terça-feira, 4 de março de 2025

Parentes de desembargadores, de conselheiros e de secretários ficam livre de condenação porque TJ proibiu juiz de analisar nepotismo cruzado


(Foto: Arquivo)

28/02/2025

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul proibiu o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, de analisar a hipótese de nepotismo cruzado e acabou salvando o emprego de parentes no Tribunal de Contas do Estado. Graças à limitação imposta pela Justiça, irmãos, mulheres e filhos de desembargadores do TJMS, de secretários e de parlamentares não poderão ser exonerados nem obrigados a devolver os salários pagos pelo erário.

Em sentença publicada nesta sexta-feira (28), o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa julgou a ação popular impetrada por Daytron Cristiano Barbosa de Souza improcedente porque só pode analisar o nepotismo direto. “Como não restou configurado na hipótese o nepotismo direto, não há que se falar em ressarcimento dos valores pagos ao requeridos nomeados a título de remuneração”, pontuou o magistrado.

“Por fim, importante destacar que nada impede que o requerente ou o Ministério Público Estadual solicitem informações junto às autoridades competentes para apurar sobre a existência de nepotismo cruzado, o que não foi objeto de exame nesta sentença”, destacou, deixando claro que houve limitação na análise.

A 5ª Cãmara Cível do TJMS impediu o cruzamento de informações de funcionários comissionados com autoridades do TCE, Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Câmara dos Deputados e Governo do Estado. Além de suspender a devassa nos órgãos públicos, o TJMS deixou claro que o juiz não poderia analisar o nepotismo cruzado.
Contratação de parentes é fato incontroverso

“É incontroverso que os requeridos ocupam ou ocuparam cargos comissionados ou funções de confiança no Tribunal de Contas do estado de Mato Grosso do Sul e que possuem algum grau de parentesco com outras autoridades do referido órgão ou de outros órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estadual ou federal”, afirmou Corrêa.

“Ocorre que em acórdão proferido pela 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça deste estado em agravo de instrumento interposto de decisão proferida relativa à produção de determinadas provas foi estabelecido como limite objetivo da lide a configuração (ou não) apenas do nepotismo direto, como se vê às fls. 1.334-63, não cabendo mais, portanto, o exame da ocorrência de nepotismo cruzado na hipótese”, lamentou o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa.

“Ademais, é frustrante e desestimulante para qualquer cidadão, especialmente aqueles que têm mais dificuldades que outros, que o acesso a cargo público se dê por mera indicação política ou por meio de apadrinhamento, bem como para aquele que ocupa cargo público mediante concurso e vê cargos mais relevantes na administração pública serem ocupados por pessoas que pouco ou nada conhecem de determinada pasta ou matéria, algo que infelizmente ainda ocorre, apesar dos avanços obtidos com a Constituição Federal de 1988”, afirmou.

Juiz lamentou contratações de parentes apesar dos avanços da Constituição de 1988 (Foto: Arquivo)

“É lamentável que algumas nomeações ou designações ainda atendam tão somente a critérios políticos, troca de favores ou nepotismo, hipóteses que traduzem desvio de finalidade, situações que ocorrem nas diversas esferas e níveis de poder”, alfinetou o magistrado.

“No que se refere especificamente ao nepotismo, ocorre quando um agente público usa de sua posição de poder para nomear, contratar ou favorecer um ou mais parentes até certo grau, sendo vedado pela Constituição Federal por contrariar os princípios da impessoalidade, da moralidade e da igualdade”, observou.

Esposas de desembargadores

Esposas de dois ex-presidentes do TJMS poderiam ser condenadas por nepotismo cruzado. Isabel Cristiane Loureiro de Almeida é casada com o desembargador João Maria Lós, enquanto Luzia Helena Bernardes AL Contar é cônjuge do desembargador Carlos Eduardo Contar. Viviane Amendôla da Motta é filha da então secretária estadual de Educação, Maria Cecília Amendôla da Motta.

Filho do então secretário de Fazenda e atual conselheiro do TCE, Fábio Alves Monteiro foi chefe de gabinete da conselheira Marisa Serrano, que também é parente, mas não é citada na ação. Nivaldo Cruz Barbosa é primo do conselheiro Waldir Neves Barbosa, mas alegou que era de 4º grau e a legislação proíbe até o 3º grau.

Diogo Midzuno Mishima é irmão de Thiago Haruo Mishima, que foi diretor da área de comunicação do Governo na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB). Rafael Coelho de Oliveira é filho de Jorge Martins de Oliveira, atual presidente da Ageprev.

