sábado, 2 de fevereiro de 2013

Dilma: Estamos perto de dizer com orgulho que esse país não tem mais pobreza extrema


Dilma visita apartamento no Residencial dos Ipês. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

"O governo tem a responsabilidade de assegurar que as pessoas tenham acesso à casa própria"


A presidenta Dilma Rousseff participou, nesta sexta-feira (1º), da entrega de 1.080 unidades habitacionais do Residencial Jardim dos Ipês, empreendimento do Programa Minha Casa Minha Vida, em Castanhal (PA). Durante o evento, Dilma reforçou a necessidade de uma parceria maior entre o governo federal e os municípios, principalmente no combate às desigualdades.
“Meu governo está empenhado em ajudar os prefeitos a fazerem a melhor gestão. (…) E precisamos que nos ajudem a completar o cadastro único do Bolsa Família. Temos de cadastrar todas as famílias que vivem na pobreza e na miséria. Nós estamos chegando perto de poder levantar sobre os nossos pés, erguer a cabeça e dizer com orgulho: esse país não tem mais, não tem mais, pobreza extrema”, afirmou Dilma.
Segundo a presidenta, o governo tem a responsabilidade de assegurar que as pessoas tenham acesso à casa própria. Ela classificou o Minha Casa, Minha Vida como “um dos melhores e mais abrangentes programas que o governo federal tem, porque atua diretamente na desigualdade”. Para Dilma, o desenvolvimento do país depende da oferta de oportunidades iguais para todos.
Residencial Jardim dos Ipês
Serão beneficiadas 5,6 mil pessoas com renda familiar de até R$ 1,6 mil, a um custo total do investimento de R$ 60,22 milhões, segundo a Caixa Econômica Federal. Dividido em quatro condomínios, o Residencial Jardim dos Ipês é composto por 332 casas e 1.080 apartamentos.
As casas têm área privativa de 35m² e valor médio de R$ 38,5 mil, enquanto os apartamentos possuem 44,94m² de área e valor médio de R$ 42,8 mil, respectivamente. Alguns dos imóveis são destinados a portadores de necessidades especiais, com maior área e portas e janelas adaptadas.

Lula pede fim do embargo à Cuba em dia de encontro com Fidel




Lula discursa na 3ª Conferência pelo Equilíbrio do Mundo



Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Lula discursa na 3ª Conferência pelo Equilíbrio do Mundo


  • Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
  • Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Lula fez nesta quarta-feira (30), em Havana, o discurso de encerramento da 3ª Conferência pelo Equilíbrio do Mundo, evento em homenagem ao 160 anos de nascimento do herói da independência cubana José Martí. Lula começou sua fala pedindo um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do incêndio em Santa Maria. O ex-presidente também desejou uma plena e rápida recuperação ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e disse estar usando uma Guayabera vermelha em sua homenagem.
No início da tarde Lula esteve com o ex-presidente cubano Fidel Castro. Pela manhã, Lula visitou as obras do Porto Mariel, acompanhado do atual presidente de Cuba, Raúl Castro.



Aumentar tamanho da letra | Reduzir tamanho da letraClique aqui para baixar a foto do encontro com Fidel ou aqui para baixar as imagens da conferência em alta resolução.
Em seu discurso na Conferência, Lula disse esperar que, em seu segundo mandato, o presidente norte-americano, Barack Obama, tenha um outro olhar para a América Latina e elimine o embargo contra Cuba.
O ex-presidente falou também sobre a crise europeia, e a crescente desigualdade e desemprego nos países desenvolvidos.
Lula defendeu a necessidade de se formular uma nova doutrina para a integração da América Latina, que vá além da questão econômica. “Apesar de nossas diferenças, temos uma grande força que é nossa unidade. Estamos juntos na luta por liberdade, por transformações sociais, contra a desigualdade social. A diversidade nos fortalece.”
Lula encerrou seu discurso falando sobre sua crença em um mundo mais justo e mais igual, a partir da sua própria experiência como presidente. “Quero concluir dizendo que é perfeitamente possível. Se antes dizia teoricamente, hoje digo pela minha experiência de que é possível construir um mundo diferente de hoje. Outro mundo é possível.”

