terça-feira, 13 de dezembro de 2011

"www.quandoaestupidezvestefarda.com.br". by Deise


by Acerto de Contas

 

General Newton Cruz:
 o “nosso Mussolini”

 


O episódio do vídeo acima aconteceu no dia 17 de dezembro de 1983. O militar que concede a entrevista é o general Newton Cruz, que já foi chefe do SNI e, à época do vídeo acima, era comandante militar do Planalto. O jornalista agredido se chama Honório Dantas, da Rádio Planalto. Na cena pitoresca fica bem explicito o conceito refinadíssimo de “democracia” que o gal. possui, além de deixar exposta toda a sua “respeitabilidade” para com um profissional da comunicação.
Pesquisando na internet, achei um texto de Nelson Cadena, que explica melhor o que aconteceu.
 O gal. Newton Cruz foi aquele a que o ex-presidente João Figueiredo chamava cinicarinhosamente de “nosso Mussolini”.

Pelo comercial anunciando a entrevista que irá ao ar, percebemos que o gal. Cruz continua ostantando toda sua robustez.







“O General que engravatou o jornalista”

Artigo de Nelson Cadena,
publicado originalmente no Portal Imprensa em 09/06/2008
No Natal de1983 (17/12) o todo poderoso general Newton Cruz, então comandante militar do Planalto, o “nosso Mussolini” na cínica observação do presidente João Figuereido, convocou uma entrevista coletiva com o objetivo de prestar contas à nação sobre as medidas de emergência em vigor desde 19/10 do referido ano. Já fazia dois meses que o Presidente da República, através do decreto Nº 88.8888, estabelecera medidas de emergência em Brasília a pretexto de preservar a ordem pública, mas com o objetivo explícito de sufocar o movimento das “Diretas Já” que tomava conta do país.
A Invasão da sede da OAB, então presidida por Mauricio Corrêa, em 24/10, era a mais contundente expressão do regime, naquele momento político de incertezas, o fim de um longo ciclo de autoritarismo que teimava em desafiar o processo de abertura em curso. O certo é que o truculento General Cruz, ex-chefe do SNI, envolvido com o seqüestro e morte do jornalista Alexandre Von Baumgarten em 1982 (inocentado mais tarde pela justiça por falta de provas) e no ano anterior com o fracassado atentado do Riocentro (o general fora informado uma hora antes que militares pretendiam explodir uma bomba no local), convocava a entrevista para dar a sua versão sobre as medidas de emergência.


Começou acusando à imprensa de má fé, questionou o teor das noticias que os correspondentes em Brasília enviavam para os jornais, insistia nessa linha de confronto com os repórteres quando, de repente, se aborreceu com uma observação do radialista Honório Dantas, da Rádio Planalto.

Gravata e chave de braço

O radialista aproximava o gravador aos lábios do entrevistado quando foi surpreendido por um empurrão. O General, então, afastava o gravador e aos berros constrangia o jornalista: “Cale a boca, deixa eu falar e desligue essa droga”. Dantas afastou-se alguns passos e provocou, gravando: “De minha parte, depois de ser empurrado pelo general Newton Cruz, me sinto muito honrado”.
De costas, não percebeu a vulcánica reação do militar; descontrolado, livrou-se dos assessores que tentavam segurar o seu impulso, segurou o repórter pelo pescoço, em seguida aplicou-lhe uma chave de braço e na frente dos cinegrafistas ordenou:”Peça desculpas, moleque”. Dantas obedeceu: “desculpas”. Newton Cruz, ainda possesso, não se deu por satisfeito: “Não é assim. Diga eu peço desculpas”. O radialista repetiu a frase que a rede Globo exibiria à noite, durante o “Jornal Nacional”, revelando ao Brasil o destempero e truculência do comandante militar do Planalto.
(algo parecido aconteceu recentemente com o Senador Requiao... diferença de hoje para ontem.
A repercurssão nao foi abafada pelo espirito Natalino. Mas sim pela capacidade absurda da imprensa de FORMA GERAL
ter se portado como
Cinderelas Assustadas).
A repercussão do episódio foi sufocada pelo espírito de Natal, mas mesmo assim as entidades de classe reagiram emitindo comunicados de protesto; a Folha de São Paulo publicou um artigo assinado por Paulo Sérgio Pinheiro que destacou: “o abuso de autoridade e a agressão do general refletem a concepção que várias autoridades do regime fazem da imprensa e dos meios de comunicação”, observando:” sua excelência nada entende do funcionamento da moderna imprensa…apesar de sua larguíssima experiência no Serviço Nacional de Informações”.

O episódio inspirou, ainda, o título do livro de Fernando Jorge, Editora Vozes, sobre a violência contra a imprensa (Cale a Boca, Jornalista!) lançado em 1987.

