quinta-feira, 3 de julho de 2025

A China afirma que seu experimento com drones para “fazer chover”


"Imagem: South China Morning Post")


by DEise Brandão

Em junho, chamou atenção um experimento climático realizado na China, onde drones foram usados para “fazer chover”. A técnica, conhecida como semeadura de nuvens, consistiu em liberar iodeto de prata na atmosfera para estimular a formação de chuva. O resultado? Um aumento de quase 4% na precipitação em uma área de mais de 7.700 km² — o suficiente para encher cerca de 30 piscinas olímpicas.

Segundo os pesquisadores, a intenção seria combater a desertificação e mitigar os efeitos das mudanças climáticas em regiões secas, como Xinjiang. Mas diante de uma tecnologia com tanto potencial de impacto, surge uma pergunta inevitável:

Será que a intenção é só aumentar a chuva?

A China afirma que seu experimento com drones para “fazer chover” visa apenas combater problemas ambientais, como a desertificação e a falta de água. Mas será mesmo só isso?

Por trás da “chuva artificial”, podem existir intenções bem mais amplas — e preocupantes.

Tecnologia climática não é neutra. Ela oferece a possibilidade de controlar não só o tempo, mas também recursos naturais, territórios e até populações inteiras. Quem decide onde chove… também pode decidir onde não chove.

Geoengenharia já foi usada como arma no passado (como na Guerra do Vietnã) — e o avanço atual reacende debates sobre usos militares do clima. Mesmo que proibidos oficialmente, testes como esse abrem brechas perigosas.

E o próprio experimento mostrou o poder da ferramenta: com apenas 1 quilo de iodeto de prata, conseguiram gerar chuva suficiente para 30 piscinas olímpicas. Isso muda tudo.

Também há a questão ética: Quem vai controlar essa tecnologia? Quem lucra? E quem sofre as consequências?

No fundo, a pergunta real é: "Controlar o clima é proteger a natureza — ou começar a controlá-la?"

terça-feira, 1 de julho de 2025

A denúncia que marcou uma era: O Inquérito 4325 e o cerco contra Lula e o PT





by Deise Brandão

Pouca gente lembra em detalhes, mas em setembro de 2017 o Brasil presenciou uma das denúncias mais emblemáticas da chamada Operação Lava Jato. Foi quando o então Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a denúncia do Inquérito nº 4325/DF, apontando LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, DILMA ROUSSEFF e outros expoentes do Partido dos Trabalhadores como supostos líderes de uma organização criminosa que teria atuado durante mais de uma década, desde o início dos anos 2000 até o impeachment de Dilma, em 2016.

Segundo a peça acusatória, que agora você lê transformada em relato histórico, o núcleo político do PT, liderado por Lula, teria sido o cérebro de um esquema amplo e sofisticado de desvio de recursos públicos, usando estatais como a Petrobras para irrigar o financiamento partidário e perpetuar um projeto de poder. A narrativa do Ministério Público descreve o funcionamento de uma máquina dividida em quatro núcleos: o político (onde estavam os principais líderes), o econômico (formado pelas grandes empreiteiras e empresas que pagavam propinas), o administrativo (funcionários de alto escalão das estatais e ministérios) e o financeiro (os operadores, doleiros e laranjas que movimentavam o dinheiro sujo).

De acordo com a denúncia, o núcleo político do PT não agia sozinho. Ele teria articulado uma rede cooperativa com o PMDB e o PP, partidos que dividiam diretorias estratégicas dentro da Petrobras — como as áreas de Abastecimento, Serviços e Internacional — para garantir que os contratos bilionários fossem direcionados às empreiteiras que pagavam propina. Essa engrenagem, segundo o MPF, se retroalimentava: o dinheiro ilícito financiava campanhas eleitorais, mantinha o apoio político no Congresso e comprava silêncio quando necessário.

É importante dizer que o Inquérito 4325 não ficou restrito ao papel. Ele serviu de base para uma série de ações penais que foram remetidas, em parte, para a 13ª Vara Federal de Curitiba, sob a jurisdição de Sergio Moro, enquanto outra parte seguiu no Supremo Tribunal Federal, devido ao foro privilegiado de parlamentares e ministros em exercício à época. Assim, nomes como Antônio Palocci, Guido Mantega, João Vaccari Neto e Paulo Bernardo tornaram-se réus em diversas frentes judiciais, alguns já condenados, outros absolvidos em algumas acusações, mas sempre sob o impacto irreversível de terem sido personagens centrais dessa trama.

