É difícil fazer política no Brasil. Estamos presos a uma crise mundial, graças ao tal capitalismo selvagem
que para lucrar mais globalizou sua produção, criando milhões de empregos com mão de obra barata s
em direitos trabalhistas, uma nova classe média emergente. Essa guinada para o Oriente impediu que a
ciranda financeira do mercado continuasse com seus lucros abusivos em cima da especulação do capital.
Ninguém ousa fazer mutretas na ditadura chinesa, o que pode resultar em mortes, daí os derivativos
terem sido direcionados para as pontocom, as tais bolhas que explodiram, deixando as posições virtuais
dos especuladores tão expostas, que os economistas enlouquecidos e sem opções, se voltaram para o
mercado imobiliário, que até então era sólido esteio da economia. Como tudo tinha fugido do controle,
a saída era continuar “empurrando com a barriga” até ver como consertar os estragos. Não deu tempo…
Bancos, governos e empresas de rating bateram cabeça, a crise explodiu e todos tiveram incomensuráveis
prejuízos, fato que mudou a geopolítica mundial, porque agora uns têm ganhos de U$ 30 mil anuais e
direitos trabalhistas, coisas que se tornaram insustentáveis enquanto outros tem apenas U$ 5 mil anuais
ou menos e querem tirar essa diferença. Tudo caminha para um meio termo com trabalhadores
ocidentais perdendo conquistas que levaram décadas para serem alcançadas enquanto a parte mais alta da
classe empresarial se descola por completo da pirâmide social, provocando uma injustiça social indecente.
No Brasil, as empresas lucravam muito com a venda dos seus produtos associada a um crediário próprio,
o que dobrava o preço. Mas, corporações como Sadia e Aracruz, dirigidas por economistas que tinham altas
participações nos lucros, buscaram ganhos estratosféricos e foram aos derivativos, sendo salvas pelo governo
numa ação absurda, pois
lucros eram privatizados, mas socializaram-se os prejuízos. Criticaram-se os programas de transferência de
renda, mas foi esse ridículo mercado interno que salvou a pátria ao se endividar em mais de 60 meses para fazer
as compras que sustentam
os atuais níveis da economia. Porém, como nada dura para sempre, o Banco Central anteviu o desastre, já que
éramos o último peru com farofa da economia mundial e corretamente abaixou os juros, tentando diminuir absurdos
spreads bancários e juros dos cartões de crédito, mexendo até na poupança. Em qualquer lugar isto estimularia
o investimento, mas, aqui, isso não aconteceu. Deu-se então um choque na economia que despertaria
até defunto e… nada rolou. As empresas passaram a abrir escritórios de lobby em Brasília para
conseguirem privilégios, o que quebrou o delicado equilíbrio do mercado e o governo, inocentemente,
não desconfia por que não consegue estimular o tal espírito selvagem do empresariado nem atrair
investimentos.
Oligopólios tupiniquins estão sendo desmascarados. Antigamente, os carros eram caros, por causa do
s impostos, teoria que desabou ao descobrirmos que os lucros aqui são os mais altos do mundo e que
os empresários não admitem que se mexam neles, tanto que, por maior que seja a competição, os carros
aqui custam o dobro dos vendidos no Paraguai. Daí as obras do PAC terem empacado, como outras
ações que poderiam deslanchar nossa economia destravando. A coisa fedeu como nas hidrelétricas, já
que grupos neoliberais não admitem perder suas estratosféricas lucratividade, mesmo já tendo recebido
mais de duas vezes os valores investidos, que foram turbinados por erros que acrescentaram bilhões a
suas receitas e que não serão devolvidos. Nos bancos a situação é parecida com correntistas sendo
espoliados por serviços absurdos. Ou seja, criou-se um raciocínio chulo de que apoiados por partidos
políticos e seus eleitos, esses cartéis estão acima da lei e podem nos extorquir eternamente de todas as
maneiras possíveis e imagináveis tanto nos serviços públicos como nos privados. A competição agora é
mundial e vamos ser engolidos se continuarmos com esta roubalheira descarada que impede o
desenvolvimento.
Impressiona a falta de noção dessa turma, pois ignoram até leis de mercado, do aumentos dos ganhos
com as vendas em massa, como no caso do shampoo que antes eram caríssimo e só a elite usava. Hoje
todo mundo usa xampu e o Brasil é o maior mercado mundial. Quando se tem uma casta empresarial com
o essa que não quer se modernizar, mesmo diante da maior crise mundial, ficando clara a necessidade da
nossa união para sobrepujar essa arrogância destrutiva. É nociva a passividade reinante, aos rumorosos
escândalos diários envolvem todas as casas legislativas, somando-se a posse descarada de uma corja de
fraudadores, assassinos e até de um mensaleiro, mostrando que este poder não está nem aí para a opinião
pública, já que currais eleitorais, manipulação de votos, abuso do poder econômico e outras formas de
fraudes garantem suas eleições estimulando o escárnio em relação aos eleitores, pois o mais recente
esforço da sociedade por vias democráticas, a lei da ficha limpa, virou deboche.
Não é possível que uma minoria ínfima da população nos desafie e continue a ditar as leis constrangendo
o país a uma realidade na qual alguns vivem numa riqueza espantosa enquanto a maioria sobreviva na
ausência acintosa de uma coisa chamada qualidade de vida. Precisamos parar de discutir banalidades, para
nos unirmos e tomarmos atitudes em prol de nossas famílias e de nosso futuro, pois se permitirmos que
esta situação perdure, jamais veremos a luz no fim do túnel. Não há necessidade de revolução sangrenta
e sim de união da sociedade num pacto social por algo que até agora não foi “descoberto” e que se
chama simplesmente planejamento. Qualquer coisa que funciona se apóia em cima de estudos detalhados,
éticos, de curto, médio e longo prazos, em que metas que possam ser cumpridas são discutidas e
realizadas de forma transparente, apoiadas por âncoras que produzam desenvolvimento efetivamente,
se possível em cima das vantagens naturais. Bom planejamento delineia uma economia baseada na livre
concorrência empresarial, tomando medidas que dificultam a formação destes cartéis, pois como
estamos vendo, são nocivos a sociedade.
Até quando permaneceremos desunidos, sendo conduzidos por uma turma, que só um jornalista espanhol
teve a coragem de denunciar, que se associou para descaradamente assaltar os cofres públicos e que por
estarem solidamente unidos, estão mandando na gente e arruinando o nosso futuro de forma acintosa?
Acorda, pessoal, porque com planejamento mudaremos isso em curto prazo e como estamos sentindo na
carne, nossos esforços democráticos não estão dando certo. É preciso mudar, mostrar união para exigir
que nossa vontade seja posta em prática, indicando que continuaremos atuantes até que as coisas entrem
nos eixos, para permitir que o desenvolvimento floresça, mas sempre vigiado de perto por uma sociedade
participativa que quer viver numa verdadeira democracia, de forma ética e transparente. Acorda, pessoal,
junte-se a nós, pois unidos nós podemos reinventar o Brasil, com ética e qualidade de vida!
by José Paulo Grasso
Engenheiro e coordenador do Acorda Rio