sábado, 31 de maio de 2025

Prefeito de Palmas é Alvo de Operação da PF por Suspeita de Vazamento e Venda de Sentenças

Eduardo Siqueira Campos, prefeito de Palmas (TO), eleito em 27 de outubro de 2024 com 53,03% dos votos válidos pelo partido Podemos, tornou-se alvo da 9ª fase da Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em 30 de maio de 2025. A operação investiga um suposto esquema de venda de sentenças judiciais e vazamento de informações sigilosas em tribunais estaduais e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

by Deise Brandão




Contexto da Investigação
A Operação Sisamnes teve início a partir da investigação do assassinato de um advogado no Mato Grosso, quando a PF encontrou, no celular da vítima, evidências de um esquema de comercialização de decisões judiciais. As apurações revelaram um grupo que, além de negociar sentenças, teria praticado vazamentos de informações sigilosas de operações policiais, comprometendo ações judiciais.
Na fase mais recente, a PF cumpriu três mandados de busca e apreensão em Palmas, incluindo a casa de Eduardo Siqueira Campos, a sede da prefeitura e o presídio onde está detido Thiago Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), que não é alvo da operação. Interceptações telefônicas indicam que Siqueira Campos teria alertado Thiago Barbosa sobre informações confidenciais do STJ, levantando suspeitas sobre sua atuação.

Ações Judiciais
A PF solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão e o afastamento de Siqueira Campos do cargo, mas o ministro Cristiano Zanin, relator do inquérito, autorizou apenas as buscas e apreensões. A operação também apura a existência de um grupo chamado “Comando C4”, que teria uma tabela de preços para serviços como monitoramento e até intimidação de autoridades, com valores que variavam de R$ 50 mil a R$ 250 mil.
Histórico Político

Eduardo Siqueira Campos, de 65 anos, é uma figura conhecida na política tocantinense. Foi prefeito de Palmas até 1999, quando deixou o cargo para concorrer ao Senado, sem sucesso em 2006. Retornou à prefeitura em 2024, após vencer o segundo turno contra a deputada estadual Janad Valcari (PL), em uma eleição histórica com segundo turno inédito na capital. Após a posse em 1º de janeiro de 2025, Siqueira Campos anunciou prioridades como saúde e transporte coletivo, mas logo enfrentou desafios pessoais, como a internação de seu filho de 10 anos por miocardite viral, o que o levou a se afastar temporariamente do cargo.

Repercussão
O prefeito confirmou nas redes sociais que a PF esteve em sua residência, mas não se pronunciou detalhadamente sobre as acusações. A operação gerou grande repercussão, com veículos como Globo News, CNN Brasil e Folha de S.Paulo destacando a gravidade das suspeitas. A investigação continua, e novos desdobramentos podem surgir à medida que a PF analisa os materiais apreendidos.

Grupo de Extermínio “Comando C4” na Operação Sisamnes:
 O que se sabe
A Operação Sisamnes, conduzida pela Polícia Federal (PF), revelou a existência de um grupo de extermínio autodenominado “Comando C4” (Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos), investigado por práticas de espionagem, homicídios sob encomenda e ameaças a autoridades no Brasil. A seguir, um resumo sobre o grupo, com base nas informações disponíveis até 31 de maio de 2025:

Origem e Descoberta
O grupo foi identificado durante a 7ª fase da Operação Sisamnes, deflagrada em 28 de maio de 2025, que inicialmente apurava a venda de sentenças judiciais a partir do assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, em Cuiabá (MT). Zampieri, conhecido como “lobista dos tribunais”, foi morto em uma disputa fundiária, e mensagens em seu celular revelaram negociações de decisões judiciais, levando a PF a descobrir o Comando C4.

Composição e Atuação

O Comando C4 é formado por militares da ativa e da reserva, além de civis, com alta capacidade operacional e treinamento especializado, o que aumenta sua periculosidade. O grupo operava com uma estrutura empresarial, coordenando ações em estados como Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. Suas atividades incluíam: Espionagem: Monitoramento de autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, e parlamentares, como o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Homicídios sob encomenda: O assassinato de Zampieri, por exemplo, envolveu um pistoleiro contratado por R$ 40 mil, com um sinal de R$ 20 mil pago por um suposto mandante, o coronel reformado Etevaldo Caçadini de Vargas, que nega envolvimento.
Tabela de preços: O grupo cobrava valores específicos para monitoramento: R$ 50 mil para “figuras normais”, R$ 100 mil para deputados, R$ 150 mil para senadores e R$ 250 mil para ministros do STF.

Ações da PF

Na 7ª fase, a PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, seis de busca e apreensão e quatro de monitoramento eletrônico, autorizados pelo ministro Cristiano Zanin. Foram apreendidos fuzis, pistolas com silenciador, munição, explosivos com detonação remota, carros e placas frias. Entre os presos estão: Etevaldo Caçadini de Vargas, coronel reformado do Exército, dono do canal “Frente Ampla Patriótica”, que defende ideias golpistas.
Gilberto Louzada da Silva, sargento reformado e instrutor de tiro.
Aníbal Manoel Laurindo, fazendeiro apontado como possível mandante do assassinato de Zampieri.Antônio Gomes da Silva, pedreiro que confessou o homicídio, usando disfarces como boina e bengala.

