TRAMA PRINCIPAL
- Ambientada em 1786, num fictício país europeu, Que Rei Sou Eu?
aludia à Revolução
Francesa para fazer uma paródia do Brasil, além de refletir
o momento histórico vivido pelo país,
que se preparava para a primeira
eleição direta para presidente da República após quase 30 anos.
- No imaginário reino de Avilan, o povo miserável vive às voltas com
governantes corruptos,
sucessivos planos econômicos, moeda desvalorizada e
altos impostos. Com a morte do rei Petrus II
(Gianfrancesco Guarnieri) – cujo
único herdeiro é o filho bastardo Jean Pierre (Edson Celulari) –,
os
conselheiros reais, que exercem forte influência nas decisões da rainha
Valentine
(Tereza Rachel), resolvem entregar a coroa ao mendigo Pichot (Tato
Gabus Mendes).
A armação é obra de Ravengar (Antônio Abujamra), o bruxo do
condado. Revoltado,
Jean Pierre lidera um grupo de revolucionários para
derrubar os vilões.
Em meio aos conflitos, a princesa Juliette (Cláudia
Abreu) se apaixona por Pichot.
- O herói Jean Pierre é um jovem corajoso e íntegro, que se divide entre o
amor da
revolucionária Aline (Giulia Gam), que trabalha no palácio, e o da
nobre Suzanne (
Natália do Vale), mulher do conselheiro Vanoli (Jorge Dória).
- Humor e originalidade marcaram a novela, que tinha como um dos núcleos
cômicos os conselheiros
do reino – uma crítica bem-humorada ao Congresso
Nacional. Eram eles: Gaston Marny
(Oswaldo Loureiro), o conselheiro das
Armas; Bidet Lambert (John Herbert), conselheiro dos Mares
num país que
não
fazia fronteira com mar algum; Bergeron Bouchet (Daniel Filho), conselheiro
da Moeda;
Vanoli Berval, conselheiro do Rei; Crespy Aubriet (Carlos Augusto
Strazzer), conselheiro do Trabalho;
Gerard Laugier (Laerte Morrone),
conselheiro da Alimentação. Nada funcionava direito em Avilan,
nem mesmo a
guilhotina, importada da
Alemanha a peso de ouro, e que só não falhara nos testes.
- Apesar de ambientada no século XVIII, a novela fazia referências à
contemporaneidade, e explorou
temas da realidade brasileira à época de sua
exibição. Em alusão ao Plano Cruzado, pacote
econômico lançado pelo governo
em 1986 e que envolveu congelamento de preços e mudança
da moeda nacional, o
autor incluiu na trama uma reforma monetária, trocando o nome da moeda
de
Avilan de caduco para duca, e tirando três zeros do seu valor. Além disso, os
nobres do palácio
podiam ser vistos dançando samba, enquanto Juliette
surpreendia a corte vestindo minissaia.
Em determinado momento da trama, o
conselheiro Crespy sugere que se acabe com os postos de
pedágio nas estradas
de Avilan, substituindo-os por selos que seriam comprados mensalmente
e
colocados na testa dos cavalos, numa alusão aos selos-pedágios que existiram
no Brasil naquela época.
Segundo o diretor Jorge Fernando, foi a partir dessa
cena exibida pela novela que as pessoas
começaram a perceber a relação direta
que existia entre a fictícia Avilan e o Brasil.
- No final da história, o povo consegue invadir o palácio, eliminar os
opressores, confiscar os baús da
nobreza e tomar o poder. Numa das últimas
cenas da novela, o líder dos rebeldes, Jean Pierre,
exclama diante do povo de
Avilan: “Ninguém vai mais explorar o trabalho do pobre. Agora quero
que
gritem comigo: viva o Brasil!” Foi a primeira vez que o nome do reino
fictício
foi substituído pelo do Brasil.
