"Nunca gostei de andar de salto agulha na beira do penhasco, mas sempre gostei de saborear o perigo e sentir o vento sem borrar a minha maquiagem, pois sempre a detestei. Me sentia palhaça. Continuo gostando de bagunçar meus cabelos.
Costumava correr na beirada, sabendo que um passo significaria o fim. Corria com uma garrafa de whisky nunca dos mais baratos na mão e um cigarro torto e mal aceso entre os dedos amarelos, cambaleando entre a vida e a morte, achando que ali estava a prova que na vida havia algum sentido.
Como me cortar para ver o sangue escorrer, mas nunca menti para driblar os outros e sair vencedora. Não teria a menor graça e jamais saberia verdadeiramente a minha capacidade de suportação.
Vivo até hoje à beira de penhascos, pois me causava e ainda causa a maior das adrenalinas.
Eu fui e continuo sendo uma amante fiel do perigo.
Nunca escondi meus gemidos de prazer que me proporcionava as profundezas dos meus lençóis. Era tudo tão excitante, era tudo tão ilusório...
Hoje tudo é real. Ea ilusão se foi.
Mas estou aqui. E jamais desistirei daquilo e daqueles que creio".
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