sábado, 26 de julho de 2014

Guru do sexo de 90 anos faz sucesso com respostas curtas e diretas

  26 de julho, 2014 
Mahinder Watsa (Atul Loke / Panos )
O país que deu ao mundo o Kama Sutra aprende sobre sexo com um senhor de 90 anos. A coluna diária de Mahinder Watsa, franca e engraçada, tornou-se um cult na Índia, onde a educação sexual é um assunto polêmico.
"Sexo é uma coisa alegre", diz Watsa "mas alguns escritores lidam com isso de forma médica e séria."
Como colunista nos últimos 50 anos, Watsa deixa o leitor à vontade, em vez de ir pelo caminho científico ou moral. Suas respostas são curtas e vão direto ao ponto - ocasionalmente agressivas, muitas vezes hilárias. "Estou falando a língua deles."
P: Há dois dias, eu tive relações sexuais sem proteção com minha namorada. Compramos uma "pílula do dia seguinte" mas, no calor do momento, eu tomei no lugar dela. Isso pode me causar complicações?
R: Da próxima vez, por favor, use camisinha e certifique-se que você não vai engolir isso também.

P: Depois de fazer sexo quatro vezes por dia, fico fraco no dia seguinte. Por cerca de cinco minutos, minha visão fica branca e não consigo ver nada. Por favor, ajude-me.
R: O que você esperava? Gritos de "Viva" e "Eu sou um campeão" por toda a cidade?
P: É seguro dormir com o pênis dentro da vagina?
R: Normalmente, quando o pênis retorna ao estado flácido, desliza para fora da vagina. Mesmo se não o fizer, fique tranquilo, que a vagina não vai comê-lo de café da manhã.

Virgindade

Watsa recebe cerca de 60 cartas e e-mails por dia e responde a todas. Acha que já respondeu a mais de 35 mil perguntas.
Ele foi convidado a escrever uma coluna estilo "Querido Doutor" nos anos 1960 por uma revista feminina (Trend). Tinha quase 40 anos e se formara recentemente como médico. "Não tinha muita experiência, confesso."
Mahinder Watsa (Atul Loke / Panos )
Nos primeiros meses, as perguntas eram de medicina em geral – sobre pediatria e coisas do tipo - mas começaram a chegar cartas de jovens mulheres de locais distantes com problemas.
Contavam que um tio ou um alguém mais velho havia abusado delas quando eram adolescentes e temiam não se casarem por terem perdido a virgindade.
"Muitas sugeriam que cometeriam suicídio", disse Watsa. "Um hímem intacto é muito importante nessa parte do mundo."
Tudo que ele podia fazer era aconselhá-las a não entrar em pânico no dia do casamento."Não se preocupe, seu marido não vai perceber."
Hoje em dia, Watsa é bem mais direto. Ele explica que o hímen pode romper ao fazer o exercício físico ou com masturbação, o que não podia fazer na época.
O especialista percebeu que muitos dos problemas dos leitores decorriam de falta de educação sexual, o que acabou tornando a conscientização sobre o sexo um objetivo de sua vida, primeiro por meio da Associação de Planejamento Familiar da Índia (FPAI, sigla em inglês) e, posteriormente, da sua própria organização, o Conselho Internacional de Educação Sexual e Familiar (CSEPI, sigla em inglês). Enquanto isso, continuava escrevendo.
"Um hímem intacto é muito importante nessa parte do mundo."
Mahinder Watsa
Recebe cartas sobre hímen rompido até hoje. "Infelizmente, o tema ainda é muito forte." Os homens que escrevem para lançar dúvidas sobre a virgindade da sua parceira recebem pouca atenção.
P: Minha namorada e eu temos 22 anos de idade. Tivemos relações sexuais há alguns meses, pela primeira vez, mas ela não sangrou. Como posso identificar se ela é virgem? 
R: É dessa maneira que você ama sua namorada? Você é uma pessoa suspeita. Você nunca ouviu falar que existem várias outras maneiras pelas quais o hímen pode romper, como ao praticar um esporte?
Watsa tampouco tem papas na língua com aqueles mais preocupados com o tamanho do seu órgão sexual.
P: Tenho um pênis pequeno e não consigo satisfazer minha namorada. Meu astrólogo me aconselhou a puxá-lo todo dia por 15 minutos, enquanto faço uma oração. Venho fazendo isso há um mês e não tem ajudado. O que devo fazer?
R: Se isto fosse correto, a maioria dos homens teria o pênis no joelho. Deus não ajuda homens ingênuos, bobos. Vá a um especialista em sexualidade que lhe ensine a arte de fazer amor.

