quinta-feira, 17 de março de 2022

Fome, pobreza e os reflexos para 2022


Múltiplos fatores pressionam a população mais vulnerável. Em 2022, vale pensar em como mobilizar a sociedade civil para o país superar a pobreza crônica
Publicado em 17/12/2021 

Edu Lyra, do Gerando Falcões: projeto Favela 3D (Digital, Digna e Desenvolvida) envolveu prefeitura, governo de São Paulo e iniciativa privada para, de baixo pra cima, mobilizar a sociedade civil contra os efeitos da pandemia (Exame/Leandro Fonseca)

Tem sido bastante complexa a análise dos rumos da recuperação econômica do Brasil e do mundo, em face da crise sanitária e econômica provenientes da pandemia da Covid-19.
Pouco mais de 60 dias atrás, estávamos refletindo sobre esta recuperação de modo mais livre, agora, com o surgimento e disseminação mundial de uma nova variante do SARS-COV 2, novas restrições, debates e incertezas voltaram a habitar o contexto de nossas discussões.

Esta condição nova agrava situações que, no caso do Brasil, já vinham se mostrando em processo contínuo de piora, dadas as dificuldades econômicas e políticas por que passamos desde meados da década passada, especialmente com a recessão ocorrida a partir de 2014.

Um exemplo importante do agravamento de nossos problemas nacionais tem relação com a ampliação da insegurança alimentar no país, que experimentou piora no período de 2014 a 2018 e, em 2020, mesmo com a política do Auxílio Emergencial, agravou ainda mais as condições de vida da população mais pobre, que voltou a enfrentar o fantasma da fome como uma condição nefasta de sua baixa qualidade de vida.

Este tema aparece de maneira bastante detalhada no VIGISAN, Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, publicado agora em 2021, por iniciativa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, Rede PENSSAN, e executado pelo Instituto Vox Populi, com apoio da ActionAid Brasil, Fundação Friedrich Ebert – Brasil, Instituto Ibirapitanga e Oxfam Brasil.

O inquérito baseou-se em amostra de 2.180 domicílios, representativa da população geral, considerando as grandes cinco grandes regiões do país e a localização dos domicílios, em áreas urbanas e rurais. As entrevistas foram feitas em visitas domiciliares, no período de 05 a 24 de dezembro de 2020. E a metodologia da pesquisa possibilitou a comparação dos dados obtidos com outros inquéritos nacionais, conduzidos pelo IBGE, permitindo entender a dinâmica da questão da insegurança alimentar no período de 2004 a 2018 e durante a pandemia, em 2020.

Como demonstra o relatório: “Os resultados do inquérito mostram que nos três meses anteriores à coleta de dados, menos da metade dos domicílios brasileiros (44,8%) tinha seus(suas) moradores(as) em Segurança Alimentar. Dos demais, 55,2% que se encontravam em Insegurança Alimentar; 9% conviviam com a fome, ou seja, estavam em situação de Insegurança Alimentar grave, sendo pior essa condição nos domicílios de área rural (12%).”

Este percentual de 9% de brasileiros em situação de fome representa 19,06 milhões de pessoas, o que corresponde à toda a população das capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, somada, convivendo diariamente com a fome!

Retomada econômica, controle da pandemia, eleições presidenciais e estaduais, inflação e a perspectiva de crescimento econômico baixo comprometem fortemente o cenário de 2022, mais ainda quando temos em mente o dado de insegurança alimentar grave que descrevemos acima.
A pergunta é: o que fazer?

Não me canso de falar em governança compartilhada, que incorpora como prática central a articulação institucional dos diferentes setores da sociedade – público, privado e sociedade civil organizada – que, em conjunto, buscam soluções cooperativas para a resolução dos problemas enfrentados no cotidiano do cidadão.

Assim, durante a pandemia, no exemplo do Renda Merenda, apoiamos o setor público com recursos privados de doação, para cumprir o objetivo de não desamparar crianças e jovens, matriculados nas redes públicas da capital paulista e o governo estadual de São Paulo, em relação à sua alimentação.

Construímos assim, uma ponte com o setor privado, colaborando na constituição de um processo transparente de governança compartilhada, essencial para o apoio às famílias naquela hora tão grave e incerta.

O desafio de vencer a fome passa também, e necessariamente, pela redução da pobreza e a constituição de políticas públicas, baseadas no conceito de governança compartilhada, que possam reunir sinergias diversas para enfrentar as duas questões.

Esta combinação também encontramos na iniciativa da Gerando Falcões, liderada pelo Edu Lyra, ao conceber o Favela 3D (Digital, Digna e Desenvolvida), em parceria com a prefeitura, o governo de São Paulo e apoio da iniciativa privada.

O objetivo do projeto, nascido na comunidade, com os moradores, de baixo pra cima, permitiu que se criasse um acordo social envolvendo governos, iniciativa privada e a sociedade civil.

