domingo, 25 de dezembro de 2022

O CRIME QUE PAROU O BRASIL: A TRAGÉDIA DE ELIANE DE GRAMMONT

Morta a tiros pelo próprio ex-marido, o caso de Eliane foi fundamental para mudar o julgamento de "crimes passionais"

CAIO TORTAMANO 
A cantora Eliane de Grammont - Wikimedia Commons

O café paulista Belle Époque tinha seu ambiente entoado com canções românticas da cantora Eliane de Grammont, que fez sucesso em sua carreira meteórica durante a década de 70 no Brasil. No entanto, o lugar que tanto marcou a carreira de Grammon também seria palco de uma tragédia envolvendo a artista.

Um homem, certamente conhecido entre os que frequentavam o estabelecimento, não pensou duas vezes antes de apontar uma arma para a cantora. Era Lindomar Castilho, ex-marido de Eliane, que escandalizou o país ao ser responsável por um dos casos mais absurdos de todos os tempos.

Eliane de Grammont era filha da compositora Elena de Grammont. Seu pai morreu enquanto ela ainda era muito nova, diante de uma condição cardíaca chamada miocardiopatia. Seus irmãos, radialistas e jornalistas em sua maioria, também acabaram sendo vítimas da doença na idade adulta.

Com o incentivo da mãe, Eliane começou a cantar profissionalmente, embalando sucessos como Coisas Bobas, que se tornou trilha sonora do casal Tony e Mariucha, na novela O Profeta, da Rede Tupi, no ano de 1977. E foi nesse mesmo ano que ela conheceu e se encantou com o cantor de boleros Lindomar Castilho.

Lindomar era popular no meio artístico, havia vendido mais de 800 mil cópias em um de seus LPs, que, à esta altura, eram lançados simultaneamente tanto no Brasil como nos Estados Unidos.

Casamento
Eliane, ainda conhecendo a fama, se envolveu romanticamente com o cantor de bolero. Todavia, a aproximação iria além: dois anos depois de se conhecerem, em 1979, se casaram — a contragosto da mãe e irmãos da cantora.

Para mostrar que não estava com Lindomar por causa de seu dinheiro e sucesso, resolveu realizar a união com separação de bens. Assim que se uniram, veio o primeiro choque da relação: o então marido a proibiu de continuar nos palcos, sua grande paixão.

A proibição daquilo que Eliane mais gostava de fazer veio acompanhada do histórico de alcoolismo do artista, que o levavam a ter crises fortes e perigosas de ciúmes, que também resultavam em agressões físicas, abuso psicológico e diversas separações e reconciliações mediante promessas de melhora. Grammont vivia um verdadeiro inferno.

O casamento, que durou pouco mais de um ano, resultou no nascimento da pequena Liliane, filha do casal. Seis meses depois, enquanto não tinha assinado o divórcio, Eliane tentou se reconciliar com o marido; Lindomar foi específico: só a aceitaria de volta se ela assinasse um contrato que envolvia 10 garantias e compromissos.

No documento, uma das cláusulas envolvia pedir perdão a uma funcionaria específica de Castilho, que trabalhava há anos com o cantor, e tinha sido a razão de muitas das brigas do casal ao longo daquele ano. No entanto, Eliane se recusou. Enfurecendo o cantor de bolero, permaneceram separados. Toda a situação, que já parecia caótica, teve um rumo ainda mais trágico.

O último suspiro
Naquela noite de 30 de março de 1981, Lindomar foi atrás da cantora por suspeitar de um possível envolvimento amoroso entre ela e Carlos Randall, seu primo, especialmente depois que ele se separou da mulher. A situação também se deu por Randall trabalhar com Eliane.

Assim, ele não pensou duas vezes antes de acertar a cantora naquela noite de 30 de março de 1981, enquanto ela cantava João e Maria, de Chico Buarque. Depois dos tiros, que atingiram, inclusive, Randall, o ex-marido tentou sair do bar mas foi contido pelo público, que foi capaz de amarrar o homem até a chegada das autoridades.

Tribunal

Levado ao júri perante a acusação incontestável de assassinato, a defesa do bolero afirmava que Grammont não cumpria com suas obrigações maternas, além de ser infiel ao cliente.

