quinta-feira, 12 de junho de 2025
Consulta medica sem escuta é diagnóstico falho
by Deise Brandão
Na teoria, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais abrangentes sistemas de saúde pública do mundo. Na prática, porém, o que chega até o cidadão muitas vezes se distancia do ideal. Não apenas por falta de estrutura ou profissionais — que, sim, enfrentam sobrecarga e condições difíceis — mas, sobretudo, por um esvaziamento do que deveria estar no centro do cuidado: o vínculo humano.
É comum escutar relatos de pessoas que procuraram atendimento por sintomas como tontura, pressão alta ou insônia, e saíram com um punhado de requisições de exames, receitas prontas e nenhuma explicação. Não houve consulta: houve despacho. E isso não é cuidado.
Uma senhora com histórico de pânico pode ser encaminhada a uma tomografia do crânio sem qualquer preparação, sequer uma conversa sobre os porquês, os riscos, os efeitos adversos ou o que se espera investigar. Um homem em crise emocional pode ser medicado sem escuta. Uma jovem com dores persistentes pode ser rotulada como “ansiosa” sem ser examinada. Isso acontece diariamente, em postos de saúde e emergências de todo o país.
A chamada medicina da família deveria representar o oposto disso. Criada com o intuito de garantir atenção primária integral, ela propõe o acompanhamento contínuo e personalizado de cada indivíduo e núcleo familiar. Mas quando o modelo se reduz à burocracia, perde-se a essência: a confiança. E onde não há confiança, não há prevenção, nem cuidado, nem adesão a tratamentos. Há medo, desamparo e afastamento.
Não se trata de atacar médicos — muitos dos quais são guerreiros em meio ao caos, tentando fazer o melhor com o pouco que têm. Mas é necessário reconhecer que o sistema, tal como está, adoece também a relação médico-paciente. Quando o paciente vira número, e o médico vira carimbo, ambos perdem.
Em tempos de prontuários digitais e inteligência artificial, paradoxalmente o que falta é tempo para olhar nos olhos, ouvir uma queixa até o fim, construir uma hipótese com base na história de vida — e não apenas nos marcadores biológicos.
Saúde pública de verdade exige mais do que remédio gratuito e exames agendados.
Exige a coragem de reumanizar o cuidado. De lembrar que nenhum exame de imagem enxerga o que uma boa escuta é capaz de revelar.
Não é mais possível a saúde pública limitar-se a fornecer paliativos mínimos para as consequências, negando-se a combater a causa. Recursos existem — sejam em verbas, impostos — que viram prédios, planilhas, números, estatísticas... e poucos profissionais de fato capacitados para o atendimento na saúde pública, ainda que sejam excelentes em suas áreas.
Saúde pública não é sinônimo de "despachante".
Enquanto isso não for prioridade, seguiremos vivendo uma medicina cada vez mais tecnológica, automática, mecânica, “matemática” — e cada vez menos terapêutica.
12 de Junho: Sobre o Amor que não vira data
by Deise Bandão
Nunca fui boa em comemorar o Dia dos Namorados. Talvez por distração. Talvez por desencaixe. Ou quem sabe por não ter aprendido a esperar flores numa quarta-feira qualquer só porque o calendário mandou.
Já fui casada, ja namorei longo, ja vivi junto, já fiquei por ficar, já amei outras tantas, e ainda assim não guardo na memória um 12 de junho sequer que tenha ficado marcado como celebração. Nenhum jantar especial, nenhuma foto em moldura, nenhuma lembrança com laço vermelho. Mas isso não quer dizer ausência de amor — quer dizer outra forma de senti-lo.
Tem gente que ama no silêncio do café coado, no cuidado com o cobertor puxado de madrugada, no “me avisa quando chegar”. Tem amor que não precisa de reservas no restaurante, nem de surpresa com balões. Amor que mora na cumplicidade de uma conversa boba, no apoio que ninguém vê, na escolha de ficar mesmo quando tudo pede pra ir.
Hoje, 12 de junho, celebro todos os afetos que nunca foram postados, todos os companheirismos que não deram certo nem no inicio ou meio e que se encaminhou para o fim. Celebro os aprendizados, as pausas, os términos que me ensinaram sobre recomeços — inclusive comigo mesma.
Celebro, enfim, a maturidade de entender que o amor mais importante talvez não seja o que a gente encontra, mas o que a gente cultiva dentro, com o tempo e com verdade.
Se você tem alguém, que seja leve.
Se está só, que seja inteiro.
E se não tiver motivos pra comemorar hoje — tá tudo bem também.
Nem todo amor precisa virar data, notícia, selfie ou like. Mas todos precisam ser sentidos e vivenciados.
quarta-feira, 11 de junho de 2025
O bobo da corte: o único homem que podia rir do rei — e sobreviver
by Deise Brandão
Em uma época em que uma simples palavra errada podia custar a cabeça… existia um homem que zombava do rei, debochava dos nobres e ainda era bem pago por isso.
Ele se vestia com roupas coloridas, usava um chapéu com guizos e fazia todos rirem… Mas o que poucos sabem é que, por trás do riso, o bobo da corte era uma figura política, estratégica — e muitas vezes temida.
Na Idade Média, o bobo da corte não era apenas um palhaço. Era uma das poucas pessoas com liberdade para falar o que quisesse dentro de um castelo.
Seu papel ia muito além da diversão: ele fazia críticas sociais mascaradas de piada, expunha a hipocrisia da nobreza e até aconselhava reis em decisões importantes — tudo isso usando o riso como escudo.
Mas cuidado: se a piada fosse longe demais… o final podia ser trágico.
Muitos bobos desapareceram sem deixar rastro ao atravessar a tênue linha entre a ousadia e a insolência.
Vivendo entre o luxo e o perigo, esses homens (e às vezes mulheres) tinham acesso aos banquetes, aos salões reais e às conversas mais secretas. Era comum que fossem treinados em música, teatro, poesia e até acrobacias — verdadeiros artistas da sobrevivência.
