terça-feira, 12 de agosto de 2014

Hambúrgueres, fast food e sanduíches... fotógrafo Peter Augustus muda nossa visão sobre comida com série de fotos

Nunca mais um hambúrguer ou seus nuggets será apreciado do mesmo jeito depois de você ter visto a série de fotos de Peter Augustus.
Em "Mysterious Meat" (Carne misteriosa, em tradução livre), esse fotógrafo texano que vive em Hong Kong mostra a verdadeira composição dos pratos industrializados, e sobretudo a carne que eles contêm, em sua forma bruta.
Aqui, um sanduíche de bacon, alface e tomate, clássico prato nos Estados Unidos:
blt peter augustus
Plus de photos dans le diaporama à la fin de cet article.
Mais fotos na galeria no fim deste texto
A ideia dessa série pouco atraente lhe ocorreu quando o fotógrafo se mudou para o oriente. "Ao chegar a Hong Kong pela primeira vez, as cenas que mais me marcaram foram os açougues (...)", explica Peter Augustus. "Como estrangeiros vindos de uma grande cidade do Ocidente, a maioria de nós nunca vê de perto com que se parece o animal que vamos comprar e comer - está sempre embalado adequadamente e apresentado em um supermercado climatizado", ele constatou.
"Ao ter de passar na frente desses açougues todos os dias, com as cabeças de porcos, os intestinos, os olhos e os pulmões pendurados de ganchos em pleno ar, isso me trouxe um desafio de encarar essas lojas como um lugar normal, de onde vem o verdadeiro alimento, que termian no cardápio de um restaurante local."
Desde então o fotógrafo se pergunta sobre a relação que temos com nosso alimento, recusando-nos a saber o que compõe nossos pratos preparados, hambúrgueres, sanduíches e hot-dogs. "Ao fazer isto, espero que o espectador leve em conta a forma natural de seu alimento", explica o fotógrafo.
nuggets
Ao contrário do que poderíamos imaginar, Augustus não é vegetariano. No entanto, admite que esta série de fotos "definitivamente mudou meus hábitos de consumo". "Agora eu me esforço para saber de onde vem e como foi criado o animal que como, e isso determina se o como ou não", declara o fotógrafo ao HuffPost.

"Não quero dar lições, mas se um número maior de carnívoros fizesse isso, penso que haveria menos animosidade em relação aos vegetarianos mais apaixonados."
Com a repercussão que tiveram as quatro primeiras fotos de "Mysterious Meat", Peter Augustus pretende seguir seu projeto. Mas a sequência de seu trabalho talvez não tenha a mesma forma. O fotógrafo diz trabalhar em novas imagens, mas também em esculturas que misturam diversas mídias.



