Entre rumores de “apagão” e gráficos fora do ar, o fenômeno eletromagnético que conecta relâmpagos e a ionosfera continua medido ao vivo em estações internacionais.
by Deise Brandão
O que é a Ressonância Schumann
Chamado popularmente de “pulso da Terra”, a Ressonância Schumann é um conjunto de frequências eletromagnéticas que vibram naturalmente na cavidade entre a superfície do planeta e a ionosfera.
O modo fundamental está por volta de 7,83 Hz, com harmônicos em 14 Hz, 20 Hz, 26 Hz etc. Esses sinais são gerados principalmente pelas descargas elétricas dos raios, circulando o globo milhares de vezes por dia.
De onde vem o boato do “apagão”
Nos últimos dias, redes sociais e grupos de mensagens compartilharam gráficos com manchas brancas ou faixas verticais, afirmando que a Ressonância Schumann “parou”.
Esses “whiteouts” normalmente significam falhas temporárias de transmissão de dados, saturação dos sensores ou manutenção do servidor — não a extinção do fenômeno físico.
Por que a frequência varia (sem “desligar”)
A intensidade do sinal oscila conforme:
- atividade elétrica atmosférica (mais tempestades = sinal mais forte);
- condições da ionosfera influenciadas pelo Sol (flares, tempestades geomagnéticas);
- interferências técnicas ou ruídos locais.
Isso significa que o gráfico pode parecer estranho — mas o “pulso” permanece.
Como ler os gráficos sem cair em alarmes falsos
- Manchas brancas não são apagão cósmico: indicam perda ou saturação de dados.
- Linhas horizontais fracas ≠ fim da ressonância: apenas amplitude baixa naquele momento.
- Olhe múltiplas fontes: se um site caiu, outros continuam operando.
Conexão com espiritualidade e ciência
Nada impede quem associa a Ressonância Schumann a aspectos simbólicos ou espirituais, mas é importante separar fenômeno físico mensurável de interpretações pessoais.
A ciência observa um sinal eletromagnético global; efeitos diretos no corpo humano ou “saltos quânticos” de consciência são hipóteses sem comprovação.
O pulso continua
Enquanto os posts circulam, os instrumentos continuam funcionando:
Estação de Tomsk (Rússia): espectrogramas atualizados com frequências, amplitudes e fator-Q. As curvas seguem ativas.
Estação de Cumiana (Itália): monitoração contínua em 0–50 Hz, com gráficos explicados pelo próprio operador.
Rede Global GCMS (HeartMath): magnetômetros em seis países exibindo hora a hora o “Schumann Resonances Power”.
Em todas elas, as linhas correspondentes ao modo fundamental e aos harmônicos aparecem — ora mais fortes, ora mais fracas, mas presentes.
Mesmo em tempos de incerteza, a física do planeta não para. Relâmpagos continuam a riscar o céu, a ionosfera permanece refletindo ondas e a Ressonância Schumann segue vibrando, como sempre — apenas os gráficos às vezes falham. Na prática: o “pulso da Terra” não desligou.