Um dos mais famosos foi Triboulet, o bobo que serviu dois reis franceses. Dizem que ele era tão inteligente quanto insolente. Quando irritou Francisco I, o rei decidiu executá-lo. Mas, em um gesto de “bondade”, permitiu que Triboulet escolhesse a forma como morreria. A resposta foi brilhante: "Quero morrer de velhice."
O rei não apenas riu — como o perdoou.
Hoje, o bobo da corte virou símbolo de irreverência, coragem e crítica social.
Naquela época, ele era o espelho que mostrava aos poderosos aquilo que ninguém mais ousava dizer. E fazia isso… sorrindo.
domingo, 8 de junho de 2025
O Efeito Dunning-Kruger: Por que quem menos sabe costuma achar que sabe mais?
"O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano."
A frase de Isaac Newton, dita há séculos, talvez nunca tenha feito tanto sentido quanto agora. Vivemos na era da informação – e da desinformação. E, mesmo com tanto conteúdo acessível, o conhecimento profundo continua sendo um desafio. Pior: quanto menos sabemos sobre um assunto, maior a chance de acharmos que sabemos demais. Essa percepção enganosa tem nome e sobrenome: efeito Dunning-Kruger.
by Deise Brandão

Afinal, o que é o efeito Dunning-Kruger?
Trata-se de um viés cognitivo identificado pelos psicólogos David Dunning e Justin Kruger. Eles observaram que pessoas com pouca habilidade ou conhecimento em determinada área tendem a superestimar suas capacidades, enquanto especialistas reais frequentemente subestimam o próprio saber. Em outras palavras: quem mais sabe costuma duvidar de si, e quem menos sabe, confia demais no próprio julgamento.
O estudo original, publicado em 1999 no Journal of Personality and Social Psychology, consistiu em testes de lógica e gramática. Após responderem, os participantes avaliavam seu próprio desempenho. O resultado? Os piores colocados se achavam os melhores. Já os mais preparados tinham uma visão mais crítica (e realista) de si mesmos.
Onde esse fenômeno aparece?
Você com certeza já esbarrou com o Dunning-Kruger por aí – talvez até sem saber. Está nas redes sociais, nos grupos de WhatsApp, nos debates sobre política, saúde, futebol ou qualquer outro tema. São os “especialistas de internet”, que nunca estudaram medicina, mas questionam médicos; ou os que nunca pisaram numa universidade, mas se sentem aptos a ensinar professores.
Exemplos do dia a dia não faltam:
- A pessoa que viu algumas séries policiais e acha que entende de Direito Penal.
- O fã de futebol que acredita saber mais do que técnicos profissionais.
- A criança que estudou pouco e acha que tirou 10, enquanto a mais aplicada se julga insuficiente.
Tudo isso tem a ver com o chamado erro de calibração – tanto de quem sabe pouco quanto de quem sabe muito. É preciso ter uma visão abrangente de um tema para perceber o quanto ainda não se sabe sobre ele. E isso exige estudo, humildade e autocrítica.
As consequências de achar que sabe tudo
Embora pareça inofensivo à primeira vista, o efeito Dunning-Kruger pode gerar consequências sérias:
- Ignorância progressiva: a pessoa deixa de buscar conhecimento porque acredita já dominar o assunto.
- Constrangimentos sociais: falações fora de contexto e com falsa autoridade.
- Decepções e fracassos: quando a realidade confronta a falsa autoconfiança.
- Sensação de injustiça: o sujeito acredita que merece reconhecimento que não condiz com seu preparo.
E o outro lado? A síndrome do impostor
Na outra ponta do espectro está quem sabe muito, mas duvida de si. É a chamada síndrome do impostor, comum sobretudo entre mulheres no ambiente corporativo. A pessoa acredita que não merece suas conquistas, teme ser "descoberta como fraude", evita promoções e oportunidades, e, muitas vezes, se sobrecarrega tentando compensar uma suposta falta de competência.
Esse sentimento pode levar à autossabotagem e até a quadros de Burnout – problema grave de saúde mental, cada vez mais comum no Brasil.
Curiosamente, essas pessoas muitas vezes se comparam àquelas acometidas pelo efeito Dunning-Kruger, aumentando ainda mais sua insegurança.
Como evitar cair na armadilha?
- Embora ninguém esteja imune, há caminhos para evitar ou amenizar os efeitos:
- Busque conhecimento constante: aprender exige tempo, dedicação e humildade. Ninguém se torna expert de um dia para o outro.
- Aceite que não saber tudo é normal: reconhecer seus limites é sinal de inteligência, não de fraqueza.
- Peça feedback sincero: ouça pessoas em quem confia e esteja aberto a críticas construtivas.
- Desconfie da autoconfiança exagerada – principalmente quando ela surge sem base sólida.
A gota e o oceano
Saber que somos apenas uma gota num oceano de conhecimento não é desanimador – é libertador. A consciência da nossa ignorância é o primeiro passo rumo ao verdadeiro saber. Não se trata de se sentir pequeno, mas de manter a sede por aprender.
Evitar o efeito Dunning-Kruger e combater a síndrome do impostor são movimentos complementares. Ambos passam por autoconhecimento, estudo constante e, principalmente, empatia: entender que todos estamos aprendendo. Sempre.
sexta-feira, 6 de junho de 2025
REcordar é Viver: 2003 - Lula volta a Pelotas, cidade que chamou de exportadora de "veados"
Lula volta a Pelotas, cidade que chamou de exportadora de "veados"
da Folha de S.Paulo, em Pelotas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta hoje a Pelotas (RS) pela primeira vez desde que chamou a cidade de "pólo exportador de veados", em 2000. O prefeito Fernando Marroni (PT) disse que a população local não tem ressentimentos e que a cidade está "muito honrada" em recebê-lo.
Marcos Fernandes, do grupo "Também", que defende "a expressão das homossexualidades", disse que a frase de Lula foi apenas uma brincadeira e que o episódio está superado.
