by Deise Brandão
Bolsonaro nunca foi direita de verdade. Seu histórico mostra flertes com o chavismo, voto com o PT, práticas populistas, autoritarismo, intervencionismo econômico e a velha lógica da barganha por apoio político. Um “nacional-desenvolvimentismo” disfarçado de conservadorismo de ocasião. O que ele ofereceu não foi um projeto de direita — foi um espetáculo de bravatas, sem reformas, sem mérito, sem plano de país.
Já o PT, que se vendia como antissistema, se aliou justamente à essência do sistema: Geraldo Alckmin, político forjado no PSDB, defensor do capital, da estabilidade fiscal, do mercado e da ordem. Alckmin nunca deixou de ser PSDB — apenas mudou de partido. A sigla foi trocada, mas o conteúdo é o mesmo. Ele representa a direita institucional clássica, raiz, que o PT passou décadas dizendo combater. E agora são governo juntos.
Ou seja: o PT, para se manter no poder, abraçou o que dizia combater. E Bolsonaro, para se eleger, ocupou um espaço que nunca representou de verdade.
Se houvesse, de fato, uma direita coerente, lúcida e com compromisso com os próprios princípios, o pedido de impeachment de Lula já teria sido articulado com base nas violações institucionais em curso. E quem assumiria? Alckmin. Que, goste-se ou não, é a verdadeira direita moderada que sempre existiu no Brasil, agora dentro do governo do suposto “campo progressista”.
O que isso revela? Que a polarização é uma mentira útil. Lula e Bolsonaro são dois lados do mesmo sistema — um justifica o outro, um reforça o outro. A existência de um “inimigo” serve para consolidar o poder do “salvador”, e vice-versa. Enquanto isso, a elite política, econômica e partidária segue preservada, e o povo é mantido sob controle por narrativas fabricadas, sendo massa de manobra.
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