Atacando as múltiplas dimensões da pobreza na favela de Marte, no município de São José do Rio Preto, do investimento total de R$ 58 milhões, R$ 15 milhões vêm da iniciativa privada, para construir moradias, gerar renda, melhorar condições de saúde, apoiar mulheres e crianças e dar opções de lazer e cultura. Trata-se de um “plano de decolagem familiar”.

O Renda Merenda, Favela 3D, portanto, são exemplos concretos de como a governança compartilhada, ou seja, a sinergia entre setores público, privado e sociedade civil podem conceber novas políticas, com base na inovação, transparência e busca pelo resultado.

Dada a complexidade da situação que vivemos atualmente, em que múltiplos fatores pressionam o dia a dia de nossa população mais vulnerável, empurrando para uma situação de pobreza associada à insegurança alimentar, é necessário ampliar esses exemplos e criar condições para que este novo modelo de governança possa se expandir e gerar impacto positivo sobre a vida das pessoas.

Mesmo diante de tantos desafios, vale pensar 2022 como um ano em que esses cases de transformação sistêmica possam ser criados e replicados, para que superemos a pobreza crônica.

É um grande sonho, que já começamos a construir.

quarta-feira, 16 de março de 2022

Bolsonaro reafirma que quer 'se livrar' da Petrobras e a privatizar

 Presidente falou com apoiadores após motociata realizada na cidade de Ponta Grossa


Por
Agência O Globo
|07/11/2021 12:48


Alan Santos/PR

Bolsonaro reafirma que quer 'se livrar' da Petrobras e a privatizar

O presidente Jair Bolsonaro voltou a repetir neste sábado que o governo estuda alguma forma de privatizar a Petrobras. Em discurso a apoiadores após uma motociata na cidade de Ponta Grossa, o presidente afirmou que deseja “se livrar” da estatal.

Bolsonaro vem reclamando de forma recorrente da empresa. O presidente argumenta que apesar de não poder interferir na forma como a estatal define os preços de combustível, ele é responsabilizado pela população pelo aumento dos preços,

"A economia sofreu um golpe. No mundo todo. Sabemos da inflação, aumento de combustível. Sabemos da Petrobras, é independente, infelizmente. Infelizmente independente. E nós estamos buscando uma maneira de ficar livre da Petrobras. Fatiar bastante, quem sabe partir para uma privatização", disse Bolsonaro, que admitiu que um processo como esse seria demorado.

O presidente também se eximiu de responsabilidade pela inflação e voltou a culpar as medidas restritivas como culpadas pela crise econômica. Segundo ele, governadores e prefeitos foram os responsáveis pela situação.
Para apoiadores, Bolsonaro defendeu a necessidade também da aprovação da PEC dos Precatórios.

Segundo o presidente, a emenda é necessária para abrir espaço no orçamento e pagar o Auxílio Brasil de R$ 400, benefício temporário que irá substituir o Bolsa Família a partir do ano que vem, que é ano de eleição.

"Estamos votando aqui a tal da PEC dos Precatórios para poder realmente fazer com que o orçamento nosso funcione o ano que vem. Para dobrar o Bolsa Família, que estamos vivendo uma inflação de alimentos, uma inflação de combustíveis", disse Bolsonaro.

Adélio Bispo classifica Bolsonaro como 'impostor'


Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
27/11/2020 às 18:58.Atualizado em 27/10/2021 às 05:09



(Divulgação/Assessoria de Comunicação do 2° BPM)

Em declarações feitas durante um depoimento gravado pela Polícia Federal (PF), o ex-garçom Adélio Bispo de Oliveira, de 42 anos, disse ter esfaqueado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), por conta de motivos políticos e religiosos, classificando o então candidato como “impostor”. Ele declarou ainda que tinha interesse em matar o ex-presidente Michel Temer. As gravações foram divulgadas pelo site da revista Veja nesta sexta-feira (27).

Durante o depoimento, Adélio relembrou o delito, que ocorreu durante a campanha eleitoral de 2018, em um dos principais pontos do Centro de Juiz de Fora, e disse que Bolsonaro tentou se passar por um homem de Deus para ganhar votos de eleitores evangélicos.

O fato, segundo ele, também motivou o crime. “Muitos evangélicos acreditavam que ele fosse evangélico, ele tentou plantar essa imagem, mas não era. Ele é um impostor, meramente um impostor”, declarou.

O ex-garçom disse, ainda, que chegou a pensar em desistir de cometer o crime, mas que teria atendido um chamado de Deus e que não sentia arrependimento pelo o que fez. “Quando ele (Deus) disse, eu fiquei até surpreso”, afirmou.

No decorrer do depoimento, Adélio Bispo expôs um outro desejo, o de matar Michel Temer. Segundo ele, a vontade era pessoal. “Na política, eu tinha interesse mesmo era no Michel Temer. Esse eu tinha interesse”, afirmou.

Relembre o caso

No dia 6 de setembro de 2018, Jair Bolsonaro foi atingido por uma faca que perfurou fígado, pulmão e intestino durante campanha eleitoral na cidade mineira de Juiz de Fora. O autor do ataque, Adélio Bispo de Oliveira, foi julgado e está preso.

