Donos da JBS entregaram gravações que colocam Temer e Aécio sob suspeita.
Empresários relatam propinas que também envolvem nomes do PT.
O Supremo Tribunal Federal liberou, nesta sexta-feira (19), o conteúdo das delações premiadas dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, no âmbito da Operação Lava Jato. As delações foram homologadas pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte.
Veja abaixo os principais pontos da delação da JBS:
Aval de Temer para pagamentos a Cunha
Joesley Batista gravou conversa com o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu. O empresário disse aos investigadores que ele e Temer discutiram a compra do silêncio de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O objetivo era evitar que Cunha fizesse delação. No pedido de investigação contra Temer, o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz que houve “anuência” de Temer ao pagamento de propina mensal para o ex-deputado.
Em nota na quarta-feira, a Presidência negou que os dois tivessem conversado sobre como evitar uma eventual delação de Eduardo Cunha. Na quinta, Temer disse que não pediu a Joesley que ajudasse Cunha, não comprou o silêncio de ninguém e não teme delação.
Temer sinaliza apoio a Cunha no STF, segundo relator
O empresário Joesley Batista afirmou em depoimento de delação premiada que ouviu em conversa com Michel Temer que o presidente poderia "ajudar" Eduardo Cunha junto a dois ministos do Supremo Tribunal Federal (STF).
Aécio Neves recebe R$ 2 milhões da JBS
Joesley Batista também entregou ao MPF gravação na qual Aécio Neves (PSDB-MG) pede a ele R$ 2 milhões para pagar as despesas com advogados que o defendem em processos na Lava Jato. (Clique aqui para ouvir o áudio da conversa entre Aécio e Joesley).
Com base no que os delatores informaram, o ministro Luiz Edson Fachin determinou o afastamento de Aécio do mandato de senador.
No depoimento de Ricardo Saud, executivo da J&F, que é holding e dona da JBS, ele confirmou o pedido de dinheiro do senador Aécio Neves. (Veja abaixo reportagem do Jornal Hoje)
Ação coordenada contra a Lava Jato
No pedido de abertura de inquérito, Janot diz que verifica-se que Aécio em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de indicações de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos. Desta forma vislumbra-se também obstrução de Justiça. (Veja abaixo reportagem do Jornal Hoje)
Aécio diz que Temer pediu retirada da ação no TSE
Em conversa gravada entre o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e o dono do frigorífico JBS Joesley Batista, o tucano conta ao empresário que o presidente Michel Temer pediu a ele que retirasse a ação contra a chapa Dilma-Termer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois que Dilma Rousseff sofreu impeachment.
Temer recebeu R$ 15 milhões e 'guardou 1 milhão no bolso'
Roberto Saud, diretor da JBS, disse que o presidente Michel Temer teria recebido R$ 15 milhões do Partido dos Trabalhadores para financiar sua campanha à Vice-Presidência, em 2014, mas decidiu "guardar" R$ 1 milhão.
O total de R$ 15 milhões foi distribuído assim, segundo Saud:
- R$ 9 milhões em 5 parcelas ao PMDB como "propina dissimulada em doação oficial"
- R$ 3 milhões entregues a um intermediário de Cunha em posto de gasolina no Rio;
- R$ 2 milhões repassados a Duda Mendonça como parte do pagamento pela campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo.
- R$ 1 milhão restante, que Saud afirma ter ficado com Temer, foi, segundo ele, entregue na sede da Argeplan Arquitetura e Engenharia. A empresa pertence a João Baptista Lima Filho, amigo de Temer, e já foi alvo de investigações da Operação Lava Jato.
US$ 150 milhões para campanhas de Lula e Dilma
O dono da JBS, Joesley Batista, disse que transferiu para contas no exterior US$ 70 milhões destinados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais US$ 80 milhões em conta, também no exterior, em benefício da ex-presidente Dilma Roussef. (Clique aqui para ler a reportagem completa ou veja, no VÍDEO ABAIXO, a partir de 29 minutos e 30 segundos).
