domingo, 11 de abril de 2021

Jantar do barulho


Governo tenta esconder pernoite de Dilma e de comitiva presidencial, em Lisboa, com direito a jantar em luxuoso restaurante da capital portuguesa. O episódio reacende a polêmica relação entre o público e o privado nas mordomias do poder
Sérgio Pardellas (sérgiopardellas@istoe.com.br)31/01/14 - 20h50 - Atualizado em 21/01/16 - 12h55

FLAGRA
Depois de o Planalto dizer, no sábado 25 à noite, que Dilma estaria
“dormindo”, a imprensa publicou foto em que a presidenta aparecia
entrando no restaurante Eleven, em Lisboa, acompanhada de assessores



No sábado 25, enquanto protestos contra a Copa do Mundo ocorriam em diversas cidades do País, a presidenta Dilma Rousseff participava de um animado jantar na companhia de auxiliares em Lisboa, Portugal, regado a peixes bem selecionados e bons vinhos. O local escolhido foi o elegante restaurante Eleven, um dos mais badalados de Portugal, com vista para o Rio Tejo e classificado com estrela Michelin, referência da boa gastronomia no mundo. Mais cedo, pela manhã, Dilma havia aberto mão de se hospedar no palácio do século XVII – mantido pelo governo brasileiro e que serve de embaixada em Portugal –, preferindo ficar num dos hotéis mais caros da capital portuguesa, o Ritz Four Seasons, inaugurado há 54 anos pelo Rei Humberto de Itália e os príncipes de Saboia. Uma parte da equipe acomodou-se no mesmo hotel que o dela. Outra, no Tivoli. No total, a comitiva presidencial ocupou 45 quartos. Só a diária da suíte onde Dilma pernoitou no sábado, mobiliada com a coleção Espírito Santo e cabides de seda acolchoados nos armários, custou R$ 26 mil – o equivalente a 36 salários mínimos.



A prática de hospedar-se em hotéis caros, esbaldar-se em restaurantes renomados e confundir o público com o privado – ou seja, desfrutar dos encantos e das delícias do poder – é uma tradição dos governantes brasileiros. Não se trata de um privilégio deste governo ou do PT, partido inquilino do Palácio do Planalto desde 2003. Remonta ao Império. Os esplendores gastronômicos do período são famosos até hoje. Por exemplo, a predileção da extravagante dona Leopoldina, mulher de d. Pedro I, por salmões salgados importados era conhecida. Na República, o presidente João Figueredo acabou enfrentando um problema com dona Dulce, uma primeira-dama de modos exuberantes que gostava de levar o cabeleireiro em suas viagens internacionais. Até que o SNI (Serviço Nacional de Informações) entrou em ação e recolheu o passaporte dele, para evitar polêmica.

A questão é que a estada de Dilma e de sua equipe em Portugal ocorreu às escondidas, com direito a entradas sorrateiras no hotel e foto-flagrante em rede social ao lado do chef do restaurante, e foi tratada pelo governo como segredo de Estado. Aí reside o problema. A ida de Dilma a Lisboa só passou a constar da agenda oficial da presidenta às 13h50 do domingo, horário de Brasília, quase 24 horas depois de a presidenta chegar à capital portuguesa. Para tentar explicar o inexplicável o governo foi constrangido a desfiar uma série de versões, o que fez com que o jantar e a hospedagem da comitiva presidencial em Lisboa se transformassem numa trapalhada ainda maior e gerassem muito mais barulho e polêmica do que se tudo fosse feito às claras, com a transparência exigida pelo cargo. A viagem só começou a ser explicada pelo governo depois que o jornal “O Estado de S.Paulo” revelou o momento em que Dilma entrou no hotel Ritz. O jantar no suntuoso Eleven também estava envolto em mistério. Inicialmente, enquanto ocorria o convescote, o Planalto havia informado que a presidenta estava “dormindo”, ao mesmo tempo em que outros assessores indicavam que “desconheciam” qualquer plano de saída da presidenta. Até que uma foto publicada no jornal português “Expresso” deixou a comitiva sem justificativas. Na foto, Dilma apareceu entrando no luxuoso restaurante, acompanhada pelo embaixador do Brasil em Portugal, Mario Vilalva. A ministra Helena Chagas, então chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, também aparecia na imagem. Ainda se observava um dos seguranças e o próprio embaixador carregando uma sacola com garrafas de vinho.

Portaria permite sepultamento e cremação sem certidão de óbito durante pandemia

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério da Saúde estabeleceram procedimentos excepcioneis para sepultamento e cremação de corpos durante a situação de pandemia do Coronavírus no Brasil. A Portaria Conjunta 1/2020, publicada nesta terça-feira (31/3), autoriza estabelecimentos de saúde – na hipótese de ausência de familiares ou pessoas conhecidas do falecido ou em razão de exigência de saúde pública – a encaminhar para o sepultamento ou cremação, os corpos sem prévia lavratura do registro civil de óbito.

O presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF) ministro Dias Tofolli, que exerce interinamente as funções do corregedor Nacional de Justiça, assina o ato com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A portaria determina que, no período da pandemia, o prontuário de internação hospitalar deverá ter especial cuidado com a identificação do paciente e conter os números dos documentos disponíveis, além de cópias e declarações corretas do paciente ou acompanhante.

