quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

MPF e Bolsonaro não recorrem, e processo contra o agressor Adélio Bispo é encerrado

Réu não poderá ser punido criminalmente após facada em ato de campanha presidencial em 2018. Após laudos, ele foi considerado inimputável e a Justiça impôs medida de segurança de internação por prazo indeterminado.

Agressor de Bolsonaro, Adélio Bispo, tem doença mental, dizem peritos da Justiça — Foto: Reprodução/JN

Por Palmira Ribeiro, G1 Zona da Mata
16/07/2019 

A 3ª Vara Federal em Juiz de Fora divulgou nesta terça-feira (16), que não cabe mais qualquer recurso da decisão que considerou Adélio Bispo de Oliveira inimputável e impôs medida de segurança de internação por prazo indeterminado. A sentença transitou em julgado no dia 12 de julho, ou seja, o processo foi encerrado. Adélio é acusado de atentado contra o então candidato à presidência em 2018, Jair Bolsonaro.
A sentença indicando que Adélio tem Transtorno Delirante Persistente e não pode ser punido criminalmente foi dada no dia 14 de junho de 2019. No dia 17, o Ministério Público Federal (MPF) foi intimado, mas não apresentou recurso.
Posteriormente, foi a vez do presidente, no dia 28 do mesmo mês. Contudo, Bolsonaro também não recorreu no prazo legal. Por último, a defesa do réu, intimada da sentença, renunciou ao prazo dado.


Justiça anuncia que não cabe mais recurso contra decisão que considerou Adélio inimputável

Inimputável

Com a decisão de inimputabilidade, ficou indicado que no caso de condenação de Adélio na ação penal, ele ficaria em um manicômio judiciário e não em um presídio.


Laudos anteriores

Em março deste ano, a TV Globo havia apurado com pessoas que tiveram acesso à investigação que os exames realizados já apontavam que Adélio Bispo sofria de uma doença mental e seria considerado inimputável.
A Justiça Federal já aceitou a denúncia por prática de atentado pessoal por inconformismo político e o tornou réu.

Processo avalia sanidade mental do réu

Foram realizados três laudos no procedimento que avalia a insanidade mental em Adélio Bispo de Oliveira.

1º Laudo (particular): uma consulta que atestou indício de transtorno delirante grave
2º Laudo (judicial psiquiátrico): transtorno delirante permanente paranoide
3º Laudo 3 (judicial psicológico): não revelado - sigiloso
Depoimento de Bolsonaro

No dia 7 de junho, a Justiça Federal recebeu o depoimento do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no processo sobre a facada que sofreu durante ato de campanha em setembro do ano passado, quando ainda era candidato.
Na época, o conteúdo das respostas permaneceu em sigilo e seria apresentado às partes na audiência de instrução, agendada para ocorrer no dia 10 daquele mês. Segundo a Justiça, após a realização desse procedimento, o documento ficaria disponível para conhecimento público.
Bolsonaro foi intimado a depor porque a defesa dele atuava no processo como assistente da acusação. Na prática, isso quer dizer que os advogados auxiliam o Ministério Público na acusação, podendo propor meios de prova e formular perguntas a testemunhas.

Adélio 'isento de pena'



Adélio Bispo de Oliveira, quando ainda era supeito de esfaquear Bolsonaro — Foto: Assessoria de Comunicação Organizacional do 2° BPM/Divulgação

O juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG), expediu no dia 14 de junho a sentença de Adélio Bispo. Ele converteu a prisão preventiva em internação por tempo indeterminado. Pela decisão, o agressor deverá permanecer no presídio de Campo Grande (MS).
Na sentença, o juiz aplicou a figura jurídica da "absolvição imprópria", na qual uma pessoa não pode ser condenada. Como no caso de Adélio ficou constatado que ele é inimputável, não poderia ser punido por ter doença mental.
"A internação deverá perdurar por prazo indeterminado e enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade", determinou Savino.
De acordo com as regras, quando o processo terminasse e não coubesse mais recursos, a internação provisória passaria a ser definitiva se a punição fosse mantida nas instâncias superiores da Justiça.
Ainda conforme o magistrado, Adélio Bispo não poderia ir para o sistema prisional comum porque isso "lhe acarretaria concreto risco de morte".