Na época, era comum que o assassinato de mulheres fosse defendido com argumentos absurdos como os de que o homem agia sem controle, por “violenta emoção”, motivos completamente passionais, ou até mesmo para “defender a honra” prejudicada por traições. No entanto, a situação, que já parecia insólita o suficiente, uniu mulheres engajadas nos direitos femininos, que protestavam e pediam para a prisão imediata do assassino.

Em agosto de 1984, Lindomar foi condenado a 12 anos de prisão pelo júri popular, cumprindo seis deles em regime semiaberto, ganhando liberdade em 1996. Atualmente, ele sumiu da vida pública e vive sozinho em Goiás, sua terra natal.

Homenagens
A morte de Eliane foi importante para mudar a visão da época acerca de crimes passionais, muito pelo apoio da mídia, que desmistificou a irracionalidade de quem cometia esse tipo de atrocidade.
Passeata em homenagem à cantora / Crédito: Divulgação

Marchas foram feitas em homenagem à curta vida da cantora, que enfrentou um triste fim abreviado pela insanidade do ex-marido. Hoje, ela é considerada um dos maiores símbolos do combate à violência contra mulheres no Brasil.

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O salto ao futuro

Aos 72 anos, ele gosta de ler a Bíblia e cultiva uma vida pacata em Goiás. diz que perdeu o prazer pela música e hoje prefere o silêncio.'Não canto mais nem no chuveiro', afirma Lindomar Castilho 

Lívia MachadoDo G1, em São Paulo



Com a voz falha e imbuída de receios, Lindomar Castilho reluta em conceder uma entrevista por telefone. “Eu não sou mais nada, cansei de ser cantor. Para que falar sobre minha vida agora?” Aos poucos, porém, ele concorda em contar um pouco sobre a sua influência na música popular brasileira. Após inúmeros problemas de saúde - um deles responsável por comprometer parte de suas cordas vocais - ele afirma levar uma vida pacata, "quietinha", no interior de Goiás.

(Ao longo desta semana, o G1 publica uma série de entrevistas com sete ícones da música brega. Famosos há cinco décadas, eles permanecem lançando CDs e hoje são reverenciados pela nova geração de cantoras da MPB)

Hoje, o comportamento de Lindomar pouco se assemelha ao artista sedutor e mulherengo que proferia os lamentos em "Vou rifar meu coração" e cantava músicas divertidas como em "Doida demais", hit reciclado na abertura do programa semanal "Os normais", exibido pela Globo de 2001 a 2003.

Diferente de seus companheiros de vertente, aposentou o microfone, perdeu o prazer de cantar e agora tem a Bíblia como companhia. Afirma que ganha "algum dinheiro" com direitos autorais e venda de discos, mas perdeu o interesse e o espaço no meio musical.

“Tenho aqui em casa muitos DVDs, CDs, mas escuto pouco. Perdi o tesão, não canto mais nem no chuveiro.” Lindomar mora sozinho, mas se diz acompanhado por dois porta-retratos de suas filhas, que vivem em São Paulo.

Aos 72 anos, o cantor fez do anonimato uma espécie de escudo. Embora avesso às entrevistas, ele gosta de comentar sobre seus feitos na musica popular. Teme, entretanto, que o assunto inevitavelmente esbarre no crime que cometeu em 1981, quando assassinou sua ex-mulher, a também cantora Eliane de Grammont, em um bar na zona sul de São Paulo. “É um massacre isso. É lógico que eu me arrependo todos os dias. A gente comete coisas em momentos que está fora de si.”

Na época, cumpriu dois anos de pena na capital paulista e depois foi transferido para um presídio em Goiás. Além de compor um CD de inéditas atrás das grades – "Muralhas da solidão", lançado em 1985 e um dos poucos em que assina a maioria das canções –, ele passou os sete anos preso dando aulas de música e violão aos detentos.

“Eu ainda fazia muito sucesso naquela época, e o interesse nas aulas era grande. Comecei com a escolinha em São Paulo, mas o diretor do presídio de Goiânia gostou da ideia. Tinha três turmas e dava aulas de segunda à sexta-feira. Era um alívio, foi muito positivo.”

