quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Caso de estupro expõe drama de meninas sequestradas na Índia


Indianos fazem 'exame de consciência' sobre condição da mulher em sua sociedade, lançando luz sobre problema de tráfico e escravidão de crianças do sexo feminino.

A comoção causada pela morte de uma estudante estuprada em um ônibus em Nova Déli está levando a Índia a fazer um exame de consciência sobre a forma como a mulher é tratada no país. E, nesse processo, um dos problemas mais chocantes a vir à tona diz respeito aos casos de sequestro, tráfico e escravidão de meninas no país.
Todos os anos, dezenas de milhares de meninas indianas desaparecem de suas casas.
Elas são sequestradas e vendidas para trabalhar como prostitutas, escravas domésticas e, cada vez mais, para se casar no Norte do país, onde a diferença entre a população masculina e feminina é grande em função de outro grave problema: o aborto de fetos do sexo feminino, que levou de 25 a 50 milhões de mulheres a "sumirem" das estatísticas demográficas indianas, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef.
Uma das vítimas desse crime, Rukhsana varria o chão quando a polícia chegou na casa em que vivia há cerca de um ano. "Quantos anos você tem? Como chegou aqui?", perguntaram.
"Quatorze", respondeu a menina, magra e de olhos arregalados. "Fui sequestrada."
Uma mulher mais velha tentou convencer os policiais que Rukhsana mentia - e que teria 18 anos e estava na casa com o consentimento de seus pais. Mas, por fim, a menina foi levada de volta para casa, perto da fronteira da Índia com Bangladesh.
Rukhsana conta que foi sequestrada por três homens quando tinha 13 anos, no caminho de casa para a escola: "Eles me mostraram uma faca e disseram que me cortariam em pedaços se eu resistisse."
Depois de uma viagem de três dias em carro, ônibus e trens, o grupo chegou a uma casa no norte do estado indiano de Haryana e Rukhsana foi vendida para uma família com três filhos homens.
Por um ano, a menina não foi autorizada a sair de casa. Ela conta que foi humilhada, espancada e estuprada frequentemente pelo mais velho dos três filhos, que dizia ser seu "marido".
"Ele me dizia: 'Eu te comprei, para que você faça o que eu digo'", lembra Rukhsana. "Pensei que nunca veria minha família de novo. Chorava todos os dias."
Falta de mulheres
Apesar de não haver estatísticas oficiais sobre quantas meninas são vendidas para casamento na Índia, ativistas de defesa dos direitos humanos acreditam que o problema está crescendo, impulsionado pela procura de mulheres nos Estados ricos do norte e pela pobreza em outras partes da Índia.
"Nós não temos meninas suficientes aqui. E eu paguei um bom dinheiro por ela", dizia a mulher que comprou Rukhsana, tentando convencer a polícia a não levá-la de volta para casa.
"No norte da Índia, homens jovens não estão conseguindo encontrar mulheres e estão frustrados", afirma o ativista Rishi Kant, da organização Shakti Vahini, que colabora com a polícia para resgatar vítimas.
Em apenas um distrito no Estado de Bengali Ocidental, a BBC visitou cinco aldeias e todas tinham crianças desaparecidas, a maioria delas do sexo feminino.
De acordo com as últimas estatísticas oficiais, 35.000 meninas desapareceram na Índia em 2011 - sendo mais de 11.000 de Bengali Ocidental. Além disso, a polícia estima que apenas 30% dos casos vieram a ser notificados.
O problema do tráfico escalou na região depois que um ciclone destruiu suas plantações de arroz, há cinco anos.
O agricultor Bimal Singh, por exemplo, foi um dos milhares de habitantes do Estado que ficaram sem renda, por isso ele achou que foi uma boa notícia quando um vizinho ofereceu à sua filha Bisanti, de 16 anos, um emprego em Nova Déli.
