segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Oito medidas simples para prevenir e aliviar a gastrite

Mastigar adequadamente e escolher os alimentos certos são algumas das maneiras de tratar a dor, causada pela inflamação das paredes do estômago

Patricia Orlando
gastrite
Gastrite: queimação, dor no estômago e náusea são os principais sintomas da doença (Thinkstock)
Queimação, dor no estômago e náusea são queixas de 15 a 30% dos pacientes que procuram um gastroenterologista. Esses sintomas são característicos de gastrite, uma inflamação aguda ou crônica nas paredes internas do estômago.

A bactéria Helicobacter pylori, que se hospeda no estômago, é apontada como uma das causadoras da gastrite. Estima-se que 80% dos brasileiros estejam infectados pela bactéria e que 5 a 15% dessas pessoas manifestem a doença. A relação entre a H. pylori e a gastrite ainda não foi compreendida pela medicina, mas acredita-se que o micro-organismo enfraqueça a mucosa estomacal, fazendo com que o suco gástrico machuque as paredes do estômago.

O uso prolongado de anti-inflamatórios não hormonais (como a aspirina) e o consumo exagerado de bebidas alcoólicas são fatores que também sensibilizam a mucosa estomacal, assim como stress, tabagismo e má alimentação.
Diagnóstico — Os sintomas da gastrite são parecidos com os de refluxo, má digestão e até câncer. Por isso, o ideal é, antes de tomar um remédio por conta própria, procurar um médico, que pedirá uma endoscopia para confirmar o diagnóstico. "A automedicação alivia os sintomas no momento, mas pode mascarar outras doenças mais graves", diz o gastroenterologista Rogério Saad, professor da Faculdade de Medicina de Botucatu Unesp/FMB.

Uma gastrite não tratada pode evoluir para uma úlcera, um profundo machucado na mucosa do estômago. Os sintomas da moléstia são perda de peso rápida, vômito ou fezes com sangue, febre, olhos amarelados, vômitos frequentes, anemia e presença de gânglios em regiões como pescoço e virilha.

O tratamento da gastrite segue os mesmos preceitos da sua prevenção e inclui remédios para diminuir a acidez no estômago e, na presença da bactéria H. pylori, antibióticos.

Maneiras de aliviar a gastrite


Mastigar bem a comida

A mastigação ajuda a formar o bolo alimentar, reduzir as partículas do alimento e, por isso, facilitar o processo digestivo. "Quando a pessoa não mastiga adequadamente, o organismo precisa secretar mais suco gástrico para digerir a comida, o que favorece a gastrite", diz Carolina Pimentel, gastroenterologista do Núcleo de Gastroenterologia do Hospital Samaritano de São Paulo.

Moderar no café

O café exerce uma ação irritante se a mucosa do estômago estiver inflamada. "Seria como jogar álcool numa ferida aberta: vai doer", diz o gastroenterologista Rogério Saad, professor da Faculdade de Medicina de Botucatu Unesp/FMB. "A recomendação é não exagerar na quantidade e trocar cafés muito concentrados, como o expresso, por versões mais fracas ou descafeinadas."

Não exagerar no álcool

O álcool ataca diretamente a mucosa estomacal, deixando o estômago com uma menor proteção contra os efeitos ácidos do suco gástrico. "O consumo exagerado aliado a hábitos como a má alimentação pode agravar a gastrite e levar até a uma úlcera", diz Rogério Saad.

Evitar alimentos gordurosos

"Alimentos de digestão lenta, como os gordurosos, fazem o estômago produzir mais suco gástrico, o que pode agravar a gastrite", afirma o gastroenterologista Renato Simão, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

Comer de três em três horas

O suco gástrico é constantemente secretado pelo estômago. Por isso, deixar o estômago vazio faz com que o suco ataque diretamente a mucosa do órgão, causando as dores características da gastrite. Comer de três em três horas ajuda a manter o estômago sempre protegido.

Controlar o stress e a ansiedade

O stress e a ansiedade podem causar gastrite aguda. "Como reação a esses estados emocionais, o corpo aumenta a secreção do suco gástrico, o que machuca a parede estomacal", diz Rogério Saad. Ter hábitos relaxantes e praticar atividades físicas podem ajudar a controlar os nervos.

Não fumar

Fumar estimula a produção ácida no estômago, lesionando a barreira da mucosa gástrica. "Além disso, a nicotina altera o funcionamento do intestino, o que interfere na absorção dos alimentos", diz Renato Simão.

Tomar anti-inflamatórios não hormonais controladamente

Os anti-inflamatórios não hormonais, como a aspirina, podem afetar tanto na diminuição do muco, quanto no aumento do suco estomacal. "Muitas pessoas tomam esses medicamentos sem precisar. Seu uso descontrolado pode causar gastrite", diz Carolina Pimentel. 