Atentado


Vídeos mostram momento em que Bolsonaro levada facada em MG — Foto: Reprodução
O atentado ocorreu em 6 de setembro de 2018, quando Bolsonaro, ainda como candidato a presidente da República, participava de um ato de campanha em Juiz de Fora.
Adélio Bispo foi preso no mesmo dia e, segundo a Polícia Militar de Minas Gerais, confessou ter sido o autor da facada.
Em depoimento enviado à Justiça, Bolsonaro foi indagado se, antes da facada, percebeu a aproximação de Adélio Bispo. Respondeu que não. Questionado, então, se teve tempo de se defender, também respondeu que não.
"Segundo os médicos, minha sobrevivência foi um milagre. Muito sofrimento em três cirurgias e, até hoje, sofro as consequências dessa tentativa de execução", acrescentou.

Inquéritos

Após o atentado em Juiz de Fora, dois inquéritos foram abertos pela Polícia Federal. O primeiro, finalizado em 28 de setembro de 2018, que concluiu que Bispo agiu sozinho no momento do ataque. Neste, ele foi indiciado por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional. A denúncia do Ministério Público Federal foi aceita pela Justiça.
O segundo inquérito foi aberto para apurar possíveis conexões de Adélio, pessoas que podem ter ajudado o agressor a planejar o crime. A Polícia Federal segue com as investigações

"Pretendo ir a todos os debates’, diz Bolsonaro sobre eleições em 2022 Presidente diz que interrompeu ida a debates em 2018 por causa da facada, mas episódio foi posterior à decisão de cancelar partici... Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/radar/pretendo-ir-a-todos-os-debates-diz-bolsonaro-sobre-eleicoes-em-2022/


‘Pretendo ir a todos os debates’, diz Bolsonaro sobre eleições em 2022
Presidente diz que interrompeu ida a debates em 2018 por causa da facada, mas episódio foi posterior à decisão de cancelar participaçõesPor Laísa Dall'Agnol Atualizado em 12 jan 2022, 13h06 - Publicado em 12 jan 2022, 13h00

O presidente Jair Bolsonaro em entrevista ao site Gazeta Brasil - 12.01.2022 Youtube/Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quarta-feira que pretende comparecer a “todos os debates” eleitorais deste ano. Os brasileiros vão às urnas em 2 de outubro para escolher o próximo presidente da República — além de governadores, senadores e deputados.

“Pretendo ir a todos os debates. Em 2018, compareci em dois, e depois tive uma crise, levei uma facada, sobrevivi por milagre (…) e faço um desafio, mais uma vez: TV Globo, me entrevistem ao vivo. Não fiquem somente falando mentiras sobre o governo”, afirmou em entrevista ao site Gazeta Brasil.

Apesar da declaração, a decisão de interromper as participações de Bolsonaro em debates em 2018 foi anterior ao episódio da facada, que aconteceu em setembro. Já no mês de agosto o então presidente do PSL, Gustavo Bebianno, anunciou que, por uma questão de estratégia da campanha, o agora presidente não iria mais às rodadas de debates com outros candidatos

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Eu sei, mas não devia - Marina Colsanti





Eu sei, mas não devia
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
À contaminação da água do mar.
À lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Estudo detecta expansão geográfica de bactéria 'come-cérebros' nos EUA

 08:48 17.12.2020

BySputnik
© Foto / Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA / Domínio público

Cientistas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) norte-americanos registraram mais locais em que havia água contaminada pela Naegleria fowleri ao longo das décadas.

Uma bactéria mortífera ao cérebro endémica aos EUA tem expandido seu alcance no país, de acordo com um estudo publicado no jornal Emerging Infectious Diseases através dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
A Naegleria fowleri é um organismo unicelular habitualmente encontrado em locais com água doce, tais como lagos ou rios, que infecta o cérebro subindo pelo nariz de uma pessoa. Em seguida, começa a destruir o tecido cerebral, frequentemente levando à morte. A infecção é conhecida como meningoencefalite amebiana primária.

Os pesquisadores analisaram a prevalência da bactéria entre 1978 e 2018, e detectaram um total de 85 casos, a maioria deles, 74, em estados do sul. No entanto, embora o número de casos se mantivesse constante ao longo das décadas, sua dispersão geográfica aumentou para fora dessa área geográfica, com a latitude máxima dos casos aumentando cerca de 13,3 quilômetros por ano.

Esses casos aconteciam durante o uso recreativo da água, como nadar em lagos, rios ou reservatórios.