A frase, dita por Lula em tom de brincadeira numa conversa privada com Fernando Marroni na Câmara, foi captada pelo microfone de uma televisão e explorada na campanha da eleição municipal daquele ano --o que não impediu a eleição de Marroni. Lula não visita Pelotas desde 98.
O presidente chega a Pelotas às 14h45 para visitar a Fenadoce, tradicional feira de doces da cidade. Depois da visita, ele segue para Assunção, no Paraguai, para participar de um encontro de cúpula do Mercosul, que se realiza hoje e amanhã.
Folha de S.Paulo
17/06/2003 - 08h17
quinta-feira, 5 de junho de 2025
Caso Vitória Regina de Sousa – Um Crime Brutal e Perguntas Sem Respostas
Vitória Regina de Sousa, uma jovem de 17 anos, cheia de sonhos e apaixonada pela ideia de trabalhar com necropsia, teve sua vida brutalmente interrompida em 26 de fevereiro de 2025. Após sair do trabalho em um shopping em Cajamar (SP), ela desapareceu.
by Deise Brandão
O encontro do corpo
Uma semana depois, em
5 de março, seu corpo foi encontrado em uma mata no bairro Ponunduva: degolado,
nu, com cabelos raspados e marcas de tortura. Essas foram as primeiras notícias
divulgadas pela mídia nacional. No entanto, três meses após o crime, a
investigação parece estagnada, a imprensa silenciou e perguntas incômodas
permanecem sem resposta.
Maicol Sales dos
Santos, indiciado como autor, é o único foco da polícia, mas suspeitas de
manipulação política, conexões obscuras e falhas investigativas sugerem que a
verdade está longe de ser revelada. É hora de reacender a chama da justiça por
Vitória. Com sorte, este pode ser o início do fim dos casos sem solução, em sua
maioria marcados por negligência, descaso ou fraude do Estado.
Relembre o caso
Vitória saiu do
shopping por volta da meia-noite. Pegou um ônibus e, pouco depois, enviou
mensagens de voz a uma amiga relatando medo: dois homens estariam observando-a
no ponto. Imagens de câmeras de segurança captaram um Toyota Corolla prata
próximo ao local, veículo posteriormente vinculado a Maicol.
O corpo de Vitória
foi localizado no dia 5 de março, em uma trilha de difícil acesso, pela Guarda
Municipal. Segundo notícias nacionais, o prefeito disponibilizou cerca de 100
homens para as buscas. Ela estava degolada, com cortes profundos, cabelos
raspados e mãos embaladas com sacos plásticos — método típico de ocultação de
vestígios.
Em outra das diversas
versões, seu corpo foi descrito como nu, com os cabelos raspados, mãos cobertas
por sacos plásticos, e apresentando marcas de tortura e cortes profundos no
rosto, tórax e pescoço.
A brutalidade do
crime causou comoção nacional e levantou suspeitas de vingança, misoginia e
envolvimento de pessoas influentes. O laudo do IML concluiu que a causa da
morte foi choque hipovolêmico por facadas, sem indícios de violência sexual.
Em podcast, o
apresentador Marcondi afirma ter posse dos laudos e menciona que um molar foi
arrancado. Já no podcast do delegado Lordello — que também alega ter acesso aos
laudos, embora não tenha vínculo com o caso — foi mencionada uma fratura na
mandíbula.
A brutalidade do crime e as contradições da
polícia
Vitória foi vista
pela última vez após descer de um ônibus, enviando mensagens a uma amiga com
medo de estar sendo seguida por dois homens. Câmeras captaram um Toyota Corolla
prata, ligado a Maicol, próximo ao local. O corpo, encontrado em 5 de março,
apresentava ferimentos brutais: três facadas fatais, cortes no pescoço, tórax e
rosto, mãos enroladas em sacos plásticos (para evitar vestígios de DNA) e
cabelos raspados — um sinal que o delegado Aldo Galiano Júnior associou a
crimes de vingança. O laudo do IML confirmou a causa da morte, mas descartou
violência sexual, reforçando a tese de um ataque planejado. (29/03)
A investigação,
conduzida pelos delegados Aldo Galiano Júnior (Seccional de Franco da Rocha),
Fábio Lopes Cenachi (Delegacia de Cajamar) e Luiz Carlos do Carmo (Demacro),
indiciou Maicol por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver.
Ele confessou o crime em 17 de março, mas sua defesa alega coação policial,
apontando que a confissão foi obtida na madrugada, sem advogados, violando a
lei. A reconstituição do crime, em 24 de abril, foi um fracasso: mal planejada,
sem transparência e com Maicol se recusando a participar, exigindo figurantes.
Contradições sobre o cabelo de Vitória (raspado ou caído por decomposição?) e a
ausência de laudos periciais completos levantam dúvidas sobre a competência da
polícia. (29/03 e 05/05)
Maicol: culpado ou peão em um jogo maior?
Em 17 de março,
Maicol confessou o crime, mas sua defesa alegou coação, ausência de advogado e
violação à Lei de Abuso de Autoridade. A reconstituição do crime, marcada para
24 de abril, foi desorganizada e pouco esclarecedora. Maicol se recusou a
participar; figurantes encenaram a ação. Laudos periciais essenciais seguem
pendentes ou são contraditórios — o caso do cabelo, inicialmente “raspado”,
depois atribuído à “decomposição”, é emblemático.
Maicol, vizinho de
Vitória, foi descrito como um “stalker” obcecado, monitorando-a nas redes
sociais desde 2024. Vestígios de sangue em seu carro e relatos de gritos em sua
casa o incriminam, mas há furos na narrativa. Um cabelo loiro e encaracolado
encontrado no veículo não pertence a Vitória, sugerindo a presença de outra
pessoa. A defesa de Maicol insiste que ele foi coagido a confessar por um
delegado não identificado. Você, leitora, questionou se ele seria capaz de
planejar um crime tão complexo sozinho.