Duas ex-mulheres de conselheiros foram citadas na denúncia. Alessandra Larreia Ximenes foi casada com Waldir Neves até dezembro de 2005 e foi promovida duas vezes pelo ex-marido em 2015. Judith Maria Grossl foi nomeada quando era casada com Ronaldo Chadid e ele era apenas procurador do Ministério Público de Contas. Quando ele virou conselheiro do TCE, o casal já estava separado.

Vivaldo Chagas da Cruz é cunhado do deputado federal Vander Loubet. Cristina Dias Dutra e Astolfo Dias Ferreira Dutra eram filhos do conselheiro Osmar Ferreira Dutra, que se aposentou em novembro
de 2010.

Desembargador Carlos Eduardo Contar: esposa teve cargo de comissão no TCE (Foto: Arquivo)

As considerações do juiz

Alessandra Larreia Ximen
“Em relação à requerida Alessandra Larreia Ximenes, não se observa nepotismo direto em suas nomeações para os cargos comissionados que ocupou, pois, quando ela foi nomeada para o cargo em comissão de chefe da secretaria das sessões em março de 2015 e depois para o cargo de chefe II em maio de 2015, ela e o requerido Waldir Neves Barbosa não eram mais casadoshá quase 10 anos, conforme se vê no documento de fl. 420, e, como sabido, à luz do direito civil brasileiro (art. 1.519 do CC e seguintes), ex-cônjuges não são considerados parentes em linha reta, colateral ou afins, mas partes de um negócio jurídico bilateral de natureza especial cuja relação se extingue com o divórcio, sendo tal relação incapaz de configurar nepotismo direito no caso de nomeação de um deles para cargo comissionado ou função de confiança pelo outro”.

Diogo Midzuno Mishima
“Nesse contexto, observa-se que o fato do irmão do requerido Diogo Midzuno Mishima (Thiago Haruo Mishima) ocupar cargo em comissão de direção superior e assessoramento na secretaria de estado da Casa Civil de Mato Grosso do Sul não caracteriza nepotismo direto, uma vez que a autoridade responsável pela nomeação dele foi o requerido Waldir Neves Barbosa com o qual sequer se alegou na inicial haver qualquer grau de parentesco, não restando também demostrada a existência de tal vínculo durante o trâmite processual.”

Fábio Alves Monteiro
“Ocorre que o fato de ocupar o pai do requerido Fábio Alves Monteiro, Márcio Campo Monteiro, o cargo de secretário de estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul não caracteriza, por si só, nepotismo direto, levando em conta, mais uma vez, o limite objetivo da lide fixado pelo Tribunal de Justiça deste Estado, na medida em que a autoridade responsável pela nomeação do requerido Fábio Alves Monteiro foi o conselheiro Cícero Antônio de Souza e também não foi alegado ou demonstrado qualquer grau de parentesco entre eles.”

Luiza Helena Bernades Al Contar
“Embora a requerida Luiza Helena Bernardes Al Contar seja casada com desembargador do Tribunal de Justiça deste estado e tenha sido nomeada para um cargo em comissão no Tribunal de Contas do Estado, tal situação não configura isoladamente nepotismo direto, na medida em que, além de se tratarem de órgãos distintos, a nomeação foi realizada pelo conselheiro Cícero Antônio de Souza com quem não foi alegada e demonstrada qualquer relação de parentesco.”

Nivaldo Cruz Barbosa
“De outro lado, os requeridos Nivaldo Cruz Barbosa e Waldir Neves Barbosa sustentaram em suas respectivas defesas que possuem relação de parentesco colateral de 4º grau, sendo primos, o que não foi impugnado pelo requerente, sendo que tal vínculo (parentesco colateral de 4ºgrau) não impede a nomeação, pois, como sabido, a restrição se aplica até o 3ºgrau.”

Viviane Amendola da Motta
“A simples existência de um vínculo de parentesco entre a nomeada e uma autoridade pública de outro órgão, contudo, não é suficiente para caracterizar o nepotismo direto, levando em conta, mais uma vez, o limite objetivo da lide fixado pelo Tribunal de Justiça deste Estado, especialmente porque não foi alegada nem comprovada a relação de parentesco da nomeada com a autoridade nomeante. Com efeito, o fato de a requerida Viviane Amendola da Motta ser filha de Maria Cecília Amendola da Motta, secretária estadual de Educação de Mato Grosso do Sul, não caracteriza nepotismo direto, na medida que a autoridade responsável pela nomeação foi o requerido Waldir Neves Barbosa com quem, repita-se, não foi alegada e demonstrada qualquer relação de parentesco.”
Isabel Cristiane Loureiro