A equipe científica também descobriu que geralmente as temperaturas dos períodos em torno de cada caso eram superiores à média histórica dos respetivos locais. Os casos foram registrados com temperaturas até 45 graus Celsius, com os cientistas comentando que o aquecimento global pode estar servindo para propagação da Naegleria fowleri.

Devido à inexistência de testes rápidos para água, o portal Live Science recomendou evitar nadar em água quente, ou pelo menos evitar que ela suba ao nariz o mantendo fechado, usar prendedores para o nariz, ou simplesmente manter a cabeça acima da água.

Apesar de tudo, o consumo da água contaminada em si não é um perigo, indicam os CDC.

sábado, 4 de dezembro de 2021

É Black, é Block, é o PT no caminho



É Black, é Bloc, é o PT no caminho
É o caos planejado, é o fogo amiguinho
É a quebra do vidro, é mais um... coquetel
É agência bancária, é surra até em coronel
É um braço do Foro, é guerrilha urbana
José... Dirceu... black bloc bacana
É o Estado crescendo, cheio de mensaleiro
Mídia ninja fingindo... que isto é ser brasileiro
É a rua fechada, é o fim do trabalho
É polícia de quatro, é o Gilberto Carvalho
É a mídia afagando, é conversa rasteira
Das trevas da Globo, é mais uma parceira
É a Dilma, é o Lula, é a marcha do crime
Barricadas no chão, todos do mesmo time...
É um tributo a Fidel, é um apoio ao Irã
É o MPL, é o Brasil de amanhã...
São revolucionários fazendo um Cubão
É a certeza de morte da população...





terça-feira, 23 de novembro de 2021

Lei Mari Ferrer, que pune atos contra a dignidade de vítima e testemunha é sancionada

Alvo são advogados que humilhem pessoas ouvidas durante julgamento.



A criação da lei surgiu após o caso da influenciadora digital Mariana Ferrer, que foi alvo de ofensas e humilhações por parte do advogado do acusado. (Foto: Divulgação).

Por: Agência Brasil23 de Novembro de 2021

O presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei que reprime a prática de atos atentatórios à dignidade da vítima e de testemunha durante o julgamento. A nova lei foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (23).

A Lei nº 14.245 possibilita, também, o aumento da pena no crime de coação quando praticado durante o processo. O aumento pode variar de um terço da pena até a metade, caso o processo envolva crime contra a dignidade sexual.

De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência da República, a iniciativa pela criação desta lei surgiu após o caso da influenciadora digital Mariana Ferrer, que foi alvo de ofensas e humilhações por parte do advogado do acusado durante audiência judicial, em que afirmava ter sido vítima de violência sexual.

“De acordo com a justificativa do projeto, casos como o de Mariana Ferrer podem fazer com que outras vítimas sejam desestimuladas a denunciar agressores por receio de não encontrarem o apoio necessário quando do julgamento”, justificou, em nota, a secretaria.

A nova lei estabelece o dever a todos os envolvidos nos julgamentos processuais no sentido de assegurar a integridade física e psicológica das vítimas de violência sexual, bem como das testemunhas durante as audiências.

Além disso, institui a responsabilização civil, penal e administrativa nos casos em que houver “desrespeito dos direitos da parte denunciante”. Para tanto, confere, ao juiz, a “atribuição de zelar pelo cumprimento da medida”.

Entre as ações previstas pela nova legislação está a de que, nas fases de instrução e julgamento do processo, ficam vedadas a manifestação sobre “circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos, bem como a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas”.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Mourão defende investimentos estrangeiros na Amazônia durante reunião


Na Expo Dubai, Mourão estima US$ 10 bilhões ao ano para proteger Amazônia
Vice-presidente discursou no pavilhão da sustentabilidade e pediu ajuda do setor privado e governos estrangeiros para preservação da floresta




Em São Paulo
02/10/2021 às 11:23 | Atualizado 02/10/2021 às 11:27

O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, realizou uma palestra, neste sábado (2), no pavilhão de sustentabilidade da Expo Dubai 2020. Mourão discursou em defesa da proteção ambiental, falou sobre o papel do Conselho da Amazônia e na importância da implementação do desenvolvimento sustentável na região.

Segundo o vice-presidente, para que este tipo de desenvolvimento seja viável, o governo brasileiro necessita de engajamento do setor privado e de países aliados.