Fontes: Carolina Pimentel, gastroenterologista do Núcleo de Gastroenterologia do Hospital Samaritano de São Paulo; Luis Gonzaga Vaz Coelho, gastroenterologista da Federação Brasileira de Gastroenterologia; Renato Simão, gastroenterologista e cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo; Rogério Saad, gastroenterologista e professor do departamento de gastroenterologia da Faculdade de Medicina de Botucatu Unesp/FMB.

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Meningite transmitida por parasitas se espalha pelo Brasil


Meningite eosinofílica foi diagnosticada 34 vezes no país nos últimos 8 anos. Principal vetor da doença no país é o caramujo gigante africano
REDAÇÃO ÉPOCA, 
COM ESTADÃO CONTEÚDO
04/08/2014 


O caramujo gigante africano é bastante comum em jardins. Cuidado! (Foto: Thinkstock)

Um novo tipo de meningite, transmitido por parasitas, está se espalhando pelo país. Diferentemente das formas mais conhecidas da doença, virais e bacterianas, a chamada meningite eosinofílica é transmitida por um verme, o Angiostrongylus cantonensis. Desde 2006, ela já foi diagnosticada 34 vezes em seis estados brasileiros, nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste. Entre os casos, foi registrada uma morte. As informações foram reunidas num estudo publicado pela revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, que alerta para o avanço da doença no país.

O verme A. cantonensis costuma estar presente em crustáceos e moluscos. Segundo o levantamento, o caramujo gigante africano é o vetor mais frequente deste verme no Brasil. Os caramujos ingerem fezes de roedores contaminadas com larvas do verme. Quando se locomovem, liberam um muco, para facilitar seu deslizamento, que também contém larvas. As pessoas são infectadas ao ingerir esse muco. Isso pode ocorrer no consumo de legumes, verduras, e frutas mal lavados, por exemplo. Ou ao tocar em plantas e vegetais sujos e depois levar a mão à boca.

"O caramujo gigante africano está em todos os lugares: no quintal, na pracinha, nas ruas. Como está próximo (das pessoas), facilita o contágio. E já foi encontrado em todos os Estados, exceto no Rio Grande do Sul", diz a bióloga Silvana Thiengo, chefe do laboratório de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz. Segundo a especialista, há formas simples de evitar o contágio, como lavar as mãos com frequência e deixar hortaliças e frutas de molho por 30 minutos em um litro de água com uma colher de sopa de água sanitária.

Os sintomas da meningite eosinofílica são semelhantes aos das outras formas da doença: dor de cabeça persistente, febre alta e, menos frequentemente, rigidez na nuca. A doença pode deixar sequelas como disfunção nos movimentos de braços e pernas, redução ou perda da visão e audição. O que permite diferenciá-las é o exame do liquor, líquido entre as meninges, extraído por punção lombar. O aumento de eosinófilos, que são células de defesa do organismo, é um sinal típico da infecção por parasita. O tratamento é feito com corticoides, a fim de reduzir a reação inflamatória.

"Os médicos não estão atentos a essa forma da doença, por falha de educação e de treinamento. Eles querem saber se a meningite é viral ou bacteriana e não prestam atenção aos outros agentes", afirma o médico Carlos Graeff-Teixeira, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Su (PUC-RS), um dos autores do artigo.

Nova forma da doença já foi diagnosticada em seis Estados; houve pelo menos 34 casos e uma morte desde 2006


Principais sintomas
Os sintomas mais comuns da meningite eosinofílica incluem:
Dor de cabeça forte;
Rigidez na nuca, dor e dificuldade em mexer o pescoço;
Náuseas e vômitos;
Febre baixa;
Formigamento no tronco, braços e pernas;
Confusão mental.

Perante estes sintomas, a pessoa deve ir imediatamente ao hospital para fazer um exame chamado punção lombar, que consiste na retirada de uma pequena quantidade de liquor da medula espinhal. Este exame é capaz de identificar se este líquido encontra-se contaminado, e se estiver, por qual micro-organismo, o que é fundamental para decidir como será feito o tratamento.

Como é feito o Tratamento

O tratamento para meningite eosinofílica deve ser feito em internamento no hospital e, geralmente, é feito com remédios antiparasitários, analgésicos, para aliviar as dores de cabeça, e corticoides, para tratar a inflamação da meningite, que afeta as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinal, chamadas meninges, e também é útil para diminuir a pressão cerebral.

Se a pressão no cérebro não diminuir com os remédios, o médico poderá fazer várias punções lombares para aliviar mais eficazmente a pressão.

