15/09/2014 às 6:05
A presidente-candidata Dilma Rousseff não quer saber de “coitadinhos” disputando a Presidência da República. Deixou isso muito claro numa entrevista coletiva concedida ontem, no Palácio da Alvorada, enquanto mordomos invisíveis, pagos por nós, administravam-lhe a casa. A rigor, vamos ser claros, a presidente nunca acreditou nem em “coitados” nem na inocência. Ou não teria pertencido a três organizações terroristas que mataram… inocentes! A propósito, antes que chiem os idiotas: isso que escrevo é
a: ( ) verdade;
b: ( ) mentira.
a: ( ) verdade;
b: ( ) mentira.
Quem decidir marcar a alternativa “b” já pode se despedir do texto porque não é só um desinformado; é também um idiota — e não há razão para perder o seu tempo com este blog. Para registro: ela cerrou fileiras com o Polop, Colina e VAR-Palmares. Sigamos.
Na quinta-feira passada, informou a Folha, ao se referir aos ataques que vem recebendo do PT, Marina Silva, candidata do PSB à Presidência, chorou. Os petistas não abrem mão de desconstruir a imagem da ex-senadora e de triturar a adversária, mas temem que ela se transforme numa vítima e acabe granjeando simpatias. Na entrevista deste domingo, Dilma tratou, ainda que de modo oblíquo, tanto da campanha negativa que o PT vem promovendo contra a peessebista como das lágrimas da adversária. Afirmou:
“A vida como presidente da República é aguentar crítica sistematicamente e aguentar pressão. Duas coisas que acontecem com quem é presidente da República: pressão e crítica. Quem levar para campo pessoal não vai ser uma boa presidente porque não segura uma crítica. Tem de segurar a crítica, sim. O twitter é o de menos. O problema são pressões de outra envergadura que aparecem e que, se você não tem coluna vertebral, você não segura. Não tem coitadinho na Presidência. Quem vai para a Presidência não é coitadinho porque, se se sente coitadinho, não pode chegar lá”.
Entenderam? Dilma está dizendo que a brutalidade é mesmo da natureza do jogo, avaliação que, em larga medida, remete a personagem de agora àquela militante do passado, quando grupos terroristas se organizaram contra a ditadura militar. Ou por outra: não havia, de fato, “coitadinhos” naquele embate. Eu sempre soube disso — e já o afirmava mesmo quando na esquerda. É por isso que a indústria de reparações — exceção feita aos casos em que pessoas já rendidas foram torturadas ou mortas pelo Estado — é uma vigarice intelectual, política e moral.
Dilma, obviamente, sabe que o PT faz campanha suja ao associar a independência do Banco Central à falta de comida na mesa dos brasileiros. Dilma sabe que se trata de uma mentira escandalosa a afirmação de que o programa de Marina tiraria R$ 1,3 trilhão da educação. Em primeiro lugar, porque não se pode tirar o que não existe; em segundo, porque Marina, se eleita, não conseguiria pôr fim à exploração do pré-sal ainda que quisesse.
E que se note: a presidente-candidata, que não apresentou ainda um programa final, deixou claro que considera desnecessário fazê-lo e, a levar a sério o que disse, aguardem mais quatro anos do mesmo caso ela vença a disputa. Leiam o que disse:
“O meu programa tem quatro anos que está nas ruas. Mais do que nas ruas, está sendo feito. Hoje estou aqui prestando contas de uma parte do meu programa. Eu não preciso dizer que vou fazer o Ciência sem Fronteiras 2.0, a segunda versão. Eu não preciso assumir a promessa, porque fiz o primeiro. A mim tem todo um vasto território para me criticar. Tudo o que eu fiz no governo está aí para ser criticado todo o santo dia, como, aliás, é. Todas as minhas propostas estão muito claras e muito manifestas”.
A presidente, sem dúvida, pôs os pingos nos is. Se ela ganhar mais quatro anos, teremos um futuro governo igualzinho a esse que aí está. Afinal, segundo diz, o seu programa já está nas ruas, já está sendo feito. O recado parece claro: nada vai mudar.
Dilma voltou a falar sobre a independência do Banco Central, fazendo a distinção entre “autonomia” — que haveria hoje (na verdade, não há) e “independência”, conforme defende Marina. Segundo a petista, a proposta de Marina criaria um Poder acima dos demais.
Vamos lá: discordar sobre a natureza do Banco Central é, de fato, próprio da política. E seria muito bom que o país fizesse um debate maduro a respeito. Mas, obviamente, não é isso o que faz o PT. Ao contrário: o partido aposta no terror e no obscurantismo. Pretende mobilizar o voto do medo e da ignorância. Quanto ao pré-sal, destaque-se igualmente: seria positivo se candidatos à Presidência levassem adiante um confronto de ideias sobre matrizes energéticas. Mas quê… De novo, os petistas investem apenas no benefício que lhes pode render a ignorância.
Dilma segue sendo, essencialmente, a mesma, agora numa nova moldura: “o mundo não é para coitados, não é para os fracos”. E, para demonstrar força, se preciso, servem a mentira e o terror. Hoje como antes. O PT também segue sendo o mesmo: quando estava na oposição, transformava o governo de turno na sede de todos os males e de todos os equívocos. No poder há 12 anos, agora o mal verdadeiro está com a oposição. Seu lema poderia ser “Destruir para conquistar; conquistar para destruir”.
Dilma pede licença para matar. Nem que seja uma reputação.