Se os governos estrangeiros pediram ao Brasil para manter a área intocada, o mercado calcula uma compensação monetária para o país de cerca de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 53,6 bilhões na cotação atual) ao ano, disse Mourão em sua palestra.

“Acho que é um bom pagamento para o que vamos fazer na Amazônia e por nossa responsabilidade com a Amazônia. Porque o que precisa ficar claro é que, se temos que preservar quase 50% do nosso território, temos que receber apoio para isso. É uma questão moral”, disse o vice-presidente brasileiro.

Os outros países já exploraram tudo que podiam em seus territórios e nós ainda temos esses amplos espaços, um dos maiores espaços ainda abertos na Terra, e claro que sabemos que é nossa responsabilidade preservarHamilton Mourão, vice-presidente do Brasil

Ainda em sua fala, Mourão afirmou que este será um dos principais pontos levados pelo Brasil à COP-26.

“As estimativas, o número que o setor privado me fala, é destes US$ 10 bilhões ao ano. Mas é uma coisa que tem que ser discutida e na nossa opinião, na opinião do governo brasileiro, na COP-26 esse será um dos principais pontos que o governo brasileiro levará para as discussões.”

Mourão falou ainda da necessidade que novos projetos de iniciativa privada sejam apresentados em prol da região, e reforçou que a entrada de dinheiro externo no Brasil é essencial para que a preservação aconteça concomitante ao desenvolvimento da região amazônica.

(Publicado por Daniel Fernandes)

Reino Unido afirma que sheik de Dubai hackeou ex-mulher usando espionagem


O primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos teria usado o software Pegasus para hackear os telefones da ex-esposa
Sheikh Mohammed bin Rashid al-Maktoum, governante de Dubai e primeiro-ministro dos Emirados Árabes UnidosDivulgação/Escritório de Mídia do Governo de Dubai


Londres
07/10/2021 às 11:51

O governante de Dubai, o sheik Mohammed bin Rashid al-Maktoum, usou agentes de Dubai e dos Emirados Árabes Unidos para invadir e monitorar os telefones de sua ex-esposa, a princesa Haya bint al-Hussein, seus assessores jurídicos e funcionários, durante uma batalha legal em curso pela custódia de seus dois filhos, o tribunal superior da Inglaterra afirmou.

Andrew McFarlane, o juiz da vara de família mais graduado do Reino Unido, disse em sua decisão na quarta-feira (6) que descobriu que, por meio de uma rede de empregados e agentes, o sheik Mohammed havia hackeado os telefones celulares da princesa Haya, sua assistente pessoal, seus advogados, abaronesa Shackleton e Nicholas Manners, e dois membros de sua equipe de segurança pessoal usando o software “Pegasus” licenciado em Dubai e nos Emirados Árabes Unidos por uma empresa israelense.

O software usado incluiu a capacidade de rastrear a localização do alvo, ouvir suas ligações, acessar suas listas de contatos, senhas, calendários e fotografias, e ler mensagens recebidas por meio de aplicativos, e-mails e mensagens de texto.

McFarlane disse em sua decisão que “as descobertas representam um abuso total de confiança e, na verdade, um abuso de poder”.

“É um abuso agravado pela maneira como o pai contestou essas alegações e instruiu seus advogados. Apesar do peso das provas, a invasão nunca foi admitida, nem o fato do hackeamento ter sido feito pelo Pegasus”, disse McFarlane.

“Em nenhum momento o pai mostrou qualquer sinal de preocupação com a mãe, que está cuidando de seus filhos, com base no fato de que seus telefones foram hackeados e sua segurança infiltrada. Em vez disso, ele reuniu uma equipe forense formidável para contestar as descobertas evidenciadas pela mãe e para lutar contra ela em todos os sentidos”, acrescentou.

O julgamento foi divulgado na quarta-feira, após uma restrição de relatórios de um ano que foi levantada pela Divisão de Família do Tribunal Superior do Reino Unido.

Em um comunicado no mesmo dia, o sheik Mohammed contestou a decisão, dizendo que era baseada em “uma imagem incompleta”.