by brasilpost

Robin Williams cortou os pulsos antes de se enforcar

Médico legista divulgou o laudo e confirmou a morte do ator por suicídio



O ator Robin Williams
O ator Robin Williams - Ben Gabbe / Getty Images/VEJA
Robin Williams, 63 anos, cortou os pulsos com um canivete antes de se enforcar com um cinto, informou o médico legista do condado de Marin, nos Estados Unidos, que divulgou o laudo com a causa da morte do ator na tarde desta terça-feira. De acordo com o site TMZ, Williams estava sozinho em casa quando tentou se matar cortando o pulso esquerdo. A tentativa falhou e só deixou cortes superficiais, o que o levou a se enforcar.
Segundo as autoridades, o corpo do ator foi encontrado por sua assistente pessoal, pendurado com um cinto ao redor do pescoço a partir do batente da porta, em sua casa na cidade de Tiburon, na Califórnia. De acordo com a agente do ator, Mara Buxbaum, Williams lutava contra um quadro de depressão. 
Leia também:
A polícia do condado de Marin recebeu uma chamada da casa de Williams às 11h55 (15h55 em Brasília), alertando que “um homem havia sido localizado inconsciente e sem respirar”.
Drogas - Williams tinha um longo histórico de problemas com drogas, em particular álcool e cocaína, desde os anos 1970. Em 1998, em entrevista a VEJA, ele falou abertamente sobre a dependência química. "Eu me tratava com um psiquiatra que dizia não haver problema em cheirar cocaína, desde que o consumo fosse controlado", afirmou. "Até o dia em que descobri que ele cheirava muito mais do que eu. O efeito da droga é extremamente sedutor. O problema é que ela passa a dominar você, a controlar sua vida." Na mesma entrevista, ele contou que a paternidade o levou a largar as drogas, em 1983. "Queria acompanhar todo o processo de gravidez e parto, sem perder nada. Sabia que ser pai já seria uma transformação louca e problemática sem drogas - imagine com elas". 
Por 20 anos, Williams ficou sóbrio e viu sua carreira deslanchar, somando no total quatro indicações ao Oscar e uma vitória como ator coadjuvante pelo filme Gênio Indomável, de 1997. Mas em 2003 ele voltou a beber. Três anos depois, foi internado em uma clínica de reabilitação, por intervenção da família. Em 2010, em entrevista ao jornal britânicoThe Guardian, o ator contou que estava frequentando semanalmente as reuniões do Alcoólicos Anônimos (AA). Em julho de 2014, ele decidiu por conta própria se internar mais uma vez em uma clínica de reabilitação. 
Em nota, sua mulher, Susan Schneider, afirmou: "Nesta manhã, eu perdi meu marido e melhor amigo, enquanto o mundo perdeu um de seus artistas mais amados e um dos mais belos seres humanos. Estou com o coração partido. Em nome da família de Robin, peço privacidade durante a nossa dor. Quando ele for lembrado, esperamos que seja não por sua morte, mas pelos incontáveis momentos de alegria que ele proporcionou a milhões de pessoas."

'Mork & Mindy' (1978-1982)

Em 1974, Robin Williams foi escalado para viver o alienígena Mork na série Happy Days em apenas um episódio, mas impressionou a equipe do programa e acabou ganhando uma série própria, Mork & Mindy, que estrelou ao lado da atriz Pam Dawber durante quatro anos. No seriado, Mork é enviado do seu planeta, Ork, para investigar a Terra e mandar informações para seus superiores. Ao chegar, ele conhece Mindy, uma humana comum que o acolhe em sua casa e que passa a se envolver em diversas confusões por causa do alienígena. 

'Bom Dia, Vietnã' (1987)

No longa de Barry Levinson, Robin Williams interpreta o DJ Adrian Cronauer, convocado para atuar no serviço de rádio das forças armadas americanas durante a Guerra do Vietnã. Ele se torna popular entre os soldados, mas enfrenta problemas com seus superiores por seu pouco apego às regras. O ator foi indicado ao Oscar pelo papel, mas perdeu para Michael Douglas, protagonista do filme Wall Street - Poder e Cobiça

'Sociedade dos Poetas Mortos' (1989)

No longa, Williams interpreta John Keating, um professor de literatura inglesa de uma tradicional escola para garotos. Ao contrário de seus colegas, Keating incentiva os meninos a aproveitar a vida e a desobedecer a regras quando julgarem necessário. Indicado ao Oscar de melhor ator no filme de Peter Weir, Williams acabou perdendo a estatueta para Daniel Day-Lewis, protagonista de Meu Pé Esquerdo.

'O Pescador de Ilusões' (1991)

No longa de Terry Gilliam, Robin Williams vive um professor que perde a mulher em um tiroteio em um bar de Nova York. Desequilibrado, ele acaba perdendo o emprego e se torna morador de rua. Ele acaba conhecendo Jack (Jeff Bridges) e se torna seu amigo, sem saber que ele esteve envolvido no tiroteio de que sua mulher foi vítima. Williams foi indicado ao Oscar pelo papel, mas perdeu para o ator Anthony Hopkins, protagonista de O Silêncio dos Inocentes

Hook (1991)

Em uma releitura do conto de fadas, Williams vive um Peter Pan que saiu da Terra do Nunca e se esqueceu de sua origem. Ao retornar adulto – e como um advogado! – para o mundo da fantasia, ele precisa reencontrar o jovem herói dentro de si para conquistar a liderança dos Garotos Perdidos, vencer o Capitão Gancho e salvar o seu filho das garras do vilão.

Aladdin (1992)

Um dos personagens mais queridos do universo Disney, o Gênio nasceu da química entre a veia cômica de Williams e o talento dos desenhistas de Aladdin. Como o papel da criatura mágica foi desde o princípio pensado para o ator, não é apenas a sua voz que dá vida ao personagem: muitos dos trejeitos de Williams também aparecem no Gênio. Isso sem falar nos tradicionais improvisos do humorista, responsáveis por alguns dos melhores momentos do filme.