Inicialmente, a
polícia investigou sete suspeitos, incluindo o ex-namorado Gustavo Vinícius
Moraes e Daniel Lucas Pereira, mas descartou todos sem justificativas claras,
focando apenas em Maicol. Seria ele um bode expiatório para proteger alguém
mais poderoso? (23/03 e 29/03)
O crime e as contradições: falhas, vazamentos e
silêncio
A investigação foi
marcada por falhas: laudos do IML incompletos, contradições sobre o cabelo de
Vitória, e uma reconstituição que não esclareceu nada. A mídia, inicialmente
sensacionalista, transformou o caso em um “circo”, com vazamentos seletivos que
prejudicaram a família.
O advogado Fábio Costa, representante dos Sousa, foi criticado por priorizar entrevistas na TV em vez de ações concretas, como transferir o inquérito para a Polícia Federal. A influência de Kauã na mídia local pode estar por trás do silêncio atual, enquanto a família de Vitória clama por justiça. (24/04 e 18/03)
Inconsistências e falhas na investigaçãoLaudos periciais contraditórios
Demora e contradições técnicas, especialmente quanto ao cabelo de Vitória, geram suspeitas de manipulação ou negligência. O laudo que apontava cabelo raspado foi substituído por versão que alegava decomposição — sem respaldo técnico consistente.
Confissão sob coação
Maicol confessou sem presença de advogado, durante a madrugada, o que infringe a Lei nº 13.869/2019 (Abuso de Autoridade) e o artigo 5º, inciso LXIII da Constituição Federal. A validade da confissão é seriamente comprometida. A polícia não menciona para quem foi a mensagem enviada por Maicol.
Reconstituição irregular
A reconstituição do crime foi inócua. Sem a presença do acusado, feita com figurantes, e sem transparência. Nenhum relatório completo foi divulgado à imprensa ou à defesa.
Foco exclusivo em Maicol
Outros suspeitos foram descartados sumariamente. Nenhuma linha de investigação foi ampliada, e testemunhas que poderiam colaborar com outras hipóteses foram ignoradas.
Mídia controlada
Após o luto oficial decretado por Kauã, o caso sumiu das manchetes. A imprensa local parece alinhar-se com os interesses do prefeito. Vazamentos ocorreram de forma seletiva, sem que os autos fossem acessíveis às partes.
Kauã Berto: o prefeito no centro das suspeitas
Kauã Berto, atual prefeito de Cajamar, tem apenas
24 anos e foi eleito com 92% dos votos em 2020. Jornalista por formação, é
ex-secretário de comunicação e tem amplo acesso à mídia e aos bastidores do
poder local. Após o assassinato, decretou luto oficial por três dias e publicou
postagens emotivas, afirmando que Vitória tinha um "coração enorme" e
o "chamava de irmãozinho".
Ninguém se
interessou em perguntar qual a real relação de Kauã com Vitória para fazer
afirmações que sugerem intimidade. Não foi Vitória quem disse, foi Kauã Berto.
Em que momento a vida de ambos se encontraram para que o prefeito prestasse
atenção em todos os atributos que menciona à vítima?
Limitou-se polícia
e mídia a considerar declarações performáticas. Após o enterro, o prefeito
silenciou sobre o caso. A hipótese de que Kauã manipula a cobertura midiática é
fortalecida por sua ligação com Danilo Joan, ex-prefeito, e por sua
popularidade digital.
O prefeito também
criticou a postura da polícia nas investigações e afirmou, em entrevista no mês
de março, não haver qualquer relação entre o brutal assassinato de Vitória e o
Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo ele, "a cidade é pacata e a
especulação prejudica as investigações".
Conexões
políticas: Danilo Joan e Nadja Haddad
Danilo Joan,
ex-prefeito e aliado de Kauã, tem influência na articulação local e relações
dentro do PSD. Foi quem lançou Kauã na política e pode ter papel de bastidor na
manutenção do status quo em Cajamar. O pai de Kauã também foi cargo de
confiança de Joan.
Outra figura
controversa é a apresentadora Nadja Haddad, conhecida por aparições públicas
com Kauã e Luuly. Embora não haja provas de envolvimento no crime, seu nome é
citado como símbolo do poder e da blindagem política que cerca o grupo.
Fábio Costa: a assessoria que não virou ação
O advogado Fábio
Costa, comentarista criminal da Record e representante da família de Vitória,
afirmou atuar de forma gratuita. Contudo, sua atuação é duramente questionada.
Embora apareça em programas de televisão, não há registros concretos de ações
judiciais promovidas por ele.
Costa prometeu
pedir a transferência da investigação para o DHPP — mas nenhuma medida efetiva
foi protocolada. Também declarou que não teve acesso aos laudos, o que é
incoerente com sua condição de representante legal.
Declarou em
entrevistas que não cobrou nada da família em honorários, viagens, hospedagem
ou deslocamentos. Apesar de sua visibilidade como comentarista criminal, sua
atuação no caso tem sido vista como voltada mais à exposição pública do que a
resultados efetivos.
Artigos feridos:
·
Art. 14 do CPP – direito à participação ativa do
ofendido;
·
Art. 5º, XIV da CF – acesso à informação;
·
Lei 13.869/2019 – obtenção de confissão sem
advogado.
Cronologia do Caso Vitória Regina de Sousa
26 de
fevereiro de 2025 (terça-feira):
Vitória Regina de Sousa, 17 anos, desaparece após sair do shopping em que trabalhava, no município de Cajamar (SP). Ela pega um ônibus para casa e, pouco depois, envia mensagens de voz a uma amiga relatando que dois homens a estavam encarando no ponto. Imagens mostram um Toyota Corolla prata passando pelo local.
27 de
fevereiro a 4 de março:
A família inicia buscas, mobiliza redes sociais e denuncia o desaparecimento. O caso começa a ganhar repercussão local. Equipes da Guarda Municipal e da prefeitura passam a atuar em matas e áreas de difícil acesso. O prefeito Kauã Berto disponibiliza efetivo para auxiliar as buscas.
