Quero aqui, fazer alguma considerações, sobre o
escândalo, cujo papel da imprensa seria repercutir, aliás, como sempre faz,
porém, no caso da chamada Operação Monte Carlo, desencadeada no último dia 29 de fevereiro, a imprensa
em geral, não tem agido assim, e sabem por que? Nesse episódio em especial,
está embasado num tripé que consiste no envolvimento, de um político de projeção
nacional, chamado Demóstenes Torres, um bicheiro (que curiosamente), a imprensa
tem tratado de "empresário do ramo de jogos" - e um órgão da
"grande" imprensa, chamada revista Veja, do grupo Abril, cujos donos são a
família Civita.
Esse preâmbulo, serve para deixar claro aos leitores,
que trata-se de um dos casos mais graves da história da República, onde em
conluio com o crime organizado, o político levantava os "fatos" que lhe
interessava em sociedade com o bicheiro, e passava a pauta para o chefe de
redação da revista Veja, Policarpo Jr, que dava "os furos" - pois a
exclusividade era dele. Em resumo, trata-se do envolvimento de um Senador, um
bandido e a revista Veja. Há neste momento suspeitas pairando sobre o
governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO), que se comprovadas, estará aí
configurada uma formação de quadrilha.
A Polícia Federal descobriu através de mais de 200
telefonemas trocados, entre o Senador Demóstenes e Cachoeira o bicheiro que é
tratado como "empresário do ramo de jogos", como diz o Zé Simão, "tucanaram a contravenção",
mesmo sendo atividade ilícita, o bandido é tratado como empresário por toda a
imprensa calhorda. Nos 200
telefonemas interceptados com autorização judicial, segundo o jornalista Luiz
Nassif, entre outros assuntos, Policarpo Jr. informa ao bicheiro Cachoeira sobre
as matérias publicadas pela revista favoráveis a ele e recebe elogios do
contraventor.
Como era a
aliança, Demóstenes, o bicheiro e a Veja:
A
revista dava suas matérias sempre com estardalhaço e nas capas, e repercutia as
armações do grupo contra o PT. Chegando ao desplante de publicar uma de suas
capas, com Demóstenes, fantasiado de mosqueteiro da ética. Segundo Jairo
Martins, um policial preso junto com mais 81 pessoas, durante a Operação Monte
Carlo, revelou o esquema que funcionava entre a revista Veja e a quadrilha. E
tudo vem sendo tratado até aqui, com muita, muita parcimônia por toda a chamada
"grande imprensa", afinal, trata-se de seus pares, e até na bandidagem é preciso
"ter ética". O policial Martins é ninguém menos que em 2005, revelou com
exclusividade para Veja, aquele vídeo, gravado pelo próprio, onde aparecia o
ex-funcionários dos Correios, chamado Maurício Marinho, recebendo propina de R$
3 mil reais, onde foi montada a farsa do mensalão, que tentou a todo custo,
envolver o então presidente Lula, e assim derrubá-lo.
Seria cômico
se de fato, não fosse trágico, mas o policial Jairo Martins, na época da
divulgação do referido vídeo, declarou em seu depoimento no Congresso Nacional,
na frente de todos os parlamentares e da imprensa, que foi ele quem
entregou a gravação diretamente a Policarpo Jr (da Veja e alegou que gravou a
fita com Maurício Marinho por “patriotismo”.
A farsa do
mensalão: Segundo o
jornalista Sérgio Cruz, do Jornal Hora do Povo, o ex-prefeito
de Anápolis, Ernani de Paula, afirmou, em entrevista ao jornal digital “247”,
estar convicto que “Cachoeira e Demóstenes fabricaram a primeira denúncia do
mensalão”.
No início do
governo Lula, em 2003, segundo Ernani, o senador Demóstenes era cotado para se
tornar Secretário Nacional de Segurança Pública. Teria apenas que mudar de
partido, ingressando no PMDB. “Eu era o maior interessado, porque minha
ex-mulher se tornaria senadora da República”, diz Ernani de Paula. Cachoeira,
segundo ele, também era um entusiasta da ideia, porque pretendia nacionalizar o
jogo no país – atividade que já explorava livremente em Goiás. Segundo o
ex-prefeito, houve um veto à indicação de Demóstenes. “Acho que partiu do Zé
Dirceu”, diz o ex-prefeito. A partir daí, segundo ele, o senador goiano e seu
amigo Carlos Cachoeira começaram a articular o troco.
O primeiro
ataque dos dois foi a fita que derrubou Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu,
da Casa Civil. Diniz tinha sido presidente da Loteria do Estado do Rio de
Janeiro e ali conhecera Cachoeira. A fita também foi gravada por Cachoeira. O
segundo golpe, muito mais forte, foi a gravação dos Correios, na reportagem de
Policarpo Júnior, que desencadeou todo o enredo da farsa do “mensalão”, em
2005.
Depois da associação
com Cachoeira, Policarpo Jr foi promovido e tornou-se diretor da sucursal da
revista em Brasília. Mais recentemente, passou a integrar a cúpula da
publicação. Agora, sete anos depois, na operação Monte Carlo, Policarpo aparece
nas 200 conversas com Cachoeira.
A
ligação do bandido
com o Governador:
Ligações de
Cachoeira com o governador tucano de Goiás também foram reveladas pela
investigação da Polícia Federal. É o que fica claro no fato da empresa Delta -
controlada indiretamente por Cachoeira - ter contratos de pelo menos R$ 247
milhões com vários órgãos do governo estadual, particularmente com a Secretaria
de Segurança. Ironicamente a empresa do criminoso Cachoeira fornece os carros,
em regime de aluguel, para a Secretaria de Segurança Pública de Goiás. O
diálogo, reproduzido abaixo, entre Cachoeira e um outro integrante da quadrilha,
o ex-delegado da PF, Fernando Byron, é revelador dessas ligações.
A
Delta Construções –
empreiteira na qual o empresário Carlos Cachoeira mantém uma sala – celebrou
contratos de limpeza, aluguel de carros e infraestrutura com o governo do Estado
e as principais prefeituras de Goiás nos últimos dois anos. Ao contrário do que
informou Byron, a empresa foi alvo de busca e apreensões da Operação Monte
Carlo. Carlinhos Cachoeira é sócio de Cláudio Abreu, que é diretor laranja da
Delta. Nas gravações telefônicas autorizadas pela Justiça, há diversas conversas
nas quais Cachoeira ordena o fornecimento de valores a Cláudio. Numa delas, o
chefe da quadrilha diz para o responsável pelo controle financeiro da
organização, Geovani Pereira da Silva, disponibilizar R$ 700 mil ao diretor da
Delta. O montante seria para ele “enviar para fora’ do País.
O que parece
claro é que os integrantes da quadrilha, além de encher as burras de dinheiro
com a jogatina e os roubos dos cofres públicos de Goiás, também usavam o seu
tempo tramando contra integrantes do governo e do PT.