“A requerida Isabel Cristiane Loureiro foi nomeada pelo conselheiro Cícero Antonio de Souza por meio da Portaria “P” TC/MS n.°102/2012 publicada no diário oficial TC n.° 492, de 21.06.2012, para exercer o cargo em comissão de assessor técnico em informática, símbolo TCAS-2034, da 4ª inspetoria de controle externo (fl. 57). Embora a requerida seja casada com o desembargador do Tribunal de Justiça e tenha sido nomeada para um cargo em comissão no Tribunal de Contas do Estado, tal situação, reitere-se, não configura nepotismo direto, na medida em que, além de se tratarem de órgãos distintos, a nomeação foi realizada pelo conselheiro Cícero Antônio de Souza com quem não foi alegada e demonstrada qualquer relação de parentesco.”
Vivaldo Chagas da Cruz

“Examinando-se autos, verifica-se que o requerido Vivaldo Chagas da Cruz foi nomeado pelo conselheiro Cícero Antônio de Souza por meio da Portaria “P” TC/MS n.° 134/2010 publicada no diário oficial TC n.°0098, de 02.06.2010, para exercer o cargo em comissão de assessor de conselheiro, símbolo TCAS-203 (fl. 69), mas, embora o requerido Vivaldo Chagas da Cruz seja cunhado de deputado federal, tal circunstância, repita-se, não configura, por si só, nepotismo direto, pois, além de se tratarem de órgãos distintos de vinculação, a nomeação foi realizada pelo conselheiro Cícero Antônio de Souza com quem não foi alegada nem demonstrada qualquer relação de parentesco.”
Judite Maria Grossl

“Ainda que a requerida Judite Maria Grossl tenha sido casada com o conselheiro Ronaldo Chadid, no período em que foi nomeada seu ex-cônjuge não exercia a função de conselheiro do Tribunal de Contas, mas a de procurador do Ministério Público de Contas (fls. 1.188), órgão distinto daquele em que a nomeação ocorreu, de modo que não se configura na hipótese o nepotismo direto, uma vez que a nomeação foi realizada pelo conselheiro Horácio Cerzosimo de Souza com relação a quem não foi aventada nem demonstrada qualquer vínculo de parentesco.”
Rafael Coelho Oliveira

“O requerido Rafael Coelho Oliveira foi nomeado pelo conselheiro Cícero Antônio de Souza por meio da Portaria n.° 189/2009publicada no diário oficial n.° 7.517, de 07.08.2009, para exercer o cargo de assessor técnico de informática (fl. 46), mas o fato de seu pai, Jorge Oliveira Martins, ocupar na época o cargo de diretor presidente da AGEPREV/MS não caracteriza nepotismo direto, tendo em vista que a autoridade responsável pela nomeação do requerido foi o conselheiro Cícero Antônio de Souza e não foi alegado e demonstrado qualquer grau de parentesco entre eles.”

segunda-feira, 3 de março de 2025

O suposto acordo quebrado entre o governo dos Estados Unidos e seres extraterrestres

O escritor Jason Wilde se viu recentemente mergulhando no reino controverso e especulativo dos acordos governamentais com seres alienígenas. Essa exploração o levou às sessões de regressão hipnótica conduzidas pela falecida Dolores Cannon, nome sinônimo de trabalho inovador em regressão a vidas passadas e comunicação com inteligências extraterrestres.


Nestas sessões, os abduzidos frequentemente recontavam narrativas que desafiavam o discurso dominante em torno dos alegados tratados entre governos e alienígenas

A narrativa popular, reforçada por sussurros de supostos insiders e ufólogos, postula que o governo dos Estados Unidos celebrou um acordo secreto com seres extraterrestres. Dizia-se que este alegado pacto, muitas vezes referido como “Tratado de Greada” ou semelhante, permitia a estes seres realizarem um número limitado de abduções em troca de tecnologia avançada.

No entanto, a história sofre uma reviravolta nos relatos recuperados sob hipnose nas sessões de Cannon. Os abduzidos consistentemente pintaram um quadro não de traição alienígena, mas sim de uma quebra de confiança por parte do governo dos Estados Unidos.

De acordo com estes testemunhos hipnóticos, os seres extraterrestres forneceram tecnologia sob a premissa de que esta seria utilizada para o melhoramento da humanidade. No entanto, afirmam que o governo dos Estados Unidos, em vez disso, transformou esta tecnologia em arma, utilizando-a para fins militares e possivelmente destrutivos. Este alegado uso indevido de tecnologia extraterrestre representa uma profunda violação ética e um desvio gritante da intenção original do acordo.