by Instituto Lula

Com toda certeza continuamos a ser torturados. Pelas mesmas pessoas que cobram justiça pelo passado. Como esta chorumela neste texto Chore mais por quem esta morrendo a mingua, enquanto fanfarrões arrombam a cada dia os cofres, a casa, a vida. Nos roubam a alma, os vampiros. A Esquerda é o agente torturador do presente. Elementar: todo o abusado, se torna um abusador. Simples Assim. by Deise


Visita a antiga Oban: “Morri um pouco hoje”

publicada quarta-feira, 30/01/2013 às 12:54 e atualizada sexta-feira, 01/02/2013 às 13:14
Todas as imagens daqueles 17 dias no inferno desfilaram na minha cabeça
Camaradas,
convidados pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, fizemos hoje (29/1/2013) uma visita de inspeção às instalações onde funcionou, principalmente, nas décadas de 60 e 70 – depois, já sem tanto poder, nos anos 80 – o Doi-Codi de São Paulo, inicialmente batizado de Operação Bandeirantes. A visita foi programada pela OAB-SP diante das informações de que o prédio onde funcionou o mais sinistro aparelho de repressão já montado neste país, e onde dezenas de pessoas foram assassinadas, estava sendo descaracterizado como parte de uma estratégia para subtrair da memória deste país os crimes ali perpetrados e seus autores, funcionários públicos das três Forças Armadas e da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
Delegacia na rua Tutoia, que servia de fachada às atividades da Oban
Fiquei encarregado de fazer o relatório da visita, coisa que pretendo fazer nos próximos dias com a colaboração dos demais companheiros que fizeram a visita. Esse, porém, é um relato pessoal e impressionista dessa visita. Desde o dia 16 de outubro de 1969, quando deixamos a Operação Bandeirantes, algemados uns aos outros, eu, o Manoel Cyrillo e o Paulo de Tarso, nunca mais eu havia colocado os pés sequer no pátio do 36º Distrito Policial, em cujos fundos funcionava a Oban. Eu até já participei de manifestações ali em frente, mas nunca tive a coragem de passar da calçada.