'Uma Babá Quase Perfeita' (1993)

No longa de Chris Columbus, Williams interpreta Daniel Hillard, um ator que não aceita o divórcio da esposa, Miranda. Na tentativa de continuar perto da ex-mulher e de seus filhos, ele se disfarça de mulher para ser contratado como babá das crianças e ressurge como a senhora Doubtfire, que logo conquista a família. 

'Gênio Indomável' (1997)

No filme que lhe rendeu sua única estatueta no Oscar, como ator coadjuvante, Robin Williams interpreta o terapeuta Sean Maguire, que ajuda o protagonista, Will Hunting (Matt Damon), um zelador do Massachusetts Institute of Technology, a aceitar que é, na verdade, um gênio da matemática. O filme foi dirigido por Gus Van Sant.

'Patch Adams - O Amor é Contagioso' (1998)

No longa de Tom Shadyac, Williams interpreta um homem que se interna voluntariamente em uma clínica de tratamento de doenças mentais. Ele percebe que consegue empregar seu bom humor para ajudar a melhorar o estado de saúde de muitos colegas e decide sair da clínica para tentar se tornar médico. Logo ele entende que as escolas de medicina não são receptivas aos seus métodos, mas não desiste de seu sonho

'Amor Além da Vida' (1998)

Robin Williams dá vida a Chris Nielsen, um homem que perde os filhos em um acidente de carro e, quatro anos depois, morre e acaba indo para o céu, onde reencontra parte de sua família. Ao descobrir que sua mulher, incapaz de superar a perda do marido e dos filhos, se suicidou e foi para o inferno, Nielsen decide arriscar a eternidade no céu para partir em busca daquela que considera sua alma-gêmea

'O Homem Bicentenário' (1999)

O ator dá vida ao androide Andrew, adquirido por uma família para cuidar das tarefas da casa. Aos poucos, no entanto, Andrew conquista o carinho de todos, que percebem que ele não é um robô comum: ele é capaz de sentir e expressar emoções. O longa foi dirigido por Chris Columbus. 

'Uma Noite no Museu' (2006)

No filme cômico dirigido por Shawn Levy, Ben Stiller interpreta um segurança do Museu de História Natural, em Nova York, e Robin Williams dá vida a uma estátua do ex-presidente americano Theodore Roosevelt. Williams participou também das duas sequências do filme, Uma Noite no Museu 2 e Uma Noite no Museu 3, que tem estreia prevista para janeiro de 2015.

by Veja

Advogado cita questões trabalhistas que respondem por grande volume de ações na Justiça do Trabalho

PhotoRack
mulher executiva escrevendo
Mulher escrevendo: executivos não estão submetidos à jornada
São Paulo – Toda relação de trabalho já tem um conflito na sua raiz, ao nascer. “Quando alguém vai procurar emprego, a expectativa é receber mais do que aquilo que lhe oferecem e a expectativa de quem dá o emprego é pagar menos. Daí já nasce a fonte de conflito e os desafios começam”, diz Fernando Cassar, advogado especializado em direito do trabalho, fundador do escritório Cassar Advocacia.

E milhares e milhares de contendas só serão solucionadas na Justiça do trabalho, sendo, em geral, empregadores de pequeno e médio porte os mais acionados, segundo o especialista.

Os motivos de tantas disputas entre empregados e empregadores são diversos. No entanto, muitas ações versam sobre temas recorrentes.
Confira alguns dos direitos trabalhistas que mais frequentemente terminam em ações na Justiça do trabalho, e, que, portanto, é sempre bom saber, segundo Cassar:

1. Intervalo para alimentação é obrigatório
“Em jornadas clássicas de 8 horas, a pausa é de, no mínimo, uma hora e, no máximo duas horas. A lei é taxativa quanto a isso”, explica o advogado.
Já os trabalhadores que cumprem jornada de quatro horas não têm direito, por lei, a pausa. E quem trabalha mais de quatro horas, e menos do que seis, o intervalo obrigatório é de 15 minutos.