Luiz Estevão ganha progressão de pena para regime aberto e deixa de usar tornozeleira eletrônica

Senador cassado cumpria pena em regime semiaberto e estava em prisão domiciliar. Com benefício, ele pode trabalhar no DF desde que retorne para casa até as 22h.

Por G1 DF
24/06/2021 20h21 

O ex-senador Luiz Estevão, em foto de agosto de 2018, ao — Foto: Reprodução/TV Globo

O senador cassado Luiz Estevão, que cumpria pena em regime semiaberto, e estava estava em casa desde março do ano passado, por ser considerado do grupo de risco para a Covid-19, obteve progressão para o regime aberto. O empresário também não vai mais precisar usar tornozeleira eletrônica.

A decisão é da juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal (VEP-DF). A defesa de Estevão foi intimada, na quarta-feira (23), para que cumpra os trâmites para fazer valer a progressão de regime.

O ex-senador poderá trabalhar no Distrito Federal, mas deve voltar para casa, no Lago Sul, até as 22 horas nos seis primeiros meses. Depois desse período, ele poderá retornar para casa até a meia-noite.

A cada dois meses, Luiz Estevão deve se apresentar na Vara de Execuções das Penas em Regime Aberto (Vepera).

Preso em 2016





Ex-senador Luiz Estevão foi para a cadeia em 2016, dez anos depois de condenação

Luiz Estevão foi preso em março de 2016 para cumprir uma pena de 26 anos pelos crimes de corrupção ativa, estelionato e peculato.

O ex-senador foi condenado por fraudes nas obras do Tribunal Regional do Trabalho do estado de São Paulo (TRT-SP). A sentença havia sido dada dez anos antes, em 2006.

Luiz Estevão é condenado por corromper policiais na Papuda. Justiça também condenou 4 agentes públicos por facilitarem regalias ao ex-senador


O ex-senador Luiz Estevão teria corrompido 2 agentes públicos enquanto estava preso 

by Poder 360

Luiz Estevão é condenado por corromper policiais na Papuda Justiça também condenou 4 agentes públicos por facilitarem regalias ao ex-senador Reprodução SBT - 28.mai.2019

O ex-senador Luiz Estevão teria corrompido 2 agentes públicos enquanto estava preso PODER360 14.jan.2022 (sexta-feira) - 9h09 A Justiça do Distrito Federal condenou o ex-senador Luiz Estevão a 9 anos e 9 meses de prisão em regime fechado por corrupção de agentes públicos. O crime teria ocorrido para que ele recebesse regalias enquanto estava cumprindo pena no presídio da Papuda, em Brasília.
Luiz Estevão é dono do site de notícias Metrópoles. O ex-senador foi condenado originalmente por desvios de recursos públicos na construção do edifício do TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo), ocorrida de 1992 a 1998.


PODER360 14.jan.2022 (sexta-feira) - 9h09 A Justiça do Distrito Federal condenou o ex-senador Luiz Estevão a 9 anos e 9 meses de prisão em regime fechado por corrupção de agentes públicos. O crime teria ocorrido para que ele recebesse regalias enquanto estava cumprindo pena no presídio da Papuda, em Brasília. Luiz Estevão é dono do site de notícias Metrópoles. O ex-senador foi condenado originalmente por desvios de recursos públicos na construção do edifício do TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo), ocorrida de 1992 a 1998.

Divulgada na 4ª feira (12.jan.2022), a condenação por corrupção foi em 1ª Instância e cabe recurso. O processo corre em segredo de Justiça. As regalias foram denunciadas por outro detento. A cela em que Estevão ficava também abrigava o ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso desde setembro de 2017 por corrupção passiva.

Com a denúncia, em junho de 2018, a Polícia Civil do Distrito Federal fez buscas na cela 4 do bloco 5 –a chamada Ala dos Vulneráveis– no CDP (Centro de Detenção Provisória) do Complexo Penitenciário da Papuda. Foram encontradas barras de chocolate, que seriam de Geddel, e pendrives, que seriam de Estevão. Depois das descobertas, os políticos foram transferidos para a ala de segurança máxima do presídio.

Em 2017, uma operação recolheu uma cafeteira, cápsulas de café, chocolates e macarrão importado nas dependências compartilhadas por Luiz Estevão. Segundo a Justiça, para receber os benefícios, Estevão deu uma área do grupo OK em Valparaíso a um policial penal. A irmã desse mesmo agente também foi contratada pelo Metrópoles. O ex-senador também facilitou a publicação de duas reportagens sobre a criação de pássaros para comercialização, incluindo o nome do agente e foto do local....

NOVA CONDENAÇÃO Na sentença pelas regalias, Estevão teve o regime fechado estipulado por ser “réu reincidente e portador de maus antecedentes”, segundo a Justiça do DF. O Poder360 entrou em contato com a defesa de Estevão, mas o advogado Marcelo Bessa está de licença por motivos de saúde. O espaço para manifestação continua aberto. Ao g1, a defesa afirmou que irá recorrer da decisão. Em nota enviada à Folha, o advogado disse que Estevão é inocente e que a Justiça ignorou informações relevantes no processo....