Dizem que, como num filme, a vida inteira passa por nossos olhos na hora de morrer. Se for verdade, eu morri um pouco hoje. Apesar de todas as obras e mudanças feitas, quando cheguei na porta da edícula onde funcionava a Oban, todas as imagens daqueles 17 dias no inferno desfilaram pela minha cabeça, a começar pelas palavras do delegado Raul Nogueira – membro do CCC, assassino do comandante Marquito e, mais tarde, condenado pelo assassinato de um soldado do Exército – ao me entregar a uma dupla de psicopatas, o capitão do exército Benone de Arruda Albernaz e o sargento PM Paulo Bordini (que ficou conhecido como “Risadinha”, devido ao riso histérico enquanto torturava): “Esse é daqueles que não sabem nada. Tratem bem dele”, recomendou o Raul Careca ao Albernaz. Eu logo descobriria o que era o bom tratamento do lugar.
O filme continuou se desenrolando enquanto subia as escadas. No primeiro andar ficava a sala do major Waldir Coelho, primeiro comandante da Oban, que uma noite me tirou da cela para fazer café e conversar sobre a minha e a sua situação.
No segundo andar, na parte dos fundos da edícula, uma sala maior, na época separada por divisórias de Eucatex em três salas de interrogatório: duas menores, onde era armado o pau-de-arara; a terceira, mais espaçosa, com uma escrivaninha e a cadeira-do-dragão. Foi nesta terceira sala que eu fui jogado, as pernas paralisadas devido a algo entre três e quatro horas de pau-de-arara, para que a câmara de torturas pudesse ser usada para assassinar o Virgílio Gomes da Silva, nosso Comandante Jonas.
As lembranças de 43 anos atrás devem ter feito minha pressão arterial chegar a 18 ou 19. Tive de sentar nas escadas para recuperar o fôlego.
E consegui, finalmente, entender um detalhe que não conseguia explicar. Por que eu não ouvi os gritos do Celso Horta, torturado na outra câmara de torturas, separada da minha apenas por uma divisória de Eucatex, e ouvi os assassinos do Jonas enquanto o interrogavam? Quem matou a charada foi a Darci [Miyaki], que passou por essa experiência inúmeras vezes: a gente não ouve os gritos das outras pessoas enquanto nós mesmos estamos gritando.
Não entrei na área onde ficavam as celas – a carga emocional do dia já era bastante pesada e as pessoas estavam preocupadas com minha reação. E confesso que eu também estava.
De qualquer forma, pudemos comprovar que foram e estão sendo feitas mudanças para descaracterizar o que foi o maior centro de torturas já instalado neste país.
Enfim, companheiros, saí com a impressão de que nós e nossos companheiros continuamos a ser torturados. E que as Forças Armadas precisam decidir se vão continuar, por puro espírito de corpo, a defender e procurar encobrir os crimes desses criminosos ou vão renegá-los para ajudar a construir o Brasil que todos nós queremos.
Foi um dia doloroso, mas essencial para entender muita coisa sobre nosso passado, presente e futuro.
Um abraço a todos,
A.C.Fon
7 Comentários

7 Comentários para “Visita a antiga Oban: “Morri um pouco hoje””

  1. Por que não se identifica, A.C.Fon? Gostaria de saber o seu nome? Mostre a sua cara de vitorioso e mostre que venceu esses MONSTROS.
  2.  maria paula disse:
    Alô ministro Celso Amorim,
    Não permita a descaracterizaçãodeste local da história. Á A.C.Fon, minha solidariedade.
  3.  sonia mazzi disse:
    Relatos como este nos mostram a importância de apurar os crimes de lesa humanidade cometidos pelos agentes da ditadura militar. Sem justiça não há democracia.
  4.  João Herbert disse:
    Essas práticas são antigas: “estava sendo descaracterizado como parte de uma estratégia para subtrair da memória deste país os crimes ali perpetrados e seus autores”.
    Lembra da Guerra de Canudos? Aquela velha Canudos hoje submersa as águas que o governo da época mandou apagar todos os fatos.
    Grato
  5.  Ana disse:
    Ainda exitem pessoas que não foram encontradas familiares e pais que não enterraram seus filhos.Torturadores livres
    Tortura psicologica tb deixa sequelas.

DCE DA UFSM DIVULGA NOTA DE INFORMAÇÕES E SERVIÇOSEndereço e telefone de ambulatórios são disponibilizados para familiares e demais envolvidos com a tragédia da boate

Movimento estudantil local exige justiça e debate os espaços de lazer e manifestação da juventude
O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) produziu nota sobre a tragédia ocorrida na madrugada do último dia 27 de janeiro, na Boate Kiss da cidade gaúcha, provocando a morte de mais de 230 pessoas e deixando outras centenas feridas, em sua grande parte estudantes. Diversos dos jovens eram alunos da UFSM.
O movimento estudantil local cobra esclarecimento e justiça sobre o incêndio, auxílio aos feridos e às famílias das vítimas, amparo e acompanhamento psicoassistencial por parte do poder público.
Além disso, o documento também reflete sobre a segurança dos jovens e os espaços para integração e manifestação da juventude na cidade de Santa Maria.
Segue abaixo a íntegra da nota