5 de
março (quarta-feira):
O corpo de Vitória é encontrado em uma trilha de difícil acesso, em área de mata no bairro Ponunduva. As primeiras informações apontam degola, marcas de facadas, mãos envoltas em sacos plásticos e cabelos raspados. A brutalidade do crime choca o país. O prefeito decreta luto oficial por três dias.
6 a 10 de
março:
A
imprensa nacional cobre o caso. Fala-se em crime de ódio, feminicídio,
violência extrema. A hipótese de crime sexual é descartada no laudo preliminar
do IML. A polícia começa a investigar sete suspeitos, incluindo o ex-namorado
de Vitória e Daniel Lucas, mas todos são descartados sem justificativa pública.
11 de março:
A polícia identifica Maicol Sales dos Santos como possível suspeito. Morador da
mesma rua que Vitória, teria histórico de obsessão por ela. Vestígios de sangue
são encontrados em seu carro.
17 de março:
Maicol é preso e confessa o crime, sem a presença de advogado. A defesa alega
coação policial e violação de garantias legais. A mídia divulga trechos da
confissão, mas o depoimento oficial não é disponibilizado.
18 a 23 de março:
A defesa de Maicol solicita acesso aos autos, alega irregularidades e aponta que ele teria sido forçado a confessar. O advogado Fábio Costa é apresentado pela família como representante. Em entrevista, Costa afirma que não teve acesso aos laudos periciais e cobrará medidas mais eficazes da polícia.
24 de
março:
O delegado Aldo Galiano Júnior, da Seccional de Franco da Rocha, é oficialmente apresentado como responsável pelo caso, ao lado dos delegados Fábio Lopes Cenachi (Cajamar) e Luiz Carlos do Carmo (Demacro).
29 de
março:
A polícia
apresenta à imprensa trecho do laudo do IML: morte por choque hipovolêmico
causado por três facadas. Não há vestígios de violência sexual. A versão do
cabelo raspado começa a ser revista — fala-se em queda natural pela
decomposição, gerando dúvidas.
A investigação se concentra exclusivamente em Maicol. As demais linhas de apuração são arquivadas. O inquérito corre sob sigilo, e novas informações deixam de ser divulgadas. A mídia reduz drasticamente a cobertura.
24 de
abril:
É
realizada a reconstituição do crime. Maicol se recusa a participar. A encenação
ocorre com uso de figurantes. Advogados e familiares não têm acesso ao conteúdo
completo. A falta de transparência levanta críticas.
Final de abril:
A família de Vitória, por meio de Fábio Costa, informa que tentará a federalização do caso. Nada é protocolado até o momento. Laudos complementares prometidos pelo IML não são apresentados. Internautas cobram justiça nas redes sociais.
Maio de
2025:
O caso praticamente desaparece da mídia. A Prefeitura de Cajamar deixa de se pronunciar. A família de Vitória se queixa de abandono. Informações desencontradas surgem em podcasts e canais alternativos. Apresentadores dizem ter acesso a laudos não divulgados oficialmente.
1º de
junho de 2025:
Três
meses após o assassinato de Vitória, Maicol continua preso preventivamente, sem
julgamento. A defesa reforça as alegações de coação, pede novo interrogatório e
questiona a validade da confissão. O Ministério Público ainda não apresentou
denúncia formal. A imprensa segue em silêncio.
Conclusão:
Vitória Merece Justiça Vitória Regina era uma jovem com o sonho de trabalhar com necropsia. Sua morte brutal, o modo como foi descartada e a ausência de desfecho concreto revelam algo maior: um sistema comprometido com aparências, não com a verdade.
A condução do caso, o silêncio de autoridades e a inércia do advogado da família reforçam a necessidade de pressão pública. É papel da sociedade, da imprensa livre e de todos que se importam com justiça, cobrar esclarecimentos, novas perícias e reabertura das investigações com foco técnico e imparcial. Vitória foi silenciada — mas sua história não deve ser.
Vitória Regina de Sousa merecia mais. Uma jovem sonhadora, vítima de um crime brutal, foi reduzida a manchetes sensacionalistas e uma investigação questionável. Quem protegeu os verdadeiros culpados? Por que Kauã Berto, Luuly Lima e outros suspeitos foram ignorados? Por que a mídia se calou? É hora de reacender a luta por justiça, exigir trnsaprencia e que o Estado apresente respostas par sociedade.
O caso Vitória Regina de Sousa não é uma exceção. É o retrato de como o sistema silencia, encobre e arquiva vidas negras, pobres e femininas no Brasil. O que se cala, mata. O que se grita, move A palavra é nossa única arma e não á toa, tentam calar á todo o custo.
Fontes:
Band – Brasil Urgente. (5 de março de 2025).
Entrevista com Aldo Galiano Júnior.
CNN Brasil. (17 de março de 2025).
Suspeito confessa assassinato de adolescente em Cajamar.
Cidadeverde.com. (6 de março de 2025). Corpo de jovem é encontrado com sinais de violência em SP.
Estadão. (6 de março de 2025).
Corpo de jovem é encontrado parcialmente esquartejado em Cajamar.
G1. (30 de maio de 2025). Família de Vitória Regina planeja manifestação por justiça em Cajamar.
Jovem Pan. (6 de março de 2025).
Polícia Civil detalha investigação do assassinato de Vitória Regina.
Metrópoles. (7 de março de 2025). Adolescente é encontrada morta com sinais de tortura em Cajamar.
Record – Domingo Espetacular. (1º de junho de 2025).
Entrevista com Maicol Sales dos Santos.
RIC. (7 de março de 2025).
Adolescente assassinada em Cajamar: Polícia investiga crime brutal.
SBT. (5 de março de 2025). Reportagem sobre descoberta do corpo de Vitória.
