclarece.

O que os fatos indicam (até agora)

  • Cenário e alvo: saída da Prefeitura de Praia Grande (bairro Nova Mirim). Alvo previsível, rotina pública. 

  • Execução com fuzil e mais de 20 tirosperseguição e carro incendiado após a ação — assinatura de grupo organizado, mas não exclusiva do PCC. 

  • Veículos roubados e abandonados — tática clássica de quadrilhas paulistas em homicídios sob encomenda. 

  • Repercussão institucional: velório na Alesp e entrada do GAECO no caso, reforçando prioridade política e pressão por resultado. 

Três hipóteses que a polícia precisa testar (sem hierarquia)

  1. Retaliação tardia de facção
    Possível pelo histórico — Ruy foi protagonista contra o PCC. Mas precisa demonstrar mando (comunicações, financiadores, armas com “histórico” em casos do PCC) e propósito (recado? disputa interna? dívida antiga?). Sem lastro, continua suposição. 

  2. Conflito administrativo local / interesses contrariados
    Ruy comandava a Secretaria de Administração (contratos, pessoal, rotinas sensíveis). Mudanças, fiscalizações, cortes e exonerações podem gerar inimigos com dinheiro e logística para contratar execução. Exige varredura: últimos atos oficiais, licitações, afastamentos, pressões políticas.

  3. Acerto de contas de quadrilhas não faccionadas (“consórcio”)
    SP e Baixada têm histórico de homicídios sob encomenda com tática e armamento similares, sem vínculo formal a facções. A balística e a inteligência (IBIS, LPR de placas, antenas) dirão se as armas/carros dialogam com outros casos

Checklist investigativo (o mínimo técnico)

  • Balística: cascas e projéteis no local → IBIS → hits com outros homicídios.

  • Veículos: trilhar a cadeia de posse dos carros roubados (quem roubou, onde foram “esquentados”, quem abasteceu e estacionou). 

  • Câmeras: rota completa (prefeitura → vias de fuga → ponto de incêndio) + OCR de placas na malha da Baixada. 

  • Dados financeiros/comunicações: quebras direcionadas (alvos por geofencing e vínculos com roubos dos veículos).

  • Âmbito municipal: mapa de decisões recentes da Administração (contratos, glosas, sindicâncias), com cruzamento de ameaças e desavenças. 

Linha do tempo essencial

  • Anos 2000 — Ruy desponta no enfrentamento ao PCC e a roubo a banco; ganha visibilidade nos ataques de 2006.

  • 2019–2022 — Delegado-geral de SP. 

  • Jan/2023 — Assume Secretaria de Administração de Praia Grande.

  • 15.set.2025 — Execução em emboscada na saída do trabalho. Investigação em curso; GAECO dá suporte. 

    Por que a hipótese PCC não basta — e o risco de repetir o caso VitóriaA pressa da Polícia Civil em apontar o PCC como mandante do assassinato de Ruy Ferraz Fontes ecoa um padrão conhecido: transformar uma hipótese em “verdade oficial” sem apresentar, de imediato, provas concretas. Até agora, nenhuma interceptação, prisão ou documento foi divulgado para sustentar a ligação direta da facção com a execução. A justificativa — histórico do delegado contra o crime organizado e modus operandi típico — não responde às perguntas centrais: por que matar agora, anos após sua saída da corporação, e por que expor tanto os executores num ataque à luz do dia em frente à prefeitura? Sem respostas sólidas, corre-se o risco de repetir o enredo do caso Vitória, em que a narrativa inicial não correspondeu ao desfecho e a autoria segue nebulosa. Para a sociedade, o perigo é duplo: uma investigação enviesada pode tanto absolver os verdadeiros mandantes quanto alimentar mitos convenientes.

  • Timing: se a motivação fosse exclusivamente “vingança histórica”, por que não ocorreu antes, quando ele era delegado-geral e simbolicamente mais “valioso”? (Resposta exige prova, não suposição).

  • Exposição desnecessária: ataque de alto ruído em frente à prefeitura aumenta risco de erro, flagrante e comoção — custo que nem sempre está na cartilha da facção, que costuma reduzir exposição dos executores. É preciso ver quem eram os atiradores, de onde vieram e quem os banca, antes de carimbar autoria.

No momento, há indícios de planejamento e poder de fogo, mas não há prova pública de mando do PCC. Pressa em etiquetar o crime pode servir interesses narrativos, não a verdade. O eixo racional é: mando comprovadomotivação clara em 2025 e cadeia logística rastreável. Até lá, a hipótese prefeitura/administrativa tem que ficar na mesma mesa da facção — e ser investigada com a mesma fome.

