Por Camila Leporace e Flavia Garcia
Ansiedade, dor de cabeça, tontura, depressão, irritabilidade, hipersensibilidade emocional, retenção de líquidos, ganho de peso, ondas de calor, insônia e fadiga são alguns dos sintomas físicos e psíquicos mais conhecidos da Tensão Pré-Menstrual(TPM). O conjunto de sinais dessa síndrome costuma se manifestar, repetidamente, de duas semanas a dois dias antes da menstruação. Apesar de ocorrer independente de cultura ou classe social, a sintomatologia da TPM pode variar de acordo com o meio no qual a mulher vive.
Segundo a Dra. Amanda Athayde, especialista em Endocrinologia Feminina e Andrologia, faz tempo que as alterações femininas de humor, associadas ao ciclo menstrual, vêm sendo pensadas. “Desde Hipócrates já existiam observações sobre as variações do humor e comportamento das mulheres, relacionadas à fase do ciclo menstrual. Ainda no século XIX, associava-se o útero a fenômenos psicológicos, de onde surgiu a palavra histeria - do grego histeron - sendo o tratamento das histéricas direcionado, principalmente, para os órgãos femininos. Em 1931, os sintomas foram reconhecidos como componentes de um transtorno clínico”, conta a especialista.
Estatísticas costumam mostrar que de 20 a 30% das mulheres apresentam alguns dos sintomas pré-menstruais, sendo que 5% das quais teriam suas vidas impactadas de forma significativa pelo problema. Os sintomas da TPM - até agora, cerca de 150 são conhecidos - variam de mulher para mulher. Uma mesma pessoa pode ter também períodos de TPM diferentes entre si. “Fatores sociais e culturais estressantes, experiências vividas, além de doenças atuais ou antigas, principalmente os transtornos afetivos, parecem ter influência na Síndrome Pré-Menstrual”, afirma a Dra. Amanda, que explica, ainda, que a associação de fatores genéticos à TPM foi pouco estudada, mas parece de fato existir.
Não é preciso, no entanto, conviver com tanto desconforto causado pela síndrome sem reagir a isso. Apesar de muitas mulheres resistirem a procurar um especialista para ajudá-las a lidar com esses problemas, os médicos podem auxiliar – e muito – no combate aos indesejados sintomas. Afinal, eles estão ligados a alterações hormonais, objeto de estudo dos endocrinologistas. A Dra. Amanda afirma que existem mais de 30 substâncias propostas para o tratamento da TPM, que varia de acordo com a necessidade e o quadro de cada paciente. Entre as medidas que funcionam para a maioria dos casos estão a psicoterapia, as medidas de redução do estresse, a prescrição de atividades físicas e alterações dietéticas.
No entanto, antes de se iniciar qualquer tratamento, é preciso fazer uma confirmação diagnóstica, com exames físicos, entrevista psiquiátrica e investigações sobre ovulação, funcionamento da tireóide e metabolismo. O autoconhecimento também é importante e, para facilitá-lo, as pacientes devem receber esclarecimentos sobre a TPM e seus sintomas.
O Diagnóstico da TPM
A especialista afirma que, em algumas situações, a TPM é capaz de impedir que as mulheres realizem suas atividades habituais. Porém, esta relação pode melhorar: basta que as mulheres sejam tratadas. Para que uma mulher tenha a TPM diagnosticada é preciso que apresente, pelo menos, cinco dos sintomas em dois ciclos seguidos, sem a necessidade que o sintoma se repita. Dentre eles, a Dra. Amanda relaciona:
- alterações sensoriais
- cefaléia
- aumento de volume mamário
- distensão abdominal
- aumento de peso
- dor
- fadiga com alteração do sono e atividades
- transtornos alimentares com grande desejo por carboidratos
- alteração da atividade sexual com diminuição da libido
- diminuição de produtividade
- abuso de drogas como álcool, maconha e tabaco
- raiva ou irritabilidade persistentes
- ansiedade marcante, tensão, sensação de “estar no limite”
- humor deprimido marcante
- interesse diminuído nas atividades habituais
- dificuldade de concentração
- hipersonia ou insônia
- outros
Dentre os métodos de tratamento deve-se tentar a correção da possível causa do transtorno, suavização dos sintomas predominantes e eliminação da ciclicidade menstrual, em casos mais extremos. Entretanto, associados ao uso de medicamento, a especialista indica medidas de redução do estresse, atividade física, alterações dietéticas e psicoterapia, por exemplo. Segundo ela, em geral, o tratamento da TPM tem a duração de dois anos, sendo necessária a reavaliação da paciente a cada três meses e “sempre objetivar uso de drogas com poucos efeitos colaterais, mais eficazes, com menor dosagem e menor frequência de administração”, tendo em vista que, em alguns casos, o problema é resolvido sem a necessidade do medicamento.
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