"Ela entrou no trem para partir e me disse: 'Pai, não se preocupe comigo, eu vou voltar com dinheiro suficiente para que você possa me casar", conta Bimal. Mas o agricultor nunca mais ouviu falar da filha.
"A polícia não tem feito nada por nós. Uma vez eles bateram na porta do traficante, mas não o prenderam" , diz Singh.
Traficante
Em uma favela de Calcutá, um homem que vende meninas para viver fala sem remorsos sobre esse comércio, sob condição de anonimato.
"A demanda está aumentando, o que tem me permitido ganhar muito dinheiro. Já comprei três casas em Nova Déli", diz.
"Tenho homens que trabalham para mim. Dizemos aos pais das meninas que vamos encontrar empregos para elas em Nova Déli, então a levamos para as agências. O que acontece depois disso não é da minha conta."
O traficante conta que sequestra e vende de 150 a 200 meninas por ano, com idades entre 10 e 17 anos. Com a venda de cada menina, consegue cerca de 55 mil rúpias (R$ 2.049). O apoio de alguns políticos locais e da polícia, segundo ele, são cruciais para a continuidade do negócio.
"A polícia está bem consciente do que fazemos. Subornamos policiais em cada Estado - Calcutá, Nova Deli e Haryana", afirma o traficante.
"Já tive problemas com as autoridades, mas não tenho medo - se for para a cadeia, tenho dinheiro para pagar suborno e garantir minha saída."
O chefe da Unidade de Investigação Criminal encarregada das operações contra o tráfico humano em Bengali Ocidental, Shankar Chakraborty, reconhece o problema da corrupção policial, mas diz que ao menos sua unidade está totalmente empenhada em combater o sequestro de meninas na região.
"Estamos organizando campos de treinamento e campanhas de conscientização. Também recuperamos muitas meninas, de diferentes áreas do país", diz.
Segundo Chakraborty, a própria existência de sua unidade mostra a crescente determinação do governo em atacar o problema. E ativistas confirmam que a polícia está mais consciente do problema.
Hoje, todas as delegacias de Bengali Ocidental têm uma autoridade antitráfico. Mas o número de casos é impressionante e os recursos para investigá-los, escassos.
"Não adianta fazer reformas só na polícia", diz Rishi Kant. "Precisamos de mais políticas sociais e um sistema judiciário que funcione."
Justiça e atitudes
Kant defende a criação de tribunais especiais que possam tomar decisões com rapidez para lidar com os casos de tráfico de meninas e novas regras para evitar que os acusados possam responder em liberdade por este crime após pagar uma fiança.
Ativistas como ele também ressaltam a urgência de uma mudança de atitude.
Duas semanas antes do estupro em Nova Déli, um grupo de influentes anciãos da aldeia Haryana se reuniram para discutir temas como estupros, abortos ilegais e leis de casamento.
Ao falar sobre o aumento "alarmante" nos casos de abusos sexuais na região, um orador disse: "Você já viu como as meninas andam de scooter de forma sugestiva? Não há mais decência na forma como as mulheres se vestem ou agem hoje em dia."
O discurso de outro homem sobre as causas do grande número de abortos de fetos do sexo feminino também mostra a necessidade de uma mudança de atitude.
"A sociedade está cada vez mais educada e o nossas meninas agora estão escapando (do domínio dos pais). Elas trazem vergonha para seus próprios pais - então quem vai querer ter uma menina?" , perguntou.
Na mesma região em que o encontro de anciãos ocorreu vive Rupa, uma mulher de 25 anos que foi traficada de Bihar para Haryana para se casar com um homem local.
A família de seu marido a forçou a ter dois abortos até que ela finalmente ficou grávida de um menino.
A violência que sofreu nos últimos anos é apenas um entre milhares de casos que mostram que na Índia o ciclo de abusos continua. 
BBC Brasil