Compra de votos contra impeachment
Joesley Batista afirmou ter sido procurado por João Bacelar (PR) para comprar votos contra o impeachment de Dilma. Segundo o empresário, o deputado apresentou uma lista com 30 deputados que poderiam ser "comprados" por R$ 5 milhões cada um.
O empresário diz ter "comprado" cinco deputados por R$ 3 milhões cada. Perguntado pelos investigadores, ele diz que não se lembrava dos nomes dos que foram comprados e não tinha a lista.
Apoio no favorecimento em compra de gás
Uma das pendências da JBS era a compra de gás. Os delatores apontam que o presidente Michel Temer indicou o então deputado Rodrigo Rocha Loures para resolver uma disputa relativa ao preço do gás boliviano fornecido pela Petrobras à termelétrica do grupo JBS. Na delação, Joesley gravou uma conversa do deputado, agora afastado, Rocha Loures, na qual Loures conversa com conselheiro do Cade em busca do favorecimento para a JBS. Pelo serviço, Joesley ofereceu propina de 5%, e o deputado deu o aval.
Ajuda da JBS para eleger Cunha na Câmara
Na delação, Joesley contou que pagou R$ 30 milhões em propina para eleger Eduardo Cunha (PMDB) na Câmara. Segundo empresário, peemedebista 'saiu comprando deputados Brasil a fora'. (Veja abaixo VÌDEO com reportagem do Jornal Hoje ou clique aqui para ler no G1)
Segundo Joesley, os pagamentos foram feitos da seguinte forma:
- R$ 5,6 milhões em doação oficial
- R$ 12 milhões em dinheiro vivo
- R$ 10,9 milhões por meio de pagamentos com notas frias
Propina de R$ 5 milhões para Cunha após prisão
Joesley menciona um pagamento de R$ 5 milhões para saldar uma suposta dívida de Cunha. "Depois que ele foi preso, a gente pagou cinco milhões de um saldo de dívida que ele tinha. Supostos créditos ilícitos de propina que tinha ficado num saldo anterior". (Veja abaixo reportagem do Jornal Hoje)
Senha da propina para Cunha: alpiste
O executivo da J&F Ricardo Saud afirmou que havia uma senha para tratar de propinas para Eduardo Cunha (PMDB). Sobre repasses a Cunha, executivo diz que senha era: "Está dando alpiste pros passarinhos?".
Notas frias para José Serra
Na delação, Joesley Batista relata pagamento de R$ 6 milhões em notas frias a José Serra. (Veja reportagem da GloboNews)
Propina disfarçada como doação política
Em um dos vídeos que integram a delação, Joesley Batista detalha como funcionava a corrupção e como se aproximou de Temer. Ele conta que muitas vezes, a propina era disfarçada de doação política. (Veja abaixo reportagem do Jornal Hoje)
Segundo Joesley, a empresa pagou, nos últimos anos, cerca de R$ 400 milhões em propina a políticos.
PT compra senadores do PMDB
O diretor do frigorífico JBS Ricardo Saud afirmou à Procuradoria-Geral da República que pagou R$ 35 milhões em propina a cinco atuais e ex-senadores do PMDB para garantir o apoio de todo o partido à reeleição de Dilma Rousseff nas eleições de 2014.
De acordo com a denúncia um grupo de senadores estava ameaçando dar apoio ao candidato Aécio Neves (PSDB). (Veja abaixo reportagem do Jornal Hoje)
Dinheiro do BNDES na campanha de Dilma e Temer
O diretor do frigorífico JBS Ricardo Saud disse que a empresa disponibilizou uma conta com R$ 300 milhões em propina para serem usados pela campanha de Dilma e Temer em 2014. O dinheiro, de acordo com o ele, saiu do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de “fundos”. Questionado por um dos procuradores, disse que não existiam duas campanhas distintas. “(...) Era uma campanha única. O dinheiro saída do PT e ia para o PMDB, do PMDB pro PT”, afirmou Saud.