Eis as condenações:

 LUIZ ESTEVÃO DE OLIVEIRA NETO: 9 anos, 9 meses e 9 dias de reclusão em regime fechado por corrupção; 

POLICIAL PENAL 1: 4 anos, 1 mês e 23 dias de reclusão em regime semiaberto por corrupção e perda do cargo; 

POLICIAL PENAL 2: 2 anos, 10 meses e 6 dias de reclusão em regime aberto por corrupção e perda do cargo; EX-DIRETOR DO CDP: 1 ano e 8 meses de detenção em regime aberto por prevaricação;

EX-DIRETOR ADJUNTO DO CDP: 2 anos de detenção em regime aberto por prevaricação (saber de irregularidades e não as notificar ou impedir)....

OUTRAS CONDENAÇÕES 
Condenado em 2006 em pelo crime de peculato, estelionato e corrupção ativa por fraudes e desvios nas obras do TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo), Estevão só foi preso em 2016. No mesmo ano o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou o projeto transitado em julgado. Foi condenado a 26 anos de prisão.

Estevão passou para o regime de prisão domiciliar em março de 2020, beneficiado por habeas corpus concedido pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Rogério Schietti. Em junho de 2021, o ex-senador que teve o mandato cassado obteve a progressão para o regime aberto, e deixou de usar tornozeleira eletrônica.

Em dezembro de 2019, Estevão foi condenado novamente por reformar o bloco onde estava preso na Papuda. A pena foi o pagamento de multa. Na época, agentes públicos também foram condenados pelo caso.


Bolsonaro defende Hugo Chávez em entrevista de 1999

 Deputado afirmou que ex-presidente da Venezuela era 'esperança para América Latina' e que gostaria que sua 'filosofia chegasse ao Brasil'

Por Da Redação Atualizado em 12 dez 2017, 

O Deputado Jair Bolsonaro Antonio Milena/VEJA

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) já se desfez em elogios ao falar do ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, um dos maiores símbolos da esquerda na América Latina, morto em 2013. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em 1999, ele, que havia sido eleito pelo PPB, disse que o líder da “Revolução Bolivariana” era uma “esperança para a América Latina”.

“Chávez é uma esperança para a América Latina e gostaria muito que essa filosofia chegasse ao Brasil”, disse o parlamentar. “Acho ele ímpar. Pretendo ir a Venezuela e tentar conhecê-lo.”

Questionado sobre o que achava de Chávez ser apoiado na época pelos comunistas, Bolsonaro afirmou: “Ele não é anticomunista e eu também não sou. Na verdade, não tem nada mais próximo do comunismo do que o meio militar”. Ele também disse que o venezuelano remetia ao marechal Castelo Branco, primeiro presidente do Brasil durante a ditadura militar, entre 1964 e 1967.

“Acho que ele [Chávez] vai fazer o que os militares fizeram no Brasil em 1964, com muito mais força. Só espero que a oposição não descambe para a guerrilha, como fez aqui”, afirmou.

segunda-feira, 14 de março de 2022

Moraes cobra governo sobre extradição do bolsonarista Allan dos Santos

Ministro quer explicações do secretário nacional de Justiça a respeito do andamento do pedido contra o blogueiro, que está foragido nos EUA

Por João Pedroso de Campos 

14 mar 2022, 18h18

O blogueiro Allan dos Santos, que está nos EUA Reprodução/Instagram

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quer saber a quantas andam os esforços do governo Jair Bolsonaro para efetivar a extradição do blogueiro Allan dos Santos, investigado no inquérito das milícias digitais e foragido nos Estados Unidos desde outubro, quando Moraes determinou sua prisão.

Em despacho nesta segunda-feira, 14, o ministro determinou que o secretário nacional de Justiça, José Vicente Santini, subordinado ao Ministério da Justiça, seja notificado a informar sobre o andamento do pedido de extradição, “incluídas informações acerca das medidas adotadas no âmbito do Ministério da Justiça para a sua efetivação junto ao Governo dos Estados Unidos”. O prazo para as explicações é de cinco dias.

O blogueiro aliado de Jair Bolsonaro, fundador do site Terça Livre, teve a inclusão na lista vermelha da Interpol determinada por Alexandre de Moraes em outubro, mas ela não foi concretizada. Durante sua estadia em território americano, Santos tem publicado conteúdos nas redes sociais ofendendo Moraes, a quem desafia prendê-lo. “Pede pro Mickey vir me pegar”, ironizou o blogueiro em uma das postagens em vídeo.

sábado, 12 de março de 2022

FLYING MONKEYS


                Antes de falar sobre flying monkeys, gostaria de deixar algumas coisas bem claras:

by Limonada Digital

Primeiro: não existe "fofoca inocente" e ninguém é fofoqueiro por acidente: toda fofoca visa prejudicar alguém ao mesmo tempo que garante alguma vantagem ao fofoqueiro. Esta é uma das poucas regras sem exceção, por menor que seja a vantagem objetiva para o fofoqueiro, como por exemplo, exibir-se como uma pessoa "influente" que tem acesso a "informações privilegiadas" que o objeto da fofoca só revelaria a alguém muito íntimo, mesmo apesar de, na maioria das vezes estar repassando uma fofoca de segunda ou terceira mão.