Embora tais alegações sejam especulativas e careçam de provas concretas, são apoiadas por uma suspeita de longa data sobre a militarização da tecnologia alienígena. O desenvolvimento de aeronaves e sistemas de armas avançados que estão muito à frente do que se pensava ser possível, muitas vezes atribuído a projetos governamentais secretos como a Área 51, alimenta estas teorias.

Jason Wilde se aprofundou na temática conspiracionista de acordos com alienígenas.
Fonte: X

Alguns especulam que estes avanços podem ser o resultado de engenharia reversa de tecnologia extraterrestre – uma teoria que, embora não comprovada, acrescenta uma camada de plausibilidade às afirmações feitas pelos pacientes de Cannon. A narrativa do governo que utiliza indevidamente a tecnologia alienígena alinha-se com exemplos históricos de governos que exploram descobertas científicas para ganhos militares.

Desde o Projeto Manhattan na Segunda Guerra Mundial até à corrida espacial da Guerra Fria, existe um precedente para tal comportamento. Este contexto histórico, embora não seja uma prova direta, proporciona um pano de fundo que faz com que estas afirmações pareçam menos absurdas. Os relatos das sessões de regressão de Dolores Cannon oferecem uma perspectiva convincente, embora não verificada, sobre a natureza das interações entre humanos e extraterrestres.

Eles sugerem uma narrativa de quebra de confiança e má conduta ética por parte do governo dos Estados Unidos, em vez de malevolência alienígena. Embora devamos pisar com cuidado no domínio da especulação e das afirmações não comprovadas, estas histórias fornecem um terreno fértil para reflexão e discussão entre aqueles de nós intrigados pelos mistérios do Fenômeno UFO e pelo potencial do contato extraterrestre.

À medida que continuamos a explorar estes territórios enigmáticos, é crucial manter a mente aberta, mas perspicaz, procurando constantemente a verdade indescritível escondida nas estrelas.

Por Jason Wilde

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

O que é o Rumble, a rede social que Moraes mandou bloquear no Brasil


Plataforma é semelhante ao YouTube e passou a ser bastante popular entre conservadores a partir de 2021, após a invasão do Capitólio nos EUA por apoiadores de Trump.













Rumble é uma plataforma de vídeos semelhante ao YouTube que passou a ser bastante popular entre conservadores nos EUA a partir de 2021 — Foto: Reprodução

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes mandou bloquear a plataforma de vídeos Rumble no Brasil nesta sexta-feira (21).

Segundo Moraes, a rede social cometeu "reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais, além da tentativa de não se submeter ao ordenamento jurídico e Poder Judiciário brasileiros" e instituiu um "ambiente de total impunidade e 'terra sem lei' nas redes sociais brasileiras".

Na quinta-feira (20), o ministro deu um prazo de 48 horas para a rede social informar quem é seu representante legal no Brasil, com poderes amplos para nomeação de advogados e cumprimento de decisões judiciais.

Não é a primeira vez que a plataforma sai do ar no Brasil. Em 2023, o Rumble desabilitou o acesso de usuários no país, citando ordens judiciais para "remover certos criadores". A rede social voltou a funcionar no Brasil em fevereiro de 2025.

Além disso, na quinta-feira (20), o Rumble apresentou à Justiça dos Estados Unidos uma ação contra Moraes, o acusando de censura e pedindo que as suas ordens para derrubada de contas de usuários não tenha efeito legal nos EUA.

O processo foi aberto em conjunto com o grupo de comunicação Trump Media & Technology Group, do presidente dos EUA, Donald Trump.

O que é o Rumble

É uma plataforma de vídeos similar ao YouTube, do Google, inclusive no visual.

Lançada em 2013, a rede social é bastante popular entre conservadores nos EUA. Ela diz que sua missão é "proteger uma internet livre e aberta" e já se envolveu em diversas controvérsias.
 ar ao YouTube, do Google, inclusive no visual.

Lançada em 2013, a rede social é bastante popular entre conservadores nos EUA. Ela diz que sua missão é "proteger uma internet livre e aberta" e já se envolveu em diversas controvérsias.

A plataforma tem negócios com o grupo de comunicação de Trump e também já recebeu investimentos de pessoas próximas do republicano, inclusive o atual vice-presidente dos EUA, J.D. Vance.

Começo com virais de gatinhos

Uma reportagem do New York Times de 2024 apontou que o Rumble começou como uma plataforma onde circulavam principalmente vídeos virais de gatinhos.