Conexão com o Caso de Palmas
Na 9ª fase da Operação Sisamnes (30 de maio de 2025), o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, foi alvo de buscas por suposto vazamento de informações sigilosas a Thiago Barbosa de Carvalho, preso e ligado ao esquema. Embora não haja menção direta de Siqueira Campos como integrante do C4, as investigações sugerem que o grupo se beneficiava de uma rede de contatos para acessar informações sigilosas, comprometendo operações policiais.

Impacto e Repercussão

O senador Rodrigo Pacheco classificou o caso como “estarrecedor”, destacando o risco à democracia. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, afirmou que é cedo para conclusões, mas a gravidade do caso é evidente. A PF continua investigando para mapear a extensão da rede criminosa e suas conexões, que envolvem corrupção judicial, lavagem de dinheiro e até possíveis ramificações em outros crimes, como o uso de garotas de programa para chantagem, conforme sugerido em postagens no X.

Conclusão
O Comando C4 representa uma ameaça significativa devido à sua organização, armamento e alvos de alto perfil. A Operação Sisamnes, que começou com a investigação de corrupção judicial, revelou um esquema muito mais amplo e perigoso, com implicações para a segurança de autoridades e a integridade das instituições. As investigações seguem em andamento, e novos desdobramentos podem surgir.

Juiz é afastado durante operação da PF que investiga venda de sentenças em MT e no STJ

Investigações identificaram um esquema de corrupção envolvendo lavagem de dinheiro, criado para disfarçar o pagamento de propinas em troca de decisões judiciais.

Por g1 MT

O juiz Ivan Lúcio Amarante, da 2ª Vara da Comarca de Vila Rica (MT) — Foto: Reprodução

Policiais federais cumprem, nesta quinta-feira (29), três mandados de busca e apreensão e outras ordens judiciais em Mato Grosso. Essa é a oitava fase da Operação Sisamnes, que investiga a relação de crimes de corrupção judiciária e lavagem de dinheiro. O juiz Ivan Lúcio Amarante, da 2ª Vara da Comarca de Vila Rica (MT), foi afastado do cargo.

O g1 tenta localizar a defesa do magistrado.

As investigações começaram após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto a tiros em frente ao próprio escritório em Cuiabá, em 2023. A análise das mensagens e arquivos encontrados no celular da vítima revelou indícios de crimes graves, como a venda de sentenças judiciais e movimentações financeiras suspeitas, dando origem à operação da Polícia Federal (veja detalhes abaixo).

As investigações identificaram um esquema de corrupção envolvendo lavagem de dinheiro, criado para disfarçar pagamentos milionários de propinas em troca de decisões judiciais favoráveis, dadas por um magistrado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), estão sendo cumpridos três mandados de busca e apreensão em Mato Grosso e o magistrado foi afastado do cargo, teve seus bens e valores bloqueados, totalizando cerca de R$ 30 milhões.

O passaporte dele também foi recolhido como parte das ações da operação.

Entenda o caso

Advogado é morto a tiros dentro de carro na frente de escritório em MT 

Roberto Zampieri foi morto com 10 tiros dentro do próprio carro em frente ao escritório. Uma câmera de segurança registrou o momento do crime (veja acima). Nas imagens, é possível ver que ele foi surpreendido por um homem de boné, que disparou pelo vidro do passageiro, e fugiu em seguida.

As equipes de socorro médico foram até o local, mas a vítima não resistiu aos ferimentos. O suspeito chegou a ficar cerca de uma hora aguardando a vítima sair do local.

Saiba quem são os suspeitos

Infográfico - Investigação revelou grupo de extermínio e esquema de vendas de sentença. — Foto: Arte/g1

Confira abaixo os nomes dos envolvidos na morte do advogado, de acordo com a Polícia Civil:

Aníbal Manoel Laurindo (mandante);
Coronel Luiz Caçadini (financiador);
Antônio Gomes da Silva (atirador);
Hedilerson Barbosa (intermediador, auxiliar do atirador e dono da pistola 9mm usada no assassinato);
Gilberto Louzada da Silva (ainda não se sabe a função dele no grupo)

Segundo a Polícia Civil, eles deverão responder por homicídio duplamente qualificado pela traição, por emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.

Ainda de acordo com a polícia, outro agravante do crime foi o fato de ter sido praticado mediante pagamento ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe.

Da direita para à esquerda: Aníbal Manoel Laurindo, Coronel Luiz Caçadini, Antônio Gomes da Silva e Hedilerson Barbosa — Foto: Reprodução

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Entenda a diferença entre DMT, Ayahuasca e Jurema

Conversa com um psicólogo e um indígena Huni Kuin para esclarecer sobre o assunto


O chá da Ayahuasca é feito através da mistura de um cipó e uma planta - Foto: Reprodução | iStock

A Polícia Federal (PF) desmantelou, nesta quinta-feira, 10, um esquema internacional de tráfico de DMT (dimetiltriptamina), que é extraído da planta Jurema Preta e presente no chá da Ayahuasca. No entanto, essa substância faz parte de práticas antigas que transcendem culturas nativas e gerações.

O DMT é procurado por muitas pessoas para uma busca de “expansão da consciência”. Seja presente nos chás da Jurema ou da Ayahuasca, ele possui características únicas tanto do ponto de vista científico quanto indígena. Além do dimetiltriptamina, a investigação da PF apreendeu mescalina, outra substância comum em tradições nativas.