As medidas buscam atender à necessidade de esclarecer e zelar pela adequada identificação dos mortos cujas mortes ocorrerem no curso da pandemia, bem como resguardar os direitos dos familiares, dependentes e herdeiros da pessoa falecida. As regras também consideram que cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais estão trabalhando em regime de plantão, com suspensão ou redução do atendimento presencial ao público, conforme determina o Provimento no 91/2020 da Corregedoria Nacional de Justiça.

Sobre emissão da Declaração de Óbito (DO) de pessoa não identificada, fica determinado que os serviços de saúde devem anotar a estatura ou medida do corpo, cor da pele, sinais aparentes, idade presumida, vestuário e qualquer outra indicação que possa auxiliar em futuro reconhecimento. Também devem providenciar, sempre que possível, fotografia da face e impressão datiloscópica do polegar. Tais registros deverão ser anexados à Declaração de Óbito e arquivados no estabelecimento de saúde juntamente com o prontuário e cópia de eventuais documentos.

Para posterior averiguação do local do funeral e inclusão da informação do registro civil de óbito, o agente público responsável que receber a via amarela da DO para providenciar o sepultamento/cremação do corpo, deverá anotar, na mesma guia, o local de sepultamento/cremação e devolvê-la, em até 48 horas, ao estabelecimento de saúde responsável pela emissão.

A portaria determina que a lavratura para os registros civis de óbito devem ser realizados em até 60 dias após a data da morte. Aos serviços de saúde caberá o envio, preferencialmente, por meio eletrônico, das declarações de óbito, cópia de prontuários e outros documentos necessários à identificação da vítima para as Corregedorias-Gerais de Justiça dos estados e do Distrito Federal para que providenciem a distribuição aos cartórios competentes para a lavratura do registro civil de óbito.

As Corregedorias-Gerais de Justiça deverão criar, em até 48 horas, e-mail exclusivo para o recebimento eletrônico das DO e informá-lo, no mesmo prazo, às secretarias estaduais e municipais de Saúde.

De acordo com a portaria, mortes por doença respiratória suspeita para Covid-19, não confirmada por exames, deverá ter descrição da causa mortis ou como“provável para Covid-19” ou “suspeito para Covid-19. Caberá às Corregedorias-Gerais de Justiça e às secretarias estaduais e municipais de Saúde a adoção de procedimentos e outras especificidades relativas à execução da portaria. Fonte: Agência CNJ de Notícias

https://www.conjur.com.br/dl/portaria-conjunta-altera-procedimentos.pdf

2015 Em meio à crise, Dilma Rousseff gastou mais de 800 mil reais em carros de luxo na viagem que fez Estados Unidos no fim do último mês de junho Ueslei Marcelino/Reuters

 Comitiva de Dilma gastou mais de US$ 200 mil em carros de luxo nos EUA


        


by Veja

https://veja.abril.com.br/politica/comitiva-de-dilma-gastou-mais-de-us-200-mil-em-carros-de-luxo-nos-eua/

06/01/2004 China vai exterminar gatos para evitar nova epidemia de Sars












Jim Yardley
EM BEIJING, CHINA

As autoridades das províncias do sul da China iniciaram nesta segunda-feira (05/01) uma operação destinada a abater centenas de gatos-de-algália (mamífero carnívoro de pele cinzenta e manchas escuras, com cerca de 50 cm de cumprimento, utilizado na culinária chinesa), como medida preventiva destinada a deter a Sars (pneumonia asiática).

A OMS, que enviou um alerta ao país nesta segunda, advertiu que um abate efetuado numa escala tão grande poderia apresentar graves riscos sanitários, caso não sejam tomadas as precauções necessárias, inclusive a possibilidade de ocorrerem mais casos de infecção.

Algumas horas antes, nesta segunda, os especialistas que atuam junto à organização e ao ministério chinês da Saúde confirmaram que um homem de 32 anos em Guangdong é a primeira pessoa da China continental a ser infetada pela Sars desde a pandemia inicial que havia sido debelada em meados de 2003. Os especialistas da OMS acrescentaram que o caso deste homem parece ser isolado e enfatizou que ele não representa, de forma alguma, uma "ameaça imediata para a saúde pública" no sul da China.

Após terem divulgado o seu comunicado sobre os gatos-de-algália, os funcionários da OMS recomendaram aos líderes da província de Guangdong que fosse feito um estudo prévio para avaliar os riscos que a operação comporta, antes de abater os cerca de 10 mil gatos-de-algália em cativeiro que foram recenseados na província. Eles explicaram que as autoridades de Guangdong deveriam se precaver contra a possível contaminação do solo ou da água durante o abate, e que elas deveriam também garantir que os trabalhadores encarregados desta operação não sejam expostos ao vírus.

"Nós recomendamos expressamente às autoridades desta região da China para que elas tomem todos os cuidados possíveis", declarou o médico Jeffrey Gilbert, um especialista em animais que atua no escritório da OMS em Beijing, durante uma coletiva de imprensa que ocorreu na noite desta segunda. "Nós temos boas razões para acreditar que existe um perigo potencial muito grande".

