domingo, 20 de julho de 2014

Mulher dá à luz dentro de banheiro de hospital municipal em Itupeva

19/07/2014 10h14 - Atualizado em 19/07/2014 16h49

Paciente coletava urina para exame quando entrou em trabalho de parto.

Ela alega que não sabia que estava grávida. Mãe e filho passam bem.

Do G1 Sorocaba e Jundiaí
Flávia Dias deu à luz um menino em Itupeva (Foto: Prefeitura de Itupeva/Divulgação)Flávia Dias deu à luz um menino em Itupeva. Ela e filho passam bem (Foto: Prefeitura de Itupeva/Divulgação)
Uma mulher deu à luz um menino no banheiro de um hospital nesta sexta-feira (18), em Itupeva (SP). De acordo com informações da instituição, Flávia Dias é moradora de Jundiaí (SP) e teria ido ao centro de saúde porque estava sentindo dores nas costas. 
Após os primeiros cuidados de enfermaria do hospital municipal Nossa Senhora Aparecida para avaliar a dor nas costas, a paciente foi ao banheiro coletar urina para um exame e então deu à luz. Em nota, a prefeitura de Itupeva informou que a mulher não relatou em momento algum sobre a possível gestação para nenhum médico da unidade.
Depois do nascimento da criança, Flávia afirmou aos médicos que não havia feito qualquer tipo de exame pré-natal por não saber que estava grávida e estava surpresa com a situação. A paciente foi atendida e ela e o bebê passam bem.
Médica afirma que é possível não saber de gravidez
Em entrevista ao G1 neste sábado (19), o médica obstetra Ana Claudia de Oliveira Batista, do Hospital Regional de Sorocaba, afirmou que é possível a gravidez passar desapercebida. Segundo ela, apesar do caráter excepcional, isso pode ocorrer especialmente nos casos de mulheres que possuem microcistose. De acordo com o médica, é comum mulheres com esse problema ficarem meses sem menstruar.
Outra situação que pode fazer com que a mulher não perceba a gravidez é o excesso de peso. "A mulher não saber que está grávida não é mais uma condição tão incomum. É possível que ocorra uma negligência da própria paciente, mas quando a ela está muito acima do peso, enquandrada em um quadro de obesidade, é muito difícil o médico fazer uma avaliação adequada, o que pode passar desapercebida qualquer suspeita de gravidez", explica Ana Claudia.
Mulher deu à luz dentro de banheiro do hospital de Itupeva (Foto: Arquivo/TV TEM)Depois do parto inesperado, a mãe e o bebê recebem tratamento no hospital (Foto: Arquivo/TV TEM)

A flor mais rara do mundo





Havia uma jovem muito rica, que tinha tudo: um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que lhe pagava muitíssimo bem e uma família unida.
O estranho é que ela não conseguia conciliar tudo isso. O trabalho e os afazeres lhe ocupavam todo o tempo, e pouco sobrava para a família.

Um dia, seu pai, um homem muito sábio, deu a ela uma flor muito cara e raríssima, da qual restava apenas um único exemplar em todo o mundo. E disse a ela:
- Filha, esta flor vai te ajudar muito mais do que você imagina! Você terá apenas de regá-la e podá-la de vez em quando, às vezes conversar um pouquinho com ela, e ela dará em troca esse perfume maravilhoso e essas lindas cores.

A jovem ficou muito emocionada, afinal a flor era de uma beleza sem igual. Mas o tempo foi passando, o trabalho consumia todo o seu tempo e a sua vida, não permitindo que ela sequer cuidasse da flor. De volta à sua casa, ela olhava a flor, que ainda estava lá, não mostrando sinal de fraqueza ou fragilidade. Apenas estava lá, linda e perfumada. Então ela passava direto.

Até que um dia, mal entrara em sua casa, a jovem leva um susto! Sem mais, nem menos, a flor morreu. Suas pétalas estavam murchas e escuras, suas folhas, ressecadas. A jovem chorou muito e contou a seu pai o que havia acontecido.

Seu pai então respondeu:

- Eu já imaginava que isso aconteceria e não posso te dar outra flor, porque não existe mais outra igual a essa no mundo. Ela era única, como seus filhos, seu marido e sua família.