Para explicar os conceitos de cada substância, o Portal A TARDE conversou com o psicólogo Iago Lobo, especializado em psicologia analítica junguiana e mestrando em saúde coletiva, e o cacique Tuwe Inu Bake, do povo Huni Kuin, da Aldeia São Vicente (Acre).

Segundo o psicólogo, os elementos citados são de uma classe de substância psicoativas que funcionam de forma diferente no sistema nervoso central. Elas não estimulam, não deprimem e nem diminuem as atividades, afirma Iago.

“Hoje usamos as palavras neurogênese, que fala da formação de novos neurônios e a neuroplasticidade, que fala da produção de novas conexões sinápticas no cérebro. Essas substâncias se distinguem de muitas outras que são apreendidas como tráfico, justamente porque os psicodélicos tem cada vez mais comprovação de efeitos psicoterapêuticos. Além disso, eles têm outra característica muito interessante que é não ter um potencial de abuso, porque são substâncias que criam uma tolerância muito grande”, explica o especialista.

O que é DMT?
O DMT é o princípio ativo presente na Jurema e na Ayahuasca, como explica o psicólogo. Ele também é encontrado em muitas plantas, animais e seres humanos.

“Tem muitas especulações de qual a função do DMT no nosso corpo mas tem algumas hipóteses que pode ter a ver justamente com o momento da morte humana, com as experiências místicas que podem se ter durante as experiências de quase morte. Já teve gente que chamou o DMT da molécula do espírito, então também historicamente vem sendo associada no campo místico, o sagrado”, destaca Iago.

A folha da chacrona, usada para o feitio de Ayahuasca Foto:
Reprodução | iStock

O que é Ayahuasca?
A forma mais tradicional de consumir o DMT, no Brasil, é na consagração do chá da Ayahuasca. O líquido é feito através da mistura de um cipó e uma folha que contém a substância.

“É essa a combinação que faz com que o chá tenha um efeito psicoativo, porque a folha contém o DMT, só que a gente tem uma enzima no estômago que degrada a substância. Então, se a gente comer aquela folha pura, a gente não vai sentir o efeito psicoativo. O cipó tem a molécula IMAO, que é o inibidor da monoamina oxidase. Ela inibe essa enzima do estômago e deixa de degradar o DMT. Nisso, a gente passa a ingerir e consequentemente ter os efeitos psicoativos. A Ayahuasca é essa combinação do DMT com as propriedades do cipó, que são tanto o IMAO, mas também harminas e outros tipos de compostos”, explica o psicólogo.

Na língua materna do povo Huni Kuin, a Ayahuasca é chamada de Nixi Pae. O cacique Tuwe Inu Bake detalha que é no processo de preparar o chá que se transforma em um líquido “sagrado”.

“A gente consagra essa medicina de uma forma ritualizada, dentro da tradição do nosso povo. Então, para nós, ela é o professor dos professores, é a nossa biblioteca, a nossa universidade. Quando a gente bebe, a gente tem que ter um propósito. A partir do momento que a gente bebe, a gente vai pra outra dimensão espiritual se conectando com nossos ancestrais, se conectando com a natureza e muitas vezes a gente mira o nosso passado, o nosso presente e o nosso futuro”, ressalta Tuwe.

O que é Jurema?
A Jurema é uma árvore nativa do semiárido do nordeste, sagrada para os indígenas desta região e é encontrado DMT nas suas raízes, como explica o psicólogo. Além disso, também é uma religião afro-indígena que tem a presença do chá da planta.

“A Jurema tem uma tradição de uso indígena, ritualístico, que quase foi perdida durante o processo de colonização. Toda essa cultura da Jurema estava ali principalmente nesses povos do nordeste, com acesso ao mar e foram logo afetados, mortos, tornando a cultura da Jurema enfraquecida. Nas últimas décadas, muitos povos indígenas estão retomando o uso da Jurema e hoje tem um conjunto de tradições. Tem as tradições indígenas e tem a religião da Jurema, que é mais comum no nordeste também. Cada tradição dessa vai ter seus modos de preparo da bebida da Jurema”, pontua Lobo.

O que é Mescalina?
A Mescalina é o princípio ativo do Cacto Peyote ou do Cacto São Pedro, presentes nas regiões andinas. Ela pode ser utilizada em pó, em chá ou ao mastigar os seus botões.

“É uma substância psicodélica natural, que tem uma história ritualística associada aos povos nativos da América Central que faziam uso em rituais. Essa tradição indígena é autorizada legalmente dentro desse contexto religioso da igreja nativa americana. Ela tem um potencial de experiências sagradas ou místicas”, descreve Iago.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

SEM ANISTIA: Golpistas do INSS Devem Pagar Por Todos os Crimes

Fraudar a aposentadoria de milhões de brasileiros não é crime de esperteza: é crueldade social. Qualquer acordo seria um tapa na cara da justiça.


O escândalo bilionário de fraudes no INSS, exposto em detalhes em 2025, não é apenas um problema contábil. É uma crise moral e institucional de proporções gigantescas. Milhões de brasileiros, a maioria idosos e de baixa renda, foram lesados por organizações que usaram brechas legais e má-fé para descontar valores de seus benefícios, sem consentimento e sem explicação.