TRAMAS PARALELAS
A corte de Avilan
- Contando com um elenco de primeira, Que Rei Sou Eu? teve grandes
interpretações, como a
de Marieta Severo, no papel da feminista Madeleine
Bouchet; Stênio Garcia, que se destacou como
Corcoran, o bobo da corte que
fazia jogo duplo, atuando a favor dos revolucionários;
Tereza Rachel, com a
inesquecível caracterização da Rainha Valentine, que divertia a todos com
suas gargalhadas agudas; e Antônio Abujamra como Ravengar, uma mistura de
bruxo, médico,
astrólogo e hipnotizador, com influência sem limites na corte.
No final da história, depois do
levante popular, Ravengar volta com o nome
Richelieu Rasputin Golbery e oferece seus préstimos
ao novo governo.
Disfarçado de rebelde, ele coloca sua sabedoria à disposição do rei.
GALERIA DE PERSONAGENS
REI PETRUS II (Gianfrancesco
Guarnieri) — Soberano do reino de Avilan, gravemente enfermo.
Sabe que
sua morte não demora e se diverte com a surpresa que sua mulher, a rainha
Valentine
(Tereza Rachel), terá quando descobrir os seus últimos desejos,
guardados em um pequeno baú,
além da revelação da existência de um filho
bastardo, o verdadeiro herdeiro do trono.
Pai de Juliette (Cláudia Abreu).
Participação especial nos primeiros capítulos.
RAINHA VALENTINE (Tereza Raquel)
— Mulher de forte personalidade, fria e calculista, mas completamente
dominada por Ravengar (Antônio Abujamra), conselheiro mor do reino. Vê na
morte do marido,
o rei Petrus II (Gianfrancesco Guarnieri), a solução para
sua vida, já que é completamente apaixonada
por Bergeron (Daniel Filho), o
conselheiro da Moeda, que não lhe dá a menor esperança – com o
que ela não se
conforma. Tem uma desagradável surpresa ao assumir o poder, após a morte de
Petrus II.
Mãe de Juliette (Cláudia Abreu).
PRINCESA JULIETTE (Cláudia Abreu)
— Filha de Petrus II (Gianfrancesco Guarnieri) e Valentine
(Tereza Rachel),
doce criatura, nem parece filha dos dois. Bom caráter, meiga, mas firme
quando
percebe as jogadas da Corte. Não se conforma com a vida isolada dentro
do palácio, e se preocupa com
as injustiças praticadas contra os mais
humildes.
BARONESA LENILDA EKNÉSIA (Dercy Gonçalves)
– Mãe da rainha Valentine (Tereza Rachel),
avó de Juliette (Claudia
Abreu). Participação em alguns capítulos.
ZMIRÁ (Mila Moreira) — Aia
principal da rainha Valentine (Tereza Rachel), seus olhos e ouvidos.
Transita
com desenvoltura pela Corte. Vem de família nobre, mas falida. É
interesseira, e, se preciso,
trai a própria rainha.
RAVENGAR (Antônio Abujamra) —
Conselheiro mor do rei e da rainha.
Exerce influência sem limites na Corte e
persegue o poder a qualquer custo. Mistura de bruxo,
médico, astrólogo e
hipnotizador. Tipo aterrorizante, capaz de conseguir o impossível das
pessoas.
É o rei sem coroa do Reino de Avilan.
FANNY (Vera Holtz) — Criada de
Ravengar (Antônio Abujamra), de sua inteira confiança.
Chega a ter
confidências com o terrível Mestre — como o chama. Humana, mas absolutamente
entrosada com o sistema da corte.
PICHOT (Tato Gabus Mendes) —
Pobre mendigo. Rapaz esperto, vivo, mas ingênuo. Vive pelas ruas da vila,
e
teve o azar de nascer pobre. Por obra do destino e por decisão de Ravengar
(Antônio Abujamra),
ganha papel de destaque na corte.
JEAN PIERRE (Edson Celulari) —
Filho bastardo de Petrus II (Gianfrancesco Guarnieri) com a jovem
camponesa
Maria Fromet (Tania Nardini/Aracy Balabanian). Jovem de ideias firmes e
claras a
respeito das desigualdades sociais. Agitador, não se conforma com o
abismo entre as classes sociais
e faz tudo, à sua maneira, para diminuí-lo.
Ótimo caráter, valente e idealista.