Pai de vitima de estupro quer nome da filha revelado

Ele afirma que isso ajudaria a 'dar coragem a outras mulheres que sobreviveram a esses ataques'.

O pai da mulher indiana que foi estuprada em Delhi e morreu em seguida diz que seu nome da vítima deve ser tornado público para que ela possa servir de inspiração a outras vítimas de crimes sexuais.
O pai disse ao jornal britânico Sunday People: "Nós queremos que o mundo saiba o seu nome real".
A lei indiana protege as vítimas de crimes sexuais, proibindo a identificação.
Um ministro, Shashi Tharoor, pediu às autoridades a revelar o nome para que possa ser usado em uma lei anti-estupro.
A mulher, de 23 anos, morreu na semana passada em um hospital em Singapura, de ferimentos sofridos durante o ataque do mês passado.
'Encontrar força'
O pai disse ao jornal: "Minha filha não fez nada de errado, ela morreu ao proteger a si mesma. Estou orgulhoso dela. Revelar seu nome vai dar coragem a outras mulheres que sobreviveram a esses ataques. Eles vão encontrar a força da minha filha".
As leis sobre a identificação foram introduzidas para proteger as vítimas do estigma social associado ao estupro.
Manifestantes se reuniram em frente ao tribunal de Saket, Delhi, no sábado, onde uma audiência para cinco dos acusados foi realizada.
A polícia abriu um processo contra a emissora de notícias Zee emissora, depois que esta realizou uma entrevista com o amigo que estava com a vítima durante o ataque.
Amigo da vítima não foi nomeado, mas seu rosto foi mostrado e a polícia está investigando se a Zee News quebrou leis de radiodifusão relacionadas à divulgação da identidade da vítima.
No entanto, ainda não está claro o que poderia ser feito se o pai escolher nomear publicamente sua filha.
Na semana passada, o Sr. Tharoor, o ministro junior da Educação, apelou às autoridades para que revelem o nome da vítima, para que a nova lei anti-estupro leve o nome da vítima.
'Morte para todos os seis'
Ele escreveu: "A menos que os pais se oponham, ela deve ser homenageada e dar nome à nova lei anti-estupro. Ela era um ser humano com um nome, não apenas um símbolo.".
O Sunday People disse que o pai havia dado permissão ao jornal para que fossem citados o nome dele e da filha.
O jornal trazia uma foto do pai, mas disse que a família havia solicitado que nenhuma fotografia da vítima fosse usada.
Na entrevista, o pai também renovou seus apelos para os homens que levaram a cabo o ataque sejam enforcados.
"Morte para todos os seis deles. Estes homens são bestas. Eles devem ser um exemplo de que a sociedade e não vai permitir que tais coisas aconteçam", disse ele.
Cinco homens foram acusados de estupro, rapto e assassinato. Um sexto suspeito deverá ser julgado como menor infrator.
A pré-audiência na corte dos cinco acusados foi realizada na área Saket, no sábado, e os homens foram convocados para comparecer em tribunal na segunda-feira. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC. 

by Estadão

Que Alá diminua os dias destes imundos. by Deise


Acusados de estupro coletivo na Índia se declaram inocentes

'Estamos só ouvindo o que a polícia está dizendo', diz advogado dos 3 homens que alegam inocência


NOVA DÉLHI - Três dos homens acusados de participação no estupro e morte de uma estudante indiana em dezembro vão se declarar inocentes, disseram seus advogados nesta quarta-feira, citando lapsos na investigação policial.

