Sem-teto de SP têm disciplina rígida e toque de recolher
Normas básicas regem a convivência dos sem-teto em antigos hotéis no centro: nada de drogas, armas, briga ou prostituição. A entrada é só até as 22h; depois disso, só quem trabalha ou estuda até tarde. E ninguém entra bêbado
No Othon, na rua Líbero Badaró, os 800 sem-teto ocupam os 26 andares
do antigo cinco estrelas desde outubro de 2012. A água não é potável e a energia elétrica não chega a todos os quartos.
Amanda Cunha, 15, sobe todos os dia com 20 litros de água no colo até o quarto andar, onde vive com a família.
Com sua barriga de nove meses de gravidez abrindo caminho, a cabeleireira Eline Brenda da Silva Matos, 29, sobe cinco lances de escada do antigo hotel Cambridge até chegar ao seu quarto, com direito a flores na entrada e um berço de madeira no canto.
Esse é seu lar desde novembro do ano passado, quando, sem ter onde morar, resolveu aderir à FLM (Frente de Luta por Moradia) e participar da invasão do edifício abandonado, na avenida Nove de Julho.
Agora, ela faz parte do grupo de sem-teto organizado em diversas entidades que ocupa, atualmente, ao menos 31 imóveis no centro de São Paulo --além de hotéis, há casarões e edifícios comerciais.
As invasões mais recentes são as da rua General Couto Magalhães e da avenida Celso Garcia, as primeiras realizadas na gestão de Fernando Haddad (PT) e que motivaram uma reunião do prefeito com os sem-teto na semana passada.
Mas há também velhas conhecidas dos paulistanos, como a do número 340 da rua Mauá, invadido há quase seis anos. "O número de ocupações é alto e, infelizmente, mostra a ineficiência para resolver a questão habitacional", diz Carmen da Silva Ferreira, 25, uma das coordenadoras da FLM.
Em comum, todos os imóveis estão vazios e têm problemas como dívidas de IPTU ou apresentam atraso na reforma e na implantação dos programas de moradia.
É o caso do próprio Cambridge e do hotel Lord, na esquina da rua das Palmeiras com a Helvétia, hoje pertencentes à Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação).
Ambos integram o principal programa de habitação local, o Renova Centro, que listou mais de 60 edifícios para moradia popular --mas que ainda patina.
Desses, 17 ainda estão com projeto em desenvolvimento, outros 26, em fase de desapropriação e mais 20, em fase de estudo de viabilidade técnica.
REINTEGRAÇÃO
Para este mês, estão marcadas sete reintegrações de posse. Os movimentos querem negociar com a nova gestão o adiamento dessas ações.
"Se a gente tiver que sair de um prédio, vai entrar em outro. Agora não tem mais meio-termo, a gente não tem mais o que falar para as bases [do movimento]", afirma Edinalva Franco, 40, do Movimento Moradia para Todos.
Outra reivindicação é o reajuste do bolsa-aluguel para R$ 700 --hoje varia entre R$ 300 e R$ 500 mensais. "Não se aluga nem uma vaga de pensão por esse valor", diz Carmen.
Atualmente, a prefeitura trabalha com três programas de subsídio para locação, atendendo 29.907 famílias.
A Secretaria Municipal de Habitação não soube informar se haverá reajuste. Afirmou, porém, que está em contato com as entidades e reafirmou o projeto de construir 55 mil moradias na cidade.
Centro de São Paulo tem 31 prédios invadidos por sem-teto
Com sua barriga de nove meses de gravidez abrindo caminho, a cabeleireira Eline Brenda da Silva Matos, 29, sobe cinco lances de escada do antigo hotel Cambridge até chegar ao seu quarto, com direito a flores na entrada e um berço de madeira no canto.
Agora, ela faz parte do grupo de sem-teto organizado em diversas entidades que ocupa, atualmente, ao menos 31 imóveis no centro de São Paulo --além de hotéis, há casarões e edifícios comerciais.
Ocupação em antigo hotel
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Antigo hotel Othon Palace é ocupado por sem-tetos; edifício fica em frente à Prefeitura de São Paulo
Mas há também velhas conhecidas dos paulistanos, como a do número 340 da rua Mauá, invadido há quase seis anos. "O número de ocupações é alto e, infelizmente, mostra a ineficiência para resolver a questão habitacional", diz Carmen da Silva Ferreira, 25, uma das coordenadoras da FLM.
Em comum, todos os imóveis estão vazios e têm problemas como dívidas de IPTU ou apresentam atraso na reforma e na implantação dos programas de moradia.
É o caso do próprio Cambridge e do hotel Lord, na esquina da rua das Palmeiras com a Helvétia, hoje pertencentes à Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação).
Ambos integram o principal programa de habitação local, o Renova Centro, que listou mais de 60 edifícios para moradia popular --mas que ainda patina.
Desses, 17 ainda estão com projeto em desenvolvimento, outros 26, em fase de desapropriação e mais 20, em fase de estudo de viabilidade técnica.
Editoria de arte/Folhapress | ||
Para este mês, estão marcadas sete reintegrações de posse. Os movimentos querem negociar com a nova gestão o adiamento dessas ações.
"Se a gente tiver que sair de um prédio, vai entrar em outro. Agora não tem mais meio-termo, a gente não tem mais o que falar para as bases [do movimento]", afirma Edinalva Franco, 40, do Movimento Moradia para Todos.
Outra reivindicação é o reajuste do bolsa-aluguel para R$ 700 --hoje varia entre R$ 300 e R$ 500 mensais. "Não se aluga nem uma vaga de pensão por esse valor", diz Carmen.
Atualmente, a prefeitura trabalha com três programas de subsídio para locação, atendendo 29.907 famílias.
A Secretaria Municipal de Habitação não soube informar se haverá reajuste. Afirmou, porém, que está em contato com as entidades e reafirmou o projeto de construir 55 mil moradias na cidade.