Nesta ultima semana passamos por uma tragédia que com certeza ficará marcada na história de nossa cidade, muitas perdas e sentimentos de dor. Nos primeiros momentos nos dedicamos ao auxilio possível aos familiares e amigos das vitimas, e também àas dores que carregamos. Passados 3 dias pelo conjunto das circunstâncias impostas e os últimos acontecimentos e pelas demandas que teremos que enfrentar, a gestão Vozes Em Movimento vem a público manifestar opinião sobre algumas questões:
1.Acreditamos que os assuntos de maior prioridade são os que envolvem os estudantes e familiares. É necessária uma ampla rede do sistema público em geral e das universidades para amparo e acompanhamento Psicossocial. É ainda necessário que as universidades, em especial a UFSM flexibilizem as questões como avaliações e presença assim que as aulas sejam retomadas. É importante também que todas as famílias tenham auxilio ao que precisarem. Também esperamos o máximo de dedicação as questões que dizem respeito a superação destes danos irreparáveis. Registramos o empenho que temos visto de todos os segmentos da universidade e de sua gestão em superar isso. Reiteramos a todos e todas que inalaram fumaça no dia da boate que procurem atendimento e observação, pois podem existir consequências não imediatas.
2. Exigimos que justiça seja feita. A comunidade clama para que os responsáveis por essa atrocidade sejam responsabilizados. Acreditamos ainda que é importante que o inquérito defina essas questões, por que infelizmente a grande mídia de nosso país procura substituir os órgãos judiciais, e já demonstra querer blindar alguns possíveis responsáveis. Essa investigação deve ser mais profunda possível e irrestritamente identificar todos os responsáveis. As famílias e a comunidade não merecem que este seja mais um capitulo a uma cultura de impunidade presente no Brasil que protege os poderosos e geralmente joga as responsabilidades aos trabalhadores e trabalhadoras que executam suas ordens. Reenvidicamos ainda que a UFSM por ser uma das instituições mais afetadas disponha um de seus técnicos do corpo jurídico para acompanhar integralmente as investigações.
3. Acreditamos que o acontecido se relaciona com a necessidade de nossa cidade que possui alto contingente juvenil tem de oferecer espaços públicos de cultura e lazer. Infelizmente não é de hoje o domínio do setor comercial sobre os bens culturais e os espaços de lazer no município. Além disso, nos últimos anos diversos espaços públicos deste caráter foram fechados ou interditados e condenados, cita-se como exemplo: o Bombril, a concha acústica do Itaimbé e a praça do “Brama”. Vale registrar que nestes e em casos semelhantes não existiu esforço do setor público para viabilizar estes espaços, mas sim apenas decretos de fechamento. O acesso ao direito do lazer e da diversão tem ficado a mercê do mercado e sua desordem natural ocasionada pela lógica da lucratividade. Temos que a partir de agora refletir sobre o que queremos para nossa cidade, e para a juventude que merece espaços de lazer seguros, de qualidade e públicos. Diante disso, nós do DCE- UFSM sugerimos que seja construído um memorial em homenagem aos nossos colegas na universidade, e que este seja uma concha acústica para representar aqueles que se foram com o direito de outros estudantes terem acesso de forma gratuita num lugar aberto e que possibilite cultura e integração.
4. Repudiamos o argumento de defesa que o prefeito de nossa cidade tem utilizado ao afirmar estar cumprindo seu papel de fiscalizador, tendo em vista que a 3 semanas tinha fechado a boate do DCE. Acreditamos que todas as boates devam ser fiscalizadas. Contudo, salientamos que a boate do DCE que é um espaço público de lazer sofreu fiscalização rigorosa, e está em reformas por problemas de outras ordens que não segurança. Talvez esse espaço seja o com mais saídas da cidade, e com menor risco de incidentes do tipo, por ter somente no salão principal 4 saídas e seu isolamento é feito com tijolos e não espuma. Temos sim que obedecer as leis e estamos em conjunto com a UFSM promovendo todos os ajustes necessários. Entretanto, nossos problemas não são nem perto semelhantes aos da KISS, ou a de outros estabelecimentos comerciais da cidade, que não tiveram até então o mesmo rigor de fiscalização, que nos parece seletiva com pesos diferentes aos espaços públicos e aos privados.
5. Registramos nosso descontentamento com o tratamento sensacionalista que a grande mídia tem dado a essa tragédia. Tem usado a dor de inúmeras famílias e milhares de amigos e colegas como uma potente fabrica de lucros no mercado da informação. Sabemos que o papel dos meios de comunicação é informar, mas tivemos nos últimos dias a triste oportunidade de ver por parte de algumas emissoras absurdos desrespeitosos com a dor de familiares e amigos.
6. Muitos de nossos colegas e amigos tiveram óbito por que não tiveram acesso ao tratamento necessário nos hospitais, não por falta de profissionais e voluntários, mas por falta de estrutura de equipamentos e medicamentos. Santa Maria é responsável pelos atendimentos de media e alta complexidade regional. É importante que uma das lições desse processo seja o atendimento de saúde publica como prioridade do poder público. Não foi esta a primeira vez que perdemos entes queridos por não ter acesso a saúde pública de qualidade. Os governos tem essa responsabilidade.
Por último, pedimos que todos em nossa universidade e cidade se unam para que possamos auxiliar os que sentem mais dor. Os danos são irreparáveis, mas precisamos superar nossas dores aos poucos, honrando os que se foram, levando a frente os sonhos e projetos compartilhados. Além disso, é preciso lutar para que a memória trágica que temos se transforme em garantias de que coisas como essa nunca mais se repitam.
Há braços,
Gestão Vozes Em Movimento, DCE da UFSM- Em LUTO
Uma parcela de milhares que ainda não entendem ou aceitam a dor que sentem!