CORCORAN (Stênio Garcia) —
Amigo de Jean Pierre (Edson Celulari), o sensato do grupo. Sua sabedoria
controla os impulsos da maioria dos pobres. É um chefe com poderes limitados.
Torna-se o bobo da corte, como forma de se infiltrar no palácio e controlar o
que tramam lá dentro.
PIMPIM (Marcos Breda) — Jovem
revolucionário do grupo de Jean Pierre (Edson Celulari), mais
cauteloso que o
líder.
BERTRAN (Paulo César Grande) —
Revolucionário do grupo de Jean Pierre (Edson Celulari),
mais um do quarteto
inseparável de jovens rebeldes.
ALINE (Giulia Gam) —
Revolucionária do grupo de Jean Pierre (Edson Celulari), apaixonada por ele.
Moça ativa, que ajuda na luta contra as injustiças. Passa a trabalhar na
cozinha do palácio para saber
o que acontece lá dentro.
LOULOU LION (Ítala Nandi) —
Comanda um grupo de jovens, que trabalham na sua taberna.
Conhece uma parte
do segredo do filho bastardo do rei, pois criou Jean Pierre (Edson Celulari)
desde os
4 anos de idade. Tem grande influência sobre os frequentadores do
local, sendo respeitada por todos que
lá vão se divertir. Sua estalagem é a
união entre os dois mundos sociais do reino, apesar dos dias
alternados para
receber nobres e pobres.
DENISE (Carla Daniel) — Moça
da taberna. Garçonete jovem, que faz charme para os homens, mas
não se
interessa por nenhum deles. Participa de alguns segredos dos homens da corte.
COZETTE (Desirée Vignolli) —
Moça da taberna. Temperamento diferente de Denise (Carla Daniel):
mais
revoltada, não se conforma muito com a pobreza, e quer participar das
atividades contra
o reino. Por conveniência, engole muito sapo. Gosta do
mendigo Pichot (Tato Gabus) e se
preocupa com o seu desaparecimento.
LILI (Cinira Camargo) — A mais
velha das moças da taberna. Quer mandar e está sempre
em atrito com as
companheiras. Tenta conquistar os homens da corte, e esnoba os pobres que
passam por ali. Tem ligação com Crespy (Carlos Augusto Strazzer), um dos
conselheiros do reino.
LENORE GAILLARD (Aracy Balabanian) —
A mãe do bastardo Jean Pierre (Edson Celulari).
Quando muito jovem e
camponesa pobre — Maria Fromet (Tania Nardini) —, teve um filho com Petrus II
(Gianfrancesco Guarnieri). Deixou a criança em Avilan, partiu para o
exterior, casou-se com um nobre e
mudou de nome. Nunca mais se teve notícias
dela. Aproveita o casamento de Vanoli (Jorge Dória),
um dos conselheiros,
para voltar a Avilan. Quer reencontrar o filho, o verdadeiro herdeiro do
trono.
FRANÇOIS GAILLARD (Edney Giovennazzi)
— Marido de Lenore (Aracy Balabanian), sabe do seu passado
e ajuda-a a
procurar o filho. Nobre muito rico, vem da Inglaterra para o casamento de um
antigo
companheiro,
Vanoli (Jorge Dória), aproveitando para comprar terras em
Avilan, onde ficará por uns tempos.
GASTON MARNY (Oswaldo Loureiro)
— Conselheiro das Armas. Figura folclórica do reino.
Vê inimigos por toda a
parte, menos onde eles realmente estão. Sofre com a incompetência de seus
subordinados.
BIDET LAMBERT (John Herbert) —
Conselheiro dos Mares, vive às turras com Gaston Marny
(Oswaldo Loureiro), o
Conselheiro das Armas, que não o suporta.
Especialmente porque é sabido que o
reino de Avilan não faz fronteiras com mares, o que torna o cargo
perfeitamente dispensável. Metido a conquistador, mas só leva fora das
mulheres da corte.
BERGERON BOUCHET (Daniel Filho)
— Conselheiro da Moeda. Sério, idealista, bem diferente dos outros
conselheiros. Elabora um plano financeiro capaz de tirar Avilan da
bancarrota, mas o plano não dá
certo pois é boicotado por todos. Sofre o
assédio da rainha Valentine (Tereza Rachel), apaixonada por ele,
o que lhe
traz problemas sérios, pois ama a esposa Madeleine (Marieta Severo).
