Os três deputados e o presidente nacional do PTB, delator do Mensalão, são investigados por suposta ligação com organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro em esquema no Ministério do Trabalho
Fabio Serapião e Breno Pires/BRASÍLIA, Julia Affonso e Fausto Macedo
30 Maio 2018 | 07h27
Paulinho da Força, Jovair Arantes, Wilson Filho e Roberto Jefferson. Fotos: Estadão e Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira, 30, a fase ostensiva da Operação Registro Espúrio, investigação sobre suposto esquema de concessão fraudulenta de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho. Três deputados federais estão sob investigação: Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB). Os gabinetes dos parlamentares na Câmara são alvo de buscas da PF.
O ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e famoso por sua delação no processo do Mensalão, também é investigado.
A PF informou que cerca de 320 policiais federais estão cumprindo 64 mandados de busca e apreensão, 8 de prisão preventiva e 15 de prisão temporária, além de outras medidas cautelares.
Os mandados foram expedidos pelo ministro Edson Fachin, do Supremo, e estão sendo cumpridos no Distrito Federal, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais.
As medidas cautelares diversas da prisão solicitadas pela Procuradoria-Geral da República são a proibição de ir ao Ministério do Trabalho e de contatar outros investigados da Operação Registro Espúrio. Elas só serão aplicadas a dois dos três parlamentares — PGR e a PF não informaram quais deputados sofreram essas restrições.
“Após cerca de um ano, as investigações revelaram um amplo esquema de corrupção dentro da Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho, com suspeita de envolvimento de servidores públicos, lobistas, advogados, dirigentes de centrais sindicais e parlamentares”, informa nota da PF.
Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro.
COM A PALAVRA, O PTB
A Direção Nacional do PTB afirma que jamais participou de quaisquer negociações espúrias no Ministério do Trabalho e declara que, se for comprovado na Justiça o envolvimento de petebistas no referido esquema investigado pela Polícia Federal, os culpados, se houver, devem assumir suas responsabilidades perante a sociedade.
O PTB reitera apoio ao trabalho da Polícia Federal – ontem, hoje e sempre -, em especial neste grave momento da vida nacional.
Brasília, 30 de maio de 2018
*Roberto Jefferson*
*Presidente Nacional do PTB*
COM A PALAVRA, A FORÇA SINDICAL
A Força Sindical vem a público esclarecer que a operação da Polícia Federal nas dependências da central objetiva a busca e apreensão de documentos, o que a Força Sindical disponibilizou, sem qualquer restrição, e o que mais se fizer necessário para o cumprimento da ordem legal.
A Força Sindical, que representa dois mil sindicatos em todo o Brasil e 13 milhões de trabalhadores, sempre esteve à frente da luta nas grandes conquistas trabalhistas, e está à disposição para quaisquer novos esclarecimentos.
Vale lembrar que ontem a Organização Internacional do Trabalho – OIT acatou a denúncia, assinada pelas seis maiores centrais sindicais, que acusa o Brasil de promover uma reforma trabalhista que penaliza os trabalhadores e viola direitos, além de perseguir os sindicatos como forma de desmontar o movimento sindical.
Não vamos permitir que criminalizem o movimento sindical como forma de enfraquecer a luta dos trabalhadores.
Ressaltamos, ainda, que continuamos a apoiar as legítimas greves dos caminhoneiros e petroleiros.
João Carlos Gonçalves, Juruna
Secretário-geral da Força Sindical
COM A PALAVRA, PAULINHO DA FORÇA
O Deputado Paulo Pereira da Silva é o maior defensor da pauta trabalhista no Congresso Nacional. Já foi investigado em diversas oportunidades e sempre conseguiu provar que as denúncias foram fruto de pessoas incomodadas com sua atuação contundente na defesa incansável do trabalhador brasileiro. A citação do Deputado na Operação Registro Espúrio deflagrada hoje pela Polícia Federal não possui nenhum fundamento senão criminalizar o movimento sindical como um todo. O Deputado desconhece em absoluto os fatos investigados e esclarece que o Partido Solidariedade não é o responsável pelas indicações no Ministério do Trabalho. O Deputado continua a disposição das autoridades e confia plenamente no trabalho da justiça para o completo esclarecimento dos fatos.