Federación Estudantil Universitaria se diz unida às dores das famílias de Santa Maria
Os estudantes de Cuba enviaram uma mensagem de solidariedade aos colegas brasileiros e aos familiares das vítimas da tragédia da boate Kiss em Santa Maria (RS), na madrugada do último dia 27 de janeiro. A Federación Estudantil Universitaria (FEU), tão logo soube do incêndio que provocou mais de 230 mortes e deixou centenas de feridos, manifestou-se “consternada” e “unida à dor dos familiares”.
Leia abaixo a íntegra da nota da FEU:
Consternados recebemos a triste notícia do lamentável acidente ocorrido há apenas algumas horas neste país irmão, no qual mais de 200 pessoas perderam a vida, entre eles numerosos estudantes. Abraçando a causa da solidariedade que sempre tem acompanhado os cubanos e seu sentimento de pertença com todos os homens deste mundo, transmitimos as mais sentidas condolências ao povo irmão do Brasil.
Sentimos no mais fundo dos nossos corações a perda dessas inocentes vidas humanas e nos unimos à dor dos familiares neste difícil momento, o qual sabemos que saberão superar. Que chegue a todos vocês este imenso amor e o abraço dos estudantes cubanos.
Federación Estudantil Universitaria

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Há um ano. E o nível, cada vez menor. Pentear macaco é mais instrutivo e salutar. by Deise


Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A nova edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo e valores morais, com tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros… Todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterossexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE.
Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido”. Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade do brasileiro.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis.
Caminho árduo?
Heróis?
São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados.
Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo dia.
Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna. Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns).
Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a “entender o comportamento humano”. Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$ $$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão …
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores. Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa…, ir ao cinema…., estudar… , ouvir boa música…, cuidar das flores e jardins… , telefonar para um amigo… , visitar os avós… , pescar…, brincar com as crianças… , namorar… ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.
Esta crônica está sendo divulgada pela internet a milhões de e-mails. “Somos responsáveis por aquilo que fazemos, o que não fazemos e o que impedimos de ser feito.”
Luis Fernando Veríssimo
É cronista e escritor brasileiro

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