Corrupção dentro do Ministério da Agricultura
Também como parte da delação, Joesley Batista deu detalhes de esquema dentro do Ministério da Agricultura. (Veja abaixo vídeo da GloboNews)
Temer pediu mensalinho para ex-ministro, diz delator
Joesley Batista afirmou ter recebido um pedido de Temer para pagamento de mensalinho no valor de R$ 100 mil a Wagner Rossi, então ministro da Agricultura. Ainda segundo o delator, em agosto e setembro de 2010, Temer fez outro pedido para pagamento de R$ 240 mil em propina à empresa Ilha Produções, com sede em Ribeirão Preto (SP) e que tem como donos filhos de Wagner Rossi. O ex-ministro também é pai do deputado federal Baleia Rossi, atual líder do PMDB na Câmara.
Em nota, a assessoria de comunicação da Presidência informou que Michel Temer não solicitou pagamentos a quem quer que seja. Procurado, Wagner Rossi afirmou que o texto da delação não cita que ele tenha participado de reunião para tratar de qualquer ilícito. A Ilha Produções declarou ter prestado serviços ao Grupo JBS e que emitiu notas fiscais pelos trabalhos executados.
Procurador vira informante da JBS
Joesley Batista falou de sua relação com o procurador Ângelo Villela, que foi preso como consequência das investigações. Ele contou que o procurador gravou e repassou o áudio do depoimento de um ex-sócio investigado pela Justiça na Operação Greenfield. (Veja abaixo o vídeo)
Repasse de imóvel superfaturado para Aécio
O dono do frigorífico JBS Joesley Batista disse em delação premiada na Lava Jato que vendeu um "imóvel superfaturado por R$ 17 milhões" a uma pessoa indicada por Aécio Neves e que o objetivo da transação era fazer o dinheiro chegar até o senador do PSDB de Minas. Segundo Joesley, o pagamento foi por via bancária "oficial".
Aécio pede ajuda para Gilmar sobre lei de abuso de autoridade
A Polícia Federal apresentou registros de uma conversa telefônica entre o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e o ministro Gilmar Mendes, do STF, combinando supostas articulações para a tramiação do projeto de lei que endurece as punições para autoridades que cometem abuso.
Propina a Cabral por fábrica
Ricardo Saud, diretor de relações institucionais do grupo, contou aos procuradores que conseguiu uma nova fábrica novinha para a JBS sem pagar nada para a antiga dona, a BRF. O benefício foi conquistado com ajuda do ex-governador Sérgio Cabral, que recebeu R$ 27,5 milhões em propinas, de acordo com o delator.
Propina para ministro do Desenvolvimento
O empresário Joesley Batista afirma ter pago R$ 6 milhões ao então presidente do PRB, Marcos Pereira. O pagamento teria sido feito em 2015 e 2016.
Promessa de R$ 480 milhões de propina
O grupo JBS pediu a intervenção do presidente Michel Temer para resolver uma pendência entre a Petrobras e uma usina termelétrica do grupo J&F. Em sua delação, Ricardo Saud relata ter se encontrado com o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB), apontado como representante de Temer.
Os dois combinaram que a propina a ser paga seria de R$ 500 mil por semana durante 20 anos, que é o tempo do contrato da termelétrica com a Petrobras. Ou seja, R$ 480 milhões de propina ao longo de duas décadas.
Propina para políticos do RS
Pelo menos cinco políticos do Rio Grande do Sul receberam pagamentos de vantagens indevidas da JBS em troca de apoio, conforme depoimento de Ricardo Saud. O delator cita os deputados federais Alceu Moreira (PMDB-RS), Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Jerônimo Goërgen (PP-RS) e os ex-deputados federais Paulo Ferreira (PT-RS), ex-tesoureiro do partido, e Beto Albuquerque (PSB-RS).
Ainda segundo o executivo, durante a eleição de 2014, a campanha de Sartori recebeu R$ 1,5 milhão da empresa a pedido de Aécio Neves, como parte de propinas pagas ao mineiro.
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