A publicidade também se manifestou, através de uma pequena agência de Feira de Santana (VMA), interior da Bahia, que no dia seguinte publicou um anúncio sobre o episódio com o título: “Peça desculpas Sr General”. A 6º Região Militar pediu explicações à agência e ao jornal e o Prêmio Colunistas (premiação que destaca os melhores trabalhos publicitários) de 1984 conferia medalha de ouro à peça no formato de ¼ de página, mais pela coragem do que pelo layout.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

by Wikipédia



João Baptista de Oliveira Figueiredo,
(Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 1918Rio de Janeiro, 24 de dezembro de 1999) foi um geógrafo, político e militar brasileiro, tendo sido 30º Presidente do Brasil de 1979 a 1985 e o último presidente do período da ditadura militar.[1]
Nascido na Rua Sá Freire no bairro Imperial de São Cristóvão no Rio de Janeiro era filho do General Euclides Figueiredo, comandante da Revolução Constitucionalista de 1932[2], Figueiredo estudou no Colégio Militar de Porto Alegre, na Escola Militar de Realengo, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e na Escola Superior de Guerra. Ingressou na carreira política ao ser nomeado Secretário Geral do Conselho de Segurança Nacional do governo do Presidente Jânio Quadros e, em 1964, foi integrante do movimento que culminou com o Golpe militar de 1964, que depôs o então presidente João Goulart, e deu início ao Regime Militar no Brasil. Comandou e chefiou várias companhias militares durante os primórdios do Regime Militar, como a agência do Serviço Nacional de Informações (SNI) no Rio de Janeiro de 1964 a 1966, exerceu o comando da Força Pública de São Paulo de 1966 a 1967, do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas de 1967 a 1969 e foi Chefe do Estado-maior do 3º Exército em 1969.
Apontado pelo Presidente Ernesto Geisel, concorreu para presidente na eleição de 1978 pelo Aliança Renovadora Nacional (ARENA), na chapa com Aureliano Chaves para Vice-presidente. Seus adversários eram Gal. Euler Bentes Monteiro para presidente na chapa com Paulo Brossard, ambos do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Foi eleito pelo Colégio eleitoral com 355 votos (61,1%), contra 226 dados a Monteiro (38,9%). Em sua posse, pronunciou a famosa frase em que dizia que faria "deste país uma democracia".
Seu mandato foi marcado pela continuação da abertura política iniciada no governo Geisel, e pouco após assumir, houve a concessão de uma anistia ampla geral e irrestrita aos políticos cassados com base em atos institucionais. Em 1980, extinguiu-se o bipartidarismo instaurado. A partir disto, foi criado o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) como sucessor do MDB, e o Partido Democrático Social (PDS) como sucessor do ARENA, além de outros novos partidos; Figueiredo, assim, virou filiado ao PDS. Em 1982, engendrou-se uma reforma eleitoral para assegurar a situação maioria nas eleições de 1982 onde se defrontariam os governistas do PDS e quatro legendas de oposição. Contudo, durante o seu governo ocorreram vários atentados terroristas, atribuídos a setores da direita e militares da linha dura. Sua gestão ficou marcada pela grave crise econômica que assolou o mundo, com as altas taxas de juros internacionais, pelo segundo choque do petróleo em 1979, a disparada da inflação, que passou de 45% ao mês para 230% ao longo de seis anos, e com a dívida externa crescente no Brasil, que pela primeira vez rompeu a marca dos 100 bilhões de dólares, o que levou o governo a recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1982. Neste ano, houve a criação do estado de Rondônia.
Em 1983, têm início as campanhas das Diretas Já, que acabaram rejeitadas no Congresso Nacional. Entretanto, o governo Figueiredo promoveu a primeira eleição civil brasileira desde 1964, que decretava o fim do Regime Militar. Figueiredo apoiava o candidato do PDS, Paulo Maluf, que acabou sendo derrotado pelo candidato oposicionista Tancredo Neves. Como Tancredo veio a falecer antes de assumir a presidência, o Vice-presidente José Sarney, antigo membro do PDS, assume o poder. Figueiredo recusou-se entregar sua faixa presidencial a Sarney na cerimônia de posse em 1985, pois o considerava um "impostor", vice de um presidente que nunca havia assumido.[3] Foi o presidente que, até sua despedida, governou por mais tempo, depois de Getúlio Vargas. O ex-presidente faleceu no Rio de Janeiro, em 24 de dezembro de 1999 com insuficiências renal e cardíaca. Encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.

Vida antes da presidência
Aos onze anos de idade João Figueiredo iniciou sua carreira militar obtendo o primeiro lugar no concurso para o Colégio Militar de Porto Alegre transferindo-se a seguir para o Colégio Militar do Rio de Janeiro ingressando por fim na Escola Militar do Realengo onde optou pela Cavalaria. Aos quarenta anos trabalhou ao lado de Golbery do Couto e Silva no Estado-Maior do Exército e durante o curto governo de Jânio Quadros chefiou o Serviço Federal de Informações e foi secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional. Iniciado o Regime Militar de 1964 foi lotado na agência fluminense do Serviço Nacional de Informações. Em 1969 foi promovido a General de Brigada e comandou o Estado-Maior do III Exército pouco antes de ser nomeado chefe do Gabinete Militar no governo Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). Com a posse de Ernesto Geisel foi nomeado ministro-chefe do SNI, cargo do qual se afastou para se candidatar a Presidência da República.
Viveu no exílio na Argentina entre 1932 e 1934 pois seu pai comandara a Revolução Constitucionalista de 1932, no Vale do Paraíba no estado de São Paulo.
Casou-se com Dulce Figueiredo (Dulce Maria de Guimarães Castro) em 1942.

Presidência da República

Encontro de ditadores: o brasileiro, General João Baptista Figueiredo, com o argentino,Jorge Rafael Videla, e suas respectivas esposas.
 