Revelar "segredos" da vida de uma pessoa a terceiros é desrespeitoso, perverso e desleal. É pura maldade, muitas vezes gratuita. Gente civilizada ao ouvir uma fofoca se interessa mais no que ela revela do fofoqueiro do que no conteúdo da fofoca em si, pois é das mentes pequenas que vêm as maiores traições. Não que sejam lá tão brilhantes assim, é tudo questão de foco, como bem definido por Eleanor Roosevelt:

Grandes mentes discutem idéias, mentes medianas discutem eventos e mentes pequenas discutem pessoas.A fofoca é uma arma poderosa na construção e destruição de carreiras e reputações. Pedimos a Deus que nos mantenha longe das más línguas, fugindo delas como o diabo da cruz. Mas nem toda a reza do mundo impede que elas venham até nós e de forma particularmente ofensiva quando entramos mesmo que desavisadamente na mira de um narcisista. Porque se há arte ou ofício em que o narcisista se supera é em criar intrigas plantando fofocas por onde quer que passe.

E mentes pequenas e medianas são o terreno fértil onde ele cultiva seus flying monkeys.

Flying monkeys são os macacos voadores que servem à Bruxa Malvada do Leste no Mágico de Oz, e que ao mesmo tempo que espionam o reino para informá-la sobre tudo que acontece, atazanam e aterrorizam seus desafetos.

Os flying monkeys a serviço do narcisista fazem exatamente a mesma coisa, chegando a comprar brigas que não são suas por "tomar as dores" do narcisista. Portanto, regra de ouro número 1 para não virar uma marionete a serviço de terceiros é jamais tomar a si as dores de outro adulto e ir "tirar satisfações" no seu lugar. Se começar a realmente observar o comportamento das pessoas ao seu redor, provavelmente vai se surpreender com a quantidade de tempo e energia que as pessoas desperdiçam tramando e manipulando para que outras tomem uma atitude (que caberia a elas próprias tomar) ou assumam alguma responsabilidade no seu lugar.

Manipulados pelo narcisista, os flying monkeys praticam o bullying ou assédio moral convencidos de estar defendendo uma boa causa e/ou punindo uma pessoa egoísta e cruel.

A imensa maioria das pessoas em algum momento já usou ou foi usada como um flying monkey, isso faz parte do aprendizado necessário ao convívio social, e costumamos evitar esse tipo de envolvimento tão logo atingimos plena consciência das ramificações e consequências negativas para todos os envolvidos. Essa consciência pode ser atingida cedo na infância ou na idade adulta, dependendo do tempo que cada pessoa leva para amadurecer emocionalmente, abandonando a crença de que o mundo deve se curvar e adaptar aos seus desejos e caprichos e aceitando de vez o princípio de realidade, ou a existência de limites e consequências para suas ações; tornando-se capaz de suportar a dor como contingência e recusando gratificações imediatas que tenham como resultado dano ou prejuízo para si ou para os outros.

Em toda a sua vida, o narcisista jamais chegará a atingir a maturidade emocional caracterizada por esse estágio. Ainda ontem li um artigo num site para psicólogos aqui do Brasil algumas "dicas" para tratar o narcisista com carinho e compreensão e ajudá-lo a buscar ajuda profissional. Nada poderia ser mais errado e até insidioso para as pessoas que estão sofrendo sob o domínio tirânico de um narcisista: o narcisismo é tão curável quanto a psicopatia, a sociopatia e outros transtornos de personalidade. O narcisismo não é uma condição ou doença, é um desvio estrutural causado por traumas profundos e persistentes nos estágios iniciais da formação afetiva de um ser humano. A personalidade narcisística é o "robô gigante" que essa criança criou para defender-se, e fez isso tão cedo no desenvolvimento que ao chegar à idade adulta já não existe distinção entre seu organismo e a máquina que inventou. A única possibilidade de reversão desse processo é a intercessão terapêutica anterior à sua consolidação tanto da criança como de todos os seus familiares, entre os quais, via de regra, haverá pelo menos, senão vários narcisistas.

De mais a mais, ainda são raros os especialistas em saúde mental devidamente preparados e emocionalmente equipados para tratar devidamente o problema. O que se vê nos fóruns de ajuda mútua são cônjuges e familiares que tendo procurado a ajuda de um terapeuta acabaram vitimizados também por esse, sendo inúmeros os casos de pessoas que foram não só sujeitas a tratamentos, internações e medicamentos de que não necessitariam se vingassem se afastar física e emocionalmente dos narcisistas em suas vidas.

