Potências anunciaram nesta quinta-feira os parâmetros para um acordo que impeça a República Islâmica de desenvolver a bomba atômica
02/04/2015
Obama faz pronunciamento na Casa Branca sobre parâmetros acordados para um pacto definitivo sobre o programa nuclear iraniano(Mike Theiler/Reuters)Depois do anúncio de que as bases para um acordo nuclear com o Irã foram estabelecidas entre a República Islâmica e potências mundiais, o presidente americano Barack Obama declarou que os parâmetros, se forem convertidos de fato para um acordo, servirão para "tornar os Estados Unidos, seus aliados e o mundo mais seguro". Ele assegurou que haverá um controle severo para saber se o país está cumprindo com as exigências estabelecidas. "Se o Irã trapacear, o mundo vai saber".
Obama fez um pronunciamento na Casa Branca pouco depois do anúncio sobre o resultado de oito dias de negociações na Suíça. Advertiu que ainda há muito a ser feito, porque nenhum acordo foi assinado ainda. Mas ressaltou que os parâmetros podem levar a um pacto que seria a forma mais eficaz para impedir que o Irã fabrique uma arma nuclear.
Irã e potências mundiais concordam sobre parâmetros para acordo nuclear
Israel espionou negociações nucleares entre Irã e EUA
Obama critica republicanos por interferirem em negociações com o Irã
O democrata listou três opções para bloquear as ambições nucleares iranianas. Primeiramente, "um acordo robusto e verificável" como o que está sendo desenhado, que evitaria, de forma pacífica, o acesso do país à bomba atômica. "A segunda opção é: nós podemos bombardear as instalações nucleares iranianas, iniciando outra guerra no Oriente Médio e interrompendo o programa iraniano por alguns anos, em outras palavras, interrompendo-o por uma fração do tempo que este acordo pode alcançar".
A terceira opção seria abandonar as negociações e tentar fazer com que outros países mantenham as sanções contra o Irã "esperando pelo melhor". Só que as sanções, sozinhas, não conseguiram impedir o avanço nuclear do país persa, observou Obama. Desta forma, considera o democrata, o acordo que está sendo negociado "é, de longe, nossa melhor opção".
Tanto Obama como o secretário de Estado John Kerry fizeram questão de ressaltar que as ações de Teerã serão controladas de perto. "Se o Irã trapacear, o mundo vai saber. Se virmos algo suspeito, vamos inspecionar. Com esse acordo, o Irã terá mais inspeções do que qualquer outro país no mundo. Este será um acordo de longo termo que verifica cada caminho para uma potencial bomba nuclear", garantiu o presidente.
Caio Blinder: A maratona diplomática continua
Israel - Com o discurso, Obama tenta defender os esforços diplomáticos, alvo de críticas de congressistas e do aliado Israel, que rejeitou o anúncio desta quinta-feira, considerando que o pacto está distante da realidade. O país prometeu continuar com os esforços para evitar um "mau" acordo final.
"Os sorrisos em Lausanne estão distantes da realidade miserável em que o Irã se recusa a fazer concessões sobre a questão nuclear e continua a ameaçar Israel e todos os outros países do Oriente Médio", afirmou o ministro de Assuntos Estratégicos, Yuval Steinitz, em comunicado. "Vamos continuar com nossos esforços para explicar e convencer o mundo na esperança de evitar um mau acordo".
Reações - As negociações envolvem o Irã e representantes do grupo formado pelos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha) mais a Alemanha. A chefe do governo alemão, Angela Merkel, avaliou que o compromisso sobre o programa nuclear alcançado em Lausanne deixa o mundo "mais perto do que nunca de um acordo para impedir o Irã de obter a bomba atômica".
O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, considerou o pré-acordo um "passo adiante", mas não "o destino final". Ele advertiu que ainda será necessário mais trabalho para definir um mecanismo que restabeleça as sanções se o Irã não cumprir com as promessas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez a declaração mais otimista - beirando até mesmo ingênua, diante do quadro atual na região - ao considerar que um acordo abrirá caminho para a paz e reforçará a estabilidade no Oriente Médio. "Uma solução integral, negociada, à questão nuclear iraniana contribuirá para a paz e a estabilidade na região e permitirá que todos os países cooperem para tratar com urgência os sérios desafios de segurança que muitos enfrentam".
Ban considerou que o acordo, cujos detalhes serão finalizados até 30 de junho, colocará "limites substanciais" ao programa nuclear iraniano e permitirá a suspensão de todas as sanções contra o país. A ONU adotou quatro sanções punitivas contra o Irã por suas atividades nucleares, incluindo a proibição de transferência de tecnologia sensível e um embargo de armas.