Nascidos em bordéis
Um dos precursores da música brega, Lindomar credita o adjetivo pejorativo ao nome de uma rua na cidade de Salvador, famosa por abrigar casas de prostituição. “Esse nome começou comigo. Eu frequentava a Rua Nóbrega, que nem sei mais se existe, lá em Salvador. Eu e os demais cantores de músicas românticas tocamos em algumas dessas casas, mas gostávamos de ir lá para ver as garotas de programa. Ficamos conhecidos como os rapazes da Nóbrega, que viviam na Nóbrega, que foi abreviado para brega tempos depois.”

O cantor parece pouco preocupado com o rebaixamento qualitativo que seu estilo musical sofreu ao longo dos anos. “Nada mais é do que música romântica, e não vejo problema em ter vivido disso.” Justifica suas escolhas profissionais com o nome de uma das canções que gravou nos anos 80. "Eu canto o que o povo quer ouvir."

Cheio de si, ele compara o alcance de suas músicas com a baixa penetração da bossa nova, vertente de “bacanas cariocas", como gosta de classificar. “Enquanto eu cantava para milhares de pessoas, eles faziam reuniões para 100. Fui um dos maiores vendedores de disco do Brasil, fui um homem bem sucedido.”

Além do potencial comercial, um ponto comum dos ícones da música brega - ou apenas romântica - como eles preferem ser classificados, foi o frisson que provocaram no público feminino. Ao narrar histórias sofridas de amor, eles arrebatavam corações e eram constantemente agarrados pelas fãs.

“A gente cantava pra uma multidão, era muita mulher, uma loucura. Tinha que chegar junto mesmo, elas queriam, se jogavam. A gente só retribuía.” Hoje, porém, escreve canções apenas para si e resguarda o direito do anonimato. Acredita que seu tempo como artista passou: "Eu já cansei, comecei em 1962. Já chega”.

sábado, 24 de dezembro de 2022

O que é psicopatia?

Uma pessoa psicopata existe além de filmes e séries, e são pessoas como nós, vivem uma vida comum e mantêm relacionamentos — mas, por dentro, escondem uma parte obscura. Então, como identificar um psicopata, se qualquer um pode ser assim?

Para você entender mais sobre isso, este artigo vai explicar o que é a psicopatia, quais os comportamentos comuns em psicopatas e como identificar um psicopata, além dos testes possíveis que podem dar um diagnóstico.


A psicopatia é um transtorno de personalidade, assim como o narcisismo e o borderline, que consiste em uma disfunção de caráter, fazendo com que o psicopata seja menos empático e mais indiferente em relação aos sentimentos alheios. Para a psicologia, a psicopatia é conhecida como Transtorno de Personalidade Disfuncional.

No mundo todo, temos entre 1% a 3% de pessoas psicopatas. O diagnóstico é complicado, porque muitos profissionais não estão aptos a analisar este tipo de situação, supondo que as características impulsivas e insensíveis sejam, por exemplo, episódios de manias de quaisquer outros distúrbios.
Qual a diferença entre psicopata e sociopata?

Os sociopatas são pessoas capazes de cometer atos antissociais ao longo da vida, agindo apenas em benefício próprio e sem se importar com as consequências para outras pessoas. São pessoas impulsivas e mentirosas, porque estes comportamentos os ajudam a chegar mais onde querem.

Os psicopatas também possuem todas essas características, porém com um “plus”: estas pessoas cometem maldades pelo puro prazer de fazer o mal, e não só como consequência de atos para benefício próprio. Se seduzem alguém e manipulam esta pessoa, por exemplo, não precisa ser para um fim maior, mas sim porque é isso que o psicopata pretendia fazer.

Se isto parece um vilão de desenho para você, é só pensar no caso de pessoas sádicas. O sadismo consiste em sentir prazer com o sofrimento de outra pessoa, com a dor física e a humilhação. Embora, nestes casos, essa situação seja consentida entre os parceiros, o psicopata se sente como o sádico: sente prazer pela dor do outro, sem sentir culpa ou remorso.
10 sinais e comportamentos de um psicopata


Confira a seguir dez atitudes que são muito frequentes em pessoas psicopatas.

