terça-feira, 4 de março de 2025

Meu entendimento sobre o caso Deise Moura dos Anjos






By Deise Brandão

CONTEXTO GERAL DO CASO

Deise Moura dos Anjos, 42 anos, foi uma contadora residente em Nova Santa Rita (RS), casada com Diego Silva dos Anjos há cerca de 20 anos, com quem tinha um filho de 9 anos. Em dezembro de 2024, ela foi apontada como suspeita de envenenar familiares com arsênio no município de Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, em um caso que ficou conhecido como "o caso do bolo envenenado". Posteriormente, a investigação também a vinculou à morte de seu sogro, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro de 2024. Deise foi presa temporariamente em 5 de janeiro de 2025 e morreu na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba em 13 de fevereiro de 2025, em um suposto suicídio. A polícia concluiu os inquéritos após sua morte, apontando-a como autora de quatro homicídios, mas, devido ao seu falecimento, não houve indiciamento formal.


OS FATOS DO CASO

1. O Incidente do Bolo (23 de dezembro de 2024)

O que aconteceu: Seis pessoas de uma mesma família consumiram um bolo durante uma confraternização em Torres, preparado por Zeli Teresinha Silva dos Anjos, sogra de Deise. Três morreram logo após:

Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos (irmã de Zeli);

Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos (irmã de Zeli);

Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos (sobrinha de Zeli, filha de Neuza).

Sobreviventes: Zeli (61 anos), um menino de 10 anos (filho de Tatiana), e Jefferson (marido de Maida) foram internados, mas sobreviveram. Uma sétima pessoa presente não comeu o bolo e não passou mal.

Causa: Exames do Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmaram a presença de arsênio no bolo e na farinha usada para prepará-lo. A concentração na farinha era 2.700 vezes maior que no bolo (40g/kg), sugerindo contaminação intencional antes do preparo.

2. Morte do Sogro (Setembro de 2024)

O que aconteceu: Paulo Luiz dos Anjos, marido de Zeli e sogro de Deise, morreu em setembro de 2024, inicialmente por suposta intoxicação alimentar após consumir bananas e leite em pó levados por Deise e Diego à casa do casal em Arroio do Sal.

Exumação: Após o caso do bolo, o corpo foi exumado em 8 de janeiro de 2025. A perícia encontrou 264 mg de arsênio no estômago, a segunda maior concentração entre as vítimas fatais, confirmando envenenamento.

3. Outras Suspeitas de Envenenamento

Filho e Marido: Em dezembro de 2024, antes do incidente do bolo, Diego e o filho de 9 anos teriam consumido um suco de manga com arsênio detectado na urina de ambos, segundo exames do IGP divulgados em 20 de janeiro de 2025. Eles sobreviveram.

Zeli no Hospital: Deise levou alimentos (suco, chocolate, pastel) a Zeli enquanto ela estava internada após o bolo, mas laudos do IGP de 12 de fevereiro de 2025 indicaram que esses itens não continham veneno.

Pai de Deise: A morte de José Lori da Silveira Moura, pai de Deise, em 2020 (atribuída à cirrose), foi mencionada como suspeita, mas não houve exumação ou investigação aprofundada.

4. Prisão e Morte de Deise

Prisão: Deise foi presa temporariamente em 5 de janeiro de 2025, no Presídio Feminino de Torres, por suspeita de triplo homicídio qualificado e tentativas de homicídio. A prisão foi prorrogada em 30 de janeiro por mais 30 dias e, em 6 de fevereiro, ela foi transferida para Guaíba por segurança.

Morte: Em 13 de fevereiro de 2025, foi encontrada morta em sua cela individual, com sinais de enforcamento. A Polícia Penal e o IGP investigam como suicídio. Ela deixou um recado escrito em uma camiseta, declarando-se inocente e mencionando depressão.

Contexto da Morte: No dia anterior (12 de fevereiro), um advogado da família de Diego informou ao presídio que ele buscaria o divórcio, o que, segundo a polícia, pode ter influenciado sua decisão.

5. Conclusão da Investigação

Data: Em 21 de fevereiro de 2025, a Polícia Civil concluiu dois inquéritos, afirmando que Deise foi a única autora de quatro homicídios (o sogro e as três vítimas do bolo) e outras tentativas.

Resultado: Com sua morte, houve extinção da punibilidade (art. 107, I, do Código Penal), e ela não foi formalmente indiciada.


ALEGAÇÕES E PROVAS CITADAS PELA POLÍCIA

A Polícia Civil, liderada pelo delegado Marcos Vinicius Veloso, pelo subchefe Heraldo Guerreiro e pelo chefe Fernando Sodré, apresentou as seguintes evidências como "robustas" contra Deise:

Compra de Arsênio:

Uma nota fiscal digital no celular de Deise indicaria quatro compras de arsênio pela internet entre setembro e dezembro de 2024, entregues pelos Correios. Apesar de divulgada pela RBS TV, o nome na nota era "Deise Marques dos Anjos" (não "Moura"), mas a polícia afirma que o documento veio do aparelho dela.

Pesquisas na Internet:

Extração de dados do celular mostrou buscas por "arsênio veneno", "veneno que mata humano" e similares, feitas antes e após as mortes. Deise alegou que pesquisou após os laudos médicos indicarem arsênio, mas a polícia diz que as datas contradizem isso.

Mensagens:

Mensagens a Zeli sugeriam que Paulo morreu por causas naturais (ex.: "banana contaminada pela enchente") e que não havia "culpados a procurar". Outra, de novembro, dizia: "Se eu morrer, reze por mim, pois é provável que eu não vá ao paraíso". (????)