Enfim, voltando aos flying monkeys... antes de sair pela tangente, eu estava dizendo que os flying monkeys são um estágio na nossa evolução emocional e para isso não é preciso nenhuma ciência: basta observar o comportamento de crianças e adolescentes nos pátios das escolas. E para conhecer as estratégias de sobrevivência social praticadas pelo narcisista, basta observar o comportamento dos bullies, e, particularmente no tema que estou abordando aqui, os da sua "turma", particularmente como a pessoa do bully é o que sustenta e mantém sua "união", e em como essa fragilidade é compensada por gestos, gostos, crenças, comportamentos e modismos estereotipados que só fazem sentido no contexto da gangue. Via de regra, o bully maior, ou o "cabeça" é aquele que se recusa a abandonar os trejeitos e modismos, no máximo os adaptando quando é transferido para um ambiente novo, onde logo cuidará de criar outra gangue. Os demais, quando adequadamente providos de estrutura e amparo emocional não têm grandes dificuldades em abandonar o "jeito de ser" da gangue ao deixá-la seja por iniciativa própria ou pela intervenção de alguma autoridade ou referência adulta.

Embora muitos narcisistas persistam criando e liderando gangues, clubes, grupos, empreendimentos, cultos ou times para dar vazão à raiva e hostilidade que permeia sua relação com o mundo ao longo da vida adulta; outros tantos reservam tais sentimentos para manifestá-los na intimidade de seus lares. Aqui arrisco a hipótese totalmente empírica e sem nenhum embasamento em pesquisa, de que os primeiros foram vítimas de abuso paterno ou de uma referência masculina quando pequenos e os segundos de abuso materno ou de uma referência feminina, tendo os primeiros como foco da hostilidade a sociedade em geral e os segundos os círculos íntimos compostos por amigos e familiares.

Desculpem se saí pela tangente outra vez: enquanto escrevo, estou elaborando um manancial de informações coletadas ao longo de décadas de leituras sobre um tema que começou como uma curiosidade pré-adolescente sobre o episódio dos Mucker, um grupo de fanáticos religiosos dizimado pelas forças policiais na colônia alemã do Rio Grande do Sul ainda no tempo do Brasil-Império, passando por Charles Manson, pelo suicídio coletivo dos 900 seguidores de Jim Jones em 1979, para citar alguns exemplos, percorreu dezenas de biografias de serial killers até descobrir-se no rastro narcisismo como o longo fio que percorre os meandros e recônditos desse labirinto de tragédias. Muito do que estou escrevendo nestas páginas são constatações, elaborações e notas soltas que só agora começam a ganhar corpo e coerência.

Como soldados são instruídos apenas com as informações necessárias ao cumprimento de suas funções no terreno de batalha, o narcisista abastece seus flying monkeys com informações parciais, a sua versão do fato, ou mentiras deslavadas, conforme convir no momento. Isso se aplica a todas as pessoas visadas pelo narcisista, incluindo os próprios flying monkeys. Essa estratégia cria um clima de desconfiança e competição quando não animosidade orquestrado pelo narcisista para evitar qualquer troica de informações não supervisionada, com o adicional de criar um clima de suspeição para neutralizar potenciais queixas, reclamações ou tentativas de exposição por quem quer que se sinta por ele lesado ou prejudicado.

O narcisista não tem o menor pudor em caluniar seus flying monkeys, alimentando e superdimensionando eventuais indisposições, e quando aconselha o faz para aprofundar os conflitos a fim de se estabelecer como único elemento "confiável" no grupo.

Laços familiares e amizades de longa data podem ser vaporizados pelo narcisista sem o menor remorso ou pudor e em pouco tempo. Quanto mais útil se mostrar o flying monkey, mais o narcisista buscará isolá-lo, intermediando suas relações na tentativa de colocá-lo sob seu controle. Suspeito que assim aja porque manter o controle sobre diversas pessoas relativamente autônomas ao mesmo tempo seja mentalmente extenuante, e o controle absoluto significa menos um elemento com quem se preocupar.

Não cansarei de enfatizar que servir como flying monkey não oferece imunidade alguma às fantasias humilhantes criadas pelo narcisista. Por mais que você tenha dado provas de fidelidade, honestidade e comprometimento, isso não o impede nem nunca impedirá de expor suas fraquezas e intimidade acrescentando ou mesmo inventando histórias a seu respeito sempre que julgar conveniente ou perceber alguma vantagem.

O respeito, indulgência e fidelidade absolutos que o narcisista exige para si, ele só dedica ao(s) abusador(es) da sua infância, elevado(s) à condição de ser(es) infalível(eis) e irrepreensível(eis): de maneira simplista, ele(s) precisa(m) ser perfeito(s), para resignificar e tornar aceitáveis as humilhações e maus-tratos de que foi alvo ainda antes de compreender as primeiras palavras.

Portanto, para encerrar, desenvolva em si a disciplina de sempre que alguém vier falar de outra pessoa para você, perguntar: o que essa pessoa pretende obter me contando isso? E se não souber responder ou desconfiar das intenções dessa pessoa, pergunte na cara, na lata mesmo: por que está me contando isso?