MADELEINE BOUCHET (Marieta Severo)
— Esposa de Bergeron (Daniel Filho), perseguida pela rainha
Valentine (Tereza
Rachel), que ama seu marido. É a única mulher que escreve e tem ideias
próprias.
Corajosa, é uma pré-feminista, que não aguenta ver a passividade
feminina à sua volta. É envolvida
em tramas sórdidas para terminar seu
casamento, mas suporta tudo com dignidade.
VANOLI BERVAL (Jorge Dória) —
Conselheiro do Rei. Homem sem escrúpulos, secretário particular do
rei Petrus
II (Gianfrancesco Guarnieri) e da rainha Valentine (Tereza Rachel). Rico,
agiota, sem
nenhum caráter. De aspecto asqueroso, ganha uma aposta com um
fazendeiro falido, Roger Webert
(Fabio Sabag), e recebe como prêmio a sua
filha Suzanne (Natália do Vale) em casamento.
SUZANNE WEBERT (Natália do Vale)
— Filha única de Roger Webert (Fabio Sabag). Para salvar
o pai da falência,
concorda em se casar com Vanoli (Jorge Dória). Faz sucesso na corte e se
desespera com a proximidade do casamento, principalmente depois que conhece
Jean Pierre (Edson Celulari),
por quem se apaixona.
ROGER WEBERT (Fabio Sabag) —
Um bom homem, desesperado com a sua situação financeira.
Joga a filha,
Suzanne (Natália do Vale), numa aposta e não tem como voltar atrás. Sofre com
isso,
mas cumpre a sua palavra. Ganha a vida na sua fazenda, criando gado e
produzindo queijos especialíssimos
para a corte.
CRESPY AUBRIET (Carlos Augusto
Strazzer) — Conselheiro do Trabalho, viúvo. Age de acordo com
as suas
conveniências. Protege o reino, e não liga muito para os trabalhadores. É
também o chefe
coletor de impostos. Tem uma ligação com Lili (Cinira
Camargo), uma das moças da taberna, para
saber o que os pobres tramam contra
o reino.
GERARD LAUGIER (Laerte Morrone)
— Conselheiro da Alimentação. Dono de um mau-humor insuportável,
é temido e
gozado por isso mesmo. Não hesita em manipular para atender os amigos, com as
piores
falcatruas. Casado com Lucy (Isis de Oliveira), uma das mulheres mais
cobiçadas do reino, por quem
tem verdadeira adoração.
LUCY LAUGIER (Isis de Oliveira)
— Esposa de Gerard (Laerte Morrone). Apesar de casada com o conselheiro,
flerta com os homens da corte sem que ele desconfie. Sonsa e insinuante,
inventa as mais loucas
histórias para justificar suas escapadas. Torna-se
amiga e confidente de Suzanne (Natália do Vale),
depois do casamento dela com
Vanoli (Jorge Dória).
GABY (Zilka Sallaberry) —
Chefe da cozinha do Palácio.
BALESTEROS (José Carlos Sanches)
— Chefe da guarda.
VADY (Cacá Barrete) —
Taberneiro.