'Obscenidade'

Por anos, Watsa escreveu para revistas femininas e masculinas e websites por anos, mas em nenhuma publicação seus escritos fizeram mais sucesso que no Mumbai Mirror. Há dez anos, quando tinha 80 anos de idade, ele iniciou a coluna Pergunte ao Sexpert, a primeira coluna diária em um jornal indiano que abordou as inquietações sexuais dos leitores.
"Até começarmos a coluna, a mídia indiana raramente usava palavras como pênis e vagina", diz Meenal Baghel, editora do jornal. A iniciativa imediatamente atraiu muita atenção, e nem sempre positiva.
Baghel teve de lidar com acusações de obscenidade e ações e mensagens de ódio, mas achava que os benefícios de publicar a coluna valiam a pena. "Ele é, sem dúvida, a estrela do jornal", diz a editora.
Ela sabe de cor a sua resposta favorita de Watsa a um leitor. "Alguém perguntou a ele se o pênis pode encolher devido à masturbação repetida. Sua resposta foi: você fala muito, sua língua encolheu?"
Com criatividade e paciência infinitas, Watsa encontra novas maneiras de responder às mesmas perguntas feitas há décadas.
Demonstração de como colocar camisinha (Getty)
Muito de seu trabalho envolve algo conhecido como 'dar permissão'- tranquilizar as pessoas de que seu comportamento sexual é normal e inofensivo. "O problema ainda é masturbação", diz Watsa.
Homens ansiosos questionam se a masturbação vai levá-los a perder a força, o cabelo ou a capacidade de ter filhos. A ideia de que a perda de sêmen é prejudicial para a saúde de um homem é reforçada por sistemas de crenças tradicionais.
Ele também testemunhou grandes mudanças. "Há trinta anos, poucas mulheres me escreviam. Agora, são muitas." E elas não têm apenas questões práticas sobre como engravidar ou não: nos últimos anos, começaram a perguntar sobre satisfação sexual e masturbação. Ele responde com o mesmo humor.
P: Minha amiga acha que seus seios estão ficando maiores por causa da masturbação. Isso é possível?
R: Não. Ela acha que o clitóris é uma bomba de ar?
Apesar destes sinais de emancipação das mulheres, Watsa diz que ainda fica ocasionalmente chocado com o que suas leitoras aguentam. "Quando elas escrevem sobre o abuso sexual, tortura e o que seus maridos fazem com elas quando estão bêbados eu me preocupo", diz.
Watsa também lamenta o fim das grandes famílias onde várias gerações viviam sob o mesmo teto. "Havia sempre tias ou avós que poderiam explicar as coisas para os casais mais jovens", diz ele. "Agora ninguém está lá para explicar como funciona o sexo. Ouço falar de um monte de casamentos não consumados."
Casamentos arranjados entre pessoas que não se conhecem ainda são comuns, diz Watsa. "Eles esperam consumar um casamento de imediato, mas no Kama Sutra há uma parte que diz que se leva de quatro a cinco dias para fazer amigos e entender uns aos outros", diz.
Para um estudo acadêmico, a ginecologista e militante Suchitra Dalvie analisou mais de 500 cartas recebidas por Watsa em um período de quatro meses. Quando ela apresentou as suas conclusões em uma conferência em Pequim, o público ficou fascinado pelas contradições da Índia.
Todos conheciam o país como a "terra mística do Kama Sutra" - o antigo texto sânscrito sobre a arte do amor e do prazer sensual - e ficaram surpresos ao saber sobre o nível rudimentar de educação sexual ou mesmo sobre a discussão clara sobre sexo no país.
A coluna de Watsa é um dos tratamentos mais francos sobre o assunto há 2 mil anos.