Entretanto, os funcionários chineses pareciam estar determinados a agir prontamente. Alguns cientistas suspeitam de que a Sars tenha sido transmitida a seres humanos por intermédio dos gatos-de-algália. Mesmo assim, várias agências de notícias estatais do país informaram que as autoridades chinesas haviam dado a ordem de abater os gatos-de-algália desde sábado. Não foi divulgado nenhum detalhe sobre como ou onde o abate seria realizado.

A Organização Mundial da Saúde elogiou os funcionários de Guangdong pela maneira com a qual eles lidaram com o caso, a partir do momento em que foi confirmado o diagnóstico de que um homem é portador da Sars, e acrescentou que, apesar de tudo, toda e qualquer pessoa deveria se sentir segura ao viajar nessa província ou em qualquer outro lugar da China.

Estes elogios contrastavam drasticamente com a situação do ano passado, quando a organização havia alertado os viajantes para evitarem a região de Guangdong e, mais tarde, a cidade de Beijing. Estas advertências haviam sido proferidas depois de a disseminação da doença ter sido interrompida.

"Nós estamos convencidos de que o sistema que foi implantado em Guangdong está funcionando", declarou Henk Bekedam, o representante da organização em Beijing.

Contudo, essas manifestações de confiança intervieram no final de um dia em que as preocupações em torno de um novo alastramento da Sars aumentaram em toda a Ásia.

Os responsáveis dos serviços sanitários nas Filipinas colocaram em quarentena uma mulher que havia desenvolvido uma febre depois de uma viagem de avião de Hong Kong. O seu marido também foi colocado em quarentena, com febre. Entretanto, poderia demorar vários dias até que se consiga determinar se o casal está mesmo acometido da Sars.

O Representante da OMS nas Filipinas, Jean-Marc Olive, disse estar pessoalmente cético de que se trata de um caso de Sars, uma vez que não foi registrado em Hong Kong nenhum novo caso da doença. Mas ele acrescentou que o governo das Filipinas estava tomando as precauções corretas.

Houve também notícias em Guangzhou, a capital da província de Guangdong, segundo as quais uma mulher, possivelmente uma trabalhadora de um mercado de carne de animais selvagens, havia sido hospitalizada com sintomas compatíveis com os da Sars. Um funcionário do serviço sanitário local declarou numa entrevista coletiva que tais notícias eram "sem fundamento".

No entanto, ele confirmou que a trabalhadora havia sido hospitalizada com uma febre que foi diagnosticada como tendo sido causada por uma pneumonia.

Nas primeiras horas do dia, o principal especialista em Sars na China, o médico Zhong Nanshan, anunciou em Hong Kong que o paciente portador da Sars em Guangdong pareceu ter sido acometido de um novo surto provocado pelo vírus, o qual é geneticamente similar aos surtos constatados nos gatos-de-algália.

Ele também anunciou as descobertas feitas no decorrer de um estudo que foi desenvolvido junto com microbiologistas de Hong Kong, segundo as quais haveria uma grande preponderância de vírus vinculados à Sars no organismo dos gatos-de-algária.

Os gourmets do sul da China têm a reputação de serem temerários. Com efeito, muitos deles consideram o gato-de-algália, uma criatura parecida com o furão e parente do mangusto - uma guloseima a ser degustada sobretudo no inverno.

Durante a erupção inicial da epidemia de Sars, as autoridades baniram a venda dos gatos-de-algária.

Mas, a partir do mês de agosto, apesar das advertências dos cientistas, as autoridades de Guangdong suspenderam essa proibição, e os gatos-de-algária acabaram voltando para os cardápios locais.

Agora, as autoridades de Guangdong afirmam que elas farão um grande mutirão com objetivo de abater todo e qualquer gato-de-algária nos mercados, nos restaurantes e nas fazendas onde eles são criados. Em algumas feiras, o mutirão foi iniciado já nesta segunda. O governo também anunciou o projeto de registrar todos os trabalhadores que atuam na criação e na comercialização de animais selvagens.

O doutor Jeffrey Gilbert, que qualificou o plano de extermínio de "um passo radical", afirmou que todo abate deveria ser feito no quadro de ambientes controlados e por meio de regulamentos estritos, assim como tem sido feito em outros países onde animais foram abatidos para prevenir o alastramento de doenças.

Ele acrescentou que a pesquisa científica havia apontado os gatos-de-algária como prováveis suspeitos mas que ela ainda não havia encontrado a prova definitiva de que esses animais são a fonte da Sars. Ele observou que as novas descobertas sobre os gatos-de-algária que foram anunciadas em Hong Kong ainda precisam ser publicadas ou submetidas a uma verificação por parte de outros cientistas.

Contudo, ele também afirmou que uma tal descoberta poderia proporcionar grandes recompensas no plano científico, e que os responsáveis deveriam estar atentos para não "destruir as evidências".

Os cientistas ainda não foram capazes de determinar de que maneira o homem doente em Guangzhou contraiu a Sars. Algumas agências de notícias chinesas sugeriram que ratos podem estar envolvidos. Mas os responsáveis da OMS afirmaram que 30 ratos que foram pegos em armadilhas nas proximidades do apartamento onde o homem morava haviam sido submetidos a testes para verificar se eles eram portadores do vírus, e todos foram negativos.
Tradução: Jean-Yves de Neufville 

2003 - Sars Cov - Cives Centro de Informação em Saúde para Viajantes


Informação Técnica

Síndrome Respiratória Aguda Grave

Fernando S. V. Martins

Em 12 de março de 2003 a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um Alerta Global sobre a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome), uma pneumonia atípica grave, transmissível para contactantes próximos, inclusive profissionais da área da saúde, e ainda sem etiologia determinada.