É inaceitável que, diante de um crime tão covarde, se cogite qualquer tipo de acordo, anistia ou negociação branda com os responsáveis. Roubar da Previdência é roubar do povo. Ponto.
Justiça, não jeitinho

A estrutura do esquema, com entidades de fachada como a CONAFER e envolvimento de agentes públicos e privados, mostra que não se trata de erro técnico, mas de fraude sistematizada. Estima-se que mais de R$ 6 bilhões foram desviados entre 2019 e 2024. Em muitos casos, os beneficiários só descobriram o rombo quando foram notificados em 2025, anos após terem seus contracheques descontados sem qualquer autorização.

A resposta precisa ser clara: prisão, confisco de bens e devolução integral dos valores. O Estado não pode negociar com quem desmonta a confiança na Previdência, uma das poucas redes de proteção social ainda acessíveis a milhões de brasileiros.
Leniência é convite à reincidência

O Brasil tem um histórico de "soltar os grandes" enquanto aperta os pequenos. Quando o sistema de justiça opta por acordos leves, está incentivando a reincidência. Golpistas que fraudaram aposentados não podem ser tratados como colaboradores, eles devem ser tratados como criminosos.

Só existe uma forma de restaurar a confiança da população: agir com rigor, transparência e exemplo. Isso significa também responsabilizar gestores públicos que falharam no dever de fiscalização ou foram coniventes por omissão.
A conta não pode sobrar para quem já sofre

O aposentado que ganha um salário mínimo e viu R$ 30 ou R$ 50 desaparecerem todo mês sabe o peso desse dinheiro no orçamento doméstico. É remédio, é gás, é comida. Tirar isso de quem trabalhou a vida toda é mais que roubo, é perversidade.

Por isso, aliviar para golpistas é também ferir quem mais precisa da proteção do Estado.
O recado que o Brasil precisa dar

O escândalo do INSS é um divisor de águas. Ou o Brasil pune severamente quem frauda o sistema previdenciário, ou abre as portas para novos golpes, mais sofisticados e mais prejudiciais. Não se trata de vingança. Trata-se de justiça, integridade institucional e respeito ao cidadão.  Pegar leve com golpistas é ser cúmplice deles.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Projeto propõe multa a quem levar “bebê reborn” para atendimento no SUS


    (Foto Internet)

Propostas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e na capital carioca refletem diferentes abordagens sobre o uso e impacto dos bonecos hiper-realistas

O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL-MG) apresentou, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, um projeto que proíbe o atendimento médico a bonecos hiper-realistas conhecidos como “bebês reborn” nas unidades públicas de saúde do estado.

A medida prevê multa de até dez vezes o valor do serviço prestado em caso de descumprimento, com os recursos destinados ao tratamento de pessoas com transtornos mentais.Masterclass Renda Fixa Descomplicada: 

Caporezzo justificou o projeto mencionando um episódio em que uma mulher tentou levar um bebê reborn para atendimento médico, alegando que a “criança” estaria com febre. Para o deputado, esses casos representam uma “distopia generalizada” e colocam em risco o funcionamento do sistema de saúde.

A proposta é mais uma que surge em meio a um debate legislativo em diferentes regiões do Brasil, que incluem até a criação de programas de apoio psicológico para pessoas que desenvolvem vínculos emocionais com eles.

Os bebês reborn têm atraído não apenas colecionadores e fãs, mas também figuras públicas como Britney Spears, Gracyanne Barbosa e o padre Fábio de Melo, que já compartilharam experiências com esses bonecos em suas redes sociais. No entanto, o uso dos reborns também desperta questionamentos, especialmente quando são protagonistas de vídeos que simulam partos, amamentação e cuidados maternos.

Apoio psicológico

Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Rodrigo Amorim (União) protocolou um PL que propõe a criação de um programa de saúde mental para pessoas que desenvolvem laços emocionais com os bebês reborn. A iniciativa procura prevenir casos de depressão, suicídio e isolamento social.

O programa deve oferecer acompanhamento psicológico, terapias e orientação conduzidos por equipes multidisciplinares, que incluirão psicólogos, terapeutas e assistentes sociais. Amorim argumenta que, embora os reborns possam ser usados terapeuticamente em casos de luto perinatal, há riscos de que a relação simbólica evolua para uma dependência emocional prejudicial.
“Dia da Cegonha Reborn”

Na capital fluminense, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou um projeto que institui o Dia da Cegonha Reborn no calendário oficial da cidade. O projeto, de autoria do vereador Vitor Hugo (MDB), homenageia as artesãs que produzem os bonecos, conhecidas como “cegonhas”. A data escolhida é 4 de setembro, e a proposta aguarda sanção ou veto do prefeito Eduardo Paes.

Os bebês reborn são bonecos artísticos confeccionados manualmente para se assemelhar a bebês reais. As “cegonhas” são responsáveis por pintar manualmente os detalhes de pele, veias e manchas, implantar cabelos fio a fio e adicionar peso aos bonecos para que se assemelhem a recém-nascidos. O nome “reborn”, que significa “renascido” em inglês, remete ao processo detalhado de produção.


quinta-feira, 15 de maio de 2025

Advogado acusado de fazer empréstimo em nome mortos é preso em MS

Daniel Nardon teve a prisão preventiva decretada pela Justiça gaúcha e foi preso hoje em Dourados


O advogado Daniel Fernando Nardon é conduzido por policiais rodoviários federais (Foto: Direto das Ruas)

O advogado Daniel Fernando Nardon, 46, acusado de enganar clientes e de falsificar assinatura para fazer empréstimo em nome de pessoas mortas e em estado vegetativo foi preso nesta quinta-feira (15) em Dourados, a 251 km de Campo Grande.