O problema reside, segundo Cassar, quando há a tentativa de conchavos. “O empregado trabalha oito horas e diz que para ele 15 minutos de intervalo está bom, mas quer sair mais cedo, por exemplo, para compensar”, diz.

Este tipo de “acordo”, diz Cassar, é totalmente proibido. “O tempo do intervalo não depende da vontade nem do empregado, nem do empregador. É um direito indisponível, ou seja, é inegociável”, explica.

2. Horas extras: no máximo duas por dia

“A lei só permite que um funcionário trabalhe até 10 horas por dia”, diz Cassar. Assim, empregados que cumprem jornada de 8 horas, podem trabalhar no máximo 10 horas, ou seja, duas horas a mais do que o expediente habitual.

O advogado explica que, em empresas que adotam banco de horas, via de regra, não é nem possível marcar mais de duas horas extras por dia.
A exceção a essa regra fica com as categorias que cumprem plantão em escala de 12 horas por 36 horas. “Nesse caso a jurisprudência vem tolerando, embora não esteja previsto em lei”, diz Cassar.

E o que acontece com quem ultrapassa o limite de horas extras? “Na Justiça, a pessoa vai receber pelas horas trabalhadas e o juiz vai expedir ofício para a delegacia do trabalho e para o ministério público do trabalho para que a empresa seja autuada”, diz. Se for algo que ocorra todo mês, segundo Cassar, pode gerar uma autuação.

3. Intervalo entre uma jornada e outra é de 11 horas, no mínimo

Entre uma jornada e outra, o funcionário tem direito a 11 horas de descanso. Assim, o funcionário não pode ser chamado a cumprir mais uma jornada de trabalho caso o período de 11 horas de intervalo não seja cumprido.

De acordo com o advogado, o desrespeito a esse direito de descanso é bastante frequente,principalmente em locais em que se trabalha por turnos.
“Mas, chamar um funcionário que tenha terminado a jornada à 1h da manhã para começar nova jornada às 8h do dia seguinte é tão proibido quanto trabalhar mais do que 10 horas por dia”, explica.

4. Executivos não estão submetidos à jornada

Executivos com ordem de comando, ou seja, poder de admitir, demitir e com autorização para representar o dono da empresa não estão sujeitos à jornada. Isso significa que esses profissionais não marcam ponto e, portanto, não recebem pelas horas extras trabalhadas.

Diretores e gerentes graduados, em tese, se enquadram neste perfil. Mas, o que pode gerar conflitos é que não basta ter a plaquinha de chefe.

“Não é qualquer diretor, ou qualquer gerente. No direito do trabalho o que prevalece não é a nomenclatura, e, sim, a real atividade”, explica Cassar. Assim, é preciso que o profissional tenha, de fato, ordem de comando, independentemente do nome do cargo.

5. Anúncio em jornal por abandono de emprego rende indenização por dano moral

Em caso de abandono de emprego, a aplicação da justa causa ocorre quando um requisito obrigatório é cumprido: a comunicação ao empregado. “O empregador não pode simplesmente aplicar justa causa sem ter comunicado o funcionário”, diz Cassar.

Mas, a velha prática de anunciar no jornal que o profissional abandonou o emprego pode render ação na Justiça por dano moral. “A lei não veda o anúncio, mas a jurisprudência já entende que tal prática pode macular a imagem do empregado”, explica Cassar.

Isso acontece porque o entendimento da Justiça é de que, nesse caso, há violação da privacidade do empregado. Por isso, muitas empresas já não usam deste expediente. “A recomendação que eu dou é fazer a comunicação por meio de telegrama, que é uma correspondência inviolável”, diz o advogado.

As 10 faculdades de Direito que mais aprovam na OAB

Curso de Direito da USP de Ribeirão Preto teve a mais alta taxa de aprovação nas últimas 3 edições da Prova da OAB, segundo a FGV Projetos. Veja a lista


Getty Images
São Paulo – A FGV Projetos, responsável pelo Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), divulgou umranking com as faculdades que têm as mais altas taxas de aprovação na prova da OAB


A lista traz no topo as instituições que mais aprovaram nas últimas três edições do exame, obrigatório para o exercício da advocacia. O curso de Direito do campus da USP de Ribeirão Preto (SP), a Universidade de Federal de Viçosa e a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP em São Paulo (SP) são as mais bem colocadas. Confira as 10 melhores na prova da OAB:




Jornalista rouba o celular de chefe de Estado no Marrocos

Redação Portal IMPRENSA
Sheikha Mohammed Al Khalifa, ministra da Cultura do Bahrein, participava de um evento no Marrocos quando percebeu que seu telefone celular havia sumido. O circuito de câmeras do local, porém, registrou o momento em que uma jornalista furtou o aparelho.