Tempestade solar quase causou 'apagão geral' na Terra

Segundo a Nasa, uma grande erupção solar passou muito perto do planeta em 2012 e poderia levar a civilização a condições semelhantes ao século XVIII

As erupções solares emergem do interior do Sol e suas radiações eletromagnéticas podem induzir flutuações elétricas na superfície da Terra, destruindo transformadores, provocando erros em GPS e sistemas de rádio
As erupções solares emergem do interior do Sol e suas radiações eletromagnéticas podem induzir flutuações elétricas na superfície da Terra, destruindo transformadores, provocando erros em GPS e sistemas de rádio (Thinkstock)
A tempestade solar mais forte dos últimos 150 anos passou muito perto da Terra em 23 de julho 2012, revelou a Nasa. Se ela tivesse nos atingido, seria poderosa o suficiente para levar a civilização a condições semelhantes ao século XVIII. “Se a erupção tivesse ocorrido uma semana antes, a Terra estaria na linha de fogo”, afirmou Daniel Baker, professor de Física Atmosférica e Espacial da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, em comunicado da agência espacial americana.
O evento foi uma explosão solar, conhecida como Ejeção de Massa Coronal (EMC). Essas rajadas solares não chegam até nós, mas sua radiação eletromagnética e partículas energizadas sim. Elas podem induzir flutuações elétricas na superfície do planeta, destruindo transformadores, afetando redes de comunicação, provocando erros em GPS e sistemas de rádio e danificando satélites.
A Nasa só soube da tempestade porque ela atingiu um observatório solar chamado Stereo-A, construído para medir eventos semelhantes. Ele recolheu informações sobre o frenômeno sem ser destruído porque não estava orbitando a Terra no momento da erupção, mas viajando pelo espaço interplanetário. No entanto, isso demonstra que outras tempestades podem ter passado próximas da Terra sem terem sido detectadas por nenhum sistema espacial. 
“Com os últimos estudos, me convenci ainda mais do quanto os habitantes da Terra foram sortudos de que a erupção de 2012 tenha acontecido dessa maneira. Se tivesse nos atingido, ainda estaríamos recolhendo nossos pedaços”, afirmou Baker.
Tempestade poderosa — No caso de ter chegado ao nosso planeta, a tempestade solar de 2012 teria sido comparável à tempestade solar Carrington, de 1859, a mais poderosa já registrada. Na ocasião, postos de telégrafo foram incendiados, redes elétricas tiveram panes e foram percebidos distúrbios no campo magnético da Terra.
De acordo com um estudo da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, um evento como esse custaria hoje 2 trilhões de dólares ou 20 vezes mais que o furação Katrina. Segundo a Nasa, há 12% de probabilidade que uma tempestade solar poderosa como essa realmente chegue até a Terra nos próximos dez anos.
by Veja

ENTREVISTA: “Desde a queda da União Soviética, não se via uma repressão tão grande como a imposta por Putin na Rússia”



by Ricardo Setti

“Putin quer exportar a ideia de que a soberania nacional prevalece sobre a universalidade dos direitos humanos”, diz Tanya Lokshina (Foto: Luiz Maximiano)

AS MARIONETES DE PUTIN

A diretora da Human Rights Watch em Moscou diz que o presidente russo usa o americano Edward Snowden como instrumento de propaganda e agora faz o mesmo com os Brics

Entrevista a Duda Teixeira publicada em edição impressa de VEJA

O escritório de Moscou da ONG Human Rights Watch (HRW), que defende os direitos humanos no mundo, tem sido constantemente atacado nos últimos dois anos. Uma suás­tica já foi pintada na sua fachada, telefones foram grampeados e funcionários receberam ligações ameaçadoras.

