quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Pedir anistia é a coisa mais canalha do mundo





by Deise Brandão

Nas últimas semanas, uma palavra tem circulado com força nos bastidores do Congresso e nos discursos de certos parlamentares: anistia. Vestida de pacificação, vendida como saída honrosa, a proposta é — na verdade — um golpe disfarçado. Um insulto à inteligência e à justiça. Pedir anistia é a coisa mais canalha do mundo.

Quem pede anistia, na prática, está dizendo o seguinte: “houve crime, houve arbítrio, houve exagero — mas vamos esquecer tudo e seguir em frente.” Não. Não vamos. O que houve foi violação massiva de direitos, manipulação do sistema de justiça, prisão política, censura e destruição de reputações. E o correto, diante disso, não é perdoar. É anular.
Por que querem anistia?

Porque a anistia é ampla, geral e irrestrita. Traduzindo: ela não serve apenas aos manifestantes, aos influenciadores presos, aos réus do 8 de janeiro. Ela serve também aos ministros. Principalmente a Alexandre de Moraes, o artífice-mor de um sistema de controle judicial que ignora os fundamentos do Estado de Direito.

Ao defender a anistia, você defende, ainda que sem saber, o perdão a Moraes.
Defende que ele não seja investigado.
Defende que ele não responda por abuso de autoridade.
Defende que ele continue intocado, enquanto vidas foram destruídas sob decisões unilaterais, prisões preventivas eternas e censura prévia.
A diferença entre anistiar e anular

Anistia é perdão.
Anulação é reconhecimento de ilegalidade.

Quando se anistia, admite-se o excesso — mas se recusa a responsabilização. Quando se anula, expõe-se o vício, a arbitrariedade, a inconstitucionalidade das decisões.
Só a anulação repara a verdade e a dignidade de quem foi vítima do Estado.
A anistia é conveniente para quem abusou do poder.
Tirar Alexandre é só quimioterapia

Alguns acreditam que a simples saída de Moraes do STF resolverá tudo. Ilusão.
Tirar Alexandre é quimioterapia no tumor-mãe.
Pode dar sobrevida à democracia, aliviar sintomas, reduzir metástases institucionais.
Mas não cura.

Porque o câncer está espalhado: na omissão dos demais ministros, na cumplicidade do Congresso, na covardia dos advogados, no silêncio das instituições de controle.
Enquanto não se rever todos os atos que violaram garantias individuais, não haverá cura.
Conclusão: perdão não é justiça

Pedir anistia é colocar a mão sobre os olhos da história.
É dizer às vítimas: “aguente calado, porque agora é hora de pacificar.”
Mas não existe pacificação sem verdade.
Não existe reconstrução sem responsabilização.

A anistia protege os algozes.
A anulação devolve a dignidade aos perseguidos.

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