Trem especial para mulheres na Índia - Navesh Chitrakar/Reuters
Navesh Chitrakar/Reuters
Trem especial para mulheres na Índia
O caso da aluna de fisioterapia de 23 anos, que morreu duas semanas depois de ser atacada dentro de um ônibus em movimento e em seguida atirada na rua, causou protestos na Índia, abrindo um debate sobre a suposta incapacidade da polícia em coibir a violência contra as mulheres.
Cinco homens foram indiciados por acusações que incluem homicídio, estupro e sequestro. Um sexto envolvido está sendo investigado separadamente, para determinar se é de fato menor de 18 anos, como ele diz ser. Caso isso seja confirmado, ele deve ser submetido a um juizado de menores, e poderá ser internado em um reformatório por até três anos.
O advogado Manohar Lal Sharma, que representa o motorista do ônibus, o irmão dele e outro homem, disse que está ansioso para que o processo siga para julgamento, de modo que as provas policiais possam ser contestadas. "Nós vamos declarar a inocência. Queremos que isso vá a julgamento", disse Sharma à Reuters. "Estamos só ouvindo o que a polícia está dizendo. Isso é indício manipulado. É tudo na base do ouvir dizer e da suposição."
Não está claro se os outros dois acusados adultos constituíram advogado. Sharma disse que a polícia acelerou a investigação contra os cinco homens, apesar da incerteza sobre a idade do sexto envolvido, que atraiu a vítima e um amigo dela para dentro do ônibus e que, segundo relatos vindos à tona, teria sido o mais brutal dos agressores.
"Quando você não estabeleceu nem a idade dessa pessoa, como você pode ir à corte imputando acusações contra os outros, e dizer que suas investigações estão completas", disse Sharma. "Todos nós sabemos como as investigações judiciais são realizadas na Índia."
Durante vários dias depois da prisão, ocorrida logo depois do incidente, os cinco acusados comprovadamente adultos ficaram sem advogados, porque nenhum profissional se dispunha a defendê-los.
A polícia interrogou prolongadamente os homens na ausência de advogados, e diz ter confissões gravadas. Juristas dizem que a falta de representação jurídica para os suspeitos pode dar margem a recursos caso eles sejam condenados.
Sharma e outro advogado, V. K. Anand, se ofereceram para defender os cinco réus quando eles compareceram à primeira audiência judicial em Nova Délhi, na segunda-feira
by Estadão

Internautas aprovam decisão de investigar denúncias de Valério contra Lula


Pelo Twitter, usuários ponderam que investigação sobre suposto envolvimento do petista no mensalão já deveria ter sido feita; outros cobram atenção a processo contra tucano


A decisão do Ministério Público Federal de investigar o suposto envolvimento do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo do mensalão foi recebida com aprovação, e algumas ressalvas, por internautas. Pelo Twitter, usuários defendem a apuração das denúncias feitas por Marcos Valério, de que o esquema também pagou despesas pessoais do petista.
Outros, no entanto, pedem que o Judiciário também investigue o chamado mensalão mineiro, caso revelado durante a CPI dos Correios, em 2005. Apesar de ter acontecido quatro anos antes do escândalo petista, o caso que envolve o deputado tucano Eduardo Azeredo chegou depois ao Judiciário. A denúncia foi recebida somente em 2009.
by Estadão

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RELEMBREMOS: Lula deu 'ok' a empréstimos do mensalão e recebeu de esquema, diz Valério


Novas acusações fazem parte de depoimento prestado por empresário mineiro à Procuradoria-Geral da República em 24 de setembro, dias após ser condenado pelo STF