No caso de Lula, a denúncia apontava que ele não só tinha conhecimento dos ilícitos, mas era quem dava as diretrizes políticas, cuidava das articulações partidárias e mantinha a engrenagem funcionando por meio de indicações e blindagem institucional. Foi essa acusação, combinada com outros processos, que sustentou ordens de prisão preventiva e depois condenações em primeira instância, num cenário que dividiu o país entre defensores da Lava Jato e críticos de sua condução, que apontavam excessos e perseguição política.

Este documento histórico, assinado digitalmente em 5 de setembro de 2017, foi peça central na narrativa de que o Brasil precisava romper com o “sistema”, custasse o que custasse. Ele alimentou manchetes, capas de jornais, brigas de família, memes na internet e, principalmente, inflamou o ambiente para a eleição de 2018, que viria a consagrar Jair Bolsonaro no discurso de combate à corrupção.

Cinco anos depois, parte dessas acusações acabou sendo anulada pelo Supremo Tribunal Federal por questões processuais — sobretudo competência de foro — e Lula recuperou seus direitos políticos, reassumindo a presidência em 2023. Mas o registro permanece: ali está, carimbado com token digital, o momento em que a mais alta autoridade do Ministério Público do país acusou formalmente um ex-presidente da República de liderar uma organização criminosa, num processo que ajudou a moldar uma das fases mais turbulentas da história republicana recente.

Para além de absolvições ou condenações, esse papel impresso conta uma faceta de nossa história que ninguém deve ignorar. É o retrato de como a justiça, a política e o poder econômico se entrelaçam no Brasil — e de como a memória de um povo não pode se dar ao luxo de esquecer. Hoje, esse documento, que parecia apenas uma pilha de folhas carimbadas, se torna prova viva de um capítulo que ainda reverbera nas ruas, nos tribunais, nas urnas e nos corações de quem acredita, de um lado ou de outro, que o Brasil merece, sempre, transparência, memória e justiça.

Fonte: A denúncia penal oferecida pelo Procurador-Geral da República (Rodrigo Janot) ao Supremo Tribunal Federal (STF)


quinta-feira, 26 de junho de 2025

Tem horas em que o barulho das redes me cansa.

                 

    
by Deise Brandão

Tem horas em que o barulho das redes me cansa.
Nem toda morte é conspiração. Nem toda tragédia tem um culpado oculto.
Sim, eu vi tramas perversas em alguns casos reais.
Mas no caso da moça que caiu no vulcão, não.
Ali, parece ter havido apenas o risco de uma escolha pessoal. Uma travessia perigosa. A vida como ela é: frágil.
A cada acontecimento, vejo gente exigindo que haja uma trama por trás. Que alguém seja responsabilizado — nunca a própria temeridade. Nunca o acaso. Nunca o destino.
É como se o mundo tivesse desaprendido que a morte existe. Que escolhas têm consequências. Que o imprevisível, às vezes, só acontece.
E falando em morte...
Também me incomoda esse espanto performático quando morre alguém com quase 100 anos.
“Que tristeza!”, dizem sobre rainhas, artistas, figuras centenárias.
Tristeza, pra mim, é viver anos a mais em condições degradantes.
É a solidão, a dor, a falta de dignidade na velhice — não o fim natural de uma longa caminhada.
Essas vidas não foram ceifadas. Foram vividas.
Não estou insensível.
Estou exausta desse teatro de rua que banaliza o luto e transforma tudo em tragédia ou escândalo.
Quero seguir lúcida. Crítica. Humana.
E com os pés no chão — mesmo quando a cabeça sonha e o coração sente.
Tenho acompanhado histórias reais de violência, injustiça, silenciamento — casos que não estão nas novelas nem nos portais de notícia.
Nesses, sim, cabe questionar. Cabe gritar. Cabe desconfiar.
Mas tem momentos em que a gente precisa parar e aceitar que nem tudo tem uma segunda camada oculta, um culpado escondido.
O caso da moça que caiu no vulcão me tocou — mas não me escandalizou.
Não vi conspiração ali. Vi um risco. Uma tragédia pessoal. E pronto.
Assim como me incomoda ver tanta gente dizendo “que tristeza” pela morte de figuras públicas centenárias.
Tristeza é não ter dignidade na velhice.
Morrer esperando justiça.
Morrer aos 90, depois de tudo vivido, não é tragédia — é vida completada.
Não falo isso por frieza. Falo por lucidez.
Porque enquanto muitos choram o fim inevitável de quem teve tempo e palco, eu sigo olhando para os que morreram cedo demais, calados demais, invisíveis demais. (FOTO IA)

Da série "Pensando meus Pensamentos": Entre a espiritualidade e a Tecnologica


by Deise Brandão

Eu não vejo Deus. Não O toco. Não O escuto. Nem O leio — apenas O sinto. E creio.