Os primeiros casos desta doença ocorreram a partir de 16 de novembro de 2002, em Gunagdong (China). Em 11 de fevereiro de 2003 a OMS recebeu a notificação sobre a ocorrência na província de Guangdong, de 305 casos de pneumonia atípica grave, 105 dos quais em profissionais da área da saúde. Ocorreram cinco óbitos, e em dois destes foi detectada a presença de Chlamydia.

Em 26 de fevereiro de 2003 foi identificado um caso de pneumonia atípica grave (caso índice), cuja etiologia ainda não foi estabelecida, em um paciente de 47 anos que adoecera logo após ter chegado a Hanói (Vietnã), depois de ter visitado a China, incluindo Hong Kong. Após a internação, em um período de 4 a 7 dias, sete profissionais da área de saúde que haviam cuidado do caso índice adoeceram com manifestações semelhantes. Em 13 de março o caso índice evoluiu para o óbito, logo depois de ter sido transferido para Hong Kong (China). A epidemia de Guangdong, que possivelmente está relacionada com a ocorrida a partir do caso índice, continua em evolução e a causa ainda está sendo investigada.

Etiologia

Nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave que ocorreram depois do caso índice, os exames para determinação da etiologia (ELISA, PCR) não demonstram a presença de agentes conhecidos que poderiam estar envolvidos (influenza, parainfluenza, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia spp, hantavírus etc.). O achado de Chlamydia, uma bactéria que pode causar infecções respiratórias, foi possivelmente ocasional. A causa da doença é, muito provavelmente, um vírus. Três vírus tornaram-se candidatos a possível agente da Síndrome Respiratória Aguda Grave. O primeiro seria um novo vírus da família dos paramixovírus (laboratórios da Alemanha e Hong Kong), o segundo seria um metapneumovírus (laboratórios do Canadá) e o terceiro um novo coronavírus (laboratórios dos Estados Unidos, Alemanha e Hong Kong).


Na Alemanha, em material (swab de garganta escarro) de dois pacientes e no sangue de um deles, foram detectadas, por microscopia eletrônica, partículas morfologicamente semelhantes a um paramixovírus. Achado semelhante foi feito na Universidade Chinesa de Hong Kong, com material de um dos pacientes. Em 22 de março o Laboratório Nacional de Microbiologia do Canadá, informou ter encontrado "evidências" da presença de um metapneumovírus em amostras e 6 dos 8 casos em investigação. Em 25 de março, nos Estados Unidos (CDC) foi divulgado o isolamento de um novo coronavírus, anunciado como possível causa da doença. Outros laboratórios (Universidade de Hong Kong e Universidade de Frankfurt), utilizando testes moleculares fornecidos pelos CDC, também detectaram a presença deste novo coronavírus em diversas pessoas com a Síndrome Respiratória Aguda Grave.

Os paramixovírus e os coronavírus são duas famílias de vírus que podem causar infecções em animais vertebrados. Em seres humanos, os paramixovírus causam infecções respiratórias (vírus parainfluenza, vírus sincicial respiratório, metapneumovírus), sarampo, caxumba e encefalites (vírus Hendra e Nipah). Alguns dos paramixovírus foram identificados recentemente, como o Hendra (1994), o Nipah (1999) e o metapneumovírus (2001). Este último pode produzir manifestações respiratórias semelhantes às do vírus sincicial respiratório. Os coronavírus causam infecções respiratórias, sendo um dos mais freqüentes agentes etiológicos do resfriado comum.Os paramixovírus (incluindo o metapneumovírus) e os coronavírus podem ser detectados em seres humanos com ou sem doença.

O novo coronavírus (veja microfotografia eletrônica) parece ser a causa mais provável da Síndrome Respiratória Aguda Grave. O seqüenciamento genético do vírus foi obtido no Genome Sciences Centre (Canadá) e nos CDC (Estados Unidos), a partir de culturas provenientes de dois diferentes pacientes. As análises sugerem que o vírus associado à doença é diferente de todos os outros coronavírus conhecidos.

Para um grau de certeza maior, a incriminação definitiva de um agente como causa de uma doença deve ainda levar em consideração os postulados de Koch. O possível papel do metapneumovírus e do novo coronavírus na gênese da Síndrome Respiratória Aguda Grave foi investigado na Holanda, através de um estudo em primatas (macacos). Um grupo destes animais foi infectado com o novo coronavírus, outro com o metapneumovírus e um terceiro com o novo coronavírus e, em seqüência, com o metapneumovírus. Os animais do primeiro e do terceiro grupo desenvolveram quadro compatível com a doença e os do segundo apenas manifestações discretas (rinite).

O novo coronavírus, portanto, parece atender aos postulados de Koch, uma vez que foi isolado em cultura a partir de casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave e foi capaz de reproduzi-la em primatas. O metapneumovírus não foi capaz de reproduzir a doença em primatas e nem, quando em associação com o novo coronavírus, de torná-la mais grave.