11 de dezembro de 2012 
O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza disse no depoimento prestado em setembro à Procuradoria-Geral da República que o esquema do mensalão ajudou a bancar "despesas pessoais" de Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio a uma série de acusações, também afirmou que o ex-presidente deu "ok", em reunião dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que viriam a irrigar os pagamentos de deputados da base aliada.
Veja também:
Freud e Lula na Granja do Torto no fim de 2002 - Beto Barata/AE
Beto Barata/AE
Freud e Lula na Granja do Torto no fim de 2002
Valério ainda afirmou que Lula atuou a fim de obter dinheiro da Portugal Telecom para o PT. Disse que seus advogados são pagos pelo partido. Também deu detalhes de uma suposta ameaça de morte que teria recebido de Paulo Okamotto, ex-integrante do governo que hoje dirige o instituto do ex-presidente, além de ter relatado a montagem de uma suposta "blindagem" de petistas contra denúncias de corrupção em Santo André na gestão Celso Daniel. Por fim, acusou outros políticos de terem sido beneficiados pelo chamado valerioduto, entre eles o senador Humberto Costa (PT-PE).
A existência do depoimento com novas acusações do empresário mineiro foi revelada peloEstado em 1.º de novembro. Após ser condenado pelo Supremo como o "operador" do mensalão, Valério procurou voluntariamente a Procuradoria-Geral da República. Queria, em troca do novo depoimento e de mais informações de que ainda afirma dispor , obter proteção e redução de sua pena. A oitiva ocorreu no dia 24 de setembro em Brasília - começou às 9h30 e terminou três horas e meia depois; 13 páginas foram preenchidas com as declarações do empresário, cujos detalhes eram mantidos em segredo até agora.
Estado teve acesso à íntegra do depoimento, assinado pelo advogado do empresário, o criminalista Marcelo Leonardo, pela subprocuradora da República Cláudia Sampaio e pela procuradora da República Raquel Branquinho.
Valério disse ter passado dinheiro para Lula arcar com "gastos pessoais" bem no início de 2003, quando o petista já havia assumido a Presidência. Os recursos foram depositados, segundo o empresário, na conta da empresa de segurança Caso, de propriedade do ex-assessor da Presidência Freud Godoy, uma espécie de "faz-tudo" de Lula.
O operador do mensalão afirmou ter havido dois repasses, mas só especificou um deles, de aproximadamente R$ 100 mil. Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98.500.
Segundo o depoimento de Valério, o dinheiro tinha Lula como destinatário. Não há detalhes sobre quais seriam os "gastos pessoais" do ex-presidente.
Ainda segundo o depoimento de setembro, Lula deu o "ok" para que as empresas de Valério pegassem empréstimos com os bancos BMG e Rural. Segundo concluiu o Supremo, as operações foram fraudulentas e o dinheiro, usado para comprar apoio político no Congresso no primeiro mandato do petista na Presidência.
No relato feito ao Ministério Público, Valério afirmou que no início de 2003 se reuniu com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o tesoureiro do PT à época, Delúbio Soares, no segundo andar do Palácio do Planalto, numa sala que ele descreveu como "ampla" que servia para "reuniões" e, às vezes, "para refeições".
Ao longo dessa reunião, Dirceu teria afirmado que Delúbio, quando negociava com Valério, falava em seu nome e em nome de Lula. E acertaram, ainda segundo Valério, os empréstimos.
Nessa primeira etapa, Dirceu teria autorizado o empresário a pegar até R$ 10 milhões emprestados. Terminada a reunião, contou Valério, os três subiram por uma escada que levava ao gabinete de Lula. Lá, na presença do presidente, passaram três minutos. O empresário contou que o acerto firmado minutos antes foi relatado a Lula, que teria dito "ok".
Dias depois, Valério relatou ter procurado José Roberto Salgado, dirigente do Banco Rural, para falar do assunto. Disse nessa conversa que Dirceu, seguindo orientação de Lula, havia garantido que o empréstimo seria honrado. A operação foi feita. Valério conta no depoimento que, esgotado o limite de R$ 10 milhões, uma nova reunião foi marcada no Palácio do Planalto. Dirceu o teria autorizado a pegar mais R$ 12 milhões emprestados.
Portugal Telecom. Em outro episódio avaliado pelo STF, Lula foi novamente colocado como protagonista por Valério. Segundo o empresário, o ex-presidente negociou com Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, o repasse de recursos para o PT. Segundo Valério, Lula e o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reuniram-se com Miguel Horta no Planalto e combinaram que uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, transferiria R$ 7 milhões para o PT. O dinheiro, conforme Valério, entrou pelas contas de publicitários que prestaram serviços para campanhas petistas.
As negociações com a Portugal Telecom estariam por trás da viagem feita em 2005 a Portugal por Valério, seu ex-advogado Rogério Tolentino, e o ex-secretário do PTB Emerson Palmieri.
Segundo o presidente do PTB, Roberto Jefferson, Dirceu havia incumbido Valério de ir a Portugal para negociar a doação de recursos da Portugal Telecom para o PT e o PTB. Essa missão e os depoimentos de Jefferson e Palmieri foram usados para comprovar o envolvimento de José Dirceu no mensalão.
by Estadão

