sábado, 21 de janeiro de 2023

História do Bar Escaler vira livro

Reduto boêmio e cultural do Bairro Bom Fim simbolizou por anos a efervescência de Porto Alegre

Passagem de cometa Halley fez Toninho instalar um telescópio no bar | Foto: Acervo Pessoal / Toninho do Escaler / Divulgação / CP

“Escaler: quando o Bom Fim era nosso, Senhor!”, novo livro de Paulo César Teixeira, feito a partir de depoimento de Antônio Calheiros, o “Toninho do Escaler”, ganha live de lançamento nesta terça-feira, dia 31, às 20h, na página do evento do Facebook, com a participação de convidados especiais. Em Porto Alegre, a geração que viveu intensamente as últimas décadas do século XX, com toda sua efervescência cultural, tinha no bairro Bom Fim um ponto de convergência. Quando o Bar do João, o Bar do Beto, o Zé do Passaporte e o Ocidente, entre outros eram símbolos da cena independente, os que eram jovens ou adultos nos anos 1980 e 1990 se encontravam na Redenção, em frente à roda-gigante para celebrar a vida, entre amigos, risos e shows.

O point era o Escaler, bar fundado em 1982 por um marujo em meio a jacarandás, que passou a reunir a cena artística local, entre músicos, atores, escritores e intelectuais, além de estudantes. Inscrito na memória afetiva de duas ou três gerações como espaço privilegiado de diversão e arte, acumulou milhares de histórias na lembrança e imaginação dos que por lá aportaram. O livro, que sai pela Ballejo Cultura & Comunicação com 196 páginas, revive sua trajetória, sob a ótica do dono do bar, Antônio Carlos Ramos Calheiros ou o “Toninho do Escaler” – antes de tudo, um agitador cultural, que soube direcionar energias plurais sem retirar-lhes a fluidez e a espontaneidade. A iniciativa partiu do depoimento ao jornalista Paulo César Teixeira, autor de “Esquina Maldita”, “Nega Lu – uma Dama de Barba Malfeita” e “Rua da Margem – Histórias de Porto Alegre”.

O Escaler reunia uma plêiade de tribos tão díspares quanto punks, góticos e metaleiros, que se juntavam aos remanescentes da onda hippie e aos primeiros rappers. “Tinha tudo a ver com a concentração de pessoas ligadas à arte e à cultura”, afirma King Jim, da banda Garotos da Rua. Para o jornalista Emílio Chagas, “o Escaler foi o local mais libertário e revolucionário do Bom Fim. Em parte, pela sensação de liberdade de se estar ao ar livre, junto à Redenção, mas também – e principalmente – pela proposta do bar, que se somava à onda da contracultura”.

TEMAS
Entre os temas, estão o Território Livre do Bom Fim consagrado no fumódromo durante o “verão da lata”; o show do Bebeto Alves assistido por uma multidão, que lotou a avenida José Bonifácio, cancelando a missa dominical nas imediações; as campanhas “Vote para Presidente”, em que Brizola saiu vencedor; “Cometa Amor no Escaler”, em que Toninho instalou um telescópio para ver o cometa Halley na porta do bar; e “Escaler e os Discos Voadores”, lançando bandas independentes. O circo Escaler Voador, que trouxe à cidade Rita Lee, Tetê Espíndola, Titãs, Lobão, Ultraje a Rigor para apresentações sob a lona junto ao Gigantinho foi outro tema, bem como reuniões dançantes aos domingos, origem do Baile da Cidade; o candidato Toninho do Escaler, o “Verde Maduro”; A Lei Seca no Bom Fim, a repressão policial nas madrugadas da Osvaldo Aranha; e o fim do sonho, com exílio nas Bandas Orientais. “O marujo Toninho conta essas histórias no aguardado livro, convidando os leitores para desfrutá-las como se navegássemos num bote salva-vidas (significado original do nome do bar) em meio a tempos caretas e sombrios”, diz a nota de divulgação do livro.

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