 
Apontado pelo presidente Ernesto Geisel como seu sucessor em 31 de dezembro de 1977, Figueiredo foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral em 15 de outubro de 1978 como candidato da ARENA pelo escore de 355 votos contra 266 dados ao General Euler Bentes Monteiro do [[Movimento Democrático Brasileiro MDB. Vitorioso, prometeu a "mão estendida em conciliação" jurando fazer "deste país uma democracia".
No plano político concedeu anistia ampla geral e irrestrita aos políticos cassados com base em atos institucionais, permitindo o retorno ao Brasil dos exilados pelo Regime Militar. Logo após extinguiu o bipartidarismo e engendrou uma reforma eleitoral para assegurar à situação maioria nas eleições de 1982 onde se defrontariam os governistas do PDS e quatro legendas de oposição. Apurados os votos os adversários do regime obtiveram dez governos estaduais sendo nove do PMDB e um do Partido Democrático Trabalhista|PDT]] num equilíbrio inédito de forças desde 1965.
Embora tenha conquistado doze governos estaduais e tenha eleito a maior bancada no Senado Federal e na Câmara dos Deputados e conseguido o maior número de prefeitos e vereadores, a vitória do governo se deu em face de um conjunto de regras eleitorais talhadas para favorecer o pedessismo: proibição de coligações partidárias (forçando a incorporação do PP ao PMDB), voto vinculado (o eleitor só poderia votar em candidatos de um mesmo partido) e as sublegendas (nas eleições para senador e prefeito cada partido poderia lançar até três nomes). Ademais os eleitores das capitais dos estados e de municípios considerados áreas de segurança nacional e estâncias hidrominerais não puderam eleger seus prefeitos, o que só ocorreria em 1985. Também os eleitores de Rondônia ficaram privados de eleger seu governador pelo voto direto, situação remediada apenas em 1986.
Após as eleições o governo ensaiou em maio de 1983 uma tênue aliança com os parlamentares do PTB para reaver a maioria na Câmara, entretanto uma série de fissuras na bancada governista fez com que o Congresso Nacional rejeitasse em outubro o decreto 2.045 numa atitude inédita desde o início do regime militar. No mês seguinte o PT realizou em São Paulo a primeira manifestação em favor das eleições diretas para presidente. No início do ano seguinte houve em todo o país uma intensa mobilização popular em favor do tema num movimento denominado Diretas Já.

Os atentados e a abertura

Contudo, durante o seu governo ocorreram vários atentados terroristas, atribuídos a setores da direita e militares da linha dura. Em janeiro de 1980, ocorre uma onda de ataques e, nos meses seguintes, são registrados 25 atentados, sem vítimas, em sua maioria explosões de bombas em bancas de jornais que vendiam periódicos de esquerda, da chamada imprensa alternativa. A situação se agravou com a detonação, em 27 e 28 de agosto, de cartas-bombas enviadas ao vereador do Rio de Janeiro Antônio Carlos de Carvalho, do PMDB, e a Eduardo Seabra Fagundes, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em consequência desses atentados, o jornalista José Ribamar de Freitas, chefe de gabinete do vereador, ficou gravemente ferido e dona Lida Monteiro da Silva, secretária da OAB, faleceu. Imediatamente, os presidentes de todos os partidos reuniram-se no Congresso para manifestar solidariedade à luta contra o terrorismo.
O mais notório atentado, porém, aconteceu no Riocentro, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, na noite de 30 de abril de 1981, quando duas bombas explodiram durante um show de música popular promovido pelo Centro Brasil Democrático (Cebrade), em comemoração ao Dia do Trabalho. No local havia cerca de 20 mil pessoas, a maioria delas jovens. Não se sabe se por acidente ou imperícia, uma das explosões ocorreu num carro particular que manobrava no estacionamento, matando um dos ocupantes, o sargento Guilherme Pereira do Rosário, e ferindo gravemente o motorista, capitão Wilson Luís Chaves Machado, ambos do DOI-CODI do I Exército. A imprensa e a opinião pública se convenceram de que as vítimas eram os próprios terroristas, mas o general Gentil Marcondes, comandante do I Exército, divulgou a versão de que ambos cumpriam "missão de rotina" e determinou que o sepultamento do sargento fosse com honras militares.
O atentado provocou uma crise política, que acabou sendo solucionada à base de mútuas concessões. Não houve punição ostensiva aos militares integrantes da "linha dura" e o I Exército pôde fazer seu próprio inquérito, "concluindo" que os dois militares haviam sido "vítimas de uma armadilha ardilosamente colocada no carro do capitão". O governo negou conhecimento da operação no Riocentro, mas, em compensação, não ocorreu a partir daí nenhum outro atentado terrorista significativo. Tal solução, entretanto, não agradou a todos os membros do governo. No dia 6 de agosto, em decorrência da não-punição dos autores do atentado, o general Golbery do Couto e Silva, tido como o principal articulador do processo de distensão política, pediu demissão da chefia do Gabinete Civil, cargo que ocupava desde o início do governo Geisel, alegando "divergências irreconciliáveis".
Figueiredo atribuía os atentados aos "bolsões radicais porém sinceros", ou seja, militares linha-dura que não queriam que a abertura política de Figueiredo fosse em frente, por medo de revanchismo, caso a oposição chegasse ao poder.