Com prisão preventiva decretada pela Justiça do Rio Grande do Sul no dia 9 deste mês, ele foi capturado na base da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na BR-163, na entrada de Dourados, através de trabalho conjunto com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Nardon viajava de carro com um amigo e disse que vinha de Mato Grosso. A suspeita é de que ele seguia em direção ao território paraguaio, para fugir.

Daniel Nardon é um dos alvos da Operação Malus Doctor, deflagrada no dia 7 deste mês pela Polícia Civil gaúcha contra 14 pessoas, sendo 9 advogados. O esquema é chamado pela polícia de “advocacia predatória” e pode ter causado prejuízo de 50 milhões.

No início desta semana, quando o advogado já era considerado foragido, a 1ª Vara Regional de Garantias de Porto Alegre (RS) determinou a apreensão do passaporte dele.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) determinou a suspensão cautelar do direito de Nardon exercer a profissão, “de forma preventiva em razão da gravidade dos fatos apurados, além de resguardar a integridade da advocacia e os interesses da sociedade”.

O advogado gaúcho Daniel Fernando Nardon, preso nesta quinta-feira em Dourados (Foto: Reprodução)

O esquema – Conforme a polícia, Daniel Nardon teria ingressado com ações na Justiça contra instituição bancária para revisão de contrato, supostamente utilizando procuração assinada por cliente morto dois meses antes. Ele alegou que não tinha conhecimento da morte do cliente.

Durante as investigações, os policiais descobriram vários outros processos semelhantes, todos na comarca de Porto Alegre. Ainda segundo a polícia, ele chegou a ajuizar 581 processos em um único dia. No total, a polícia identificou 145 mil ações no Rio Grande do Sul e 30 mil em São Paulo.

O delegado responsável pelas investigações, Vinicius Nahan, da 2ª Delegacia de Porto Alegre, disse que o grupo fazia ajuizamento massivo de ações de revisão de juros de empréstimos consignados, muitas vezes usando procurações falsas. Por fim, se apropriava das indenizações. A maioria das vítimas é formada por policiais militares e professores aposentados.

Conforme a operação policial, o esquema desvendado durante as investigações aponta o uso de empresa de consultoria e até um banco digital criado pelo advogado, o “Nardon Bank”, que não aparece na lista de instituições autorizadas pelo Banco Central.

Outro lado – Em nota publicada no dia 8, o escritório “Daniel Nardon & Advogados Associados”, afirmou “refutar integralmente” as denúncias da polícia.

“Ao longo de sua história, o escritório tem se dedicado à defesa de servidores públicos, aposentados e pessoas em situação de vulnerabilidade, sempre com foco na recuperação de direitos e na proteção da dignidade de seus clientes”, afirma.

O escritório continua: “foram milhares de vidas restabelecidas com a vitória em ações revisionais e trabalhistas, que permitiram a saída de muitos do superendividamento e a reestruturação de suas finanças pessoais. Reiteramos nosso compromisso com a ética, com o respeito à lei e com o Poder Judiciário. Confiamos que todos os fatos serão devidamente esclarecidos, demonstrando a correção da conduta do escritório e de seus integrantes”.

Homem é condenado a 175 anos por matar 4 filhos com golpes de faca e asfixia no RS

David da Silva Lemos é culpado por três homicídios triplamente qualificados e um homicídio quadruplamente qualificado. Crime aconteceu em 2022. Julgamento foi encerrado nesta quarta-feira (14).

Suspeito preso por morte dos quatro filhos em Alvorada — Foto: Reprodução/RBS TV

David da Silva Lemos foi condenado a 175 anos de prisão pela morte dos seus quatro filhos. A sentença saiu na noite desta quarta-feira (14).

O crime aconteceu em dezembro de 2022, em Alvorada. David é acusado de matar os filhos: Yasmin, de 11 anos; Donavan, de 8 anos; Giovanna, de 6 anos; e Kimberlly, de 3 anos. Três foram encontradas com marcas de facadas e uma com asfixia. Relembre abaixo.

O júri formado por quatro juradas e três jurados decidiu que o réu é culpado por três homicídios triplamente qualificados e um homicídio quadruplamente qualificado cometidos contra as vítimas. Ele não poderá recorrer da pena em liberdade, segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS).

Os advogados Thaís Constantin, Deise Dutra e Marçal Carvalho, representantes legais de David da Silva Lemos, afirmaram ao g1 que a defesa "não se vê surpresa com o resultado do julgamento", mas sustenta que recorrerá da decisão.

O julgamento começou na terça-feira (13) no Salão do Júri do Foro local, no bairro Piratini, presidido pelo Juiz de Direito Marcos Henrique Reichelt, da 1ª Vara Criminal Especializada em Júri da Comarca de Alvorada.

Saiba como foram depoimentos e interrogatório


Terminou primeiro dia de júri de pai que matou quatro filhos em 2022

Na terça-feira

A mãe das crianças, Thays da Silva Antunes, prestou depoimento no primeiro dia de júri e se disse “sem chão" após as mortes dos quatro filhos.

Thays começou o depoimento contando sobre os 11 anos de relacionamento com o acusado. Ela confirmou que ele era muito possessivo e ciumento.