A experiência ensina que é por mentiras e jamais pela verdade que se perdem as amizades que vale a pena manter nesta vida.

O PL 2630 pode impactar a internet que você conhece

Proposta no Congresso promove debate sobre combate à desinformação, mas traz consequências negativas e indesejadas que podem impactar a internet que você conhece

Fabio Coelho
Presidente do Google Brasil
11 Mar, 2022



Desde 2020, o Congresso Brasileiro discute o Projeto de Lei 2630/2020, que também ficou conhecido como o Projeto de Lei das Fake News e que foi criado com o objetivo de combater a desinformação. Reconhecemos a importância de debater soluções para esse problema, mas nos preocupa que o Congresso esteja fazendo isso sem considerar as consequências negativas e indesejadas que o projeto de lei pode trazer.

Do jeito que está hoje, o PL 2630 pode facilitar a ação de pessoas que querem disseminar desinformação, pode tornar mais difĩcil que veículos de comunicação de todo o país alcancem seus leitores e pode tornar nossos produtos e serviços menos úteis e menos seguros para os milhões de brasileiros e empresas que os usam todos os dias. Entenda por quê:

O PL 2630 pode tornar nossas plataformas menos seguras ao obrigar a divulgação de informações estratégicas que poderiam ser usadas por pessoas mal-intencionadas

Em seu texto atual, o PL 2630 impõe uma série de obrigações que deixariam as ferramentas de busca menos seguras para todos e mais suscetíveis a abusos e fraudes. O projeto de lei exige que sejam divulgadas informações minuciosas sobre como nossos sistemas funcionam, entre elas detalhes sobre a base de treinamentos de sistemas e métodos usados para melhorar nossos serviços, monitorar violações e tomar medidas de fiscalização, o que prejudicaria significativamente nossa capacidade de combater abusos e spam e proteger nossos usuários de golpes.

Divulgar esse tipo de dado não ajudará na luta contra a desinformação. Ao contrário, oferecerá a agentes mal-intencionados um "guia" sobre como contornar as proteções dos nossos sistemas, trazendo prejuízos para a qualidade e segurança dos nossos resultados de busca. Com isso, eles poderiam manipular essas informações para conseguir obter uma melhor posição no nosso ranking de pesquisas, prejudicando ao longo do processo aqueles que produzem conteúdo confiável e relevante.

No YouTube, enfrentamos uma batalha contínua contra aqueles que buscam enganar os nossos sistemas - desde criadores que testam os limites de nossas políticas contra discurso de ódio até tentativas coordenadas de espalhar narrativas de desinformação. Grupos dedicados a esse tipo de atividade constantemente tentam manipular os nossos sistemas e, quando identificamos violações às nossas políticas, agimos imediatamente.

Em vez de promover a transparência, o PL 2630 poderia dar aos agentes mal-intencionados um mapa completo de quais critérios usamos para reduzir a circulação de conteúdo de baixa qualidade. A partir desse tipo de informação, os mesmos poderiam adaptar seus métodos e conteúdos com o objetivo de enganar nossos sistemas.

O PL 2630 pode reduzir o acesso à informação relevante e de diversas fontes

O texto inclui uma obrigação de pagamento pelo "uso" de "conteúdo jornalístico", sem definir o que seria este "uso" ou o que seria "conteúdo jornalístico". Da maneira como está escrito, o texto pode significar coisas diferentes, o que por si só já representa uma falta de clareza sobre efeitos práticos dessa proposta e suas possíveis consequências negativas. Por exemplo, as ferramentas de busca poderiam acabar sendo forçadas a remunerar qualquer site que alegue produzir conteúdo jornalístico, apenas por exibir pequenos trechos de conteúdo, com os respectivos links para suas páginas indexadas da web.

As ferramentas de busca, e a internet como um todo, são baseadas na capacidade de conectar as pessoas com uma página na web de forma gratuita. Você procura por um termo e os resultados mostram uma série de links e pequenos trechos de conteúdo que dão uma noção das opções que você tem antes de decidir em qual deles clicar e dedicar seu tempo, e potencialmente dinheiro, com o site ou negócio. No caso de uma notícia, só é possível ler a matéria completa depois de clicar no site do veículo jornalístico.

Nesse sentido, as ferramentas de busca funcionam como uma importante fonte de tráfego gratuito para os produtores de conteúdo. Para dar uma ideia, todos os meses a Busca do Google envia 24 bilhões de cliques para sites de notícias em todo o mundo sem custo algum – o equivalente a 9 mil cliques por segundo.

Forçar o Google e outras ferramentas de busca a pagarem por exibir um conteúdo indexado em seus resultados de busca pode criar uma vantagem competitiva para os grandes grupos de mídia, que serão capazes de fechar acordos comerciais mais favoráveis em função da escala da sua produção e do seu poder de negociação, principalmente quando comparados a veículos menores, locais, mais diversos e inovadores.