A guinada aconteceu com o episódio da invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, por apoiadores de Trump. Eles queriam impedir a cerimônia de certificação de Joe Biden, que derrotou o republicano nas eleições de 2020. O resultado era contestado por Trump, sem provas.

Por ter usado as redes sociais para incentivar a invasão no 6 de janeiro, Trump acabou suspenso das principais plataformas, após intensa pressão da opinião pública.

Depois disso, e também por conta da pandemia, redes sociais como o então Twitter e o YouTube passaram a reprimir com mais frequência conteúdos que violavam suas regras, e muitos usuários migraram para outras plataformas, como o Rumble — incluindo Trump.

O Rumble, "rapidamente, abraçou seu novo papel como um refúgio de 'liberdade de expressão' — e viu sua avaliação subir para meio bilhão de dólares praticamente da noite para o dia", diz a reportagem do NY Times.

O texto diz ainda que, assim que Trump foi eleito para voltar à presidência neste ano, influencers lotaram a plataforma com a frase "Somos a mídia agora".

Em 2022, o Rumble tentou contratar um dos principais nomes dos conservadores na mídia, Joe Rogan. Com milhões de visualizações por episódio, o podcast do apresentador é um dos maiores do mundo e tem exclusividade com o Spotify.

Durante a pandemia, o Spotify sofreu pressão para punir Rogan por divulgar desinformação sobre a Covid e usar termos racistas no podcast. Foi nessa época que o CEO do Rumble fez uma oferta para o apresentador levar seu programa para a rede de vídeos.

"Caro Joe, nós estamos com você, seus convidados e sua legião de fãs que querem conversas reais", postou Chris Pavlovski.

"Que tal trazer todos os seus programas para o Rumble, tanto os antigos quanto os novos, sem censura, por US$ 100 milhões ao longo de quatro anos?", completou.

Christopher Pavlovski, CEO do Rumble, postou foto na Casa Branca em meados de fevereiro — Foto: Reprodução/Instagram

Em outro episódio polêmico, em 2023, a plataforma se negou a atender ao Parlamento britânico e interromper a monetização do canal de Russell Brand. O comediante e ex-marido da cantora Katy Perry estava sendo acusado por quatro mulheres de uma série de agressões sexuais.

Segundo a Reuters, Pavlovski disse que, "embora possa ser politicamente e socialmente mais fácil para o Rumble se juntar a uma multidão da cultura de cancelamento", fazer isso seria uma violação dos valores e da missão da empresa.Brand se tornou réu neste mês, em Londres.

Envolvimento com Trump e vice

A Rumble e o grupo de comunicação de Trump têm diversos negócios conjuntos.

A Truth Social, rede social que Trump criou em 2022, após ser banido do então Twitter e suspenso do Facebook, do Instagram e do Youtube, na esteira do episódio da invasão do Capitólio, virou anunciante da plataforma de publicidade da Rumble em 2021.

O grupo de Trump e o Rumble também fecharam um acordo de "tecnologia e serviços em nuvem", que incluía vídeo e streaming para a Truth Social.

Ainda segundo a Reuters, o vice-presidente de Trump, J.D. Vance, investiu no Rumble em 2021, o mesmo ano em que Trump entrou na plataforma.

Também em 2021, outro nome ligado a Trump apostou no zRumble: Peter Thiel. Ele, que também foi um primeiros investidores do Facebook, é conhecido com um dos fundadores da empresa que deu origem ao site de pagamentos on-line Paypal.

Thiel é apoiador antigo de Trump e doou dinheiro para suas campanhas em 2016 e 2020. Ele não tem cargo no atual governo, mas sua influência ajudou a emplacar J.D. Vance como vice.

Outros três nomes da gestão do republicano têm ligação com o Thiel e o site de pagamentos, integrando o grupo ficou conhecido como máfia do Paypal. Entre eles está Elon Musk, responsável por um departamento que recomenda corte de gastos ao governo, onde já coleciona polêmicas.

Zigurats, a comunidade brasileira que se prepara para o dia do Apocalipse

Povoado no interior de Mato Grosso do Sul contesta ciência e constrói pirâmide de 63 metros

A comunidade Zigurats, em Corguinho, Mato Grosso do Sul, acredita em tudo: de ET à tese de que o mundo é convexo. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Os viajantes desavisados que chegam à vila de Zigurats, em Corguinho, no interior de Mato Grosso do Sul, não sabem que nem todos os seus habitantes podem ser vistos a olho nu. Entre as dezenas de casinhas redondas do povoado, erguido num matagal e contornado por uma vista privilegiada do Cerrado, há uma residência em especial que não foi destinada a um ser humano. O nome desse morador é Bilu, o extraterrestre que se popularizou depois de ser retratado por programas de TV a partir de 2009 e que ajudou a projetar o lugar.