Procurador decide pedir investigação de acusações de Valério contra Lula


Operador do pior escândalo de corrupção do governo do petista prestou depoimento em setembro, durante o julgamento do caso no STF, e acusou ex-presidente de ter recebido dinheiro do esquema

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal vai investigar o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva com base na acusação feita pelo operador do mensalão, Marcos Valério, de que o esquema também pagou despesas pessoais do petista. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decidiu remeter o caso à primeira instância, já que o ex-presidente não tem mais foro privilegiado. Isso significa que a denúncia pode ser apurada pelo Ministério Público Federal em São Paulo, em Brasília ou em Minas Gerais.

Ex-presidente não comentou a decisão do MPF - Hélvio Romero/AE - 19.12.2012
Hélvio Romero/AE - 19.12.2012
Ex-presidente não comentou a decisão do MPF
A integrantes do MPF Gurgel tem repetido que as afirmações de Valério precisam ser aprofundadas. A decisão de encaminhar a denúncia foi tomada no fim de dezembro, após o encerramento do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Condenado a mais de 40 anos de prisão, Valério, que até então poupava Lula, mudou a versão após o julgamento.
Ainda sob análise do procurador-geral da República, o depoimento de Valério em setembro do ano passado, revelado peloEstado, e os documentos apresentados por ele serão o ponto chave da futura investigação que, neste caso, ficaria circunscrita ao ex-presidente.
O procurador da República que ficar responsável pelo caso poderá chamar o ex-presidente Lula para prestar depoimento. Marcos Valério também poderá ser chamado para dar mais detalhes da acusação feita ao Ministério Público em 24 de setembro, em meio ao julgamento do mensalão. Petistas envolvidos no esquema sempre preservaram o nome de Lula desde que o escândalo do mensalão foi descoberto, em 2005.
Mentiroso. Ao tomar conhecimento das acusações feitas por Valério, Lula o chamou de mentiroso. “Eu não posso acreditar em mentira, eu não posso responder mentira”, reagiu o ex-presidente, em dezembro do ano passado.
No depoimento de 13 páginas, Valério disse ter passado dinheiro para Lula arcar com “gastos pessoais” no início de 2003, quando o petista já havia assumido a Presidência. O empresário relatou que os recursos foram depositados na conta da empresa de segurança Caso, de propriedade do ex-assessor da Presidência Freud Godoy. Nas palavras de Valério, Godoy era uma espécie de “faz-tudo” de Lula.
Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98,5 mil.
Oficialmente, Freud Godoy afirmou que o dinheiro serviu para o pagamento de serviços prestados durante a campanha eleitoral de 2002. Esses serviços, admitiu Freud Godoy à época da CPI, não foram formalizados em contrato e não houve contabilização formal das despesas.
No depoimento, Valério disse que esse dinheiro tinha como destinatário o ex-presidente Lula. Ele, no entanto, não soube detalhar quais as despesas do ex-presidente foram pagas com esse dinheiro. Conforme pessoas próximas, Valério afirmou que esse pagamento ocorreu porque o governo ainda não havia descoberto a possibilidade de gastos com cartões corporativos.
Gurgel volta de férias na próxima semana e vai se debruçar sobre o assunto. A auxiliares, o procurador já havia indicado que seria praticamente impossível arquivar o caso sem qualquer apuração prévia. No fim do ano, a subprocuradora Cláudia Sampaio e a procuradora Raquel Branquinho, que colheram o depoimento de Valério, foram orientadas por Gurgel a fazer um pente fino nas denúncias.
A intenção era identificar possíveis inconsistências no depoimento e armadilhas jurídicas. Gurgel, por mais de uma vez, manteve reservas sobre a acusação feita por Valério. E publicamente afirmou que o empresário é um jogador. Mas não desqualificou de pronto as afirmações do operador do esquema.
O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse que seu cliente vai aguardar “o destino que será dado ao expediente”.
Cobrança. No STF, a revelação das acusações levou integrantes do tribunal a cobrarem investigações. O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, afirmou em dezembro que não haveria outra saída senão investigar. “O Ministério Público, em matéria penal, no nosso sistema, não goza da prerrogativa de escolher o caso que leva adiante, que caso ele vai conduzir. É regido pelo princípio da obrigatoriedade, tem dever de fazê-lo”, disse.
by Estadão