Veja – Coluna Maquiavel. (6 de março de 2025). Caso Vitória: Polícia encontra corpo de adolescente em matagal. Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/caso-vitoria-policia-encontra-corpo-de-adolescente-em-matagal
Nem todo mundo que sorri é bom
Às vezes a maldade não chega gritando. Ela se aproxima com gentileza, elogios e com promessas. Perversidade não está só em atos extremos, mas também em pequenos Atitudes diárias ocultadas de normalidade. E o mais assustador é que essas pessoas muitas vezes estão bem próximo. Podem ser colegas, amigos, até familiares. os sinais de alerta que revelamos uma pessoa verdadeira perversa.
by Deise Brandão
• Manipulam para controlar suas decisões
A manipulação é o jogo favorito dessas pessoas. Elas não mandam diretamente: fazem com que você tome a decisão que elas querem, distorcendo fatos, apelando para a culpa, dramatizando emoções ou usando memórias antigas como armas. Ao final, você nem percebe que foi manipulado — e ainda se sente culpado por reagir.
• Sentem prazer com o sofrimento alheio
Não é apenas indiferença: é prazer. Elas se alimentam da dor do outro, saboreando quedas, fracassos e humilhações alheias como se fossem vitórias pessoais. Às vezes disfarçam com frases como "que pena", mas por dentro, vibram com o sofrimento.
• Exercem controle excessivo sobre tudo
Essas pessoas precisam dominar: o que você veste, com quem fala, o que sente. Às vezes, disfarçam como "preocupação", mas no fundo, é sede de posse. O controle não é amor — é medo de perder o poder. Isso destrói sua autoestima.
• Mentem com naturalidade
Mentir é automático para elas. Contam histórias falsas, omitem detalhes, distorcem verdades — tudo para manipular a percepção dos outros e manter uma imagem positiva. Quando confrontadas, se fazem de vítimas, invertem os papéis, e você começa a duvidar de si mesmo.
• Ignoram e desrespeitam seus limites
Se você diz que algo te machuca, elas repetem. Se pede espaço, invadem ainda mais. Não é falta de compreensão — é desinteresse. Sua dor não importa. Limites são vistos como obstáculos a serem destruídos.
• Alimentam o drama para chamar atenção
Transformam pequenos problemas em grandes tragédias. Um mal-entendido vira ofensa, um atraso se torna descaso. Criam caos para manipular. E, depois, se colocam como vítimas ou salvadoras da situação.
• Vivem de vingança e retaliação
Errar com elas é como receber uma sentença invisível. Talvez não reajam na hora, mas guardam rancor e esperam o momento certo para punir. Se alguém nunca esquece nada e usa erros antigos como munição, fique alerta.
• Sentem inveja, mas não admitem
A inveja é disfarçada com elogios vazios, sarcasmo ou críticas veladas. Nunca comemoram sua vitória de verdade. Preferem diminuir você do que crescer por si mesmas.
• Fazem qualquer coisa para conseguir o que querem
Mentem, traem, manipulam e destroem reputações com naturalidade. O fim justifica os meios. Pessoas são vistas como peças de um jogo, e elas querem sempre vencer.
• Agem com total indiferença emocional
Não demonstram empatia, não se comovem. Sua dor é irrelevante. O vazio emocional é profundo — e perigosamente camuflado por sorrisos e palavras bonitas.
• Fogem de qualquer responsabilidade
Nunca são o problema. Sempre culpam alguém: o chefe, a família, o governo. Nunca pedem desculpas sinceras, porque não acreditam que erraram. Deixam um rastro de dor e seguem como se nada tivesse acontecido.
• Não demonstram sinceridade
Até podem pedir desculpas — mas é fachada. Não há culpa real, nem intenção de mudar. O arrependimento exige consciência e empatia — algo que elas não têm.
• São frias em momentos de calor humano
Diante de dor ou alegria, reagem com frieza. Não acolhem, não celebram, não confortam. Parecem desconectadas da humanidade. Por fora podem parecer simpáticas; por dentro, são um poço de gelo.
• Têm duas caras — e nenhuma é verdadeira
Mostram o que você quer ver, escondem quem realmente são. Vivem relacionamentos inteiros baseados em mentiras, fofocas e julgamentos. E sempre têm uma desculpa pronta quando são desmascaradas.
• Adoram ser ajudadas, mas nunca retribuem
Se fazem de necessitadas o tempo todo. Adoram receber ajuda, atenção e apoio. Mas, quando é a sua vez de precisar, somem. São expertas em sugar — mas incapazes de doar. Alguns usam uma religião como escudo, pregador, compaixão e fé, mas suas atitudes revelam intolerância, julgamento e crueldade. Outras fingem amar os animais, postar fotos com pets ou juntas causas, mas nos bastidores maltratam, ignoram ou exploram os bichos. Tudo é aparente. Eles sabem o que pega bem e usa isso para manipular a imagem que os outros têm delas. Mas quem realmente tem coração não precisa fingir, vive isso em silêncio verdade.
• Se fazem de vítimas o tempo todo.
Tudo é culpa dos outros. Sempre existe alguém que maltratou, que não entendeu, que foi injusto. Pessoas perversas usam o papel de vítima para manipular a empatia dos outros. Querem piedade não porque estão feridas, mas porque isso atrai atenção, proteção e desculpas pelos seus próprios erros. E mais cruel, elas causam o caos e depois se colocam como as mais machucadas da história. É uma tática que inverte tudo e confunde quem está de fora.
• São traiçoeiras mesmo com quem confia nelas.
Elas quebram promessas, expõem segredos, falam mal de quem está por perto e fazem isso com naturalidade total. Não valorizam confiança, nem se sentem mal por traí-la. Pessoas perversas veem confiança como fraqueza alheia, uma vantagem para ser usada. Por isso, é comum ver essas pessoas pisarem em quem mais estende a mão, porque para elas lealdade não tem valor, tem rótulo.
• Podem estar bem próximas — e isso dói.