Assim como a flor, os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver a flor sempre lá, sempre colorida e perfumada, e se esqueceu de cuidar dela.

A relação com as pessoas que nos amam é como a flor: você deve aprender a cultivá-la, dar atenção a ela diariamente. Cuide das pessoas que você ama!

66 gestos de chimpazés são decifrados por cientistas




Um grupo de estudiosos está desvendando os significados da linguagem gestual dos chimpazés – a comunicação mais utilizada por eles. A pesquisa é mais uma confirmação científica de que, na vida selvagem, eles são os que desenvolvem o mais próximo dos gestos humanos.

Em cerca de um ano e meio de observações, na Reserva Florestal Budongo, na Uganda, foram 66 gestos decodificados e 19 mensagens diferentes catalogadas pelos autores Catherine Hobaiter e Richard Byrne, da Universidade de Saint Andrews, na Escócia.

"É conhecido há mais de 30 anos que os chimpanzés se comunicam desta forma, mas estranhamente ninguém tentou responder à pergunta óbvia: 'o que esses macacos realmente tentam dizer' ?", afirmou o professor Byrne.

Publicado no site da revista cientifica “Current Biology”, o estudo mostra que assim como a complexidade da linguagem humana, os chimpanzés também possuem um grande sistema de comunicação, com diversos gestos usados para a mesma finalidade. Os significados descobertos originaram um dicionário.

"Assim como com palavras humanas, alguns gestos têm vários sentidos. Chimpanzés podem usar mais de um gesto para o mesmo fim - especialmente nas negociações sociais, onde o resultado final pode ser uma questão de dar e receber”, explica a primatologista Catherine.
Segundo a pesquisadora, houve momentos em que registrava as interações e tinha a impressão de que alguns significados não eram possíveis ser capturados. “Às vezes, ela recordou, um chimpanzé fazia um gesto para o outro, em seguida, pareciam satisfeitos, embora nada mais parecia acontecer. Adoraria saber o que estava acontecendo”, afirmou ao site Wired

Agora os pesquisadores da Universidade de Saint Andrews vão investigar possíveis variações de significado por trás de certos gestos dos chimpanzés.

Alguns gestos decifrados:

- Um abraço no ar é um pedido de contato
- Quando um chimpanzé bate no outro significa “Pare com isso”
- Bater em um objeto significa "Afaste-se"
- Levantar o braço significa "Eu quero 'ou' me dá isso"
- Quando uma mãe mostra a sola do pé é o mesmo que dizer "Suba nas minhas costas"
- Tocar o braço do outro é um pedido: "Me coce".

Redação CicloVivo

Luto na web: redes sociais mudam relação das famílias com a morte

Editor's Choice :  | 7/20/2014
Facebook Perfis póstumos continuam sendo alimentados após a partida dos entes queridos

Em janeiro passado, Amanda Tinoco, de 36 anos, sofreu a maior dor que pode se abater sobre uma mãe: em coma por quatro dias depois de ser atropelado, seu filho, Gabriel, morreu aos 16 anos. Em choque pela perda e em meio à saudade, a analista de telecomunicações encontrou no Facebook um canal para processar seus sentimentos, a partir das mensagens de solidariedade que recebeu na rede, das visitas ao perfil virtual de Gabriel e da oportunidade de interagir com os únicos capazes de entender o que ela sente, outros pais que perderam seus filhos.

O caso de Amanda não é exceção. Onipresentes na vida de milhões, as redes sociais transformaram a forma como nos relacionamos com o mundo, extinguindo, para muitos, as fronteiras entre o real e o virtual. Um grande impacto na vida e também na morte. Num fenômeno já notado por terapeutas e pesquisadores, esses sites vêm adicionando novos elementos à forma como lidamos com a perda de pessoas amadas, seja pela presença dos perfis dos mortos ou de grupos que os reúnem.

