29/07/2014 - | |
Por: Renan Fonseca |
No Estoril, já é possível ver o recuo das águas da represa, que
já perdeu quase 10 pontos percentuais da capacidade.
Foto: Rodrigo Pinto
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O governador Geraldo Alckmin (PSDB) há meses empurra a crise da água em São Paulo para evitar que a má repercussão respingue em sua campanha à reeleição. Isso fez com que o Sistema Cantareira chegasse ao fundo do poço arrastando consigo Alto Tietê, Guarapiranga e agora a represa Billings. O braço do manancial do ABCD já mostra sinais da má gestão estadual, que ordenou, no último dia 16, o aumento da captação no Rio Grande, localizado no Riacho Grande, São Bernardo. Pela mudança, o braço Rio Grande passou a enviar água para 150 mil moradores de Santo André que antes eram abastecidas pelo Sistema Rio Claro.
Em um mês, o braço da Billings perdeu sete pontos percentuais do volume (de 92,6% para 86,3%). Do dia 17 deste mês, quando aconteceu a alteração, até esta segunda (28/07) a perda foi mais drástica: quatro pontos percentuais - dos 90% para 86%. Os dados foram colhidos no site da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo). A previsão da companhia é ampliar em mais 0,5 metro cúbico por segundo a captação até setembro.
Especialistas em recursos hídricos e ambientalistas apontam que o Rio Grande está caminhando para a seca que atinge os principais reservatórios, Cantareira e Alto Tietê.
“O Estado saturou grandes reservatórios e sobrecarrega os sistemas menores, como Rio Grande e Rio Claro”, disse o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, especialista em recursos hídricos que já foi diretor de planejamento do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica).
Mais que isso, o morador do ABCD pode ver com os próprios olhos o recuo da água nas margens da Billings – lado esquerdo da Anchieta para quem segue sentido Capital.
Terra no lugar de água - No Estoril, em São Bernardo, as margens, antes verdes e cobertas de vegetação, ganharam coloração amarronzada devido à terra e areia aparentes. Tocos de madeira e raízes ficam expostos ao ar formando cenário bem diferente do visto no ano passado.
Nesta segunda-feira (28/07), ainda conforme o governo do Estado, o Cantareira estava com 15,8% da capacidade, sendo a totalidade do volume morto. Já o Rio Grande estava com 86,3% – em fevereiro, esse porcentual era de pouco mais de 94%. O Alto Tietê tinha 21,3%.
“O governador está empurrado o problema da falta d’água até a eleição para não se prejudicar com a população. E por isso evita falar em racionamentos, mesmo que já aconteçam em partes da Capital”, opinou Neto.
Para o engenheiro, o que a Grande São Paulo e o ABCD vivem é apenas a ponta de um iceberg. “A crise não é agora. Será em janeiro do próximo ano, quando não haverá água para abastecer todas as cidades”, previu. “O próximo período de chuvas não vai reabastecer as bacias como pensa o governador. As chuvas que começam em outubro vão encher volumes mortos”, esclareceu. “No próximo ano estaremos vivendo com menos da metade da água necessária.”
Tsunami - Só existiria uma possibilidade de o plano de Alckmin (aguardar as próximas chuvas) dar certo, conforme Neto. “A seca só não afetará a Grande São Paulo se acontecer um tsunami de chuvas. Em situação normal, não escaparemos”, frisou. A Sabesp foi procurada e, mais uma vez, evitou se pronunciar sobre a situação.
Manancial recua e deixa à mostra lixão adormecido - O ambientalista Virgílio Farias fotografou nesta segunda-feira (28/07) uma cena que poderá ser percebida em breve nas cercanias da Billings dentro do ABCD: a própria represa, no braço Taquacetuba, na Capital. A seca fez a água recuar e deixar à mostra um mar de lixo.