Definição de caso
(01/05/2003) para efeitos de vigilância epidemiológica

Caso suspeito

1. Pessoa que apresente:
Febre (>38 °C) e
Tosse ou dificuldade respiratória (taquipnéia, dispnéia) e
Uma ou mais das seguintes condições:
contato direto* com um indivíduo que seja um caso suspeito ou provável de Síndrome Respiratória Aguda Grave ou
história de viagem há 10 dias ou menos a uma área afetada** ou
residência em áreas afetadas.2. Pessoa que tenha morrido de doença respiratória aguda, que não tenha sido submetida à
necropsia e uma ou mais das seguintes condições presentes há 10 dias ou menos:
contato direto* com um indivíduo que seja um caso suspeito ou provável de Síndrome Respiratória Aguda Grave ou
história de viagem a uma área afetada ou
residência em uma uma área afetada.Caso provável:1. Caso suspeito com radiografia de tórax com infiltrado compatível com pneumonia ou
Síndrome da Angústia Respiratória.
2. Caso suspeito com necropsia compatível com Síndrome da Angústia Respiratória, sem
causa identificada.* Pessoas que moram, cuidaram, atenderam ou entraram em contato com qualquer material biológico de
indivíduos com Síndrome Respiratória Aguda Grave.
** Área na qual está ocorrendo cadeia de transmissão local, informado pelas autoridades nacionais de saúde
pública.

Critério de exclusão
Um caso deve ser excluído como Síndrome Respiratória Aguda Grave se a doença puder ser totalmente explicada por um outro diagnóstico.Casos notificados

Entre 1 de novembro de 2002 e 8 de julho de 2003 a OMS recebeu 8436 notificações de casos "prováveis" de Síndrome Respiratória Aguda Grave (sem acréscimo em relação ao boletim de 7 de julho), incluindo 812 óbitos. Deste total, 7433 pessoas já se recuperaram ou tiveram alta. A epidemia de Guangdong está relacionada com os casos ocorridos a partir de 26 de fevereiro, o que a OMS passou a admitir oficialmente apenas em 26 de março. Como o diagnóstico da Síndrome Respiratória Aguda Grave é feito pela exclusão de outras doenças, o número e a origem dos casos podem ser alterados freqüentemente. Em 28 de abril, a OMS retirou o Vietnã da lista de países onde ocorre transmissão da doença, em razão de não ter sido registrado novos casos por mais de 20 dias consecutivos (o dobro do período de incubação). A transmissão local parece ter sido interrompida em todos os países, em 7 de julho de 2003. A partir de 8 de julho, o número de casos será atualizado apenas se houver alteração desta situação.

Síndrome Respiratória Aguda Grave: casos prováveis
notificados por países e áreas, entre 01/11/02 - 08/07/2003 País Casos Data do último caso

Alemanha 10 04/06/03
Austrália 5 12/05/03
África do Sul 1 09/04/03
Brasil* 1 09/06/03
Canadá 250 27/06/03
China 5327 25/06/03
China (Hong Kong) 1755 11/06/03
China (Macau) 1 21/05/03
Colombia 1 05/05/03
Coréia do Sul 3 14/05/03
Espanha 1 02/04/03
Estados Unidos** 74 23/06/03
Filipinas*** 14 15/05/03
Finlândia 1 07/05/03
França 7 09/05/03
Índia 3 13/05/03
Indonésia 2 23/04/03
Inglaterra**** 4 29/04/03
Irlanda (República) 1 21/03/03
Itália 4 29/04/03
Kuwait 1 09/04/03
Malásia 5 20/05/03
Mongólia 9 06/05/03
Nova Zelândia 1 30/04/03
Romênia 1 27/03/03
Russia (Federação) 1 31/05/03
Singapura# 206 18/05/03
Suécia 3 18/04/03
Suíça 1 17/03/03
Tailândia 9 07/06/03
Taiwan 671 19/06/03
Vietnã## 63 14/04/03 Total 8436 (sem acréscimo de casos)Fonte: OMS, 08/07/2003
** A OMS registrava como "'área de transmissão local limitada, sem evidencia de disseminação para a comunidade" de12 até
*** Diagnóstico retrospectivo feito na Inglaterra de duas pessoas que adoeceram (e tiveram alta) em fevereiro de 2003 nas Filipinas .
**** A OMS registrava como "área de transmissão local limitada, sem evidencia de disseminação para a comunidade", até 30/04/2003
# Preferível etimologicamente, em vez de "Cingapura"
## O Vietnã foi retirado da lista de países onde ocorre transmissão local da doença