MENSAGENS DE AMIGOS E ESTRANHOS

Esta semana, o luto digital mostrou sua força global. Somente algumas horas depois de anunciada a trágica queda do avião da Malaysia Airlines sobre o Leste da Ucrânia, matando 298 pessoas, parentes e amigos de muitos deles iniciaram uma corrente de posts de despedida que se espalharam pela internet. Um texto postado por um dos passageiros que desistiram do voo — um holandês que publicou em sua página no Twitter uma foto do avião em que embarcaria — acompanhado de uma mensagem que fazia referência ao avião da Malaysia sumido em março, no qual ele também quase embarcou, foi compartilhado por centenas de milhares de internautas mundo afora. Sempre com palavras de luto e pesar. As redes se tornam, assim, a um só tempo, canais de informação e homenagem.

— Quando o acidente (com o filho, Gabriel) aconteceu, o Facebook acabou servindo como ferramenta de informação para nosso círculo de amigos, que passou a acompanhar a nossa luta durante o coma. O que vimos pela rede foi uma grande mobilização por meio de preces, mensagens de apoio e canalização de energia — lembra Amanda.

Nas primeiras semanas após a perda de Gabriel, marcadas por “entorpecimento e reclusão total”, Amanda diz que navegar na web era uma das poucas atividades que conseguia fazer devido à falta de disposição para conversar com outras pessoas. Nessemomento, o site a ajudou a descrever o seu desespero, mas também a encontrar conforto em homenagens de amigos do filho registradas no perfil do jovem — ainda mantido on-line por ela.

Em maio, com a aproximação do Dia das Mães, Amanda criou uma página na rede dedicada a mães que, assim como ela, perderam seus filhos.

— Isso foi importante, ajudou a formar uma rede de solidariedade. Só uma mãe nessa situação entende a dor que a morte de um filho provoca. Por isso, a cumplicidade encontrada nos ajuda — afirma, em referência à página “Mães para sempre”. — No meu caso, isso só foi possível por causa das redes.

Médica e terapeuta especializada em luto há 14 anos, Adriana Thomaz afirma que, há pelo menos cinco, nota os impactos que sites como o Facebook têm nas pessoas que perderam entes queridos.

— Se, antes, as redes eram usadas para homenagear os mortos, agora elas estão se tornando espaços de busca por solidariedade. Além disso, há também uma tendência na formação de grupos envolvendo pessoas com experiências semelhantes, que se associam para buscar compreensão — explica Adriana. — Há ainda uma necessidade de não deixar a memória do ente desaparecer, a partir da manutenção do seu perfil virtual.

Adriana diz observar que, em diversos casos, como o de Amanda, as redes digitais vêm ajudando os enlutados a lidar com a ausência da pessoa querida. No entanto, isso não é regra:

— Há aspectos negativos também. No luto, a negação também é uma fase, e, ainda que saudável e natural, quando prolongada pode tornar a vida da pessoa complicada. Nesses casos, a dificuldade de lidar de maneira saudável com as dinâmicas das redes pode fazer com que o enlutado as use como forma de evitar a realidade.

Maria de Lourdes Casagrande, de 53 anos, diz ter consciência sobre a dualidade dos efeitos que o virtual pode ter sobre aqueles que perderam alguém. Depois da morte do filho Denis, de 21 anos, em setembro de 2013, ela conta que decidiu preservar o perfil do jovem no Facebook como forma de “mantê-lo vivo”.

— Nesse momento, você só pensa em preservar a memória da pessoa. E como, para os jovens, o site é muito usado, faz sentido manter a página no ar para que as pessoas que o conheceram possam se lembrar dele — afirma a gerente comercial, que, apesar da decisão, diz ainda não se sentir preparada para visitar a página. — Ainda é muito doloroso.

No entanto, a rede também tem sido fonte de alento. Após a morte do jovem, assassinado em uma festa na Universidade de Campinas (SP), onde estudava, os amigos dele criaram a página “Somos todos Denis” no Facebook, para homenageá-lo. Ainda que a visite apenas às vezes, Maria de Lourdes diz que as mensagens deixadas nela lhe fazem bem:

— Não tiram a minha dor, mas aliviam. Agora, queiramos ou não, essa presença na rede também remete à dor da perda. Então, tento não acessá-la nos momentos em que estou me sentindo frágil.

Após a morte de um usuário, as redes sociais permitem que o seu perfil possa ser retirado da web ou assumido por parentes, mediante solicitação e envio de documentos. Mas essas informações costumam ficar meio escondidas. Para aqueles que optarem por assumir os perfis dos que se foram, é importante explicitar que o gerenciamento está sendo feito por outra pessoa.