A exposição midiática, em geral de forma jocosa, tirou do anonimato os moradores de Zigurats, um tipo de condomínio com 30 residentes fixos e outros 40 temporários que começou a ser construído na virada do século por uma associação chamada Dakila Pesquisas, cujos membros estudam, entre outros assuntos, alienígenas e civilizações antigas. Desde os primeiros programas de TV, cresceu o número de curiosos que visitam o lugar, a cerca de 100 quilômetros de Campo Grande.

O mais novo grande projeto da Dakila foi o lançamento no ano passado de um documentário que coloca em xeque o fato de a Terra ser esférica. Para os moradores de Zigurats, nosso planeta é plano em sua superfície e convexo na “base”. O mundo como o conhecemos, dizem eles, estaria limitado a uma imensa borda de gelo, a Antártida, além da qual existiria uma região ainda inexplorada pela humanidade. Os membros da Dakila a chamam de “Norte Maior”, o continente onde nenhum desbravador jamais colocou os pés.

Urandir Fernandes de Oliveira é o líder em Zigurats e considerado o “pai do ET Bilu”, que teria sido a origem da teoria da Terra convexa. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

“Acreditar que a Terra não é esférica é tão estranho quanto acreditar em extraterrestres. Defender o contrário requer sair do campo da ciência com indícios comprovados por mais de dois milênios e entrar num pensamento mágico”­

Urandir Fernandes de Oliveira, considerado o “pai do ET Bilu”, fundador da Dakila, pode ter uma teoria diferente das ideias convencionais do terraplanismo, que não defendem a existência de novos continentes inexplorados. Em comum, Oliveira concorda que a Terra não tem o formato comprovado pela ciência. E ele não está só. Sete por cento da população brasileira acredita que a Terra seja plana, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, divulgada em julho. Assim como outros terraplanistas, os membros da Dakila apresentam como principal evidência para comprovar a teoria a ideia de planicidade das superfícies aquáticas. Segundo eles, se a Terra fosse de fato curva, um objeto que se afastasse demais ao longo de um plano aquático, como no mar ou num lago extenso, sumiria no horizonte. “Nós fomos no Lago Titicaca ( no Peru ), numa época em que a água está muito gelada, para ela não evaporar, e a gente via a rua lá do outro lado, a 180 quilômetros de distância. Cadê a meleca da curvatura? Não tem. A água é plana, você pode ter certeza”, disse o engenheiro civil Paulo Parra, de 72 anos, membro da Dakila. “Agora imagina chegar para mim, que sou engenheiro civil, baseado na ciência, e falar que a Terra não é redonda? Ô, gente, eu sofri demais.” Alessandro Drago de Oliveira, também autointitulado “pesquisador”, disse que a descoberta da Dakila “acaba com tudo que se sabia sobre astronomia no mundo” e prova que “todos os astrônomos estavam muito, muito errados”.

A pista para a descoberta da Terra convexa, afirmou a professora aposentada Vera Pedrosa, de 70 anos, que largou a vida no Rio de Janeiro para viver na comunidade em Mato Grosso do Sul, pode ter vindo como uma revelação do próprio ET Bilu, durante um contato com uma equipe de TV que foi a Corguinho para tentar captar imagens do ser de outro mundo. “Um repórter veio aqui e ouviu do Bilu que a Terra não era redonda, que a gente tinha de pesquisar mais. O Bilu queria se mostrar para ele, mas o repórter recuou, ficou com medo e não publicou a matéria. Ele tinha a oportunidade de ganhar o prêmio mundial de jornalismo. Era uma notícia que mudaria o mundo”, declarou a ex-professora. “O Bilu disse para buscarem conhecimento, e hoje a internet toda fala sobre isso.”

A ex-atriz gaúcha Lígia Rigo, de 56 anos, mora com o marido Telmo Flores, de 68 anos na vila e acredita que a arquitetura do lugar aumenta a energia. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

A frase que se tornou quase um mote do extraterrestre foi levada a sério pelos membros da Dakila. Eles se definem como “buscadores de conhecimento”, e a mensagem foi até estampada nos caminhões que trabalham nas obras do local. “Nós somos o legado de Bilu”, afirmou Paulo Vieira, de 23 anos, que largou a faculdade de engenharia e foi morar em Zigurats há dois anos. “Eles são erroneamente chamados de ETs, porque são muito mais parecidos com a gente do que os filmes mostram. O termo correto é ser extradimensional. São seres de outra dimensão que simplesmente vibram numa faixa de frequência diferente”, completou.