“Sempre neguei as alegações feitas contra mim e continuo a fazê-lo. Estas questões dizem respeito a supostas operações de segurança de estado. Como um chefe de governo envolvido em processos familiares privados, não era apropriado para mim fornecer provas sobre questões tão delicadas pessoalmente ou por meio de meus conselheiros em um tribunal estrangeiro. Nem o Emirado de Dubai nem os Emirados Árabes Unidos são parte neste processo e não participaram da audiência. As conclusões são, portanto, inevitavelmente baseadas em uma imagem incompleta”, disse o comunicado.

“Além disso, as conclusões foram baseadas em evidências que não foram divulgadas a mim ou aos meus conselheiros. Portanto, mantenho que foram feitas de uma maneira injusta”, continuou.

Dubai é um dos sete emirados que formam os Emirados Árabes Unidos.

Como o sheik Mohammed é o governante de Dubai, vice-presidente e primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, seus advogados argumentaram que a Doutrina do Ato de Estado Estrangeiro – que proíbe um tribunal de investigar a legalidade de atos cometidos por um estado estrangeiro – prejudicou a jurisdição do tribunal superior do Reino Unido neste caso.

Em janeiro, McFarlane e o juiz Martin Chamberlain determinaram que a doutrina não impediu o tribunal de julgar as reivindicações da princesa Haya.

As descobertas fazem parte de uma série de audiências em andamento em Londres envolvendo a princesa, e seguem uma decisão proferida em março de 2020, que concluiu que o sheik Mohammed havia organizado anteriormente o sequestro de duas de suas filhas e as levou à força para Dubai, onde as manteve contra a sua vontade.

O sheik negou repetidamente todas as reclamações levantadas no caso em andamento.

Texto traduzido. Leia o original em inglês.

Escândalo de Pandora nos Emirados Árabes Unidos: Outro ato de corrupção dos Emirados


Última atualização 2 semanas atrás 2 min.

Uma nação rica aberta a todas as elites do mundo, os Emirados Árabes Unidos são menos conhecidos como um centro de negociações financeiras ilícitas. O país atrai empresários, corretores de imóveis e investidores estrangeiros. No entanto, as lacunas administrativas internas dos Emirados permaneceram ocultas por anos.
Pandora Papers revela investimentos offshore dos Emirados Árabes Unidos e esforços de lobby dos Emirados
Vários relatórios frequentemente revelam como a maior parte dos fluxos financeiros corruptos afetam os Emirados Árabes Unidos. Além disso, vários atores criminosos em todo o mundo operam através ou a partir da nação árabe. Respeitando seu maneirismo arraigado de fraudes monetárias, os Emirados foram destaque em outro arquivo de escândalo global, recentemente.
Uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) e uma equipe de 150 empresas de mídia revelou a ligação de mais de 330 políticos de alto escalão e funcionários públicos com as empresas offshore, em todo o mundo. Com base em 11,9 milhões de arquivos vazados, o relatório destacou até que ponto a política financeira global está emaranhada com contas offshore secretas.
Conhecidos como Pandora Papers, os arquivos revelaram que o governante de Dubai, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, usou três firmas offshore secretas para aumentar sua riqueza. Além disso, ele possui uma série de imóveis de luxo e luxo em toda a Europa, que foram adquiridos por meio de entidades offshore registradas em paraísos fiscais.
Sheik Mohammed é um empresário bilionário, amplamente conhecido pelo suposto sequestro e detenção arbitrária de suas duas filhas, Sheikha Latifa bint Mohammed e Sheikha Shamsa bint Mohammed. Além disso, ele também ganhou as manchetes da audiência em andamento no Reino Unido com sua esposa, a princesa Haya bint Hussein.
O relatório do ICIJ revelou que três empresas foram secretamente registradas nos paraísos fiscais das Bahamas e das Ilhas Virgens Britânicas (BVI) pelo governante de Dubai para realizar seus negócios. Essas empresas foram registradas pela Axiom Limited, uma empresa dos Emirados parcialmente controlada pela Dubai Holding, na qual Sheikh Mohammed possui grandes ações.
A Axiom Limited usou as três empresas - Tandem Investco Limited e Tandem DirectorCo Limited em BVI, bem como a Allied International Investments Limited nas Bahamas - para “expandir seu negócio principal”.

A menção dos Emirados Árabes Unidos nos Pandora Papers é apenas mais um exemplo dos comportamentos problemáticos do país e da falta de práticas de fiscalização. A nação árabe tem se envolvido em uma série de controvérsias, o que representa sua natureza de ser o destino ideal global para dinheiro sujo.

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