Quem está por trás disso é o serviço secreto russo, segundo a diretora da ONG na Rússia Tanya Lokshina, de 41 anos e um filho de 18 meses. Na semana passada, ela esteve em São Paulo enquanto o presidente russo Vladimir Putin se reuniu com os chefes de Estado na VI Cúpula dos Brics, em Fortaleza e Brasília.

Na nota divulgada pela Cúpula dos Brics aparece o conceito de “inclusão social”. Putin pode se gabar disso?

O que ele tem feito na Rússia é a “exclusão social”. Após protestos contra o seu governo em 2012, o presidente dividiu a sociedade em dois grupos: os que estão com ele e os que estão contra ele. Quem vive quieto, não participa de manifestações e não o critica pode fazer muita coisa. Muito mais do que era permitido na União Soviética. Viajar, ler os livros que quiser e ir a eventos.

Mas, se um indivíduo expõe seu descontentamento com o Kremlin em público, então se põe imediatamente em perigo. É como se a União Sovié­tica caísse em cima dele. Desde a volta da democracia não se via uma repressão tão grande contra a liberdade de expressão e contra as organizações da sociedade civil.

Não há canais de televisão independentes, pessoas são presas apenas por protestar, blogueiros são obrigados a se registrar no Ministério das Comunicações e sites têm sido fechados sem nenhuma justificativa decente.

Em meados do ano passado, a Rússia concedeu asilo ao americano Edward Snowden, que revelou documentos secretos do governo americano. Não seria isso uma prova de que Putin valoriza os direitos humanos e a liberdade de expressão?

Eu encontrei Snowden no Aeroporto Sheremetyevo, de Moscou. Um dia antes, recebi o convite por e-mail, assinado por ele. Apesar de a minha área de pesquisa ser outra, já sabia de quem se tratava.

Pouco antes eu ajudei a redigir uma declaração da HRW em que dizíamos ser importante existir uma proteção aos whistleblowers (dedos-duros, em inglês), como Snowden. Achávamos que, se ele fosse extraditado, seria muito provável que acabasse sendo exposto a um tratamento desumano. Mas eu não dei muita bola para aquele convite estranho e fui para casa.

No dia seguinte, meus telefones começaram a tocar sem parar. Então, descobri que tinha sido incluída em uma lista de convidados, de várias organizações, para participar de um encontro com o americano.

Snowden organizou isso de dentro do aeroporto?

Certamente, não. Foi então que comecei a suspeitar do envolvimento do serviço secreto russo. O anúncio da tal reunião foi feito por um advogado de alto perfil e muito leal ao Krem­lin. Ao olhar os nomes dos convidados, ficava claro que a lista tinha sido feita pelas autoridades russas.

Snowden podia conhecer a HRW e a Anistia Internacional, mas não todos os que estavam ali.

Entre eles, havia três advogados muito ligados a Putin, um parlamentar e dois membros de gongos, um acrônimo para definir aquelas ONGs que se dizem independentes mas só fazem propaganda do governo (government organized non-governamental organization, em inglês).

Foi um encontro proveitoso?

Havia centenas de jornalistas no aeroporto. Quanto me apresentei, eles me passaram pelo cordão de isolamento e fui levada com outros convidados para a pista. Era claramente uma operação especial do serviço secreto.

Por um momento, achei que iam mandar todos para a Venezuela e fiquei com medo. Por sorte, isso não aconteceu. Um homem com roupas civis e dirigindo um ônibus nos levou para outro terminal. Subimos as escadas e entramos em um salão. Snowden nos esperava em uma mesa, com um tradutor. O mestre de cerimônias era outro funcionário do serviço secreto.

Foi surreal. Tudo era extremamente bem organizado, como numa coletiva de imprensa, mas sem um único jornalista. Depois entendi que o objetivo de tudo aquilo era legitimar a presença de Snowden na Rússia e preparar o terreno para darem o asilo a ele. Com minha presença lá, queriam que o público internacional visse com bons olhos o que fariam em seguida.

Então Snowden trabalha com o serviço secreto desde que chegou ao aeroporto de Moscou?