Crédito:Reprodução
Jornalista devolveu o celular da ministra (foto) após furto
De acordo com a agência de notícias local, a Morocco’s Hespress, Sheikha estava distraída conversando com a imprensa quando seu celular foi roubado.

A polícia localizou a ladra em casa. A jornalista - cujo nome não foi revelado - pediu desculpas pelo furto e devolveu o aparelho às autoridades. Em seguida, ela foi detida para interrogatório.

“Não sou uma mãe pior porque meu filho mora com o pai”

A mudança dele para a casa do pai me ajudou a perceber a cultura da maternidade compulsória: será que todas queremos o papel de mães perfeitas de tempo integral?

MARCELA BUSCATO
12/08/2014 07h03

SAUDADES A jornalista Fabiana Faria abraça o filho João, de 5 anos. Ele agora mora com o pai (Foto: Filipe Redondo/ÉPOCA)
Quando o pai dele ligou para dizer que precisávamos conversar pessoalmente, já intuía o assunto. O encontro aconteceu há pouco mais de quatro meses, num restaurante perto de onde moro, na Zona Sul de São Paulo. Mal começamos a comer, e ele disse: “Quero que o João venha morar comigo”. Fiquei paralisada. Gelada. João é nosso filho. Desde que Marcos e eu nos separamos, há três anos e meio, esperava esse dia chegar. A vida de Marcos estava estável financeiramente, ele se casara de novo, e a mulher dele também queria que João fosse morar lá. Não havia motivos para dizer não. Afinal, por que ele teria de morar comigo? Por que sou a mãe? Sim, sou só a mãe. E Marcos é o pai. Ele tem o mesmo direito e a mesma vontade de exercer a paternidade que tenho de ser mãe. Amamos João igualmente. Naquele momento, na mesa do restaurante, tomei a decisão: era a hora de João se mudar. Alguns filhos vão embora aos 18 anos. Outros depois. João foi aos 5.
A mudança ainda é recente. Faz algumas semanas que João deixou minha casa, tempo suficiente para sentir sua falta. A casa arrumada pede uma baguncinha. Há um silêncio estranho no ar, de uma calma que chega a incomodar. Parece um descanso merecido, mas que traz culpa. Às vezes, dói como um abandono, mesmo sabendo racionalmente que ninguém foi abandonado. Só queremos o melhor para ele. João terá a oportunidade de experimentar outro lado da própria vida. Não cabe a mim ser egoísta e negar isso a ele. Na casa de Marcos, ele estreitará os laços com o pai, conviverá com Pedro, enteado do pai que ele considera um irmão. E ainda acompanhará o nascimento de novos irmãos. Marcos descobriu há pouco tempo que será pai novamente. Desta vez, são gêmeos. João participará dessa experiência, algo que não pretendo repetir.
 
Fabiana Faria é jornalista (Foto: Reprodução)
Nem todos esses argumentos me ajudaram, a princípio, a atenuar a culpa por deixar João ir. A sensação de ser a pior mãe do mundo me assolou durante semanas. Não conseguia encontrar sentido na vida se meu filho não estivesse comigo. Levou um certo tempo para perceber que essa culpa não era minha, me fora imposta. Ela vem de uma cultura ultrapassada que paira sobre as mulheres. Para sermos completas, temos de ser mães. É o que chamo de maternidade compulsória. Além de mãe, temos de ser perfeitas. Cabe a nós dar conta de absolutamente tudo: da casa, do trabalho, de cuidar do marido e do corpo. Ainda temos de fazer com que nossos filhos sejam mais inteligentes que os dos outros. Será que precisamos mesmo dar conta de tudo? Queremos mesmo fazer tudo isso? Muita gente fica chocada quando digo que não pretendo ter mais filhos. Queria muito ser mãe. Fui mãe. Para mim, bastou. Fiquei mal-humorada os nove meses de gestação, me sentia indisposta. Só que as mulheres não podem falar sobre isso. Você tem de ser uma grávida linda, plena, adorar as modificações em seu corpo.
Minha decisão de permitir que João more com o pai não significa de forma alguma que queira me desfazer de meu filho. Não sou uma mãe desnaturada, não estou louca nem quero férias – ainda que muitos achem que esses são os motivos reais. Muitos conhecidos entendem a decisão e até admiram. Mas críticas também apareceram. As reações vão de “nossa, mas que coragem!” – algo que já denuncia uma reprovação sutil à ideia – a manifestações mais elaboradas de censura. Alguns comentários que recebi em meu blog são bastante explícitos: “Você só pensa no seu bem-estar. Vai deixar o filho morar com o pai para poder dormir até meio-dia”.
>> Outras reportagens da seção História Pessoal

