sexta-feira, 12 de outubro de 2012

LAISSEZ-FAIRE, LAISSEZ- PASSER!

Lema dos fisiocratas iluministas, a bandeira do laissez-faire empolgou igualmente os constituintes republicanos e monarquistas, balizando o processo de institucionalização da Revolução Francesa.

Fundamentou-se no preceito de que “todos são iguais perante a lei”. A partir dele, firmaram-se os princípios universais que regem direitos e deveres dos cidadãos e baniram-se os entraves tradicionais que impediam o progresso.

Em pouco tempo, foram erradicados os privilégios de sangue, as fronteiras internas, a tributação discriminatória, as corporações de ofício e as banalidades feudais.

A Revolução Francesa sacralizou a racionalidade. Ao destravar a economia, criou as bases da pujança europeia. Imitada, alastrou-se como facho renovador, semeando novos parâmetros de civilização.

No Brasil do século XIX, o ideário liberal confrontou a ordem tradicional na Revolução Pernambucana de 1817, nos movimentos da Cabanagem, Farroupilha, Revolução de 1842 (S. Paulo e Minas), na Sabinada e na campanha abolicionista; e firmou-se com a República, em 1889.

A partir do século XX, é irônico que os socialistas, autoproclamados “progressistas”, pretendam erradicar, justamente, a maior conquista do liberalismo, o direito universal à propriedade.

A História comprovou definitivamente que a alternativa ao liberalismo é a tirania, paraíso da frustração e da inveja. Em lugar de progresso, atraso. Em vez de justiça social, privilégio. Keynes demonstrou que é possível aperfeiçoá-lo sem traumas, com o auxílio da ciência.

Trocar o universalismo pelo particularismo é patrocinar novas formas de elitismo.

A queda do muro de Berlim sepultou o marxismo como modelo, mas a ambivalência das esquerdas manteve o sonho de poder na fórmula mágica de Gramsci, que evita a violência, mas promove a usurpação das mentes.

O gramscismo lembra as “Cruzadas” medievais, que usavam a força da coletividade para constranger a consciência do indivíduo. Hoje, ele impõe o “politicamente correto”, para garantir a hegemonia ideológica na sociedade.

No Brasil atual, esse conflito leva ao império do sofisma, que dissemina insegurança e afeta o discernimento das consciências mais respeitáveis.

A própria lei sofre o efeito da interpretação relativista, pois que, nos termos do Art.5º da Constituição Federal, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.

Não obstante, a Justiça considerou legal o sistema de cotas raciais, em prejuízo do Art. 206 – Inciso I da C.F.: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”.

E o casamento gay foi reconhecido, embora o artigo 226 da Lei Magna estabeleça que: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”; e seu parágrafo 3º defina que: “Para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher, como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.

Na verdade, o conceito de cota, racial ou social, revivesce uma cultura obscurantista, além de estimular a segregação e o divisionismo.

Sabe-se que a bula papal “sicut judaeis”, baixada pelo grande Gregório Magno e reeditada por 25 outros pontífices, tinha o propósito de proteger a minoria judaica nos países católicos. Contudo, mantidas as causas teológicas do antagonismo, o resultado foi a consolidação do antissemitismo, durante mais de mil anos, até desaguar no desastre do Holocausto.

A motivação aparente dessa política seria a cooptação eleitoral dos nichos “protegidos”, porém, é mais provável que se trate da operacionalização do malfadado PNDH-3 – Plano Nacional de Direitos Humanos/3, visando a inocular a desarmonia na sociedade, uma maldade projetada para enfraquecer o poder da “burguesia”.

Outra política divisionista em curso, defendida por notórios interesses globalistas, é a proliferação de reservas indígenas e ambientais, que dissemina “bantustões” no território nacional, impedindo a sua integração econômica e social. O Congresso Nacional precisa disciplinar essa matéria.

É certo que houve abusos da liberdade econômica; porém, foi possível corrigi-los com mecanismos gerados naturalmente, na dialética das forças produtivas, evitando-se a revolução fratricida.

Quando a economia perde impulso, prenunciando crise, é chegado o momento de uma exegese geral dos costumes, a fim de destravar as amarras ideológicas e liberar as forças geradoras do verdadeiro progresso.

By Maynard Marques de Santa Rosa

Nenhum comentário:

Em Alta

Novo HamburgoRS - Hospital do RS fecha UTI e transfere pacientes após detectar superbactéria considerada uma das mais perigosas do mundo

Acinetobacter baumannii, espécie detectada no hospital do RS, foi listada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2024 como resistente a ...

Mais Lidas