— Isso evita que, em momentos de fragilidade, pessoas enviem mensagens achando que ninguém vai lê-las, mas que podem causar constrangimentos afirma a terapeuta Adriana.

Para além da administração das páginas dos que se foram por parentes, grupos de usuários se dedicam a listar os perfis dos mortos, estabelecendo uma espécie de cemitério virtual. Criada no Facebook em 2009, o “Profiles de gente morta” reúne mais de 10 mil membros que, diariamente, incluem perfis de recém-falecidos, adicionando a causa da morte e, quando possível, notícias que a comprovam.

Ainda que reconheça que a página pode ser vista como mórbida, seu criador, Victor Santos, de 33 anos, nega que explorar a dor alheia seja sua intenção:

— O objetivo principal é que ela funcione como uma espécie de memorial aos falecidos com perfis na rede, uma homenagem e um registro virtual. Entendo os julgamentos. Não é algo comum, gera interpretações incorretas. Mas a página trata de algo natural, que faz parte da vida.

FENÔMENO É TEMA DE ESTUDOS

Moderadora do grupo, Ana Bittencourt, de 39 anos, vê a popularidade dele como resultado da curiosidade que muitas pessoas sentem sobre a morte.

Para muita gente, a morte ainda é um tabu, e o grupo acaba sendo um espaço onde elas têm liberdade para discuti-lo afirma.  Há regras. Proibimos imagens de violência. Também inibimos críticas aos falecidos porque não admitimos desrespeito. Já recebemos pedidos para remover perfis da lista. Nesses casos, atendemos prontamente. Não é nossa intenção magoar ninguém.

A relação do mundo virtual com a morte atrai inúmeros pesquisadores. Organizado pelos professores Cristiano Maciel e Vinicius Pereira, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o e-book “Digital Legacy and Interaction: Post-Mortem Issues” (Legado digital e interação: Questões pós-morte), de 2013, reúne artigos do mundo todo que abordam aspectos técnicos, legais e culturais do tema.

Para Cristiano, o assunto tende a se intensificar:

Antigamente, o cemitério ficava longe, mas agora a presença da pessoa falecida está logo ali. E muitos jovens da geração Z estão tendo o primeiro contato com o tema nesse ambiente — afirma.

Faxineira larga filhos para morar com ex-preso em ponto de ônibus no DF

19/07/2014 07h36 - Atualizado em 19/07/2014 12h26

Paraibano afirma que passou 26 anos na cadeia por ter matado 15 pessoas.

Assistentes sociais tentaram retirá-los do local, mas não obtiveram sucesso.