Economia

Como presidente, discursou de forma marcante na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, criticando os altos juros impostos pelos países desenvolvidos.
Sua gestão ficou marcada pela grave crise econômica que assolou o Brasil e o mundo, com as altas taxas de juros internacionais, pelo segundo choque do petróleo em 1979, a disparada da inflação que passou de 45% ao mês para 230% ao longo de seis anos, e com a dívida externa crescente no Brasil que pela primeira vez rompeu a marca dos 100 bilhões de dólares, o que levou o governo a recorrer ao Fundo Monetário Internacional em 1982.
No entanto, em seu último ano de governo o país havia conseguido sair da recessão e o Produto Interno Bruto (PIB) atingido um crescimento superior a 7%. As contas externas também encontraram relativo equilíbrio ao final de seu governo, com uma explosão das exportações e aumento da independência nacional do mercado externo, especialmente na área do petróleo.
Implementou, também, o programa de incentivo à agricultura, que tinha como slogan "Plante que o João garante". Esse programa foi criado por Antônio Delfim Netto, então Ministro do Planejamento, e seu vice José Flávio Pécora. Muitos pequenos agricultores quebraram por causa dos incentivos, que visavam modernizar a agricultura brasileira.
A agricultura, porém, foi realmente modernizada, e o programa é grande responsável pelo Brasil, atualmente, ser um dos maiores e melhores exportadores agrícolas do mundo. O preço dos alimentos como feijão, arroz etc, (alimentos básicos) baixou consideravelmente, antes muito caros para a população mais humilde.
Aconteceu em 1981, uma grande seca no Nordeste do Brasil, acontecendo saques a armazéns pelos flagelados, e foram criadas frentes de trabalho para gerar renda para as vítimas da seca.
Também foi autor do maior programa de habitação da história do Brasil, construindo quase 3 milhões de casas populares - mais do que a soma de toda a história do BNH (Banco Nacional de Habitação, que posteriormente foi incorporado à caixa econômica) implantada pelo então Ministro do Interior Mario Andreazza.

Sucessão presidencial

Figueiredo e Paulo Maluf.
Em mensagem de fim de ano transmitida por cadeia nacional de rádio e televisão ao final de 1983 Figueiredo comunicou sua renúncia ao posto de coordenador da sucessão presidencial devolvendo tal prerrogativa ao PDS. Saudada como uma vitória pelos defensores de uma candidatura civil, tal atitude evidenciava, na verdade, a ausência de consenso nas fileiras partidárias quanto ao nome a ser escolhido dada a profusão de nomes tanto de origem militar (Costa Cavalcanti, Otávio Medeiros, Mário Andreazza) quanto civil (Paulo Maluf, Aureliano Chaves, Marco Maciel, Hélio Beltrão). Paralelo à efervescência de nomes no campo governista, a oposição preferiu se empenhar pelo retorno das eleições diretas para presidente na campanha das Diretas Já.
Contudo, mesmo fissurada, a ação política do governo foi eficiente: impediu, por falta de quórum, a aprovação da emenda de Dante de Oliveira, que propunha o retorno das eleições diretas do presidente da república, na Câmara dos Deputados. Isto impediu a apreciação da emeda pelo Senado Federal. Mesmo apoiada por 298 votos favoráveis e apenas 25 contrários, a ausência de 112 parlamentares impediu que se chegassem aos dois terços válidos à continuidade da proposição. Compelida a se readaptar ao novo cenário político, a oposição logo articulou a candidatura do governador mineiro Tancredo Neves à sucessão de Figueiredo. Seu companheiro de chapa foi o senador José Sarney que se filiou ao PMDB em agosto de 1984 como egresso da Frente Liberal, grupo de dissidentes do PDS que cerrou fileiras ao lado dos antigos rivais políticos, em especial após a derrota de Andreazza na convenção nacional do partido que escolheu Paulo Maluf como candidato presidencial do governo.
Apoiado em um espectro político que agregava tanto oposicionistas de primeira hora como uma crescente leva de dissidentes e mesmo o apoio dos prescritos partidos comunistas, Tancredo Neves se apresentou como candidato em comícios realizados pelo país e terminou por ser eleito Presidente da República em 15 de janeiro de 1985 por 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf e 26 abstenções. O vitorioso, porém, não chegou a governar pois foi internado na véspera da posse devido a um problema de saúde que o obrigou a se submeter a sete cirurgias, porém, a despeito das tratativas, Tancredo Neves faleceu em 21 de abril daquele ano.
Foi sucedido na presidência por José Sarney (seu antigo desafeto de partido), vice de Tancredo Neves, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional que, embora fosse candidato da oposição, havia recebido apoio até do ex-presidente Ernesto Geisel, com quem se encontrara três vezes.
Figueiredo não quis entregar a faixa presidencial a Sarney na cerimônia de posse em 15 de março de 1985, pois o considerava um "impostor", vice de um presidente que nunca havia assumido.
Depois de seu governo, afastou-se definitivamente da vida política. Ficou célebre a sua "declaração de despedida", dada ao jornalista Alexandre Garcia para a extinta TV Manchete: "Bom, o povo, o povão que poderá me escutar, será talvez os 70% de brasileiros que estão apoiando o Tancredo. Então desejo que eles tenham razão, que o doutor Tancredo consiga fazer um bom governo para eles. E que me esqueçam".
Foi o presidente do ciclo do regime militar com maior tempo de mandato: seis anos, sendo também o quarto mandatário com mais tempo à frente da Presidência da República, atrás somente de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso (oito anos) e de Getúlio Vargas (dezoito anos).

Principais realizações

Ronald Reagan e Figueiredo em montaria a cavalo.
  • Anistia aos punidos pelo AI-5 e perdão aos crimes de abuso de poder, tortura e assassinato cometidos por órgãos de segurança.
  • Extinção do bipartidarismo, o que dividiu a oposição entre os novos partidos criados e manteve a união dos arenistas, agora no PDS, que garantiram dessa forma a presidência da Câmara.
  • Garantiu o processo de abertura política, iniciado por Geisel, que resultou no fim do regime militar.
  • Estabeleceu o reajuste semestral do salário.
  • No seu governo foi criado o programa Grande Carajás.
  • Criação do Estado de Rondônia.
  • Amplo programa de reforma agrária no norte do Brasil.