Áreas com transmissão local recente
A OMS define uma área como de "transmissão local recente" aquela onde ocorreu transmissão da Síndrome Respiratória Aguda Grave nos últimos 20 dias, de acordo com as informações das autoridades nacionais de saúde pública. A Inglaterra (Londres) e os Estados Unidos (áreas não informadas) foram retirados da lista por estarem há mais de 20 dias sem registrar transmissão na comunidade. Em 14 de abril, a OMS retirou o Canadá (Toronto) da lista de países onde ocorre transmissão loccal recente da doença, em razão de não ter sido registrado novos casos por mais de 20 dias consecutivos (o dobro do período de incubação). Em 20 de abril, pelo mesmo motivo, as Filipinas (Manila) também deixaram de constar da relação. O Canadá informou à OMS a ocorrência de uma doença respiratória (com pneumonia) associada a dois hospitais de Toronto, o primeiro com 5 (em 22 de maio) e o segundo com 26 (em 24 de maio), totalizando 31 casos. Por cautela, os doentes foram investigados como possíveis casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave. A OMS, certamente também por cautela, manteve o status de Toronto como área onde não havia transmissão local recente até 25 de maio. Em 26 de maio, 34 casos (8 prováveis e 26 suspeitos) ligados a quatro hospitais foram notificados à OMS que, então, incluiu o Canadá (Toronto) como área de transmissão local recente, sem recomendar restrição a viagens.. Em 30 de maio Singapura foi retirada da lista de países com transmissão local recente, por não ter registrado transmissão de novos casos por mais de 20 dias consecutivos. Por motivo idêntico, em 13 de junho, a OMS também retirou da lista de áreas com transmissão recente Guangdong, Hebei, Hubei, Jilin, Jiangsu, Mongolia Interior, Shanxi, Shaanxi e Tianjin (todas na China). Em 24 de junho a OMS deixou de fazer restrições às viagens para Beijing (Pequim).Em 2 de julho, Toronto foi retirada da lista de áreas com transmissão local recente. Em 7 de julho a transmissão foi considerada interrompida em Taiwan..

Manifestações

As manifestações clínicas da Síndrome Respiratória Aguda Grave são febre alta de início súbito, tosse seca, dor no corpo, na cabeça e na garganta. Além disto, pode ocorrer perda do apetite, mal estar, dispnéia, confusão mental, exantema e diarréia. Pode ocorrer trombocitopenia acentuada, leucopenia, elevação das aminotransferases (2 a 6 seis vezes acima dos valores de referência) e da CPK (acima de 3000 UI/l). A maioria dos casos (mais de 80%) começa a apresentar melhora após uma semana de doença. Alguns (10 a 20%) evoluem de forma grave, apresentando pneumonia bilateral e, eventualmente, insuficiência respiratória. A doença é mais comum em adultos e mais grave em pessoas com mais de 40 anos, principalmente nas que tenham doenças crônicas associadas.

Letalidade

A letalidade média da Síndrome Respiratória Aguda Grave, que depende de fatores como idade, presença de doenças associadas e recursos disponíveis para tratamento, é estimada atualmente em cerca de 15%.

Síndrome Respiratória Aguda Grave:
faixa etária e letalidade estimada Faixa etária (anos) Letalidade (%)< = 24 < 1
25 a 44 6
45 a 64 15
> 65 >50 Fonte: OMS, 07/05/2003



Confirmação do diagnóstico
O diagnóstico da Síndrome Respiratória Aguda Grave é clínico e presuntivo, feito pela exclusão da possibilidade de outras doenças que causem manifestações semelhantes. Isto pode não ser simples, uma vez que é necessária uma estrutura laboratorial que não está facilmente disponível em países com pouca ou nenhuma tradição em termos de investigação etiológica, principalmente em relação aos agentes virais.

Estão em desenvolvimento três testes (ELISA, PCR e IFI), porém nenhum deles ainda se mostrou útil para a detecção precoce de casos. O ELISA é capaz de detectar anticorpos apenas cerca de 20 dias após o início das manifestações clínicas. O IFA detecta anticorpos em cultivos celulares após o décimo dia, mas é trabalhoso e depende da manutenção do vírus em cultura, o que torna sua realização demorada. O último (PCR) detecta material genético do vírus ainda nos estágios iniciais da doença, mas tem sensibilidade baixa (não indica a presença do agente em muitas das pessoas infectadas). Além disto o novo vírus pode ser isolado em culturas de células VERO. Estes testes quando negativos, inclusive a cultura, não afastam o diagnóstico clínico de Síndrome Respiratória Aguda Grave.


Tratamento
O tratamento da Síndrome Respiratória Aguda Grave consiste basicamente em medidas de suporte, como hidratação e, eventualmente, o uso de próteses respiratórias. É prudente, uma vez que o diagnóstico é de exclusão, considerar o emprego de antibióticos visando os agentes bacterianos que comumente causam pneumonia, incluindo as atípicas. Evolutivamente deve-se ainda levar em conta, principalmente nos pacientes mais graves, a possibilidade de infecções bacterianas secundárias. Estão sendo utilizadas drogas antivirais (como a ribavirina) e corticóides, porém não existem evidências de que tenham produzido qualquer efeito terapêutico.

Transmissão

Os dados disponíveis sugerem que o período de incubação situa-se entre 2 e 10 dias e que a Síndrome Respiratória Aguda Grave é menos transmissível que a influenza. Parece ser possível a transmissão respiratória e pelo contato direto com materiais biológicos. A transmissão parece ocorrer somente após o aparecimento das manifestações clínicas. O contato casual não parece implicar em risco de transmissão. A maioria dos casos, a partir de 26 de fevereiro, ocorreu em profissionais da área da saúde e estudantes de medicina ou em pessoas que tiveram contato muito próximo (como familiares) com indivíduos doentes.