A gota d’água veio três meses antes do crime, quando, segundo contou, teria sofrido uma agressão física. Em seguida, Thays conseguiu uma medida protetiva, mas os dois voltaram a se encontrar.

"Jamais imaginei que ele tivesse feito o que fez", diz Thays. "Só queria que os meus filhos saíssem lá de dentro e fossem embora comigo. E não foi isso que aconteceu", desabafa.

Thays da Silva Antunes, mãe das quatro crianças mortas, depondo em júri do pai David da Silva Lemos — Foto: Janine Souza/ DICOM/ TJRS

Também foram ouvidos um delegado de polícia, dois policiais civis, dois policiais militares envolvidos na ocorrência e os avós das crianças.

Na quarta-feira


O interrogatório do réu aconteceu nesta quarta-feira, mas ele optou por permanecer em silêncio.


Também prestou depoimento como testemunha um tio do acusado, que descreveu David como uma pessoa reservada e disse que via pouco ele com as crianças.


Também foi ouvido como testemunha um homem de 34 anos, que entregou à polícia a mochila e o telefone deixados por David no estabelecimento em que ela trabalhava, na Orla do Gasômetro. Segundo ele, David estava alcoolizado e foi repreendido por incomodar outros clientes. Ele teria chegado ao local brigando com alguém pelo telefone, e acabou deixando os pertences no local.

Uma perita judicial também foi ouvida após oitiva das testemunhas.


Relembre o caso

Mapa mostra o local onde o crime ocorreu e onde o suspeito foi preso — Foto: Arte/g1


As crianças foram encontradas mortas na casa onde estavam com o pai em Alvorada por volta das 19h30, de 13 de dezembro de 2022, quando familiares acionaram a polícia. David da Silva Lemos já havia deixado o local, mas foi encontrado no dia seguinte, em um hotel na capital.

Segundo a polícia, ao ser preso, o homem disse que cometeu o crime e que deu calmante às crianças antes da morte. No entanto, na delegacia, durante o depoimento e acompanhado de um defensor público, permaneceu em silêncio.

A avó materna das quatro crianças relatou à reportagem da RBS TV que o acusado já havia agredido a mãe das crianças e que acreditava que ele tenha cometido os crimes para atingi-la.

A mãe das crianças e David tiveram um relacionamento por 11 anos. Eles haviam se separado há cerca de três meses na época do crime. O rompimento foi motivado por uma agressão. Ela registrou um boletim de ocorrência e conseguiu medida protetiva contra o homem.

Os irmãos mortos em Alvorada: Yasmin, de 11 anos; Donavan, de 8 anos; Giovanna, de 6 anos; e Kimberlly, de 3 anos. — Foto: Arquivo pessoal

Nota da defesa

A defesa de David Silva Lemos, patrocinado pelos advogados Thaís Constantin, Deise Dutra e Marçal Carvalho, não se vê surpresa com o resultado do julgamento. Todavia, em respeito a prova dos autos, onde a prova técnica produzida pelo Instituto Geral de Perícias do Estado afasta o acusado da cena do crime, afirma que recorrerá da decisão proferida junto ao Tribunal de Justiça.

Polícia investiga suspeito de ter cometido crimes sexuais contra 180 vítimas; 'começou a ser fortemente chantageada', conta familiar de menina de 9 anos no RS

Ramiro Gonzaga Barros está preso desde janeiro deste ano. Perícia afirma que encontrou dentro do computador dele 750 pastas com mais de 9 mil imagens, entre fotos e vídeos, relacionadas a pornografia infantil. Entenda a investigação.

Responsáveis de possível vítima de crime sexual — Foto: Reprodução/ RBS TV

O que começou como uma troca de mensagens entre duas supostas crianças virou o fio que desatou um supostos crimes sexuais infantis. A Polícia Civil confirmou 180 possíveis vítimas identificadas e mais de nove mil imagens relacionadas a pornografia infantil, identificados pelo Instituto Geral de Perícias (IGP). O suspeito é Ramiro Gonzaga Barros, de 36 anos. Ele está preso desde janeiro deste ano.

A reportagem da RBS TV entrou em contato com a defesa, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

O caso teria começado com uma menina de apenas nove anos que acreditava estar conversando com uma nova amiga virtual. De acordo com relato dos familiares, elas trocavam mensagens e fotos, até que as brincadeiras deram lugar a ameaças.

"A partir do momento que ela não quis mandar, começou a ser fortemente chantageada. Então, assim, uma pressão psicológica muito grande de que ia espalhar para os colegas do colégio, de que o pai e a mãe iam bater nela, que ela iria ficar de castigo", relata uma familiar.

Do outro lado da tela, a suspeita é de que havia um homem, segundo investigação da polícia.

O delegado Valeriano Garcia Neto explica que Barros teria seguido um padrão: criaria laços, ganharia confiança e, então, pediria fotos. Depois, com o material em mãos, aumentaria o grau de exigência. Em alguns casos, acompanharia as vítimas por anos — até que, ao atingirem 12 ou 13 anos, revelaria a identidade e exigiria encontros presenciais.

A perícia afirma que encontrou 6.827 fotos e 2.237 vídeos nos dispositivos do suspeito. Os conteúdos estariam em mais de 750 pastas com conteúdo pornográfico infantil, cada uma com nome, apelido e perfil de rede social das vítimas.