Às vezes são amigos, colegas, parceiros, até familiares, como mães, pais, filhos, avós (os demais são acidentes). Pessoas que deveriam proteger, apoiar, amar, mas que causam dor silenciosa. E isso confunde porque a mente demora a aceitar que alguém tão próximo pode ser tão nocivo, mas reconhecer é o primeiro passo para se proteger. Não importa o laço, ninguém merece viver preso a uma presença que agride sua paz, energia, autoestima.
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quarta-feira, 4 de junho de 2025
Caso Edna Oliveira Silva – Silêncio Mortal ou Queima de Arquivo?
No mesmo 26 de fevereiro de 2025 em que Vitória Regina de Sousa desapareceu após sair do trabalho em um shopping de Cajamar (SP), outra mulher também sumia: Edna Oliveira Silva, de 63 anos. Quase ninguém falou sobre isso. Mas, para quem observa os sinais que a investigação evita, os paralelos entre os dois casos — em tempo, espaço e conexões — são perturbadores demais para serem ignorados.
Edna era moradora de Cajamar, cuidadora de idosos e possuía um histórico criminal que remontava a 1984: tráfico, furto, falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Passou por vários presídios paulistas e estava em liberdade desde 2000. Seus últimos trabalhos incluíam atendimento a idosos em bairros vizinhos — entre eles, a mãe do padrasto de Maicol dos Santos, principal suspeito no caso Vitória.
Sua condição social e seu passado fizeram com que sua morte recebesse atenção inferior à de Vitória. Mas o que mais chama atenção é a coincidência do dia de desaparecimento com o de Vitória, e o fato de seu corpo ter sido encontrado antes mesmo do corpo da jovem, em uma cachoeira entre Cajamar e Jundiaí, a apenas 2,5 km da própria casa.
As Semelhanças com o Caso Vitória
Data: Ambas desapareceram em 26 de fevereiro de 2025.
Local: Ambas sumiram em Cajamar, com áreas de buscas se cruzando.
Perfil vulnerável: Edna por histórico criminal e idade; Vitória por ser menor, jovem, sozinha na madrugada.
Conexão com Maicol: Edna prestou serviços na casa de parentes diretos do acusado.
Desfecho estranho: Edna é encontrada morta dias depois, sem sinais de violência — mas sem qualquer testemunha, mesmo em área urbana.
A Versão Oficial: Morte Natural
Segundo o laudo necroscópico divulgado em 19 de março de 2025, Edna morreu por falência múltipla dos órgãos, sem sinais externos de violência. A Polícia Civil de Cajamar rapidamente descartou qualquer relação com o caso Vitória, encerrando o inquérito sem aprofundar investigações alternativas.
Mas por que uma mulher relativamente ativa, que estava a caminho de resolver uma pendência relacionada a aposentadoria, morreria de forma tão abrupta e silenciosa?
Queima de Arquivo? Um Silêncio Oportuno Demais
Diversas hipóteses surgiram nas redes sociais e entre jornalistas independentes:
Edna sabia algo sobre Maicol?
Estava presente na casa de familiares em datas críticas?
Poderia ser testemunha de uma movimentação incomum ou de conversas comprometedoras?
Se tivesse ouvido ou visto algo comprometedor, a eliminação precoce de Edna poderia ter sido estratégica — e sua morte, maquiada como natural. Nesse cenário, o rápido encerramento do inquérito seria não solução, mas sintoma.
Conexão com o Caso Vitória Regina: O Elo que a Polícia Não Quis Ver
A proximidade entre os desaparecimentos, a ligação indireta com Maicol, e a escolha dos alvos — duas mulheres socialmente vulneráveis, ambas invisibilizadas em vida — indicam que os casos talvez compartilhem autores, ou ao menos um mesmo contexto de controle e silêncio.
É impossível ignorar a hipótese de que Edna possa ter sido usada como "despiste", ou morta para impedir revelações sobre Vitória. Ou, ainda, que sua morte tenha sido incorporada a uma narrativa de "casualidade", quando poderia ser o início de algo ainda maior.
Por que Ninguém Fala Sobre Edna?
A resposta pode estar no mesmo silêncio que abafa perguntas sobre Kauã Berto, Luuly Lima e outros possíveis envolvidos no caso Vitória: não interessa às autoridades ou à grande mídia que se investigue para além de Maicol.
Além disso, o perfil de Edna — mulher idosa, pobre, ex-presidiária — torna-a um alvo fácil de invisibilização social. E, como acontece frequentemente no Brasil, quando a vítima não tem prestígio, sua morte sequer é considerada relevante.
Conclusão: Justiça Parcial É Injustiça Completa
O caso Edna Oliveira Silva não pode ser desconsiderado como “morte natural” sem uma revisão técnica e independente. O mínimo que se exige, diante da coincidência temporal e das conexões estruturais com o caso Vitória, é a reabertura do inquérito sob nova supervisão.
Negar a interligação dos casos é ignorar a lógica dos bastidores: poder, influência e silenciamento. Edna não deve ser lembrada apenas como “a cuidadora que morreu por acaso”. Ela pode ter sido a primeira testemunha de um crime brutal — e a primeira a ser silenciada.
O caso Deise dos Anjos e a Justiça na contramão da verdade
Espelho de um Estado negligente e uma sociedade que julgam
antes de esclarecer
by Deise Brandão
Em dezembro de 2024, um caso trágico e de forte apelo emocional tomou conta do noticiário gaúcho e nacional. Três pessoas mortas e outras três internadas após consumirem um bolo supostamente envenenado com arsênio, servido durante um encontro familiar no litoral do Rio Grande do Sul. A tragédia gerou uma comoção instantânea. No centro da acusação, sem qualquer denúncia formal, foi colocada Deise Moura dos Anjos — a nora.
A mídia não hesitou: estampou seu rosto, especulou suas motivações e a julgou como culpada antes que qualquer processo fosse instaurado. Em fevereiro de 2025, Deise foi encontrada morta na prisão. O Estado, sem autocrítica, fechou o caso com a mesma agilidade com que o abriu: sem ouvir outras versões, sem considerar hipóteses alternativas, sem responder pelas falhas de um sistema que age mais para confirmar certezas do que para buscar a verdade.