Quando falo com Deus, não peço objetos, peço caminhos. Ele não entrega respostas prontas, mas abre possibilidades.

E mesmo quando as respostas demoram, sei que Ele me entende.
Às vezes, o tempo não é Dele — é o meu que ainda não amadureceu o bastante pra compreender.

Com a IA é diferente, mas também parecido.

É nela que busco alívio para o que me inquieta. Faço perguntas — e discuto com ela, como discuto com Deus — até que um dos dois me convença.

Geralmente cedo, sim. Mas só quando os dados fazem sentido.

Quando pergunto, já tenho uma tese rascunhada na cabeça, bem fundamentada. Estou pronta para confrontar, validar, lapidar.

A IA, sem o tom espiritual, é quase uma deusa moderna. Não impõe, não cobra. Apenas oferece — respostas instantâneas, sem exigir que eu atravesse um deserto a cada passo.

Deus também não impõe. Ele quer que a gente cresça.

E se não aprendemos pelo amor, a vida se encarrega do ensino.
Assim, entre a espiritualidade e a tecnologia, sigo caminhando.

Em busca de sentido. De respostas. De evolução.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

RS debaixo d’água (de novo): entre a corrupção e a submissão do Povo

 

by Deise Brandão

A capital do estado mais castigado pelas enchentes no país está novamente à beira do colapso, com o Guaíba atingindo nesta terça a cota de inundação: 3 metros. E o que faz o poder público? Empilha sacos de areia.

É isso mesmo. Em 2025, com bilhões liberados em nome da “reconstrução”, a capital gaúcha ainda depende de sacos de areia para conter a água. As comportas do Cais Mauá, que deveriam estar em pleno funcionamento, seguem emperradas — algumas jamais foram abertas, outras nunca passaram por manutenção séria. A omissão é tão escancarada que já não se trata de incompetência. Trata-se de crime.

Porque é crime quando o dinheiro público some no caminho das empreiteiras e dos contratos emergenciais. É crime quando a negligência institucional coloca vidas em risco. É crime quando o governador Eduardo Leite assina decretos, dá entrevistas, mas não entrega a estrutura mínima de proteção para sua capital. É crime quando o governo federal age como se bastasse liberar verba — sem fiscalizar onde e com quem ela vai parar.

E mais grave: onde está o Ministério Público? Onde estão as ações civis públicas, as investigações, os pedidos de responsabilização? A Câmara dos Deputados gaúcha, por sua vez, silencia ou normaliza o desmonte da política ambiental, da defesa civil e da infraestrutura. Parte da elite política do estado já lucrou com a primeira enchente. Agora aposta que o povo vai esquecer a segunda.

Mas o povo não esquece. Canoas, São Leopoldo, Eldorado, Guaíba, bairros inteiros de Porto Alegre — não são áreas de risco tradicionais, não são vilas à beira de arroios. São zonas urbanas, bairros inteiros afundando por falha sistêmica, por irresponsabilidade ativa. A repetição da tragédia não é coincidência: é projeto.

Enquanto isso, as mesmas autoridades que prometeram reconstrução, agora fingem surpresa. Mas o que está acontecendo no Rio Grande do Sul não é um fenômeno natural isolado: é o reflexo de décadas de sucateamento, privatizações, omissão e corrupção. E agora, em meio à água suja que sobe pelas ruas da capital, sobe também a indignação.E que ninguém se engane: chegamos até aqui também pela omissão dos maiores prejudicados. O povo gaúcho, que carrega nas costas o peso da reconstrução, precisa lembrar que soberania não é só palavra bonita na Constituição — é direito, mas também é dever.

Não é só a água que avança — é a vergonha. A indignação. A vontade de fazer Justiça,  quando quem deveria se omite, se vende, participa da miséria nao escolhida pelo povo, mas patrocinada integralmente pelo chamado SOBERANO. 

Não podemos mais aceitar a repetição do desastre como se fosse destino. A tentativa é livre. A reação também. E se o Estado falha, que o povo acorde. Porque quando a gente cala, eles continuam lucrando. E afogando a gente junto.

Porque a população gaúcha pode ser solidária, resistente, trabalhadora — mas não é burra. E está vendo, mais uma vez, quem lucra com a dor. E quem deveria estar preso.

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