Riscos

A facilidade e a rapidez que tornam possível o deslocamento de um elevado número de pessoas para diversos países e regiões faz com que exista risco de disseminação da doença para novas áreas. Não há como impedir a entrada de pessoas com a Síndrome Respiratória Aguda Grave, visto que milhares de pessoas chegam (aviões, navios, ônibus etc) diariamente ao país. No Rio de Janeiro, além do Aeroporto Internacional, existem dois grandes portos (Rio e Sepetiba) e a Plataforma de Campos, de onde não raramente tripulantes de navios procedentes do exterior são transportados de helicóptero, inclusive para o aeroporto Santos Dumont (que recebe vôos domésticos).
A OMS, em 27 de março, passou a recomendar a triagem de passageiros, antes do embarque, nas áreas onde esteja ocorrendo transmissão local da doença para a comunidade, visando a detecção de manifestações compatíveis com a Síndrome Respiratória Aguda Grave. A triagem de todos os passageiros na chegadaalém de inviável é inútil, uma vez que o período de incubação pode ser de até dez dias.

A estratégia para evitar a disseminação da doença baseia-se na detecção precoce e isolamento adequado dos casos que possam acontecer em pessoas provenientes de outros locais. Para tanto é necessário que todas as pessoas que ingressam no país, por qualquer meio de transporte, recebam material informativo contendo as manifestações da doença e como proceder em caso de adoecimento. É conveniente o material informativo esteja, adicionalmente, disponível na rede hoteleira. As embaixadas e consulados também devem receber as informações, pois é razoável que um estrangeiro que adoeça no Brasil possa pedir auxílio às representações diplomáticas do país de origem.

Não é recomendável, por motivos óbvios, que as pessoas com suspeita de Síndrome Respiratória Aguda Grave procurem diretamente as unidades de referência. É mais adequado centralizar (acesso telefônico 24 horas por dia) o encaminhamento, de modo que seja possível saber quantos leitos estão disponíveis a cada dia e para qual dos locais designados para atendimento médico seria possível encaminhar o paciente. Isto evitaria o arriscado deslocamento, por meios próprios, de pessoas com suspeita de serem portadoras de uma doença potencialmente grave e transmissível em busca de vagas. No Rio de Janeiro, durante a epidemia de leptospirose de 1988, criou-se uma estrutura centralizada semelhante, que permitiu a utilização racional das vagas disponíveis e tornou ágil o atendimento das pessoas doentes.
As pessoas (viajantes, tripulação dos aviões ou navios) que estiveram, há 10 dias ou menos, em áreas onde foram notificados casos ou que tenham tido contato direto com indivíduos com diagnóstico de Síndrome Respiratória Aguda Grave devem, caso apresentem febre e manifestações respiratórias (tosse, dispnéia etc), entrar imediatamenteem contato com as autoridades de saúde. As autoridades de saúde devem então providenciar o atendimento médico da pessoa doente em um local pré-determinado.

No caso de adoecimento a bordo de uma aeronave ou navio, o comandante deve informar imediatamente às autoridades sanitárias do local de escala ou de destino para que sejam adotadas as providências adequadas. Todos os passageiros e a tripulação devem ser informados sobre a suspeita e, nestas circunstâncias, é importante que forneçam às autoridades de saúde do aeroporto os dados necessários para contato e, também, que recebam informações precisas de como proceder caso adoeçam. O risco de transmissão da doença durante uma viagem aérea parece estar restrito às pessoas que estiveram muito próximas do indivíduo doente. Para efeitos de vigilância considera-se como contato muito próximo todas as pessoas que viajaram, em relação indivíduo doente, na mesma fileira de assentos e nas duas anteriores e posteriores. Deve-se levar em consideração que retirar eventuais pacientes de navios (necessariamente fundeados em áreas afastadas) será previsivelmente uma operação complexa. As aeronaves quando transportarem passageiros com suspeita da Síndrome Respiratória Aguda Grave, por precaução, devem ser desinfectadas de acordo com o WHO Guide to Hygiene and Sanitation in Aviation.

Medidas de proteção

O Cives recomenda (desde 16 de março) que, por cautela, seja considerada a possibilidade de adiar as viagens, quando não essenciais, para todas as áreas onde foram notificados casos de transmissão local recente da Síndrome Respiratória Aguda Grave, até que estejam disponíveis informações mais precisas sobre cada área.

A OMS passou a recomendar, apenas em 2 de abril, que as pessoas evitassem viagens não essenciais para Guangdong e Hong Kong e, no dia 23, passou também a incluir Shanxi, Beijing (Pequim) e Toronto. Em 29 de abril a OMS deixou de fazer restrições às viagens a Toronto, pelo fato do Canadá não ter registrado transmissão na comunidade por 20 dias consecutivos. A OMS, contudo, não explica porque Toronto não foi incluida antes de 23 de abril entre os locais a serem evitados, uma vez que estava ocorrendo transmissão na comunidade. Em 23 de maio a OMS também deixou de fazer restrição às viagens a Gangdong e Hong Kong, porque a epidemia "está sendo contida" nestes locais.