Comportamento:

Deise foi descrita como "fria", "manipuladora" e "dissimulada" em depoimentos e interrogatórios. Tentou cremar o corpo do sogro, mas não conseguiu por falta de assinaturas médicas. (???)

Farinha Contaminada:

A polícia alega que Deise envenenou a farinha na casa de Zeli em 20 de novembro de 2024, semanas antes do bolo ser feito, mas não detalhou como ela teve acesso ou como isso foi provado.

POSIÇÃO DA DEFESA

O escritório Cassyus Pontes Advocacia, que representava Deise, destacou:

As provas citadas pela polícia não foram judicializadas antes de sua morte, ou seja, não passaram pelo crivo de um juiz.

Não houve acesso integral aos laudos (ex.: do filho e marido) para análise antes da conclusão policial.

Deise usava medicamentos controlados, tinha histórico de depressão e manifestou insegurança na prisão, sugerindo vulnerabilidade psicológica.


QUESTIONAMENTOS E LACUNAS

Meu ponto de vista — que não há provas concretas apresentadas e que Deise morreu como suspeita, não condenada — levanta questões importantes. Aqui estão as lacunas e dúvidas que permanecem:

Provas Não Publicadas:

A nota fiscal, mensagens e buscas no celular foram mencionadas em coletivas, mas não divulgadas na íntegra ao público ou à defesa antes da morte de Deise. Sem acesso a esses documentos, é impossível verificar sua autenticidade ou contexto.

Falta de Julgamento:

Deise morreu sob prisão temporária (medida investigativa, não condenatória). Sem processo judicial, as alegações policiais não foram contestadas ou validadas por um juiz.

Modus Operandi Não Esclarecido:

Não há detalhes públicos sobre como Deise teria colocado arsênio na farinha em novembro, nem como obteve o veneno (arsênio é restrito no Brasil). A polícia fala em compras online, mas não especificou o fornecedor ou como ela burlou controles.

Motivo:

A polícia sugere uma rixa de 20 anos com Zeli, iniciada por um saque de R$ 600 em 2004, mas Zeli sobreviveu. Por que matar outros familiares e não o "alvo principal"? O motivo é considerado "banal" até pelos investigadores.

Outras Hipóteses:

Não há indícios de investigação sobre outras fontes de contaminação (ex.: farinha comprada já contaminada) ou outros suspeitos. Zeli, que fez o bolo, foi descartada sem explicação detalhada.

Suicídio Questionável:

Deise estava em cela isolada, sob monitoramento, e recebeu três atendimentos psicológicos em Guaíba. Como ela conseguiu se enforcar sem ser notada? A investigação da morte foi rápida, e o recado na camiseta ("sou inocente") levanta dúvidas sobre sua intenção.


CRONOLOGIA RESUMIDA

Setembro 2024: Paulo Luiz morre; Deise tenta cremação.

20/11/2024: Deise supostamente contamina farinha na casa de Zeli (segundo a polícia).

23/12/2024: Seis pessoas consomem bolo envenenado; três morrem.

27/12/2024: Laudos confirmam arsênio.

05/01/2025: Deise é presa temporariamente.

08/01/2025: Corpo de Paulo é exumado.

10/01/2025: Polícia anuncia "provas robustas" em coletiva.

20/01/2025: Arsênio é encontrado na urina de Diego e do filho.

30/01/2025: Prisão de Deise é prorrogada.

06/02/2025: Transferida para Guaíba.

12/02/2025: Notificada do divórcio.

13/02/2025: Encontrada morta.

21/02/2025: Polícia conclui inquéritos.


MINHA ANÁLISE CRÍTICA

Deise morreu como suspeita, não como culpada confirmada. A polícia apresenta um caso que parece sólido em coletivas (compras de arsênio, mensagens suspeitas), mas há uma ausência gritante de transparência: as provas não foram levadas a julgamento, e a defesa não teve tempo de contestá-las. A narrativa oficial depende de interpretações (ex.: mensagens como "álibi premeditado"), mas não explica inconsistências, como Zeli sobreviver ao suposto alvo principal ou a falta de detalhes sobre a contaminação da farinha. A morte de Deise na prisão, logo após a notícia do divórcio, também levanta a possibilidade de que ela tenha sido pressionada psicologicamente, o que não exclui a hipótese de inocência ou de um enquadramento apressado. A sogra que acusa Deise, em tese sofreu dois envenamentosm sendo que em dezembro, no episódio do bolo foi a única que comeu duas fatias. Quem manipulou os alimentos que mataram o sogro de Deise, marido de Zeli, bem como o bolo que matou 3 pessoas foi Zeli. Aguardo que QUALQUER alguém, explique COMO DEISE CONTAMINOU A FARINHA.

Por outro lado, a presença de arsênio em múltiplas vítimas e a cronologia das compras sugeridas pela polícia são difíceis de ignorar como coincidência. Ainda assim, sem um processo judicial, tudo permanece no campo da suspeita — e suspeita, não é certeza.


CONCLUSÃO

Reuni aqui tudo o que sei sobre o caso até 04/03/2025. Há fatos concretos (mortes por arsênio, prisão de Deise, sua morte), mas as provas contra ela são afirmações policiais não testadas em juízo. Acredito que ela não matou aquelas pessoas, dúvida  legítima diante dos fatos públicos. A falta de um julgamento e a morte prematura de Deise deixam o caso sem resolução definitiva.

O Estado Brasileiro mente, omite,inventa. O Estado frauda. O Estado MATA. Eu provo.

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