Para o governo russo, a presença dele é um trunfo. Putin está usando esse americano como uma ferramenta de publicidade. Ao mostrar que acolhe um perseguido da CIA, a agência de inteligência americana, Putin quer dizer que promove a liberdade de expressão. É algo muito peculiar.

Há alguns meses, Putin apareceu em público para responder a perguntas da população. Em tese, qualquer um pode interrogá-lo. Na realidade, as questões são previamente filtradas. É um ritual que dura três horas e que Putin adora. Snowden apareceu no Skype e perguntou: “Senhor presidente, há alegações de que o governo russo está vigiando seus habitantes assim como a CIA faz com os americanos. Isso é verdade?”.

O presidente respondeu que não era assim, obviamente. Parecia combinado.

Putin também poderia estar usando a presidente Dilma Rousseff como instrumento de propaganda, assim como faz com Snowden?

Essa comparação não é muito apropriada porque a brasileira está em situação muito melhor que a do americano. Ela não depende do governo russo como ele. Snowden, por sua vez, está há um ano sem trabalho. Não tem nada para fazer nem para onde ir. Não está preso, mas é como se estivesse. Quando quiseram saber dele se queria fazer alguma pergunta ao presidente Putin, disse logo que sim. Outros fariam a mesma coisa.

Mas, sim, Putin está se aproveitando dos Brics para se projetar como líder global. Por causa da anexação da Península da Crimeia, em março, e dos conflitos com separatistas no leste da Ucrânia, americanos e europeus impuseram sanções contra ele. Putin então veio ao Brasil buscar respeito e reconhecimento.

O que mais ele quer?

Putin quer exportar a ideia de que a soberania nacional prevalece sobre a universalidade dos direitos humanos. É esse um dos motivos pelos quais ele usa os Brics. No caso da Rússia, o princípio da não ingerência externa é relativo. Putin é contra qualquer ação na Síria, governada pelo seu aliado Bashar Assad, mas invadiu militarmente a Península da Crimeia e a anexou.

A Rússia, portanto, é contra a interferência externa só quando seus amigos estão no poder, mas se dá o direito de fazer o que bem entende com outros países quando julga que os interesses russos estão sendo ameaçados. Putin tem procurado especialmente o apoio de Dilma, já que o Brasil é uma democracia relevante. Mas o histórico russo na área de direitos humanos é extremamente complicado e não deveria ser ignorado.

Na semana passada, o governo brasileiro teve nas mãos uma oportunidade excelente para conter Putin em sua escalada autoritária. Sem nenhum obstáculo à sua frente, ele deverá continuar subjugando as entidades civis e usando como bem entende, e com sucesso, o Brasil e as autoridades brasileiras para alcançar os seus próprios interesses.

É fácil entender o que Putin ganha com um encontro dos Brics. Mas e o Brasil?

A aprovação do presidente russo passou dos 80% neste ano. Dilma provavelmente inveja isso, mas Putin só consegue esse índice porque na Rússia não há liberdade de expressão. Não é portanto um modelo que possa ser copiado. O Brasil é uma sociedade aberta e democrática, com uma imprensa plural. Os brasileiros expressam suas opiniões sem medo. Na Rússia, isso não existe. Não há debate público.

