segunda-feira, 29 de maio de 2023

Presa mãe suspeita de receber mesada para que empresário abusasse de filha menor de 2 anos no RS, diz polícia

Mulher foi presa nesta sexta (26). Ela teria submetido a filha de 1 ano e 8 meses aos abusos. Suspeito dos crimes está preso desde abril. Homem pagava as mães para abusar dos filhos delas.

Por Vitor Rosa, RBS TV
26/05/2023 13h58 Atualizado há 2 dias
Mulher presa por exploração sexual da filha no RS — Foto: RBS TV/Reprodução

A Polícia Civil prendeu preventivamente, na manhã desta sexta-feira (26), em Porto Alegre, uma mulher, de 25 anos, suspeita de receber mesada para que o empresário Jelson Silva da Rosa, de 41 anos, abusasse sexualmente de sua filha, de 1 e 8 meses. Ela é a quarta mãe presa pela Operação La Lumière, que investiga a exploração sexual infanto-juvenil.

O advogado Marcos Vinícius Barrio, que defende o empresário, afirmou à RBS TV que a suspeita é "descabida e imprópria" e que a conduta de Jelson não se enquadra na "figura prevista do crime de exploração sexual".

A mãe, que reside na Capital, é suspeita de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança e adolescente e estupro de vulnerável.

Além das quatro mulheres, o empresário suspeito de cometer as violências sexuais contra as crianças está preso desde abril. Ele foi indiciado por exploração sexual infantil e estupro.

"A gente identificou muitas conversas salvas e valores combinados para o programa previamente, como se fosse uma tabela de preços, um cardápio: sair com a criança e a mãe, passear no shopping, o valor era X. Ir para hotel, Y, tomar banho de banheira, fazer massagens. Pedindo Pix, pedindo depósitos prévios, se faz sedutor [suspeito], do bem primeiramente. E, aí vai se aproximando das pessoas. Elas vão ficando dependente financeiramente dele e acabam que exploram suas filhas", conta a delegada Camila Franco Defaveri.
Gelson Silva da Rosa, suspeito de abusar de menores de idade no RS. — Foto: Reprodução/RBS TV

De acordo com as informações da polícia, a avó materna da criança também é suspeita. Ela daria suporte e apoio para os crimes e também seria beneficiada economicamente pela exploração da neta.


O esquema envolvia uma rede de mulheres que entregavam seus filhos, todos entre 0 e 12 anos de idade, para abusos sexuais em troca de dinheiro e presentes.

O suspeito ofereceria uma lista de opções às mães, com preços para passar o fim de semana e dar banho nas crianças, como se fosse um cardápio.

A filha da mulher presa nesta sexta foi encaminhada para perícia psíquica e verificação de violência sexual no Centro de Referência em Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI-IGP), por equipes do Conselho Tutelar.

Entenda o caso

A 1ª Delegacia de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) descobriu o caso após receber uma denúncia anônima, no fim de abril. De acordo com a delegada Camila Franco Defaveri, uma pessoa avisou a polícia após ver uma conversa, no computador da empresa onde a mãe trabalhava, com o suspeito.

No celular desse homem, a polícia encontrou mensagens, inclusive, com outras mães de menores de idade. Segundo a delegada, ele oferecia era "um cardápio" de abusos.

Já foram presas quatro mulheres. Uma delas é mãe de três filhas com 8, 10 e 12 anos. Ela residia em Porto Alegre. Já a outra é mãe de uma menina de 7 anos e residia em Cachoeirinha. A penúltima prisão ocorreu no dia 17 de maio. Uma mulher, de 23 anos, mãe de duas meninas de 1 e 3 anos de idade.

Em relação ao homem, os primeiros mandados foram cumpridos na casa onde ele mora, em Imbé, no Litoral Norte. Segundo a polícia, o local é um "imóvel de luxo", amplo e com muita segurança.

No momento em que os policiais ingressaram na residência, o investigado teria quebrado um celular e um computador. Contudo, a Divisão de Informática do IGP conseguiu recuperar conteúdos armazenados."Ele estava quebrado, estava danificada a tela, então, não conseguia ter acesso para fazer o desbloqueio. O pessoal conseguiu, através das ferramentas que a gente tem, inserir um numerador de teclado, fazer uma recuperação parcial e, a partir disso, conseguir acessar e extrair os dados. A gente faz sempre uma cópia de segurança e, a partir dessa cópia, faz a análise. Então, por meio desses recursos, a gente conseguiu fazer essa cópia mesmo com a tela quebrada e com parte dos recursos danificados", explicou o perito criminal do Instituto Geral de Perícia (IGP) Márcio Gil Faccin.

O suspeito trabalha na área de tecnologia da informação (TI), atuando na "deepweb", segundo a delegada.