A Rússia manteve seu discurso descolado da realidade e alinhado com a tese iraniana de que o programa nuclear tem fins unicamente pacíficos. Para o Kremlin, as bases estabelecidas nesta quinta reconhecem o direito "incondicional" do Irã de desenvolver um programa civil. "Neste acordo repousa o princípio formulado pelo presidente russo, Vladimir Putin, ou seja, o direito incondicional do Irã de desenvolver um programa nuclear pacífico. Não há dúvida de que o acordo nuclear iraniano terá um impacto positivo sobre a situação geral de segurança no Oriente Médio, incluindo o fato de que o Irã será capaz de participar mais ativamente na resolução de um número de problemas e conflitos na região".
(Da redação)
Obama fez um pronunciamento na Casa Branca pouco depois do anúncio sobre o resultado de oito dias de negociações na Suíça. Advertiu que ainda há muito a ser feito, porque nenhum acordo foi assinado ainda. Mas ressaltou que os parâmetros podem levar a um pacto que seria a forma mais eficaz para impedir que o Irã fabrique uma arma nuclear.
Irã e potências mundiais concordam sobre parâmetros para acordo nuclear
Israel espionou negociações nucleares entre Irã e EUA
Obama critica republicanos por interferirem em negociações com o Irã
O democrata listou três opções para bloquear as ambições nucleares iranianas. Primeiramente, "um acordo robusto e verificável" como o que está sendo desenhado, que evitaria, de forma pacífica, o acesso do país à bomba atômica. "A segunda opção é: nós podemos bombardear as instalações nucleares iranianas, iniciando outra guerra no Oriente Médio e interrompendo o programa iraniano por alguns anos, em outras palavras, interrompendo-o por uma fração do tempo que este acordo pode alcançar".
A terceira opção seria abandonar as negociações e tentar fazer com que outros países mantenham as sanções contra o Irã "esperando pelo melhor". Só que as sanções, sozinhas, não conseguiram impedir o avanço nuclear do país persa, observou Obama. Desta forma, considera o democrata, o acordo que está sendo negociado "é, de longe, nossa melhor opção".
Tanto Obama como o secretário de Estado John Kerry fizeram questão de ressaltar que as ações de Teerã serão controladas de perto. "Se o Irã trapacear, o mundo vai saber. Se virmos algo suspeito, vamos inspecionar. Com esse acordo, o Irã terá mais inspeções do que qualquer outro país no mundo. Este será um acordo de longo termo que verifica cada caminho para uma potencial bomba nuclear", garantiu o presidente.
Caio Blinder: A maratona diplomática continua
Israel - Com o discurso, Obama tenta defender os esforços diplomáticos, alvo de críticas de congressistas e do aliado Israel, que rejeitou o anúncio desta quinta-feira, considerando que o pacto está distante da realidade. O país prometeu continuar com os esforços para evitar um "mau" acordo final.
"Os sorrisos em Lausanne estão distantes da realidade miserável em que o Irã se recusa a fazer concessões sobre a questão nuclear e continua a ameaçar Israel e todos os outros países do Oriente Médio", afirmou o ministro de Assuntos Estratégicos, Yuval Steinitz, em comunicado. "Vamos continuar com nossos esforços para explicar e convencer o mundo na esperança de evitar um mau acordo".
Reações - As negociações envolvem o Irã e representantes do grupo formado pelos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha) mais a Alemanha. A chefe do governo alemão, Angela Merkel, avaliou que o compromisso sobre o programa nuclear alcançado em Lausanne deixa o mundo "mais perto do que nunca de um acordo para impedir o Irã de obter a bomba atômica".
O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, considerou o pré-acordo um "passo adiante", mas não "o destino final". Ele advertiu que ainda será necessário mais trabalho para definir um mecanismo que restabeleça as sanções se o Irã não cumprir com as promessas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez a declaração mais otimista - beirando até mesmo ingênua, diante do quadro atual na região - ao considerar que um acordo abrirá caminho para a paz e reforçará a estabilidade no Oriente Médio. "Uma solução integral, negociada, à questão nuclear iraniana contribuirá para a paz e a estabilidade na região e permitirá que todos os países cooperem para tratar com urgência os sérios desafios de segurança que muitos enfrentam".
Ban considerou que o acordo, cujos detalhes serão finalizados até 30 de junho, colocará "limites substanciais" ao programa nuclear iraniano e permitirá a suspensão de todas as sanções contra o país. A ONU adotou quatro sanções punitivas contra o Irã por suas atividades nucleares, incluindo a proibição de transferência de tecnologia sensível e um embargo de armas.
A Rússia manteve seu discurso descolado da realidade e alinhado com a tese iraniana de que o programa nuclear tem fins unicamente pacíficos. Para o Kremlin, as bases estabelecidas nesta quinta reconhecem o direito "incondicional" do Irã de desenvolver um programa civil. "Neste acordo repousa o princípio formulado pelo presidente russo, Vladimir Putin, ou seja, o direito incondicional do Irã de desenvolver um programa nuclear pacífico. Não há dúvida de que o acordo nuclear iraniano terá um impacto positivo sobre a situação geral de segurança no Oriente Médio, incluindo o fato de que o Irã será capaz de participar mais ativamente na resolução de um número de problemas e conflitos na região".
(Da redação)