 Extinção da TV Tupi

Em julho de 1980, Figueiredo assinou o decreto que extinguia a TV Tupi, a primeira emissora de televisão da América Latina. Sete emissoras foram lacradas. As emissoras de São Paulo a (TV Tupi São Paulo) e do Rio (TV Tupi Rio de Janeiro) estavam com dívidas. As emissoras de Belo Horizonte (TV Itacolomi), Recife (TV Rádio Clube de Pernambuco), Fortaleza (TV Ceará Tupi), Porto Alegre (TV Piratini) e Belém (TV Marajoara) estavam saudáveis, mas também foram fechadas. Cerca de um ano depois, Sílvio Santos obtém a concessão para utilizar os canais da TV Tupi São Paulo, TV Piratini (retransmissora da TV Tupi em Porto Alegre) e TV Marajoara (retransmissora em Belém).


Frases do General. Não vou comentar. Porque comparando com o presente e um passado nem tão pretérito assim, eu confesso que nao saberia o que dizer. by Deise



"Um povo que não sabe nem escovar os
dentes não está preparado para votar."

               "O difícil fáz-se logo. o impossível demora um pouco".
        "Todo povo é uma besta que se deixa levar pelo cabresto".

  • Sobre a abertura política: "Quem não quiser que abra, eu prendo e arrebento!"


  • Sobre o exercício do poder: "Prefiro cheiro de cavalo do que cheiro de povo".


  • Sobre a realidade econômica do país: "Sei que o Brasil é um país essencialmente agrícola. Viram, não sou tão ignorante quanto dizem".


  • Sobre as peculiaridades do Rio Grande do Sul: "Durante muito tempo o gaúcho foi gigolô de vaca".


  • Em resposta a um menino que perguntou o que faria se recebesse salário mínimo: "A única solução é dar um tiro na cuca".


  • Em resposta aos estudantes que o insultavam durante visita a Florianópolis, em Santa Catarina: "Minha mãe não está em pauta".


  • Sobre os rumores de um golpe contra Tancredo Neves: "O que sei é que no dia da posse vou embora de Brasília levando apenas minhas mulheres". Diante do espanto, a primeira-dama Dulce Figueiredo esclareceu: "É assim que ele se refere aos cavalos".



  • Em resposta ao jornalista André Luiz Azevedo, quando perguntado se o Ato Institucional nº 5 (AI-5) faria aniversário: "AI-5? Quem é esse menino?".



  • Em resposta à jornalista Leila Cordeiro, quando perguntado se seria candidato ao governo do Rio de Janeiro: "Tenho juízo, não sou maluco".


  • Sobre a militância política da classe artística: "Uma coisa que nunca entendi é porque todo artista, esse tal de Caetano Veloso por exemplo, tem de ser dessa tal de esquerda".  


  •          "E depois disso me esqueçam". Na Assinatura do AI-5

    Era assim. quem viveu, viu e sentiu. by Deise



    O Caso dos Generais

    Eles fizeram e aconteceram.
    Para o bem e o mal.
    Agora só querem sossego

    Leonel Rocha
    Para seus defensores, era Movimento Revolucionário 31 de Março. Para os críticos, Quartelada de 1º de Abril. Os primeiros acham que salvaram o Brasil de uma maré montante esquerdista, perfeitamente visível no governo João Goulart, por meio da qual o país seria irremediavelmente comboiado em direção a um sistema de governo socialista ou, pior ainda, a uma guerra civil. Já os adversários dos militares acham que o mais notável do governo dos fardados é que o Brasil foi privado da democracia e a repressão se instalou no país, chegando às câmaras de tortura, apoiadas por parte da corporação como forma de combater as organizações terroristas. Quinze anos depois do fim da ditadura militar, o que se conclui sobre aquele período é que ele foi uma zona de contradições. Os militares de fato conseguiram modernizar. Construíram estradas, hidrelétricas, estimularam fortemente a indústria nacional. Mas todo o avanço ficou aquém dos sonhos daqueles que dirigiam o país a partir da força de suas estrelas. Os generais remanescentes daquela fase da História nacional ilustram de certa forma aquilo que ficou do regime.
    Orlando Brito