Já estava preparada para esse tipo de crítica. Faz parte de nossa cultura patriarcal atribuir todo cuidado dos filhos à mãe. Quando um casal se separa, fica automaticamente entendido que as crianças ficarão com a mulher. Ninguém acha que o homem tenta transferir sua responsabilidade de pai. Criar um filho é uma carga muito grande. No dia a dia, você está sozinha. Não tenho familiares por perto, que possam ajudar quando a babá falta e preciso ir cedo ao trabalho. Esses anos em que João morou comigo foram intensos – tanto em aprendizado quanto em excesso de trabalho e responsabilidade. A mudança traz um pouquinho de alívio e descanso, apesar da saudade.
 
Talvez (Foto: arquivo pessoal)
Agora, poderei fazer um happy hour com os amigos do trabalho de vez em quando, voltarei para minhas aulas de dança e, finalmente, dormirei bem. Apesar de João já ter 5 anos, ainda hoje não dormimos direito. A mudança também será uma oportunidade para pôr em dia minha situação financeira. Não terei mais de pagar a babá que cuidava dele enquanto eu estava no trabalho. Estou numa empresa há cinco meses, depois de dois anos trabalhando em casa por conta própria. Esse período foi maravilhoso para ficar mais próxima de João: eu o levava e buscava todos os dias na escola, participava das reuniões, conseguia levar aos médicos. O preço foi ter uma renda variável, que me deixou numa situação financeira complicada.
Outro motivo muito forte me fez aceitar a proposta de Marcos. Ele foi o porto seguro da família quando tive depressão pós-parto, logo após o nascimento do João. Foi o melhor pai que nosso filho poderia ter naquele momento delicado. Foi o amigo que eu precisava para conseguir superar esse obstáculo. Sou eternamente grata a ele. Sei quanto sofreu de saudades de João quando nos separamos. Merece ficar mais próximo do filho que ama tanto. Cheguei a me perguntar se ter tido depressão pós-parto não influenciou minha decisão. Será que sou menos apegada a meu filho do que deveria ser? Hoje, tenho certeza de que não. Existe um estigma de que as mães sofrem com esse transtorno porque não suportaram o peso da maternidade. Não é verdade. Há causas biológicas, como mudanças hormonais ou predisposição genética. Quatro dias depois de voltar do hospital, após uma cesárea complicada, tive crises de choro, suava frio quando João mamava no peito, sentia-me mal. Amigas que me visitaram lembram que eu não conseguia me referir a João pelo nome ou chamá-lo de filho. Era “aquele moleque”. Estava tão doente que mal me lembro. Nesse período, quem nos ajudou a cuidar dele foram minha irmã e duas babás, uma durante o dia e outra à noite. Eu não podia ficar sozinha com João. Havia a possibilidade de pôr nossas vidas em risco. 

O tratamento médico surtiu efeito relativamente rápido. Foram cerca de sete meses, até que conseguisse me vincular emocionalmente a João. Desde então, recuperei o tempo perdido de afeto. Os anos em que moramos só ele e eu, após a separação, ajudaram-me a entender que mãe eu poderia ser para o João e que mãe ele precisava que eu fosse. Talvez nunca seja aquela que faz um grande almoço de domingo, passa a roupa e cobra a lição de casa. Sou do tipo que joga bola, quer saber como foi o dia e dá conselho. Olho no olho e sei o que meu filho está sentindo. Sou a mãe que leva para experiências novas e faz pensar de maneira diferente. Para João, isso basta. 

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