Como resultado, as ferramentas de busca acabarão conectando os usuários a menos notícias locais e a um número menor e menos variado de fontes. Além disso, um sistema que exige pagamento para mostrar pequenos trechos de conteúdo indexados por ferramentas de busca entraria em conflito direto com o interesse das pessoas de descobrir todo o conhecimento disponível na web por meio de uma simples pesquisa.

Sempre fomos favoráveis à ideia de apoiar e valorizar o jornalismo e seus profissionais – mas é importante que se debata o modo como o texto propõe que isso seja feito. Precisamos encontrar uma forma de fortalecer o jornalismo sem ameaçar a internet aberta como conhecemos.

Ao longo dos últimos 20 anos, temos colaborado de modo muito próximo com todo o ecossistema de notícias. Oferecemos uma ampla variedade de ferramentas para apoiar o jornalismo de qualidade na era digital, desde iniciativas de licenciamento de conteúdo até inovações tecnológicas, incluindo as de publicidade. Em 2020, lançamos o Google News Showcase – ou Google Destaques – no Brasil, uma iniciativa pela qual remuneramos atualmente mais de 60 veículos jornalísticos no país para que licenciem e façam a curadoria do seu conteúdo para o leitor brasileiro. No mundo todo, já são mais de 1,2 mil veículos, sendo a grande maioria (90%) formada por pequenas e médias publicações.

No YouTube, temos uma longa parceria com o jornalismo. O YouTube apoia modelos de negócios com criadores de conteúdo, incluindo empresas jornalísticas, por meio dos quais eles obtêm a maior parte da receita de anúncios e têm seu conteúdo destacado na nossa prateleira de notícias.

O PL 2630 prejudica empresas de todos os tamanhos ao reduzir sua capacidade de promover seus produtos e serviços on-line

A publicidade digital tem sido fundamental para o desenvolvimento da web aberta, permitindo que as pessoas acessem informações sem custo, que os veículos de comunicação possam monetizar seus conteúdos, que anunciantes se conectem a potenciais consumidores e permitindo a existência de produtos gratuitos como a própria Busca, o Gmail, o Google Maps, entre outros. O PL 2630, contudo, pode limitar a capacidade das empresas brasileiras de usarem a internet para alavancar seus negócios.

Se o texto atual do projeto de lei for aprovado, milhares de pequenas e médias empresas no Brasil – muitas delas ainda se recuperando da crise causada pela pandemia – terão dificuldades em aumentar suas vendas com a ajuda da publicidade on-line. Isso porque o projeto de lei impede as plataformas de publicidade de usar informações coletadas com o consentimento dos usuários para conectar empresas com potenciais consumidores. Dessa maneira, os anúncios digitais podem gerar menos vendas e as empresas pequenas terão de investir mais para alcançar o mesmo número de clientes, ou seja, ficará mais difícil para elas prosperarem.

O impacto pode ser grande também para os veículos de comunicação, que serão privados de fontes de receita que são essenciais para sua operação. A publicidade personalizada é fundamental para o modelo de negócio dos veículos de comunicação, uma vez que gera uma fonte de receita que lhes permite oferecer conteúdo com baixo custo ou mesmo de graça para seus leitores na internet. Além disso, pequenos veículos de comunicação que não têm recursos para promover suas notícias em mídias tradicionais e mais caras, como a TV, também terão dificuldades para expandir o número de leitores.

Acreditamos que privacidade de dados e publicidade digital não estão em lados opostos. O Google já oferece recursos e ferramentas que permitem que as pessoas entendam por que estão vendo determinados anúncios e façam escolhas sobre a privacidade de seus dados. No YouTube, por exemplo, nós introduzimos um recurso que permite aos usuários reduzir a exibição de anúncios com conteúdos mais sensíveis, como bebidas alcóolicas. Em breve, expandiremos esta funcionalidade em outros produtos do Google. O projeto de lei como está escrito pode ter um impacto significativo na publicidade digital que é um pilar importante da web aberta, prejudicando veículos de comunicação, empresas e a experiência dos usuários com nossos produtos.

O Google não é o único que está preocupado com o PL 2630. Outras empresas, associações de tecnologia, grupos de publicidade digital, organizações jornalísticas e entidades da sociedade civil já manifestaram suas preocupações anteriormente.

Não nos opomos ao objetivo proposto pelo projeto de lei, de combater a desinformação, mas, da forma como o texto está agora, ele não vai alcançar essa meta. Acreditamos que a luta contra a desinformação será mais efetiva por meio do diálogo e de compromissos conjuntos entre governo, empresas e sociedade civil.

Ninguém quer que as notícias falsas se espalhem na web e, como plataforma de tecnologia, investimos continuamente em ferramentas de transparência e em ações para combater a desinformação e trabalhamos de maneira incansável com a sociedade civil, governos e empresas jornalísticas para enfrentar esse desafio juntos. Essa é uma prioridade para nós e estamos determinados a ser parte da solução contra a desinformação.

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