Matéria baseada em informações de CNN BrasilAgência BrasilInfoMoney/Estadão e Jovem Pan publicadas em 15–16.set.2025.

Tratamentos Reais para Lesão Medular: O Que Já Foi Conquistado


by Deise Brandão

Lesões na medula espinhal causam perda parcial ou total de função motora e/ou sensação abaixo do nível da lesão. Cientistas vêm estudando várias abordagens: células-tronco, estimulação elétrica, dispositivos de reabilitação combinados. Embora ainda não haja “cura universal”, há resultados animadores em humanos, com melhorias funcionais importantes.

Estudos mais recentes e estatísticas

1.  ARC-EX Therapy: estimulação elétrica

  • Um ensaio clínico multicêntrico recente com 60 participantes com lesão cervical crônica (braço/pulso) avaliou a terapia chamada ARC-EX. Nature

  • Resultados:

    • 72% dos participantes tiveram melhora acima do limiar mínimo considerado clinicamente significativo em ambas as áreas de força e desempenho funcional da mão e do braço. Nature

    • Também houve melhora significativa na força de “pinça” entre dedos, preensão e sensibilidade. Nature

    • Nenhum evento adverso grave relacionado ao dispositivo foi reportado. Nature+1

  • Importância: mostra que estimulação elétrica externa + reabilitação pode recuperar funções mesmo em lesões crônicas. Nature+1

2. Terapia com células-tronco

  • Meta-análise (BMC Medicine, 2022): revisou 62 estudos envolvendo 2.439 pacientes com lesão medular tratados com diferentes tipos de células-tronco. BioMed Central

    • Aproximadamente 48,9% dos pacientes apresentaram melhora de pelo menos um grau na escala ASIA (escala de gravidade da lesão medular) após tratamento com células-tronco. BioMed Central

    • Funções urinárias melhoraram em ~ 42,1% dos casos. BioMed Central

    • Funções gastrointestinais melhoraram em ~ 52,0% nos casos avaliados. BioMed Central

    • Efeitos adversos foram comuns, mas majoritariamente menores (espasmos musculares, dor neuropática, sintomas transitórios). Nenhum tumor relatado nos seguimentos curtos/médios. BioMed Central

  • Estudo da Mayo Clinic (fase 1) com células mesenquimais derivadas de tecido adiposo: 10 adultos com lesão traumática medular. Mayo Clinic News Network

    • 7 dos 10 participantes tiveram melhoria na escala ASIA: sensação (ponta de agulha, toque leve), força em músculos motores, recuperação de contração voluntária relevância para função intestinal ou anal. Mayo Clinic News Network

    • O estudo confirmou que o uso foi seguro, sem grandes eventos adversos. Mayo Clinic News Network

3.  Novos ensaios clínicos de fase inicial

  • Griffith University (Austrália) iniciou recentemente um ensaio fase 1 para lesões crônicas com uso de olfactory ensheathing cells (células de revestimento olfatório, vindas do nariz). News-Medical

    • Objetivo: avaliar segurança e efeitos funcionais (movimento dos dedos, função de bexiga/intestino, etc.). News-Medical

    •  O que ainda falta / limites

  • Muitas das melhorias observadas não correspondem a recuperação total, e variam muito entre pacientes.

  • O tempo entre a lesão e o tratamento influencia bastante: tratamentos iniciados logo após a lesão tendem a apresentar melhores resultados.

  • Número de participantes ainda é pequeno em muitos estudos; seguimento (tempo de observação) muitas vezes é curto.

  • Há variabilidade em tipos de células, método de administração, intensidade/tempo da reabilitação, que dificulta comparações.

  • Segurança: embora não haja eventos graves nos estudos recentes maiores, efeitos menores são comuns; precisamos de seguimento para ver efeitos a longo prazo (por décadas).

Para leitores interessados:

  • Já é real que células-tronco, estimulação elétrica externa (como ARC-EX) e novos protocolos de reabilitação combinados estão dando resultados mensuráveis.

  • Podemos dizer que ~ metade dos pacientes submetidos a terapia com células-tronco podem experimentar ao menos uma melhora modesta (pelo menos 1 grau na escala ASIA).

  • Importante sublinhar: melhorias sensoriais e motoras são mais frequentes do que recuperação completa da mobilidade.

  • Segurança geral parece aceitável nos estudos menores; porém é necessário cuidado e mais observação, especialmente para efeitos tardios.

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