Mas Deise não era ré. Não havia denúncia. Não houve defesa. Sua prisão foi preventiva, decretada com base em laudos e suposições — como as buscas em seu celular por “arsênio” e “cremação”. Ora, quem nunca pesquisou algo mórbido, um caso criminal famoso, ou uma teoria conspiratória? Em um Estado Democrático de Direito, ninguém pode ser considerado culpado por pesquisar.
Mais grave ainda: há indícios fortes de que a sogra, sobrevivente de dois episódios de envenenamento, tenha sido quem preparou os alimentos, e ainda assim foi tratada apenas como vítima. Ela serviu o bolo; ela sobreviveu; ela se beneficiou patrimonialmente das mortes. Ainda assim, não foi investigada como autora potencial. Um erro? Um viés? Ou a simples conveniência de ter já uma “culpada ideal”?
Este artigo busca resgatar não só os questionamentos ignorados pela investigação e pela imprensa, mas também lançar luz sobre as falhas jurídicas cometidas neste processo. Porque quando se prende sem denúncia, se investiga com foco único, e se fecha um caso com a morte da suspeita, não houve justiça. Houve silenciamento.
Visa analisar, sob perspectiva jurídica crítica, os vícios processuais e constitucionais presentes na investigação que resultou na prisão e morte de Deise Moura dos Anjos, sem que houvesse qualquer acusação formal contra ela. A análise parte dos princípios constitucionais da presunção de inocência, devido processo legal, contraditório e ampla defesa.
PONTOS CRÍTICOS E IRREGULARIDADES IDENTIFICADAS
Não havia denúncia ou processo instaurado. A mídia e a polícia violaram o art. 5º, LVII da CF/88, que garante que ninguém será considerado culpado antes do trânsito em
julgado de sentença penal condenatória.
- Prisão preventiva desproporcional
julgado de sentença penal condenatória.
- Prisão preventiva desproporcional
A custódia foi decretada sem base concreta nos critérios do art. 312 do CPP. Não houve demonstração de risco real à ordem pública ou à instrução processual.
- Falecimento sob custódia do Estado
- Falecimento sob custódia do Estado
A morte de Deise impõe responsabilidade civil objetiva ao Estado, nos termos do art. 37, §6º da CF/88. Houve negligência evidente na preservação da integridade física e psíquica da custodiada.
- Investigação parcial
Houve negligência da polícia civil ao não aprofundar a possibilidade de que a sogra, Zeli dos Anjos — sobrevivente de dois episódios de envenenamento, beneficiária direta da
morte do marido e da nora, e responsável pela preparação dos alimentos — pudesse figurar como investigada.
- Tratamento condenatório da mídia
A exposição pública de Deise, com julgamento moral antes da formalização de qualquer processo, constitui violação ao direito à imagem e à presunção de inocência.
- Ausência de contraditório
A morte de Deise impediu qualquer resposta técnica por parte da defesa. A investigação foi unilateral, desprovida de contraditório e sem possibilidade de contraprova.
- Fragilidade pericial e ausência de cadeia de custódia clara
A associação entre o envenenamento e alimentos levados por Deise carece de robustez
técnica, sem a exclusão de outras ontes de contaminação.
Conclusão parcial da autoridade policial
O relatório final da polícia, divulgado amplamente após a morte de Deise, apresenta conclusões definitivas sem o devido processo legal. Isso caracteriza um abuso investigativo e viola os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. A custódia foi decretada sem base concreta nos critérios do art. 312 do CPP. Não houve demonstração de risco real à ordem pública ou à instrução processual.
CONCLUSÃO
A tragédia que envolveu a família dos Anjos não deveria ter sido acompanhada de outra: a supressão do direito fundamental de defesa de Deise Moura dos Anjos. O Estado falhou em sua função essencial de investigar com isenção, e a Justiça não foi prestada. A morte da suspeita encerrou o caso formalmente, mas não apagou os vícios, nem redimiu o sistema que a abandonou.
Fontes Consultadas
• CNN Brasil - https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sul/rs/
• GZH - https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/
•Wikipédia- https://pt.wikipedia.org/wiki/Envenenamento_da_fam%C3%A
Dlia_dos_Anjos
• CartaCapital - https://www.cartacapital.com.br/
• Correio do Povo - https://www.correiodopovo.com.br/
• STJ - http://www.stj.jus.br/
• CNMP - https://www.cnmp.mp.br/
• Constituição Federal - http://www.planalto.gov.br/
• Código de Processo Penal - http://www.planalto.gov.br/
terça-feira, 3 de junho de 2025
RS - Polícia Federal deflagra operação contra lavagem de dinheiro
As empresas identificadas foram responsáveis por movimentações superiores a R$ 10 bilhões no período analisado

Porto Alegre/RS - A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (3/6), a Operação Countless, com o objetivo de combater a prática de lavagem de capitais adquiridos, principalmente, por meio de tráfico drogas.
Policiais federais cumprem 39 mandados de busca e apreensão, 7 mandados de prisão preventiva, além de ordens de indisponibilidade de bens e de valores que podem atingir R$ 82 milhões.
A ação, que conta com o apoio da Brigada Militar, ocorre em diversas cidades gaúchas e nos Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Goiás.
A investigação tem como foco um mecanismo de lavagem de dinheiro utilizado por diversas organizações criminosas gaúchas, pautado no uso de operadores financeiros locais e de empresas de fachada. Pessoas vinculadas a membros de organizações criminosas são cooptadas para operar o recolhimento do dinheiro angariado por esses grupos, que advém, proeminentemente, do tráfico de drogas.
As medidas deflagradas na data de hoje têm como objetivo neutralizar o crescimento das atividades investigadas e viabilizar a identificação dos responsáveis pelas etapas posteriores da lavagem de dinheiro.
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