Ramiro Gonzaga Barros, de 36 anos, preso preventivamente em Taquara por possíveis crimes sexuais — Foto: Divulgação/ Polícia Civil

Descoberta dentro de casa

O que a família da menina não imaginava era que o agressor estava mais próximo do que pensavam. Barros seria o responsável pelo aquário da casa.

"É uma pessoa conhecida na cidade, que é uma cidade relativamente pequena, e ele se relacionava com os pais das vítimas. Então era uma pessoa próxima e com vínculo em relação a essas vítimas", comenta o delegado.

A Polícia Civil montou uma força-tarefa para identificar cada vítima. O trabalho exige cruzamento de dados e perícia técnica. Pela sensibilidade dos casos, os depoimentos são conduzidos por policiais mulheres.

"O (caso) mais difícil da minha carreira com certeza, em função dos traumas que as vítimas sofreram ao longo desses anos", diz escrivã Iane Marcela Scherer Colpo. "Após constatar o material no laudo pericial, a gente entra em contato com os familiares e aí acaba dando essa triste notícia", comenta.

Para a família, a possível vítima "é uma heroína".

"É uma coisa que a gente sempre fala, que os psicólogos falam, não tem que ter segredo entre pai e mãe com o filho", comenta o responsável.

Busca ativa do MP

No dia 5 de maio, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) anunciou a busca ativa para acolher e prestar apoio psicológico às vítimas .

As crianças e adolescentes, assim como seus responsáveis, serão procurados pelo projeto das Centrais de Atendimento às Vítimas e Familiares de Vítimas de Crimes e Atos Infracionais do Ministério Público gaúcho, que oferece espaços de acolhimento e apoio psicológico em Promotorias de Justiça de sete municípios. O atendimento vai acontecer à medida que os expedientes forem encaminhados ao MPRS.

"A busca ativa realizada pelo MPRS, através das Centrais de Atendimento às Vítimas espalhadas pelo Estado, busca garantir que cada uma das crianças e adolescentes, assim como suas famílias, receba o acolhimento necessário. Este trabalho é essencial porque ressignifica o papel das vítimas no processo penal, assegurando que seus direitos sejam plenamente respeitados e que elas possam participar ativamente na busca por justiça”, explica a coordenadora do Centro de Apoio Operacional Criminal e de Acolhimento às Vítimas, Alessandra Moura Bastian da Cunha.

Perfil do suspeito

Ramiro Gonzaga Barros é morador do município de Taquara. Morava sozinho em uma casa no mesmo terreno da família.

Conforme informações da Polícia Civil era praticante de muay thai e ministrava aulas gratuita de violão, ginástica, desenho e tecido de circo em projetos sociais em Taquara e cidades da região.

Ainda de acordo com a investigação, Ramiro também era dono de uma loja de animais exóticos, principalmente de peixes, no centro da cidade e recebia visitação das escolas.

"Seja nas aulas, no projeto ou na loja, as circunstâncias favoreciam muito o planejamento criminoso dele com as vítimas. Ele tomava conhecimento de detalhes da vida delas", ressalta o delegado.

Homem preso em Taquara é suspeito de estupro de 127 adolescente

Padre Fábio de Melo relata confusão com preços em cafeteria de SC e funcionário é demitido

Nas redes sociais, ele disse que o gerente não teria aceitado passar a mercadoria pelo valor estabelecido na prateleira - mais barato que no caixa. Empresa de Joinville diz que apura a situação.

Padre Fábio de Melo usou redes sociais para relatar confusão com preços em cafeteria em Joinville (SC) — Foto: Redes sociais/ Reprodução

Um funcionário de uma cafeteria em Joinville, cidade mais populosa de Santa Catarina, foi demitido após o padre Fábio de Melo relatar, em uma rede social, uma situação que passou na loja. Ele disse que houve uma confusão com os preços de um produto, e que o gerente não teria aceitado passar a mercadoria pelo valor estabelecido na prateleira - mais barato que no caixa (assista acima).

"Peguei dois potes [de doce de leite], fui para o caixa pagar e vi que o valor que estava sendo cobrado era muito maior do que a soma de dois potes com o preço que estava na estante", relatou.

Ao g1, a advogada Roberta Von Jelita, especialista em Direito do Consumidor, esclareceu que, pela lei, nesses casos, o que vale é o menor preço.

"Normalmente, é o preço que está na prateleira e, ainda que tenham dois preços na prateleira para o mesmo produto, o que vale é o de menor valor".

Em nota, a Havanna, rede onde a situação ocorreu, informou que está "apurando os detalhes do ocorrido com responsabilidade e agilidade" e que o "colaborador envolvido no ocorrido já não faz mais parte do nosso quadro de funcionários" (veja íntegra abaixo).

Relato

O caso aconteceu no sábado (10), antes de um show que o padre teria em Joinville. Em vídeos divulgados em uma rede social, ele disse que a situação serviria de alerta "para que as pessoas que trabalham com comércio saibam que elas não estão acima do bem e do mal".

Nas imagens, ele relata que pegou dois potes de doce de leite da prateleira. Na hora de pagar, porém, viu que o valor era superior ao anunciado na etiqueta.