1. Conta muitas mentiras

Como o psicopata pensa só em conseguir o que quer, não teria porque, no raciocínio dele, não usar todos os artifícios cabíveis para conquistar aquilo que deseja. Pode ser considerado um mentiroso patológico.

2. Gosta de adrenalina

Os psicopatas gostam de sentimentos intensos e, por isso, a adrenalina precisa estar sempre presente. Não são fãs de rotina e até mesmo de manter relacionamentos, seja com amigos, família ou parceiros.

3. É impulsivo

Já que a impulsividade torna tudo mais emocionante e aumenta a adrenalina, este também é um comportamento comum em pessoas com este transtorno. A mania impulsiva, inclusive, é um dos comportamentos que torna mais difícil a convivência com psicopatas.
4. Tem a fala persuasiva e conquistadora

Assim como mentir, a persuasão ajuda a conquistar o que eles quiserem. Os psicopatas costumam ser muito funcionais, se adaptando de acordo com o ambiente para agirem como for melhor para eles.
5. Se estressa e explode com facilidade

Junto com a impulsividade, este ato dificulta muito a convivência com os psicopatas. Pessoas com o transtorno tendem a não ter paciência, porque a paciência é, em especial, uma questão de educação e sociabilidade.

6.Não se sente culpado

O psicopata não consegue sentir remorso nem culpa por agir de forma antissocial. A teoria é que ele não sente a necessidade de seguir os protocolos sociais como nós sentimos, e, por isso, não se sente culpado por agir “fora da linha”.

7. Não sente empatia pelos outros

Todas as mentiras e as ações persuasivas e manipuladoras são feitas porque o psicopata não sente empatia, ou seja, não se coloca no lugar do outro e não pensa nos sentimentos das pessoas à sua volta. Todas as ações do psicopata são em prol dele mesmo.
8 Possui sentimentos superficiais

De acordo com o psicólogo canadense Robert Hare, um psicopata ama uma pessoa assim como amamos um carro, ou seja, não é igual ao nosso amor por pessoas queridas, mas sim um sentimento superficial. Um psicopata não consegue vivenciar as emoções e sentimentos como nós as vivenciamos.

9. É irresponsável

Quando o psicopata é muito impulsivo, muitas vezes pode ser também irresponsável. Tanto no sentido amplo, de não comparecer ao trabalho ou a eventos importantes, como aniversários, quanto no sentido emocional, magoando pessoas à sua volta e agindo só de acordo com seus próprios interesses.
10. Acumula más atitudes desde a infância

Como a psicopatia tende a ser uma questão genética, os psicopatas já nascem assim e, portanto, podem ter más atitudes e agir de forma egoísta e agressiva desde a infância. No entanto, é mais difícil identificar a psicopatia nas crianças, já que elas estão ainda se adaptando às regras sociais e aprendendo o que é aceitável ou não de se fazer.

Como identificar um psicopata?

Apesar de elencarmos aqui sinais de um psicopata, o diagnóstico só pode ser feito por um médico psiquiatra, apenas um profissional da saúde sabe como identificar um psicopata, que pode ou não ter apoio de um psicólogo, caso o paciente já se consultasse antes.

Este diagnóstico é feito analisando características pessoais junto com a escala de Robert Hare, que explicaremos a seguir.

Psicopata mulher x psicopata homem

A psicopatia em grau grave é mais comum em homens do que em mulheres, segundo estudo do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. Além disso, o transtorno se manifesta de formas diferentes entre homens e mulheres.

Então, como identificar um psicopata homem ou mulher? As mulheres psicopatas tendem a ser menos impulsivas que os homens com a mesma condição. Por isso, o diagnóstico correto demora muito mais tempo para ser dado e, portanto, o tratamento correto também é protelado.

No caso dos homens, o transtorno fica mais evidente na fase da adolescência, porque os transtornos de personalidade como um todo costumam se manifestar mais entre a adolescência e o começo da fase adulta.