Gato na Moda

gato 001 Gato na Moda

Gato está na moda,  disse outro dia minha mãe, expertise aos 81 anos de vida.
- Como assim, gato está na moda, mãe?
- Gato está na moda. Em todo o lugar tem alguém falando de gato, adotando gato, comprando gato, tirando foto com gato... Gato está na moda.
Não me lembro um dia em que felinos não fossem moda na história da minha família, ou da humanidade.  Meu irmão, quando criança, teve sete gatos. Lembro do nome da matriarca: Mina. Mina de neve, porque era toda  branca. Mina vivia tendo filhotes,  afinal, eram os anos 70 e gatos que sempre nasceram livres, eram mais livres ainda.
epicy famous people photo rarities 01 Gato na Moda
Freddie Mercury e seus gatões
Essa  felina corajosa me presenteou com a  visão inesquecível do nascimento de uma ninhada. Eu devia ter quatro anos e foi no canto do quarto de costura de minha mãe. Parideira essa Mina. Um, dois, três, cinco, seis... sete.
Meu irmão, como um bom chefe de tribo pele vermelha dos indiozinhos Toddy, batizava seus gatos observando o modo de cada um e o que acontecia em volta. Entre seus sete gatinhos nada rodrigueanos  estava Bravinho e Marininha.  Bravinho por motivos óbvios. Marina era o nome de alguma personagem de novela da Tupi.
Por onde ele ia, os sete o seguiam formando uma loga cauda preenchendo sua sombra. Se ele ficava de castigo, os sete ficavam com ele.
Meu irmão também trouxe nossa primeira gata de raça: Chelly, uma persa cinza, quando éramos quase adultos. Chelly ficou quase duas décadas conosco.
Gatos sempre estiveram nas paradas, no pedaço, na história
stars 107 Gato na Moda
Achou o gato de Liz Taylor?
Misteriosos, sim. Talvez por isso muita gente desconfia das verdadeiras intenções dos felinos. Olham para o nada enxergando o que só eles conseguem ver. Olham para nós como que estabelecendo uma comunicação que ainda não alcançamos. Pode não ser verdade, mas que eles têm toda a pose, tem. Muito chique.
epicy famous people photo rarities 04 Gato na Moda
Steve Martin
Terapia Felina
Um dos berços do pensamento  moderno, Viena, na Áustria, abriu seu primeiro Café com Gatos; um espaço aberto com gatos à solta onde você pode degustar um delicioso café enquanto aprecia o ronronar  ao seu lado no sofá. Ler um jornal ou revista, tomando um café e acariciando um gato lotou o Café Neko (gato em japonês) em poucos dias. A idealizadora? Uma japonesa que escolhe os gatos no abrigo de Viena pelo temperamento e não pela beleza.
cafe of cats Gato na Moda
Café com Gatos
Há Cafés com Gatos em Paris e em muitas outras cidades da Europa. Mas virou febre mesmo foi no Japão. São companhias cuja presença alivia tensões e angústias. Acredite.
Já no Egito... coisa de deus
bastet gato egipcio estatua estatueta escultura MLB F 3125299758 092012 Gato na Moda
Bastet é a deusa egípcia com cabeça de gato, que representa o prazer, a fertilidade, a música e o amor. , o deus solar e Ísis, deusa da vida – adivinhem – também apresentam traços felinos.
Mas antes de serem cultuados como verdadeiras divindades pelos egípcios, os gatos serviam mesmo era para caçar os ratos que assolavam as plantações. Diante de tanto bem e proteção, passaram a fazer parte da família  até se tornarem divindades.  Acho digno.
 Boa é a moda de acabar com o preconceito.
Como boa gateira e admiradora dos felinos de qualquer tamanho, posso garantir por experiência própria:   não, gatos não gostam da casa, gostam de você. Gatos não são  traiçoeiros, são inteligentes e respondem de acordo com o que recebem. Gatos são fiéis, fidedignos, se enroscam em nossas pernas para deixar claro a quem pertencem e a que gatovocê pertence. Cada vez que se enrolam em seus pés, emanam um cheiro para que outros gatos saibam: nem vem que não tem, esse humano já tem gato.
Carinho e Calma
Gatos são carinhosos e atenciosos. Agora mesmo, Capitú e seus olhos verdes está esparramada sobre meu colo enquanto escrevo sobre seus ancestrais.
Gatos cheiram lágrimas e vez ou outra, uma pata surge sobre sua mão e lá fica enquanto você precisar.
Tem gato bom, ruim, feio, bonito, bravo, agressivo, carinhoso, fiel, solto, livre, chegado. Como qualquer animal de estimação. Não é como nasce. É como você cria.
E, mãe, até onde eu sei, gato nunca saiu de moda. Talvez tenha chegado a hora de acabar é com o preconceito. Tomara.
by R7

Israel aceita estender trégua em Gaza por 4 horas, diz fonte do governo

 26/07/2014 12:54



JERUSALÉM
(Reuters) - Israel aceitou estender por quatro horas a trégua humanitária com o Hamas e outros grupos armados na Faixa de Gaza neste sábado, disse uma fonte do governo israelense que solicitou anonimato.