"Muito educadamente, eu disse à moça do caixa: 'Olha, a soma está errada, porque o doce de leite custa isso, e dois potes o valor seria este". Aí ela ficou 'assim', foi lá, viu. Ela falou: "não, lá está errado'. E, nisso, o gerente já se adiantou em ser extremamente deselegante, e disse: "O preço está errado e é isso. Se quiser levar, o preço certo é este".

"Sabe quando é muito desagradável para o consumidor? Quando parece que nós estamos errados. Não estamos errados, nós estamos comprando uma coisa que foi anunciada por aquele preço. E se você é gerente e está numa situação embaraçosa, há uma forma de dizer isso com elegância", completou.

Em entrevista ao Bom Dia Paraná, o professor de Direito do Consumidor Guilherme Correa reforçou que o consumidor tem o direito de adquirir o produto pelo menor preço indicado na prateleira, e orientou sobre o que fazer quando não há acordo com o estabelecimento.

➡️ Se o preço cobrado no caixa for diferente, por exemplo, o cliente pode exigir o preço correto e, se necessário, registrar reclamação junto aos órgãos de defesa do consumidor.

O padre não informou, no relato, se finalizou a compra.

O que diz a cafeteria

"A Havanna Joinville/SC, tem como missão proporcionar momentos acolhedores e especiais a cada pessoa que passa por nossa loja. Por isso, recebemos com muita atenção e preocupação o relato de um cliente que se sentiu mal atendido em nossa unidade.

Queremos expressar, em primeiro lugar, nosso pedido sincero de desculpas. Lamentamos profundamente que a experiência vivida tenha ficado aquém do que prezamos e buscamos diariamente. Sabemos o quanto cada cliente é importante e levamos muito a sério qualquer situação que afete a confiança que construímos com todos vocês.

Já estamos apurando os detalhes do ocorrido com responsabilidade e agilidade, informamos também que o colaborador envolvido no ocorrido já não faz mais parte do nosso quadro de funcionários. Mais do que esclarecer, nosso compromisso é agir para corrigir e garantir que esse tipo de situação não volte a acontecer. Estamos redobrando os cuidados com nosso atendimento e reforçando nossos valores junto à equipe.

Agradecemos por cada manifestação, seja de crítica ou apoio, pois são elas que nos impulsionam a crescer. Nossa loja está sempre de portas abertas para ouvir e melhorar.

Com respeito e gratidão,
Equipe Havanna Joinville/SC"

TBT 2013 - Cardeal que participou de eleição do Papa diz que pedofilia 'não é crime'

Para sul-africano, pedófilos 'são doentes' e não podem ser punidos.
Declarações causam indignação e revolta entre vítimas de abusos.

O arcebispo sul-africano Wilfrid Fox Napier, um dos 115 cardeais que participaram da eleição do novo papa, defendeu neste sábado (16) que a pedofilia seria uma "doença" psicológica, "não uma condição criminal", causando indignação entre especialistas e vítimas de abusos de sacerdotes da Igreja Católica.

Um dos 115 a participar do conclave que elegeu o Papa Francisco, o arcebisto sul-africano Wilfrid Fox Napier(Foto: Plinio Lepri / France Presse)

Em entrevista à Radio 5, da BBC, Napier disse que, no geral, pedófilos são pessoas que sofreram abusos quando eram crianças e por isso eles precisam ser examinados por médicos especializados.

"(A pedofilia) é uma condição psicológica, uma desordem", afirmou o arcebispo. "O que você faz com transtornos? Você tem que tentar consertá-los."

Napier disse que conhecia pelo menos dois sacerdotes pedófilos, que teriam sofrido abusos quando crianças.

"Se alguém 'normal' escolher quebrar a lei, sabendo que está quebrando a lei, então eu acho que precisa ser punido", disse.

"Agora não me diga que essas pessoas (pedófilos) são criminalmente responsáveis, como alguém que escolhe fazer algo assim. Eu não acho que você pode realmente tomar a posição de dizer que a pessoa mereça ser punida. Ele mesmo foi afetado (na infância)."

As declarações foram feitas em um momento em que a Igreja Católica está bastante abalada por causa dos escândalos de abusos sexuais cometidos por seus sacerdotes em diversos países.

Indignação
Os comentários de Napier foram amplamente criticados por especialistas, vítimas dos padres pedófilos e grupos de defesa dos direitos das crianças.

"Pode ser que (pedofilia) seja uma doença, mas também é um crime e os crimes são punidos. Os criminosos são responsabilizados pelo que fizeram e o que fazem", diz Barbara Dorries, que foi vítima de abusos por parte de um padre quando era criança e hoje trabalha para uma ONG com sede em Chicago que trata do tema.

"Os bispos e os cardeais contribuíram muito para que esses predadores seguissem em frente, sem serem presos, e também para manter esses segredos dentro da igreja."

Para Michael Walsh, que escreveu uma biografia do falecido papa João Paulo 2º, as declarações do cardeal Napier refletem uma posição que já foi comum na Igreja Católica no Reino Unido e nos Estados Unidos.

'Eles chegaram a acreditar que essa era uma condição que podia ser tratada. Muitos bispos simplesmente mudaram o lugar de atuação de seus sacerdotes e tentaram esconder o fato de que eles tinham cometido esses crimes', afirmou Walsh.

Marie Collins, outra vítima de abusos, acredita ser "terrível" o fato de um cardeal - integrante da alta hierarquia da Igreja - manifestar uma opinião desse tipo. "Ele ignora totalmente o lado da criança', diz.

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