Quando o tratamento não é feito o mais rapidamente possível, o paciente pode ficar com sequelas, como perda de visão e audição ou diminuição da força muscular, principalmente nos braços e nas pernas. 

A meningite eosinofílica é causada por parasitas que são transmitidos aos seres humanos da seguinte forma:

- As pequenas larvas alojam-se no intestino dos ratos, sendo eliminadas através de suas fezes;
- O caramujo se alimenta com as fezes do rato, ingerindo o parasita;
- Ao consumir o caramujo contaminado ou alimentos contaminados com suas secreções o parasita chega na corrente sanguínea do homem e alcança seu cérebro, causando meningite.

Desta forma, é possível contrair essa meningite quando:

- Ingerem moluscos mal cozidos, como caracóis, caramujo ou lesmas que estão contaminados com as larvas;

- Ingerem alimentos, como verduras, legumes ou frutas mal lavadas que estão contaminadas com as secreções liberadas pelos caracóis e as lesmas para se moverem;

- Ingerem camarão de água doce, caranguejos e rãs que se alimentaram de moluscos infectados.

Depois da pessoa ingerir as larvas, elas vão pela corrente sanguínea até ao cérebro, causando esta meningite.

Como se proteger

Para se proteger e não ser contaminado com o parasita que causa a meningite eosinofílica é importante não consumir animais que estejam contaminados, mas como não é possível identificar se um animal está contaminado, somente pela sua aparência, não é recomendado comer este tipo de animal.

Além disso, para evitar esta doença deve-se lavar muito bem todas as verduras e frutas que possam estar contaminadas com as secreções deixadas pelas lesmas, por exemplo.

Os caramujos costumam surgir em épocas de chuvas, não têm predadores naturais e se reproduzem muito rapidamente, sendo facilmente encontrados em jardins e quintais até mesmo nas grandes cidades. Por isso, para eliminar as lesmas e caramujos é recomendado coloca-las numa sacola plástica totalmente fechada, quebrando sua casca.

O animal não é capaz de sobreviver mais de 2 dias fechado dentro de um saco plástico onde não pode beber água e se alimentar. Não é recomendado colocar sal por cima deles porque isso causará sua desidratação, liberando intensa secreção, que pode contaminar o ambiente à sua volta.

domingo, 3 de agosto de 2014

Aquela





Minha amada é de carne,
de pele e pêlo.
Ora é negra, ora é loura, ora é vermelha.
Minha amada é três. É trinta e três.
Minha amada é lisa, é crespa, é salgada, é doce.
Ela é flor, é fruto, é folha, é tronco.
Também é pão, é sal e manga-rosa.
Minha amada é cidade de ruas e pontes.
É jardim de arrancar flores pelo talo.
Ela é boazuda e é bela como uma fera.
Minha amada é lúbrica, é casta, é catinguenta.
Minha amada tem bocas e bocas de sorver,
de sugar, de espremer, de comer.
Minha amada é funda, latifúndia.
Minha amada é ela, aquela que não vem.
Ainda não veio, nunca veio, ainda não.
Mas virá, ora se virá. A diaba me virá.


Darcy Ribeiro
(1922-1997)

A TIRANIA DA INVEJA


inveja
Sou um sobrevivente e, espero, você também. Porque ela é tirana. Atende por vários codinomes – cobiça, ganância, olho gordo – e se esgueira sorrateira pelos ambientes corporativos. Estou falando daquele sentimento que a sabedoria popular costuma tratar como a arma dos incompetentes: a inveja.
Como toda a energia do invejoso é canalizada para prejudicar o outro, a atitude enterra carreiras, mingua a produtividade, compromete o trabalho em equipe. O ambiente fica tenso e boa parte do tempo é desperdiçado para se aparar arestas. Muitas vezes, é fruto do estímulo da organização a um clima de  competitividade, que acaba saindo do nível aceitável. E a força destrutiva de um invejoso não deve ser menosprezada. Quem já passou por isso sabe do que estou falando.
Para sobreviver a tamanho opressor, só desenvolvendo uma habilidade cada vez mais requisitada nas empresas, a  resiliência.  Em resumo, é estar preparado para não se deixar abater.  O resiliente consegue dar a volta por cima e, a cada nova experiência ruim, fica mais maduro para lidar com obstáculos de maneira mais tranquila. É preciso ter força para não reagir e debelar a raiva que é nosso instinto natural. O desfio é não se deixar contaminar por quem está ali para semear a discórdia. Gente, a inveja às vezes é tão forte que pode até parecer onipresente, mas está longe de ser onipotente – a não ser que a gente permita.
by tecendo opinião

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