Não ficou imediatamente claro se islamistas do Hamas, que controlam Gaza, também aceitaram prolongar o cessar-fogo, originalmente de 12 horas, até a meia-noite (18h, no horário de Brasília).

(Reportagem de Maayan Lubell)

Porto pago com o dinheiro do povo brasileiro, serve como 'escoador' de armas, segundo ONU




Porto da vergonha...

Encontradas 200 toneladas de armamento entre sacos de açúcar. Financiamento bilionário clandestino do BNDES viola a Lei da Transparência.

LEIA: Governo determina sigilo de 30 anos sobre R$ 1 bilhão gastos em porto cubano

O Grupo Odebrecht está reformando o Porto de Mariel, em Cuba, desde 2009, após acordo entre os governos brasileiro e cubano. Para a obra, a ilha socialista já recebeu do Brasil, via BNDES, aproximadamente R$ 2 bilhões. A primeira fase da empreitada foi concluída em 28 de janeiro de 2014. Mas, o porto já funciona há mais tempo…

Um relatório de peritos do Conselho de Segurança das Nações Unidas publicado em 6 de março deste ano confirma que o recém-reinaugurado porto cubano foi usado para contrabandear 200 toneladas de armas para a Coreia do Norte, violando sanções internacionais. De acordo com o documento, em 16 de julho de 2013, o navio norte-coreano Chong Chon Gang foi interceptado no Panamá.

Durante a inspeção foram encontradas, escondidas sob sacos de açúcar, armas, munições e partes de armamento pesado desmontados, como mísseis e aviões militares. O relatório anexa imagens que comprovam a ocorrência. Obviamente, a carga bélica não estava declarada.

Ainda segundo o relatório, a embarcação partiu da Coreia do Norte em abril de 2013, foi reabastecido na Rússia e seguiu para Cuba (Havana) pelo Canal do Panamá. Não há evidências de que o navio tenha feito escala em nenhum outro país entre a ida e a volta pelo canal, o que atesta a ilha comunista como procedência do armamento descoberto.

O governo federal vem estreitando cada vez mais sua relação com Cuba, concedendo sucessivos empréstimos ao país também em diversos setores como agrícola, turístico e de fabricação de medicamentos. Violando a Lei da Transparência, e o Congresso Nacional, o governo brasileiro classificou como ‘secreto’ o contrato com os detalhes do financiamento do Porto de Mariel.

Fonte: Informações de Epoch Times

Leandro Mazzini - Uma nova Guerra Fria, em novo contexto. É o que se depreende do episódio.
O governo do Brasil fez papel de bobo no Caribe, com o ‘aliado’ governo cubano. Bancou, via BNDES, e inclusive com *mais de R$ 1 bilhão a fundo perdido, a construção do Porto de Mariel, com a esperada reabertura comercial e fim do embargo americano ao País de Fidel.
Mas quem vai faturar bonito são Estados Unidos e Rússia. Depois de os EUA fazerem oferta pela operação da área, agora foi o presidente russo, Vladimir Putin, quem avisou a Raúl Castro que pretende a área. Para isso, Putin perdoou dívida de US$ 35 bilhões dos cubanos. A revelação é do jornalista Marcelo Rech, de Brasília, editor do site InfoRel
As negociações para o perdão da dívida duraram 20 anos. Putin ainda avisou aos Castro que vai reinvestir em US$ 2,6 bilhões em Cuba – principalmente direcionados a Mariel. Putin correu para Cuba um mês depois de os americanos fazerem a oferta de operação do porto. Recomeçou, assim, uma nova ‘guerra fria’ entre EUA e Rússia.
CADÊ?
A presidente Dilma investe no discurso de que mais de 300 empresas brasileiras vão ser beneficiadas com o porto de Mariel, mas não há lista e ninguém sabe quais são. 

