Nos últimos anos, muita gente passou a se autointitular “criador de conteúdo”. A expressão ganhou status, foi parar em perfis, bios e cartões de visita — mas, na prática, pouca gente parece entender o peso real desse título.
Criar conteúdo não é apertar o botão de “compartilhar” e colar uma legenda vazia como “fato”, “verdade” ou “bem assim”. Isso se chama replicar. Criar é outra coisa.
Criar é interpretar (de preferência com alto conhecimento da semâtica!)
Um criador de conteúdo não é apenas um mensageiro. Ele observa, filtra, pensa, interpreta, analisa, dá contexto e oferece uma leitura própria do mundo.
Quando alguém compartilha uma notícia, um vídeo ou um post sem acrescentar nada — sem questionar, sem contextualizar, sem explicar — não está criando: está apenas repassando.
Criar é se posicionar
Criar conteúdo exige voz própria. Seja informando, opinando ou provocando reflexão, quem cria assina com sua identidade — ainda que seja em silêncio, o olhar autoral está lá.
Quando tudo o que se publica é neutro, raso e automático, não se está construindo nada: está apenas enchendo linha do tempo.
Criar dá trabalho
Criar conteúdo verdadeiro exige pesquisa, tempo, olhar crítico e responsabilidade. Não basta catar fragmentos e colar no feed como se fosse sabedoria pronta. O verdadeiro criador constrói pontes — não apenas ecoa palavras de terceiros.
Criar é pensar
Num mar de cópias, repetidores e “fatos” jogados sem critério, o diferencial está em pensar. Em provocar. Em se comprometer com a própria palavra. O resto é ruído.
Criador de conteúdo não é um papagaio digital. É alguém que pensa, interpreta, contextualiza e assume a autoria de sua visão sobre o mundo.
Compartilhar sem toque pessoal não é criar — é terceirizar pensamento.
E quem terceiriza tudo, no fundo, não cria nada.
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