    Figueiredo em sua última apariçãopública num momento de Glória como Presidente


    Durante os últimos dois meses, VEJA conversou com catorze dos mais importantes generais do regime de 64. São homens que estão chegando ou já chegaram à linha dos 80 anos, desligaram-se da vida pública há tempos e, na maioria, vivem de forma reclusa. Há várias notas comuns entre eles, além da farda que vestiram no passado. São pessoas tristes, como tantos velhos. Têm poucos amigos. Seu padrão de vida é bom, mas nenhum deles é rico. São senhores de classe média, o que desmente a impressão comum durante a ditadura de que a Revolução produziu enormes negociatas e alguns chefões militares milionários (e corruptos). Os generais aposentados pensam no regime que ergueram e sustentaram durante 21 anos e são críticos a respeito do que fizeram. Nenhum grupo ou pessoa – nem mesmo o imperador Pedro II – teve tanto poder para realizar um projeto no Brasil. Os militares tiveram tudo. Sufocaram a oposição e tinham um flexível instrumento jurídico, o Ato Institucional nº 5, que os livrava de obedecer à Constituição. Censuravam livros, imprensa, TV, teatro e cinema. Podiam contratar os técnicos que bem entendessem, redigiam seus orçamentos sem nenhum palpite do Congresso e nomeavam governadores como se contratassem capatazes de fazenda.
    Tinham dinheiro, pois os empréstimos internacionais eram fáceis e baratos em sua época. Sobretudo, tinham a idéia bem definida de transformar o Brasil numa potência capitalista do primeiro escalão, com influência política internacional. Não conseguiram. Eles imaginavam que seus dotes de quartel, como trabalho duro, objetividade, respeito hierárquico, pensamento lógico, hábito de planejamento, disciplina, espírito de corpo, os qualificariam como gerentes superiores. Erraram. Quando a ditadura se encerrou, em 1985, o Brasil era um país diferente, mais rico, mais moderno, mas estava longe de ser potência política ou econômica. Não por culpa dos civis, mas dos gerentes militares, o país mergulhou a seguir numa de suas piores crises econômicas. Que durou dez anos e, por ironia, só começou a ser resolvida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, forçado ao exílio pela Revolução.
    Os generais tiveram muito tempo para pensar. Hoje, quando se conversa com eles, o que se nota é frustração, entre outros sentimentos. A missão que se auto-atribuíram não foi cumprida. Talvez tenham percebido também que não são superiores em nada aos homens comuns. Nem em habilidades profissionais, em questões morais ou em amor pela pátria. É praticamente certo que a auto-imagem dos que governaram durante o regime de 64 foi de alguma forma abalada. E que o isolamento em que esses homens vivem seja em parte justificado pelo fato de que a Revolução não é bem-vista pela maioria esmagadora dos brasileiros. Ao deixar o poder, o último presidente militar, João Baptista de Oliveira Figueiredo, disse uma frase grosseira, bem ao seu estilo de cavalariano. "Quero que me esqueçam", afirmou Figueiredo quando um jornalista lhe perguntou que mensagem gostaria de passar aos brasileiros na hora em que se afastava da Presidência. Por ironia, as pessoas estão mesmo esquecendo as coisas boas que o regime militar fez. Mas as coisas más continuam vivas. Fala-se no milagre econômico dos anos 70 como uma preparação da crise econômica que viria, um prelúdio do desastre. Lembra-se dos mortos, torturados e desaparecidos. Há a lembrança, correta, de que muitos militares abusaram da farda para conseguir emprego, furar fila e estacionar o carro em lugar proibido.
    Entende-se, por tudo isso, que essa gente se tenha recolhido. E que muitos dos que foram poderosos há vinte ou trinta anos cheguem agora aos 80 anos com pontos de drama em sua vida. O primeiro presidente do ciclo de 64 foi o marechal Humberto de Alencar Castello Branco, um oficial intelectualizado que governou por pouco menos de três anos. Naquele tempo, até os militares achavam que sua intervenção seria passageira. Castello Branco morreu quatro meses depois de afastar-se do governo, em um acidente aéreo. O último presidente, o general Figueiredo, uma pessoa carrancuda, mais chegada a cavalos de raça do que a livros, governou seis anos, numa época em que já não havia razão, ou sentido, para um governo militar. A Guerra Fria estava terminando e o Brasil tinha perdido todo o empuxo econômico.
    João Figueiredo fará 82 anos em janeiro e é um homem muito doente. Começa a esquecer pessoas e fatos. Raramente sai de seu apartamento no luxuoso condomínio Praia Guinle, em São Conrado, no Rio de Janeiro, onde vive com a mulher, Dulce, na companhia de alguns seguranças e enfermeiras. Só recebe visitas dos filhos Paulo e João ou do irmão Diogo, também general da reserva. O general sempre levanta por volta das 8 da manhã. Já não pode ler ou escrever. De manhã, ele mata o tempo assistindo à TV, esperando a hora do almoço. Um segurança lhe faz a barba apenas duas ou três vezes por semana. Almoça sempre um prato leve preparado pela mulher e, no começo da tarde, volta a dormir. Até os passeios de carro que fazia à tarde na orla do Rio entre os bairros de São Conrado e a Barra escassearam.
    Em nada se parece com o homem atlético que montava cavalo, fazia ginástica e posava de sunga para fotografias à beira da piscina. Sua hérnia de disco, que adquiriu na prática da equitação, limita seus movimentos. Ele só caminha amparado por um segurança ou um enfermeiro. Perdeu 70% da visão. Sofre de incontinência urinária. Seus rins não funcionam bem e toda noite, enquanto dorme, se submete a hemodiálise peridural, o que o obriga a permanecer com um cateter preso ao ventre durante o dia. Há duas semanas, foi internado pela segunda vez neste ano na Casa de Saúde São José, no Rio, para uma bateria de exames. No quarto 815 do hospital, poucos foram visitá-lo. Apenas o irmão Diogo, os filhos, a mulher e dois ou três amigos. O general está só. Está esquecido, como havia pedido aos brasileiros.
    Em vários sentidos, o sofrimento do ex-presidente comove. Figueiredo foi um bom oficial, nunca teve jeito para ditador, de certa maneira é um homem modesto, teve a ambição de ser querido pelas pessoas e, afinal, entregou o governo a um civil (Tancredo Neves) que lhe fazia oposição. Pôs fim à ditadura que ajudou a criar e saiu de cena. Faltavam-lhe vocação e legitimidade para exercer a Presidência. Além disso, para alguém com sua responsabilidade, foi um péssimo fazedor de frases. Certa vez disse que preferia o cheiro de cavalos ao do povo. De outra, falou que "quem não quiser a abertura, eu prendo e arrebento". Essas frases, evidentemente, não poderiam ser tomadas em seu sentido literal. Mas foram ditas num momento em que os brasileiros sofriam com o fracasso econômico e simplesmente não suportavam mais os governos militares.