A maioria dos psicopatas não matam nem torturam, como vemos nos filmes. Na maior parte das vezes, são “apenas” narcisistas e manipuladores, com graus e manifestações que variam de acordo com a personalidade de cada gênero. Homens e mulheres vão manifestar suas impulsividades e suas tendências sexuais de formas diferentes, por exemplo.
Como identificar um psicopata com teste?


O teste de psicopatia de Robert Hare, psicólogo especialista em conduta criminal e psicopatia, se chama PCL-R e surgiu em 1990.

Ele serve não só para avaliar a presença de traços psicopáticos, mas também para avaliar o grau de violência de uma pessoa. Como os casos de psicopatia são muito altos entre a população carcerária, muito se utiliza do teste em prisões. Mas também se pode usá-lo na clínica e na área forense.

O teste consiste em vinte perguntas que avaliam o comportamento da pessoa e, de acordo com suas respostas, é similar ao comportamento típico de um psicopata. O avaliador deve dar uma nota de 0 a 2 para cada pergunta, levando em conta também o histórico criminal da pessoa entrevistada. Esta “entrevista” dura uma hora e meia.

Escala de Robert Hale
A escala é o nível de pontuação que citamos antes, de 0 a 2 para cada um dos itens (ou perguntas) respondidos.

Há três pontuações possíveis para cada uma das perguntas: 0, que significa que o item não se aplica ao entrevistado; 1, que significa que o item se aplica um pouco; 2, que significa que o item com certeza se aplica. A pontuação pode ir de zero, caso marque 0 em todos os itens, à quarenta, caso marque 2 em todos os itens.

Resultados

Ao final das perguntas, o entrevistador compara o resultado obtido com a escala de Robert Hare para avaliar o grau de psicopatia.

A partir da escala e da comparação das respostas, pode-se obter os resultados. Se a pontuação do entrevistado for superior a trinta pontos, se considera o indivíduo como psicopata.

Tratamentos: psicopatia tem cura?

O tratamento de psicopatia consiste em reduzir os sintomas – como a agressividade, a impulsividade e o estresse -, mas não faz com que a pessoa deixe de ser psicopata. O ideal é que você tenha ajuda de um psicólogo junto com o processo psiquiátrico.

Os psiquiatras costumam receitar lítio, antidepressivos, benzodiazepínicos, psicoestimulantes e neurolépticos. No entanto, estes tratamentos isolados não costumam surtir efeito.

O maior problema no tratamento de psicopatia se dá no fato de que, pelos indivíduos serem narcisistas, só quererem fazer as coisas do jeito deles, é muito difícil que procurem ajuda psiquiátrica por conta própria.

A Eurekka possui uma equipe de saúde completa, com médicos e psicólogos, que vão ajudar na melhora dessa condição. Por isso, não perca mais tempo e agende agora a sua sessão com um psicólogo ou, se desejar, com um psiquiatra.

by Eurekka

Tem sido um privilégio ter estado com voces! Feliz Natal aos leitores e que estejamos juntos em 2023, com saúde e muita determinação.

 


sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Filhas pedem liberdade do pai como "presente de Natal" e juiz atende


O magistrado Denis Bonfim, de Posse/GO, disse que ficou emocionado ao receber as cartinhas em seu gabinete.

Da Redação

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022A

Às vésperas do Natal, duas meninas ganharam um presentão do juiz Denis Bonfim, de Posse/GO. O pai delas foi colocado em liberdade após o magistrado ler e se emocionar com as cartinhas das pequenas pedindo a volta dele para casa.

"Seu juiz, manda meu pai de volta para casa antes do Natal por favor, estou com muita saudade dele", diz trecho do pedido.

O comerciante, de 34 anos, é dono de uma distribuidora de bebidas e foi acusado de tentar matar um homem a tiros por causa de uma dívida de R$ 600. Na avaliação do juiz, todavia, "não há elementos precisos que demonstrem indícios suficientes de autoria ou de participação do acusado" no crime.

O caso ganhou repercussão no último dia 6 de dezembro, após o próprio magistrado publicar uma das cartinhas em sua rede social.

"Esse foi o melhor Habeas Corpus que já recebi!! Eu sempre digo que não precisa escrever muito!! Prometo que irei olhar com toda atenção e critério com que vejo todos os outros", escreveu Denis Bonfim.