E MAIS:
Amaury Tangará – Ajudante de
arauto
Ana Borges - Moça da taberna
Anko Valle – Guarda do castelo
Baruque – Guarda do castelo
Betty Gofman - Princesa Ingrid
Carlos Kroeber - Don Curro de La Grana
Carlos Kurt - Ferreiro Dupont
Catalina Bonaky - Baronesa de Rochelle
Cristina Prochaska – Charlotte
Eva Wilma - Madame D'Anjou
Fernando José - velho amigo de
Loulou
Francisco Dantas - Barão de Rochelle
Guilherme Leme - Roland Barral
Heloisa Helena – Cocote
Henriqueta Brieba
Ilka Soares - Marquesa de Lorredan
Italo Rossi - Marquês de Castilla
Jaconias Silva - cocheiro
João Signorelli - Campot
Jorge Fernando - guarda
José Steinberg - Frade Angélico
Licia Magna
Luis de Lima - Barão de La Bosse
Luis Gustavo - Charles Muller
Marcelo Picchi - Michel
Milton Gonçalves - Herr Whisky
Monique Lafond
Deborah Catalani – Moça da
taberna
Guido Correa – Mordomo do
castelo
Hilda Rebello – Aia da rainha
José Carlos de Souza – Guarda
do castelo
José de Freitas – Mordomo do
castelo
Luiz Magnelli - Arauto
Luiz Sergio Lima e Silva –
Cocheiro
Marcelo Mattar – Rapaz do
grupo de Jean Pierre (Edson Celulari)
Marcia Rego Monteiro - Moça da
taberna
Maria Cardoso – Aia da rainha
Melise Maia - Moça da taberna
Nádia Nardini – Moça do grupo
de Jean Pierre (Edson Celulari)
Nildo Parente - Richet
Sandro Rilho – Guarda do
castelo
Soraya Jarlich – Ajudante da
cozinha
Soraya Ravenle
Toni Nardini - Rapaz do grupo
de Jean Pierre (Edson Celulari)
Totia Meirelles - falsa
Suzanne (Natália do Vale)
Tuca Andrada - Ferreiro Lamont
Yolanda Cardoso – Miruska
Participações especiais:
Emiliano Queiroz – La Roche,
velho que conheceu Maria Fromet (Tania Nardini/Aracy Balabanian),
procurado
por Ravengar (Antônio Abujamra).
Older Cazarré – Lorde da
corte.
Marcos Alvisi - Bargin, o
verdureiro.
Roberto Dinamite
Tania Nardini – Jovem Maria
Fromet, aparece em flashback no início da história.
Bailarinos: Ana Jansen, Wanda
Garcia, Norma Lannes, Lucia Aratanha, Rosana Bustamante,
Carla Vilela, João
Viotti Saldanha, Eros Velloso, Julio Braver, Herbert Gomes, Paulo Velasco,
Rodrigo Sales, Wanda Garcia.
PRODUÇÃO
- Grande parte do elenco teve aulas de acrobacia, dança, esgrima e
malabarismo,
além de orientação profissional sobre linguagem, gestos e
costumes da época.
FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
- Uma cuidadosa pesquisa das vestimentas usadas no século XVIII norteou a
criação dos figurinos
de Que Rei Sou Eu? Mais de 400 peças de roupa
foram feitas especialmente para os figurantes.
- Um dos destaques do trabalho de maquiagem foi a caracterização de Corcoran
(Stênio Garcia)
como bobo da corte. O figurinista Marco Aurélio se inspirou
no musical Os Miseráveis.
A maquiagem, feita por Eric Rzepecki, levava
de duas a
- A atriz Aracy Balabanian lembra que as gravações na fictícia Avilan
aconteciam sob um calor infernal,
especialmente por conta dos pesados
figurinos de época usados pelo elenco.
Anáguas, espartilhos e perucas faziam
parte da indumentária dos atores.
- Segundo o diretor Roberto Talma, Que Rei Sou Eu? teve uma produção
esmerada,
com várias peças de figurino, por exemplo, feitas exclusivamente
para a novela.
CENOGRAFIA E PRODUÇÃO DE ARTE
- A fictícia Avilan foi construída em um terreno na Estrada dos Bandeirantes,
em Jacarepaguá,
na zona oeste do Rio de Janeiro, no mesmo local em que,
alguns anos depois, surgiria o Projac.
A equipe de cenografia realizou uma
pesquisa cuidadosa sobre as técnicas de arquitetura e
construção medievais na
região francesa da Normandia. A cidade cenográfica tinha 2.200m2
de área
construída e abrangia o palácio de Avilan e a vila, com 14 casas. A maior
atração do cenário era
o castelo, com 30m de frente e uma torre de 26m de
altura. A equipe inovou no material utilizado, o que
facilitou a construção
da cidade: uma estrutura de ferro leve. A parte interna do castelo contava,
entre
outras coisas, com a sala do trono, de 500m², e duas fontes, projeto do
arquiteto Luiz Antonio Caligiuri.