Acreditar que a Terra não é esférica é tão estranho quanto acreditar em extraterrestres. O conhecimento do formato de nosso planeta é anterior ao nascimento de Jesus Cristo. Defender o contrário requer sair do campo da ciência e de princípios fundamentais da geografia comprovados por mais de dois milênios e entrar num pensamento mágico. Para Vera Jatenco, professora do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), a teoria terraplanista e da Terra convexa não tem pé nem cabeça. “Que a superfície da água não é plana pode muito facilmente ser comprovado, observando um navio que se afasta perpendicularmente ao continente. Primeiramente o casco começa a desaparecer e, aos poucos, o navio todo desaparece, sendo o mastro a última parte a desaparecer. Embora os terraplanistas digam que isso não acontece, esse fenômeno já foi, e tem sido observado, milhares de vezes”, disse.
A sala de estudos tem mapas e internet, mas o acesso a informações é insuficiente para demover os membros da ideia de que a Terra é convexa. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

A comunidade tenta dar um ar científico a suas ideias. Conta com uma pequena casa batizada como Centro Tecnológico de Zigurats (CTZ), um telescópio e as fundações do que deverá ser uma pirâmide de 63 metros. A localização escolhida não foi por acaso. Segundo Oliveira, o fundador, o terreno se encontra no paralelo que está 19 graus a sul do plano equatorial da Terra, “um dos vórtices mais poderosos de energia hoje em dia”. Ele afirmou que nessa faixa são abundantes as aparições de fenômenos não naturais. E também disse acreditar que a imagem de extraterrestres como criaturas macabras foi inventada pelas “lideranças mundiais” para assustar a população.

Pensada para perdurar por mais de 1.000 anos, segundo os membros da comunidade, a vila terá até mesmo um “sistema antiapocalipse”. Quando estiverem prontas, planeja-se que as casas, quase todas em formato de iglus, vão ser interligadas por galerias e corredores subterrâneos, por onde será possível se deslocar sem precisar subir à superfície e estocar comida para longos períodos de crise. A ocupação do lugar tem outras propriedades, disseram alguns moradores. “Até a arquitetura das casas promove um acréscimo de energia”, disse a ex-atriz gaúcha Lígia Rigo, que mora na comunidade com o marido Telmo Flores, de 68 anos.

Os moradores de Zigurats levam a sério a sustentabilidade. Além de evitar ao máximo o consumo de produtos industrializados, dizem se esforçar para plantar a própria comida ou comprá-la das três comunidades quilombolas existentes na região, que produzem alimentos diversos sem agrotóxicos ou demais produtos químicos. Tetos solares ajudam na economia de energia, o lixo orgânico é separado para compostagem e o demais é selecionado para reciclagem.
O relógio de sol fica localizado na entrada da vila. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Nascida no Paraguai, Amanda Riveros, de 60 anos, largou tudo para se mudar para a vila. Ela afirmou que vivia viajando pelos Estados Unidos, fazendo compras para sua loja de perfumes, até que parou para pensar em si mesma. “Minha vida deu uma reviravolta. Perdi família, amigos, trabalho, quando conheci isto aqui. Me chamaram de louca, mas hoje não troco ( Zigurats ) por nada. Se eu pudesse recomeçar minha vida conhecendo isto aqui, seria outra pessoa. Quando você vem para cá, você se conhece. Conquistei uma família aqui. A gente acaba pensando igual, querendo as coisas da mesma forma”, disse a ex-comerciante, antes de começar a chorar, emocionada.

A vida saudável é outra regra seguida à risca. Paulo Vieira, que trabalha no CTZ e monitora os visitantes, declarou que uma das metas da Dakila é alcançar a máxima longevidade da vida humana — talvez até a vida eterna, dizem eles. “A gente se aprofunda, além daquilo que a gente chama de lacunas da ciência, na questão da alimentação, de atividades físicas e do prolongamento da vida. Chegar a 80, 90, 100 anos com saúde”, afirmou Vieira, citando a argila “mágica” da região como uma das promessas para alcançar esse objetivo. O engenheiro Parra vai além. Ele indagou à reportagem de ÉPOCA se haveria surpresa caso ele, daqui a três anos, se encontrasse rejuvenescido, décadas mais jovem. “No futuro, me vejo cabeludo de novo”, comentou ele, tateando a careca.