Lula hoje foge da imprensa, pois a casa do Pt caiu. Somente a petralhada mimada e inconformada não admite. Podem nos impor sua presença no governo, mas nao podem nos OBRIGAR A ACEITA-LOS, muito menos a respeita-los e ama-los, como deveria ser. Muito pelo contrário, oramos diariamente para que um Araquiri moral, por parte de todos, fosse cometido. O governo nao tem a aceitação popular. O Pt somente se mantém no governo, por NAO RESPEITAR A CONSTITUIÇÃO e por ignorar o DESEJO POPULAR. Se mantem no governo, apoiado na base POPULISTA, oportunista e irresponsável. Todos do atual quadro politico brasileiro, sem excessão, Executivo, Legislativo e Judiciario, salvo algum perdido, deveriam ser execrados de e em suas funções. by Deise


Lula será investigado por acusação de receber dinheiro do mensalão - FELIPE RECONDO E ALANA RIZZO - Condenado a 40 anos de prisão por operar esquema, Marcos Valério acusou ex-presidente em depoimento




Em viagem, Lula não comenta decisão

No mês passado, quando o teor do depoimento foi revelado, ex-presidente classificou as declarações de Valério como 'mentira'


Procurado nesta terça-feira, 8, pelo Estado, o Instituto Lula informou que o ex-presidente está viajando e que não iria comentar a informação de que o Ministério Público Federal vai investigar as acusações de Marcos Valério.

No mês passado, quando o teor do depoimento foi revelado pelo Estado, o ex-presidente classificou as declarações do empresário como “mentira”. Na mesma época, o ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, chamou de “desespero oportunista” e “uma indignidade” as declarações de Valério ao Ministério Público. Já a presidente Dilma Rousseff classificou como “lamentáveis” as declarações do empresário mineiro, dadas após ele ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal.
Paulo Okamotto, acusado por Valério de ameaçá-lo de morte, também afirmou que o depoimento de Valério prestado no dia 24 de setembro à Procuradoria-Geral da República era fantasioso. “Eu ameacei ele de morte? Por que eu vou ameaçar ele de morte?”, reagiu Okamotto . “Está nos autos que eu ameacei ele de morte? Duvido! Duvido que ele tenha dito isso!”, completou o presidente do Instituto Lula.
Tão logo a existência do depoimento de Valério foi revelada, ministros do Supremo Tribunal Federal, que ainda não haviam concluído o julgamento do mensalão, chegaram a afirmar, informalmente, que as acusações de Valério deveriam ser relativizadas, pois o empresário era um “jogador”. O presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, porém, afirmou que tudo deveria ser investigado pelo Ministério Público.
Após a conclusão do julgamento, em dezembro, a direção do PT se reuniu e elaborou um documento no qual sugeriu que as declarações de Valério integravam um movimento de “setores conservadores” que tinham como objetivo central atingir a honra de Lula para associá-lo à corrupção. “Sabe-se que denúncias sobre corrupção sempre foram utiliza­das pelos conservadores no Brasil para desestabilizar governos populares”, dizia o documento.
“Vargas foi levado ao suicídio (em 1954) por insidiosa campanha de forças políticas, meios de comunicação e outros agentes inconformados com sua política nacionalista e de fortalecimento do Estado. Dez anos depois, por razões semelhantes, esses mesmos atores se reuniram para derrubar o governo João Goulart e impor 20 anos de ditadura do País.”

by Estadão

É noticia hoje. by Deise


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