Raquel Morais
Do G1 DF
Ex-presidiário e faxineira se abraçam em ponto de ônibus da DF-140, que virou abrigo após união (Foto: Raquel Morais/G1)Ex-presidiário e faxineira se abraçam em ponto de ônibus da DF-140, que virou abrigo após união (Foto: Raquel Morais/G1)
Os mesmos versos que introduzem à história de amor de "Eduardo e Mônica", questionando haver razão "nas coisas feitas pelo coração", poderiam anunciar o entrelace improvável de um casal que atualmente mora em uma parada de ônibus na DF-140. Mas a reação inicial à união causa algum espanto: Maria [nome fictício], de 45 anos, largou os seis filhos para viver com o ex-presidiário João [também fictício], de 50, que diz ter passado 26 anos na cadeia por ter matado 15 pessoas.
Sempre me chamavam para resolver as coisas. Eu dizia que daríamos um jeito, que não podiam prejudicar pai de família. Apesar de o meu pai ser policial, eu não confiava nesse povo"
João, ex-presidiário
Os dois decidiram se mudar para o local, próximo ao Complexo Penitenciário da Papuda, há pouco mais de um mês. O homem foi posto em liberdade no final do ano passado e escolheu morar na rua para "não incomodar" familiares e amigos. Eles improvisaram uma barraca e sobrevivem com a ajuda de doações de quem passa pela região – inclusive de agentes da cadeia. A Secretaria de Segurança Pública informou ao G1 que João cumpriu pena por oito roubos qualificados.
Maria, que conheceu o companheiro há cinco anos, em uma confraternização ocorrida durante saidão, diz ter certeza da decisão tomada. Na época, a mulher já estava separada e trabalhava como faxineira em um bar. Os filhos, que hoje têm entre 16 e 22 anos, moravam com ela.
"Esse homem foi melhor do que ganhar na Mega Sena. Ele me dá tudo o que eu preciso, é só o ouro. Tem muita paixão, muito amor entre a gente. Eu o conheci e me apaixonei assim", disse. "Eu não gosto que critiquem minha decisão. Meus filhos já não eram mais pequenos e hoje moram com a irmã mais velha. É um problema só meu."
Natural de uma cidade do interior da Paraíba, João conta se dar bem com os enteados. Ele diz ser filho de um policial civil aposentado e afirma que praticou o primeiro crime quando ainda era menor de idade, depois de ouvir que a filha do vizinho havia sido estuprada. O ex-presidiário garante que matou 15 homens – e em todas as ocasiões usando um facão – com a intenção de fazer justiça e que nunca se aproveitou do crime para levar vantagem pessoal.
Entre as situações que o impulsionaram a isso estariam roubos a conhecidos e a morte do primogênito, entre 17 filhos, por engano. "Ele tinha 16 anos. Foi em 1989. Era a minha vida. Aquilo mexeu comigo", declarou. "Meus colegas sempre me chamavam para resolver as coisas. Eu dizia que daríamos um jeito, que não podiam prejudicar pai de família. Apesar de o meu pai ser policial, eu não confiava nesse povo."
João diz que aproveitou o tempo preso para terminar o ensino fundamental e participar de oficinas, como de pintura, serralheria, jardinagem e panificação. Além disso, adotou a religião evangélica e lembra que chegou a fazer pregações para os colegas de cela.
"Quando a pessoa não conhece as coisas de Deus, fica cega. Eu achava que estava fazendo justiça, mas estava fazendo mal a mim mesmo. Eu nunca usei drogas. Vez ou outra tomo cachaça, mas é só. Eu acho que as pessoas só não mudam quando não querem. Eu aprendi e quero recomeçar", afirma.
O ex-presidiário diz que levou currículo a empresas de ônibus e que tem feito bicos para se manter – catando material reciclado ou vendendo "besteiras" dentro do ônibus. Ele garante que aprendeu com tudo o que passou e que não pretende voltar à prisão.
Quando a pessoa não conhece as coisas de Deus, fica cega. Eu achava que estava fazendo justiça, mas estava fazendo mal a mim mesmo. Eu nunca usei drogas. Vez ou outra tomo cachaça, mas é só. Eu acho que as pessoas só não mudam quando não querem. Eu aprendi e quero recomeçar"
João, ex-presidiário
"Quero fazer o máximo para evitar cometer crime de novo, mas Deus o livre uma pessoa fizer mal a ela [Maria]. Não tenho mais intenção de matar, vou me controlar, é claro. Melhor é ficar solto, em liberdade. A cadeia é muito ruim. Você vê gente morrendo, comida péssima, é desrespeitado, te ignoram quando você está doente. Eu me sentia mal quando meus filhos iam me visitar. A pessoa esta lá para se recuperar, mas como fazer isso sendo maltratada? Você se revolta mais", declarou.
João conta que não aceitou a ajuda dos pais e dos familiares também como parte desta aprendizagem. Segundo o ex-detento, a família pensa que ele está viajando e nem imagina que ele dorme na rua. Até com os filhos o contato ficou restrito. "Se nada der certo, vou com minha mulher para a Paraíba, até a pé. Mas dos outros não dependo", concluiu.
Moradores de rua
Dados da Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda apontam que o DF tem mais de 2,5 mil moradores de rua. A pasta conta com 28 equipes que visitam essas pessoas e oferecem vagas em casas de abrigo. Segundo o governo, no entanto, nem todas aceitam.
João e Maria, por exemplo, receberam assistentes sociais em três ocasiões, mas não quiseram deixar a parada de ônibus da DF-140. Nos abrigos, eles teriam acesso a acompanhamento psicológico e social e poderiam retirar documentos pessoais de graça, além de ganhar orientações para voltar ao mercado de trabalho. O tempo de permanência nestas casas é de, no máximo, 90 dias.

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