    Era inevitável que tivesse saído do governo como saiu, sem um pingo de prestígio político, sem nenhum reconhecimento. São impressionantes as coisas que acontecem atualmente com o homem que atingiu o topo da casta militar e governou o país por tanto tempo. Há dois anos, desesperado com o problema da hérnia, apelou para o curandeirismo. Submeteu-se a uma cirurgia espiritual, feita por um médium que diz incorporar o espírito do "Doutor Fritz", o mesmo que movia o falecido Zé Arigó. Não adiantou. O general também está com problemas financeiros. Há pelo menos quatro anos tenta vender uma propriedade que possui em Petrópolis, o Sítio do Dragão, mas não acha comprador. Já vendeu objetos de valor ganhos na época em que era presidente da República e aceitou doações de amigos para pagar o tratamento médico. Figueiredo recebe aposentadoria do Exército de 6.000 reais por mês, além da de ex-presidente, de 8.500. Ele se trata por um plano de saúde privado e quer distância dos hospitais públicos, que não considera confiáveis.
    A última aparição pública de Figueiredo ocorreu há quatro meses. A convite de quinze amigos, o ex-presidente almoçou na churrascaria Oásis, no Rio, perto de onde mora. Estavam lá alguns de seus antigos colaboradores, como os ex-ministros Nestor Jost, da Agricultura, Alfredo Karam, da Marinha, e Ernane Galvêas, da Fazenda, e o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Gil Macieira. Ele não deixará nenhum testemunho sobre sua vida. Há pouco tempo, os amigos Antonio de Oliveira Santos, presidente da Confederação Nacional do Comércio, e Ernane Galvêas tentaram convencê-lo a gravar um depoimento sobre o tempo em que ficou no governo. Ele concordou, chegou a gravar algumas fitas, mas desistiu e destruiu todo o material que tinha gravado. "Agora não há mais tempo. Ele começou a se esquecer de coisas", disse Galvêas.
    Como fato histórico, o movimento militar de 64 é uma conta ainda não encerrada. A seu respeito, muitas coisas precisam ser pesquisadas e esclarecidas pelos historiadores. E, por sua proximidade no tempo – a maioria de seus protagonistas ainda vive – , é difícil julgar isso e aquilo com isenção. Mas algumas coisas podem ser afirmadas com certeza. Os militares brasileiros sempre se julgaram possuidores do direito de tolerar ou vetar atos políticos praticados pelos paisanos. Vetaram e exilaram o imperador em 1889. Deram um fim à República Velha em 1930, trocando o presidente eleito, Júlio Prestes, pelo candidato derrotado, Getúlio Vargas. Depuseram o ditador Getúlio, em 1945, e contribuíram ativamente para o fim de seu segundo governo, este eleito democraticamente, em 1954. Atazanaram a vida dos presidentes civis que se seguiram. Mas foi só no ambiente de radicalização política da época de João Goulart que os militares mudaram a prática.
    Em 1964, decidiram não apenas substituir um paisano por outro. Eles próprios assumiram o comando. Em contraste com o que veio depois, o marechal Castello Branco foi um brando reformador. Do ponto de vista econômico, suas reformas foram boas. Em seu governo foi criado o Banco Central, o mercado aberto para os títulos públicos e o Banco Nacional da Habitação, o BNH. A inflação foi controlada. Segundo historiadores, Castello pretendia promover eleições diretas após a intervenção. Só que era uma época de divisão aguda entre capitalismo e comunismo e a guerra entre as duas correntes se dava tanto nas selvas do Vietnã quanto nas ruas de Paris. Os militares ficaram, com uma diferença. Além de financiar empresas, fortalecer estatais, tomar empréstimos externos para estimular o desenvolvimento econômico, iriam também surrar a oposição. De várias maneiras. Nos casos mais simples, cassando os direitos políticos dos opositores ou decretando sua aposentadoria nos cargos públicos. Nos casos mais graves, sua ala mais radical prendeu, torturou, matou.
    É pela marca da linha dura que se conhecerá o período de sete anos durante o qual governaram dois outros militares, o marechal Artur da Costa e Silva (que morreu de trombose em 1969) e o general Emílio Garrastazu Médici, falecido em 1985. O sucessor de Médici foi Ernesto Geisel, pertencente a uma outra família – esta disposta a acabar com a tortura e iniciar a distensão política. Como queria Geisel, a abertura política seria lenta. Foi lentíssima. Durou dez anos. Na forma e na prática, a ditadura de 64 foi diferente de outras que se espalharam pelo mundo. Nenhum de seus chefes quis permanecer indefinidamente no Planalto. Davam ao seu revezamento uma aparência de legitimidade – eram empossados pelo voto de um colégio eleitoral. O Congresso foi fechado, mas por períodos breves. Os políticos de oposição podiam ao menos fazer discursos, embora se arriscassem a perder o mandato. Os militares que torturaram não foram punidos e a probabilidade é de que nunca se saiba quem eram e quantos eram. Mas também não subiram na carreira. A tortura e o assassinato não foram digeridos entre os colegas de arma e é compreensível que muitos se envergonhem até hoje dessa mancha.
    A revolução perdeu o rumo econômico na segunda metade da década de 70. Por essa época, investimentos pesados já estavam feitos na infra-estrutura do país (nos setores de energia e de telecomunicações, por exemplo) e a indústria leve, de consumo, estava suficientemente preparada para uma abertura econômica. A prudência recomendava essa abertura, assim como a contenção dos gastos públicos, para evitar a inflação, e do endividamento externo. Mas para que frear a máquina, se ela estava correndo, dava empregos, exibia progressos – e tudo isso escondia a falta de eleições e todos os outros defeitos revolucionários? Economicamente, o regime de 64 encerrou-se em 1981, com a crise da dívida. Politicamente, foi liquidado em 1982, com a primeira eleição direta para governadores. Os militares nunca fizeram questão de adular eleitores. Figueiredo foi o único que tentou, e não conseguiu. Desprezavam os políticos tradicionais. Por isso não podiam mesmo voltar à política nos braços do povo, como aconteceu com Getúlio. Restou-lhes tempo e o sofá de casa, para reflexão. UEIREDO