A OMS recomenda que as pessoas com manifestações compatíveis com pneumonia atípica, que possa estar relacionada com a Síndrome Respiratória Aguda Grave, sejam mantidas em isolamento,com abordagem clínica, terapêutica e diagnóstica adequadas. Recomenda ainda que qualquer caso suspeito seja notificado às autoridades de saúde.
Como a doença é altamente transmissível para os contactantes próximos (familiares, pessoal da área da saúde) é necessário que o serviço tenha recursos técnicos adequados para isolamento, como recomendado pela OMS. O fato de um hospital ter quartos para "isolamento", não significa que estes sejam adequados para doenças de transmissão respiratória, como a tuberculose e a própria Síndrome Respiratória Aguda Grave. Além de isolamento adequado, o que inclui quartos preferencialmente com pressão negativa, é necessário que estejam disponíveis equipamentos de proteção individual (máscaras N99 ou N100 - que não devem ser reutilizadas -, luvas de procedimentos, óculos, gorros, capotes, aventais impermeáveis) tecnicamente indicados para doenças de transmissão respiratória e de contato

A pressão negativa, que pode ser obtida com exaustores, deve permitir a renovação completa do ar do quarto de 6 a 9 vezes por hora. O ar retirado do quarto deve ser direcionado para fora do edifício de modo que não exista risco de contaminação de outros locais através de janelas ou dutos de ventilação, o que pode ser evitado com a utilização de filtros HEPA no sistema de exaustão. Como a maioria dos hospitais não dispõe destes recursos, espera-se que as autoridades da área de saúde designem locais de referência adequadamente equipados para atendimento dos eventuais casos suspeitos.

Apenas os profissionais que sejam essenciais ao atendimento devem ter acesso aos quartos de isolamento de paciente com suspeita de Síndrome Respiratória Aguda Grave, o que exclui estudantes, pessoal em treinamento e estagiários. As visitas devem ser limitadas ao máximo e, quando eventualmente ocorrerem, o visitante deve estar usando, sob supervisão, os equipamentos de proteção individual adequados.

Contactantes
Uma pessoa que teve contato direto (contactante) com um indivíduo com Síndrome Respiratória Aguda Grave, principalmente na fase sintomática, está sob risco potencial de desenvolver a doença. Entende-se como contactantes, pessoas que moram, cuidaram, atenderam (de modo não protegido) ou tiveram contato com qualquer secreção respiratória ou qualquer material biológico de indivíduos com Síndrome Respiratória Aguda Grave.

Os contactantes devem receber informações adequadas sobre a doença e manter suas atividades habituais, porém é necessário que evitem atividades sociais ou de negócios (festas, reuniões) que envolvam contato mais ou menos prolongado com outras pessoas em ambientes fechados e, portanto é necessário que sejam temporariamente, afastados do trabalho ou das aulas por licença médica. A OMS (7 de abril) recomenda que os contactantes de casos suspeitos sejam objeto de vigilância passiva e os de casos prováveis submetidos à vigilância ativa, ambos durante 10 dias. Isto significa que, no primeiro caso, o contactante deve entrar em contato apenas se desenvolver manifestações (febre), e no segundo que deve, diariamente, verificar a temperatura corporal e receber a visita (ou telefonema) de um agente dos serviços de saúde. A OMS não recomenda nenhuma medicação profilática para os contactantes assintomáticos. Caso o contactante desenvolvafebre deve ser, submetido a exame clinico em condições adequadas e, quando a avaliação indicar, internado em isolamento preferencialmente com pressão negativa.

Critérios de Alta e Acompanhamento
Nenhuma norma técnica substitui o julgamento clínico e a prudência necessária quando se trata da saúde do paciente e da população. Deve ser considerada a possibilidade de alta quando o paciente estiver clinicamente bem, apirético por, pelo menos, 48 h consecutivas (sem uso de antitérmicos) e apresentar evolução favorável dos parâmetros laboratoriais (leucometria, plaquetometria etc) e radiológicos. Antes da alta hospitalar, no entanto, deve ser feita a avaliação da viabilidade de execução das recomendações preventivas no contexto familiar e social do paciente, o que deve incluir uma verificação in loco das condições existentes. Deve ainda ser levado em consideração que, em geral, viajantes estrangeiros ficariam hospedados em hotéis, o que não é desejável. Além disto, deve ser analisada a capacidade do paciente e de sua da família quanto a entender e seguir recomendações. Nestas circunstâncias, obedecidas rigorosamente as recomendações, é provável que o risco representado pelo paciente como fonte de infecção seja mínimo ou inexistente.

É necessário que sejam fornecidas ao paciente informações adequadas sobre a doença e cuidados a serem seguidos, além de instruções precisas sobre como entrar em contato com o hospital responsável pelo atendimento. Após a alta, os pacientes devem permanecer dentro de casa por 7 dias e restringir (por cautela) o contato com outras pessoas ao mínimo indispensável. A temperatura corporal deve ser medida e duas vezes por dia e, se houver febre acima 38 °C (ou qualquer agravamento das manifestações), a instituição responsável pelo paciente deve ser imediatamente informada. Após este período, o paciente deve ser reavaliado (clínica e laboratorialmente) para se determinar a necessidade de prosseguir com o isolamento domiciliar.

Disponível em 16/03/2003, 23:21 h. Atualizado em 08/07/2003, 20:19 h.

Fontes: Centers for Disease Control and Prevention (CDC)Genome Sciences CentreHealth Canada OnlineOrganização Mundial da Saúde e ProMed.

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