Carta escrita pelas meninas ao juiz.(Imagem: Divulgação)


Em entrevista à Folha de S. Paulo, o magistrado disse que ficou emocionado ao receber as cartas em seu gabinete, que foram entregues pelo advogado do réu.

"Quando ela escreveu 'Deus te proteja', isso me tocou especialmente, porque naquele momento ela estava desamparada e desprotegida precisando do seu provedor. Imaginei comigo: não posso protegê-la, mas talvez eu possa devolver a ela alguém capaz de fazer isso."

O pai das meninas já foi solto, depois de cinco meses preso, e poderá passar o Natal em casa na companhia da família.

Epa! Vimos que você copiou o texto. Sem problemas, desde que cite o link: https://www.migalhas.com.br/quentes/379140/filhas-pedem-liberdade-do-pai-como-presente-de-natal-e-juiz-atende

“A maioria dos Heterossexuais são Homoafetivos”


Coluna Era Sol Que Me Faltava -
Barriga Verde Notícias

Poucas coisas ofendem tanto um heterossexual que adora publicizar sua virilidade e dominância, do que sugerir que ele pode ser homoafetivo recalcado ou reprimido. Me recordo de ocasiões em que, talvez até por certa diversão maquiavélica, eu sentava na presença de colegas que só falavam de mulheres, carros e futebol, e sugeria que aquele era um tipo de amor sublime e elevado, a capacidade de sentirem-se tão bem uns com os outros, partilhar tão intimamente e tão alegremente de um modo que jamais concebem fazer com a própria esposa. No íntimo, eu me deleitava rindo da preocupação que se passava em seus olhares e da imediata necessidade de afirmarem-se machos.

Diverti-me recordando destas cenas ao ouvir um PodCast com participação do professor Leandro Karnal, em que ele afirmou: “A maior parte dos homens heterossexuais são homoafetivos, eles querem a mulher para o sexo, mas a conversa legal é com o amigo e dizem com frequência que a mulher é chata”. No consultório, são frequentíssimas as vezes em que clientes mulheres queixam da ausência do companheiro, que não sabe integrar-se à família, que sempre se envolve em atividades que sejam só para os homens, jogar futebol, ir ao bar, pescar ou o que quer que seja. A mulher é e continua sendo o objeto de desejo erótico destes homens, no entanto, o afeto é cultivado entre iguais.

Ao que consta, apenas cito porque desconheço os estudos, mas há uma filósofa e pesquisadora americana chamada Marilyn Frye, que estuda – isto que ela afirma como um fato – a cultura heterossexual como sendo homoafetiva. Se pararmos para pensar, é verdadeiramente raro encontrarmos casais que se conectam de tal modo que a afetividade e a intelectualidade caminhem em proximidade com a sexualidade, ou então, que estejam factualmente pautados sobre a admiração, o respeito e o afeto.

Quando entre eles, homens sentem-se mais livres, bebem, riem, jogam, falam sobre quase tudo – com ênfase para este ‘quase’, afinal, este “tipo” de hétero não têm muita tolerância para falar de sentimentos, emoções ou vivências de sofrimento, isto é, como possivelmente diriam: “coisa de gay ou mulherzinha”. Agora, colocando-se este espécime ao lado da esposa ou namorada, a seriedade toma conta, até certa feição de tédio, brota uma preocupação com o celular e uma ocupação com a televisão que torna o homem quase um autista. Da companheira, espera quase que exclusivamente uma servidão maternal e sexo (complicado é para a mulher conseguir ter tesão em alguém que é quase um filho).

Queria poder dispensar este parágrafo, mas como vivemos tempos chatos em que tudo é altamente ofensivo e pessoal. Finalizo esclarecendo que aqui não há generalizações e que apenas desejo lançar percepções. Última questão para concluir, se por algum acaso vier a sentir-se ofendido, sugiro que pense que ferida interior estas linhas tocaram. Ofender-se com o que quer que seja significa sempre que um ponto crucial do nosso Eu foi tocado.

Solange Kappes
Psicóloga CRP 12/15087
E-mail: psicologasolangekappes@gmail.com
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