    O general João Baptista Figueiredo assumiu a Presidência em 15 de março de 1979. Logo no início de seu governo, enfrentou os resultados do fim do "milagre econômico". A taxa de crescimento do PIB caiu rapidamente, chegando a -4% em 1983. A crise econômica significava também o desemprego e a queda do poder aquisitivo dos salários, comprometidos pela inflação.

    De 1979 a 1981, ocorreram movimentos grevistas em todo o país, envolvendo milhares de trabalhadores de várias categorias, que reivindicavam melhores salários. O governo federal reprimiu esses movimentos, intervindo em sindicatos, destituindo suas diretorias e prendendo seus integrantes. Em agosto de 1981, as lideranças sindicais se reuniram na primeira Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras (Conclat), na tentativa de organizar o movimento sindical em âmbito nacional. Dois anos mais tarde foi criado a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que, apesar de no início não ser reconhecida oficialmente, representava uma grande parcela dos trabalhadores brasileiros.

    A recessão econômica aprofundava a insatisfação popular com relação ao sistema político. O presidente Figueiredo deu prosseguimento à política de "abertura" e deixou as claras suas intenções logo no início do seu governo, declarando "Juro que farei deste país uma democracia". No seu governo foram dados os passos importantes nessa direção, mas sempre sob o controle do poder central.

    Em agosto de 1979 foi assinada a Lei da Anistia, suspendendo as penalidades impostas aos opositores do regime militar. Assim, foram libertados os últimos presos políticos e os exilados puderam voltar ao Brasil. Ampla e irrestrita, a Lei da Anistia garantiu, por outro lado, o esquecimento dos crimes cometidos contra as oposições nos anos anteriores. Ainda em 1979, dando continuidade ao processo de "abertura" política, o governo extinguiu o bipartidarismo. No lugar da Arena e do MDB, organizaram-se cinco partidos:

    * Partido Democrático Social (PDS), reunindo a maioria dos integrantes da antiga Arena;

    * Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), sucessor do MDB; o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que reivindicava a herança do trabalhismo de Getúlio Vargas juntamente com o Partido Democrático Trabalhista (PDT);

    * Partido dos Trabalhadores (PT), de tendência socialista, que reunia os setores ligados ao movimento sindical que se reorganizava desde 1978.

    Um sexto partido, o Partido Popular, formado por dissidentes da Arena, teve curta duração e integrou-se ao PMDB.

    A Filosofia de cada. No fundo, a maioria perversa.by Deise




              Emile Durkheim   
                                         
    Emile Durkheim

    "O papel do Estado, com efeito, não é exprimir, resumir o pensamento irrefletido da multidão, mas sobrepor o mesmo"  

                                           Hebert Spencer
    Hebert Spencer

    O culto dos heróis é o mais forte onde a liberdade humana é menos respeitada.

    Karl Marx

    Karl Marx
    "Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.

    Hannah Arendt

    Hannah Arendt
    "O mais radical revolucionário tornar-se-á um conservador no dia seguinte à revolução"

    Rosa Luxemburgo

    Rosa Luxemburgo
    "A liberdade apenas para os partidários do governo, apenas para os membros do partido, por muitos que sejam, não é liberdade. A liberdade é sempre a liberdade para o que pensa diferente".

    Max Weber

    Max Weber
    "O político deve ter: paixão por sua causa; ética em sua responsabilidade; mesura em suas atuações."

    Nicolau Maquiavel

    Nicolau Maquiavel
    "Amor e Temor. Creio que seriam desejáveis ambas as coisas, mas, como é difícil reuní-las, é mais seguro ser temido do que amado."


    Thomas Hobbes

    Thomas Hobbes
    "Pactos sem a Espada são Apenas Palavras"

    Talcott Parsons

    Talcott Parsons
    " Somente atraves da Educação será possivell uma integração real"

    Rei Juan Carlos

    Rei Juan Carlos
    " Por que não te calas"

    Dwight D Eisenhower

    Dwight D Eisenhower
    “Vocês estão para embarcar na Grande Cruzada”. “Os olhos do mundo estarão sobre vocês”. (DIA D - Hora H) 

    Winston Churchill

    Winston Churchill
    A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas; a vantagem do socialismo é a igual distribuição das misérias. 

    Adolf Hitler

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    "Toda propaganda tem que ser popular e acomodar-se à compreensão do menos inteligente dentre aqueles que pretende atingir." 

    Joseph Goebbels

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