Sacos, garrafas e materiais de diversos tipos integram o novo lixão. “Falta chuva, falta água e o Estado não se preocupa em despoluir e cuidar da Billings. Por isso acontece isso”, disse o ambientalista. O local fotografado não pertence à parte que serve ao abastecimento. “Mas isso pode acontecer com toda a represa. O Estado considera a Billings como um depósito de lixo e esgoto.”
De acordo com Virgílio, o estatuto que rege a gestão da represa garante que o manancial deve ser utilizado para fornecimento de água. “Mas como isso pode acontecer se 80% da represa está contaminado”, questiona Farias.
Em um mês, o braço da Billings perdeu sete pontos percentuais do volume (de 92,6% para 86,3%). Do dia 17 deste mês, quando aconteceu a alteração, até esta segunda (28/07) a perda foi mais drástica: quatro pontos percentuais - dos 90% para 86%. Os dados foram colhidos no site da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo). A previsão da companhia é ampliar em mais 0,5 metro cúbico por segundo a captação até setembro.
Especialistas em recursos hídricos e ambientalistas apontam que o Rio Grande está caminhando para a seca que atinge os principais reservatórios, Cantareira e Alto Tietê.
“O Estado saturou grandes reservatórios e sobrecarrega os sistemas menores, como Rio Grande e Rio Claro”, disse o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, especialista em recursos hídricos que já foi diretor de planejamento do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica).
Mais que isso, o morador do ABCD pode ver com os próprios olhos o recuo da água nas margens da Billings – lado esquerdo da Anchieta para quem segue sentido Capital.
Terra no lugar de água - No Estoril, em São Bernardo, as margens, antes verdes e cobertas de vegetação, ganharam coloração amarronzada devido à terra e areia aparentes. Tocos de madeira e raízes ficam expostos ao ar formando cenário bem diferente do visto no ano passado.
Nesta segunda-feira (28/07), ainda conforme o governo do Estado, o Cantareira estava com 15,8% da capacidade, sendo a totalidade do volume morto. Já o Rio Grande estava com 86,3% – em fevereiro, esse porcentual era de pouco mais de 94%. O Alto Tietê tinha 21,3%.
“O governador está empurrado o problema da falta d’água até a eleição para não se prejudicar com a população. E por isso evita falar em racionamentos, mesmo que já aconteçam em partes da Capital”, opinou Neto.
Para o engenheiro, o que a Grande São Paulo e o ABCD vivem é apenas a ponta de um iceberg. “A crise não é agora. Será em janeiro do próximo ano, quando não haverá água para abastecer todas as cidades”, previu. “O próximo período de chuvas não vai reabastecer as bacias como pensa o governador. As chuvas que começam em outubro vão encher volumes mortos”, esclareceu. “No próximo ano estaremos vivendo com menos da metade da água necessária.”
Tsunami - Só existiria uma possibilidade de o plano de Alckmin (aguardar as próximas chuvas) dar certo, conforme Neto. “A seca só não afetará a Grande São Paulo se acontecer um tsunami de chuvas. Em situação normal, não escaparemos”, frisou. A Sabesp foi procurada e, mais uma vez, evitou se pronunciar sobre a situação.
Manancial recua e deixa à mostra lixão adormecido - O ambientalista Virgílio Farias fotografou nesta segunda-feira (28/07) uma cena que poderá ser percebida em breve nas cercanias da Billings dentro do ABCD: a própria represa, no braço Taquacetuba, na Capital. A seca fez a água recuar e deixar à mostra um mar de lixo.
Sacos, garrafas e materiais de diversos tipos integram o novo lixão. “Falta chuva, falta água e o Estado não se preocupa em despoluir e cuidar da Billings. Por isso acontece isso”, disse o ambientalista. O local fotografado não pertence à parte que serve ao abastecimento. “Mas isso pode acontecer com toda a represa. O Estado considera a Billings como um depósito de lixo e esgoto.”
De acordo com Virgílio, o estatuto que rege a gestão da represa garante que o manancial deve ser utilizado para fornecimento de água. “Mas como isso pode acontecer se 80% da represa está contaminado”, questiona Farias.
by abcdmaior.
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