'R$ 3 mil mês mais mimos': conversas mostram suposta negociação entre suspeito de abusos e mãe de crianças no RS

Mulher foi presa em Porto Alegre após denúncia anônima. Preso em Imbé é suspeito de produzir material pornográfico com crianças e de fornecer lista de abusos para mães de menores de idade.


27/04/2023 11h27 Atualizado há um mês

Itens apreendidos no apartamento do suspeito, em Imbé — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Conversas interceptadas pela polícia e obtidas pela RBS TV mostra como funcionaria a negociação entre a mulher suspeita de submeter as filhas a exploração sexual e o homem suspeito de pagar uma mesada a ela e de abusar das crianças. Ambos foram presos em flagrante nesta quinta-feira (27) – ela, em Porto Alegre, e ele, em Imbé, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.

"Vamos ficar aí em POA em um apzinho que vou alugar no (...) pego ela saímos jantamos vamos pro ap depois no outro (...) R$1.500. E aí daqui 15 dias fizemos de novo. Ou seja R$ 3.000 mês mais mimos a ela", diz o suposto abusador à mulher em uma das mensagens. Há trechos que foram suprimidos pela polícia.

De acordo com a Polícia Civil, a mulher submetia suas três filhas – de 8, 10 e 12 anos – a exploração sexual em Porto Alegre. O homem foi preso em flagrante a 120 km de distância da Capital, em Imbé.

A polícia afirma que o homem ofertava presentes, como brinquedos, roupas e material de higiene pessoal, às meninas. Ele receberia as crianças em um apartamento a poucas quadras de sua casa. Ele também é suspeito de produzir material de pornografia infantil para venda e uso pessoal.

"Vou mandar a mais para alguma roupinha e algum perfume. Aí compra calcinha nova, pijaminha novo e perfume, faz cabelo etc. Vê quanto mais ou menos dá isso", diz outra mensagem interceptada pela polícia a que a RBS TV teve acesso.

Em um trecho da conversa, o homem planeja abusos durante viagens.

"No verão podemos fazer viagens [para] praia, parques aquáticos", diz o homem na mensagem.

Denúncia

Casos de exploração sexual de menores podem ser denunciados pelos telefones 181 e 0800-642-6400. A Polícia Civil do RS também recebe relatos pelo WhatsApp (51) 98444-0606.

Policiais cumprem mandados de busca e apreensão contra suspeitos no RS — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Investigação

A 1ª Delegacia de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) descobriu o caso após receber uma denúncia anônima. De acordo com a delegada Camila Franco Defaveri, a denúncia partiu de "uma pessoa que viu uma conversa no computador da empresa onde a mãe dessas meninas trabalhava, com o pedófilo".

No celular do suspeito, a polícia encontrou mensagens em que o homem ofereceria uma lista com preços para abusar das crianças que era enviada, inclusive, a outras mães de menores de idade. Segundo a delegada, era "um cardápio" de abusos. O caso deve ser dividido em vários inquéritos, a partir da identificação de novas suspeitas de submeter crianças a exploração sexual.

As crianças foram encaminhadas para perícia psíquica e verificação de violência sexual no Centro de Referência em Atendimento Infanto-juvenil (CRAI) do Instituto Geral-de Perícias (IGP), em Porto Alegre. Equipes do Conselho Tutelar, do próprio IGP e das delegacias de Imbé e Balneário Pinhal participaram da operação.

O homem foi autuado por exploração sexual, pornografia infantil e fraude processual, em razão de tentar danificar os aparelhos.


Policiais cumprem mandados de busca e apreensão contra suspeitos no RS — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Prisões

Os flagrantes foram feitos após a polícia cumprir mandados de busca e apreensão em Porto Alegre e Imbé. A mulher foi encontrada em casa, na Zona Sul da Capital, onde foi presa por exploração sexual. Os agentes também cumpriram mandados no local de trabalho dela, onde as conversas com o homem teriam sido realizadas.

Em relação ao homem, os primeiros mandados foram cumpridos na casa onde ele mora, no município do Litoral Norte. Segundo a polícia, o local é um "imóvel de luxo", amplo e com muita segurança.

No momento em que os policiais ingressaram na residência, o investigado teria quebrado um celular e um computador. Contudo, a Divisão de Informática do IGP conseguiu recuperar conteúdos armazenados. O suspeito trabalha na área de tecnologia da informação (TI), atuando na "deepweb", segundo a delegada.

Já no apartamento, mantido sem o conhecimento da esposa do suspeito, foram encontrados diversos objetos, como vibradores com resíduos humanos, diz Camila Franco Defaveri.

"Ele usava um apartamento perto, de um quarto, bem pequenininho, para cometer os abusos. A cama estava bem bagunçada", conta a delegada.



Policiais cumprem mandados de busca e apreensão contra suspeitos no RS — Foto: Polícia Civil/Divulgação

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