- Além do calor que fazia na cidade cenográfica – sensação redobrada devido
aos figurinos de época –,
levando o elenco a ter de parar para secar o suor,
as gravações muitas vezes também eram interrompidas
graças a alguns
visitantes inesperados: os sapos.
CURIOSIDADES
- Segundo o diretor Daniel Filho, o autor Cassiano Gabus Mendes havia apresentado
a ideia de
Que Rei Sou Eu? em 1977, mas a direção da emissora avaliou
que a trama não era adequada para a
conjuntura política da época. A novela
foi produzida dez anos depois, e fez enorme sucesso.
- Em determinado momento de Que Rei Sou Eu?, o personagem de Edson
Celulari é obrigado a usar
uma máscara de ferro, como a usada pelo rei da
França em O Homem da Máscara de Ferro, livro
de Alexandre Dumas.
- Dercy Gonçalves fez uma participação especial em seis capítulos da novela,
no papel da baronesa
Eknésia, mãe da rainha Valentine (Tereza Raquel). Sua
atuação mereceu destaque como um dos
pontos altos da trama.
- Que Rei Sou Eu? foi a primeira novela em que Giulia Gam trabalhou do
início ao fim da trama.
Antes ela tinha feito uma participação na novela Mandala
(1987), de Dias Gomes, no papel de
Jocasta jovem; e atuou na minissérie O
Primo Basílio (1988), de Gilberto Braga e Leonor Bassères,
como
intérprete de Luísa. Comprometida com o teatro, onde há havia trabalhado com
diretores
como Antunes Filho, a atriz contou que entrou em crise ao ser
convidada para atuar na novela,
gênero considerado muito comercial para os
padrões das companhias de teatro.
Quase não aceitou o papel.
- Chico Anysio chegou a gravar uma participação especial em Que Rei Sou
Eu? como o especulador
estrangeiro Taj Nahal, que aplicaria um golpe na
bolsa e no mercado de Val Estrite, do Reino de Avilan.
A situação foi
inspirada no caso Naji Nahas, o investidor paulista que, na época,
protagonizava um escândalo financeiro no país e respondia a um inquérito por
estelionato e formação artificial de preços na Bolsa
de Valores do Rio de
Janeiro. Ao saber da criação de Taj Nahal, o advogado de Naji Nahas entrou
com
um protesto judicial contra a TV Globo, afirmando que o personagem
fazia um pré-julgamento de
um cidadão que ainda não havia sido sentenciado
pela Justiça, e que seu cliente exigiria direito
de resposta no mesmo
programa, caso a novela fizesse alguma referência satírica aos últimos
acontecimentos. Diante disso, a emissora decidiu não exibir a cena.
- Jorge Dória improvisou um caco em uma das cenas de seu personagem, o
conselheiro Vanoli,
que deixou o autor Cassiano Gabus Mendes maravilhado:
fazia uma correlação entre o arrulhar dos
pombos e a palavra “corrupto”.
- No papel do bobo da corte Corcoran, o ator Stênio Garcia, então aos 57
anos, deu o seu primeiro
salto mortal. Resultado de um trabalho corporal de
acrobacia de solo que passou a fazer na Escola
Nacional de Circo.
- A novela foi reapresentada em versão compacta de 70 capítulos entre outubro
e dezembro de 1989,
na faixa de programação Sessão Aventura, às 17h,
um mês após a exibição do último capítulo.
- Em fevereiro de 1986, três anos antes de a novela ir ao ar, o governo de
José Sarney anunciou o
Plano Cruzado, que trazia uma nova moeda, o Cruzado,
em substituição ao Cruzeiro, e congelava
os salários e os preços de produtos
e serviços. Em janeiro de 1989, um mês antes da estreia
de Que Rei Sou Eu?,
uma Medida Provisória mudou novamente a moeda brasileira:
o Cruzado
converteu-se em Cruzado Novo.
TRILHA SONORA
- O tema da abertura era O Rap do Rei, do grupo Luni, composto por
José Bonifácio de Oliveira
Sobrinho (Boni), então vice-presidente de
operações da TV Globo. A vocalista do Luni era
Marisa Orth, ainda
desconhecida do grande públiCo.
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