“A comunidade tem empresas e aposta em produto à base de argila — contendo elementos minerais — com a suposta capacidade de promover o rejuvenescimento”­

A argila de Zigurats é o produto xodó da Dakila, que até abriu uma nova empresa, a Kion Cosmetics, só para vender os cremes de beleza, cuja propaganda está sendo estampada em revistas da região. “Essa argila não tem em outro local. Ela tem uma substância que não é conhecida pela ciência ainda”, afirmou Oliveira, orgulhoso. “Para cosmético, rejuvenescimento da pele, ela é especial, porque tem propriedades eletromagnéticas. Mandamos o material para fora do país. Lá no Canadá eles não conseguiram registrar todos os minerais que ela contém. São mais de 123 elementos, que fogem da tabela periódica que conhecemos”, sustentou Oliveira.
Além da Kion, a comunidade tem outras 12 empresas, entre as quais uma fábrica de cerâmica — para economizar na construção de Zigurats —, uma atacadista de produtos alimentícios, uma varejista de bebidas e uma companhia de construção civil. O capital social de todas as empresas soma cerca de R$ 700 mil, mas Oliveira não dá detalhes de como chegou a essa cifra. Ele jura que todo o financiamento da Dakila vem das mensalidades de R$ 150 pagas pelos 4.500 associados.

A casa em construção em formato de pirâmide será destinada a Urandir Fernandes de Oliveira, o fundador de Zigurats. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Além do grande apreço pela vida saudável, da desconfiança no governo e nas grandes companhias e da descrença num planeta Terra esférico, os moradores de Zigurats compartilham experiências próprias com Bilu e outros seres de outra dimensão. Oliveira disse que a criatura tem 1,40 metro. Já Vieira deparou com uma versão um pouco mais alta, de aproximadamente 1,70 metro. O aspecto comum, eles concordam, fica por conta da voz, um tanto infantilizada, cuja gravação pode ser encontrada no YouTube.

Questões envolvendo Bilu continuam perseguindo a comunidade até mesmo nessa nova fase, mais voltada para o formato da Terra. Existe uma disputa entre os terraplanistas e o grupo liderado por Oliveira, contou uma moradora de Zigurats. “Alguns até entraram para nossas pesquisas e continuam defendendo a Terra plana”, disse ela. A explicação para a teimosia em não aceitar a teoria de Oliveira seriam feridas religiosas da época em que o ET Bilu ganhou notoriedade na imprensa. “Como eles ( terraplanistas ) são muito ligados à religião, e a maioria é evangélica, eles acham que ET é demônio. Então eles não aceitam de jeito nenhum. Tem gente que acha que é farsa, você acredita?”

domingo, 16 de fevereiro de 2025

“O show de Janja custa caro”, afirma Estadão em editorial


Janja no festival de música Ação Global Contra a Fome e a Pobreza Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Em editorial intitulado O Show de Janja Custa Caro, o jornal O Estado de S. Paulo expôs que os eventos paralelos à Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, que tiveram a liderança da primeira-dama Janja da Silva na organização, custaram “muito mais” do que a própria reunião entre os chefes de Estado.

De acordo com levantamento feito via Lei de Acesso à Informação, o G20 Social e o festival de música Ação Global Contra a Fome e a Pobreza, que ganhou apelido de Janjapalooza, obtiveram R$ 27,2 milhões e R$ 28,3 milhões, respectivamente. Já a cúpula dos chefes de Estado mundiais custou R$ 13 milhões.

O periódico ainda criticou o engajamento milionário de estatais nos projetos, que doaram juntas um total de R$ 83,45 milhões. Participaram do contrato de cooperação com a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), o Banco do Brasil (BB), a Caixa Econômica Federal (Caixa), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Petrobras.

– Sob o beneplácito do presidente da República, Janja fez da Cúpula do G20, evento de importância estratégica para o Brasil, uma vitrine para a promoção de interesses pessoais e partidários. Ademais, o desvio de foco e a submissão das direções do BB, da Caixa, do BNDES, da Petrobras e de Itaipu Binacional ao governo de turno expõem a renitente fragilidade da gestão pública no país, que, ao que parece, se deixa degradar em prol de uma agenda política particular – disse o jornal.

Embora não tenha assinado o contrato de cooperação, a Itaipu Binacional, onde Janja trabalhou, também fez doações para os eventos, que somaram R$ 15 milhões.

O veículo de imprensa finalizou sua crítica observando que o Brasil não merece a “condenação perpétua ao patrimonialismo que o aferra ao atraso”.

– Merece um governo com responsabilidade e compromisso com o bem comum, não com a defesa de projetos pessoais, partidários ou ideológicos – concluiu

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