"Entrevista de Dilma Rousseff dada à SIC, com Miguel Sousa Tavares. Bastante interessante e esclarecedora sobre as relações entre Portugal e o Brasil. "Eu não acho que Portugal é a Europa, eu acho que Portugal é Portugal"

Publicado em  maio/2014


sexta-feira, 25 de julho de 2014

O mistério das bonecas deixadas à porta de meninas que se parecem com elas

Desde junho, onze garotinhas de San Clemente, na Califórnia, receberam na porta de suas casas uma boneca de porcelana parecida com elas. Entregas anônimas intrigaram a polícia. Na quinta-feira (24), encontraram o "entregador"

REDAÇÃO ÉPOCA
25/07/2014 

Misteriosas bonecas foram deixadas na porta da casa das meninas (Foto: Divulgação / Orange County Sheriff’s Department)
Esse é um daqueles casos dignos de roteiro de séries investigativas americanas. Moradores da comunidade de Talega, em San Clemente, na Califórnia, Estados Unidos, alertaram a polícia que receberam "encomendas" anônimas pra lá de bizarras. Em casas onde moram famílias com meninas, bonecas de porcelana com traços muito semelhantes aos das crianças foram deixadas na porta de suas residências. Sem um bilhete sequer.
De acordo com a polícia da Califórnia, onze famílias registraram a ocorrência. Todas as meninas têm por volta de dez anos de idade, moram no mesmo bairro e frequentam a mesma escola. As primeiras entregas começaram no dia 16 de junho. Desde então, nenhum crime foi cometido contra as crianças ou contra seus familiares. Mas as entregas anônimas intrigaram as autoridades locais. Seria o entregador um psicopata? Um pedófilo à solta pelas ruas de Talega?
Na quinta-feira (24) à noite, a polícia anunciou que encontrou o entregador. Ou melhor, entregadora. Sua identidade não foi revelada, mas os policiais adiantaram que, diferentemente do que se estava especulando, é alguém com "boas intenções". De acordo com reportagem da rede de televisão americana KTLA,  a entregadora queria presentear as meninas.  A polícia, contudo, não divulgou a motivação da mulher. O caso foi arquivado.

Magistrado afirma que uns drogados serão presos e outros assinarão mandados de prisão



24.07.2014


  • “Ontem foi domingo e me droguei muito”, diz o juiz de Direito Gerivaldo Neiva, do Estado da Bahia, em artigo publicado no seu blog.
Baiano de Irecê, Gerivaldo, desde 1990 na magistratura, é membro da Associação Juízes para a Democracia (AJD) e da Comissão de Direitos Humanos da mais influente entidade da toga, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). É porta voz no Brasil do movimento Law Enforcement Against Prohibition (Leap-Brasil).
“Comecei por volta das 13h e só fui parar depois das 22h. Éramos uns poucos amigos e amigas, casais amigos, e quase todos se drogaram também. Uns mais e outros menos”, diz o texto.

Foto: Divulgação
Gerivaldo é o juiz da Comarca de Conceição do Coité, município com 65 mil habitantes a 210 quilômetros de Salvador.
Ele atua nas duas varas, a cível e a criminal, com um acervo total de 5 mil processos.
“Domingo que vem tem mais churrasco com os amigos, muita cerveja e ressaca na segunda-feira, mas também terá muita galera fumando maconha, cheirando cocaína e fumando pedras de crack”, finaliza o texto de Gerivaldo. “A diferença é que uns, por conta da droga usada, cor da pele e condição social, serão presos e condenados e outros, enquanto cidadãos respeitáveis, tomarão um engov ou epocler e assinarão mandados de prisão.”
LEIA A ÍNTEGRA DO ARTIGO DO JUIZ GERIVALDO*:
“Ontem foi domingo e me droguei muito. Comecei por volta das 13h e só fui parar depois das 22h. Éramos uns poucos amigos e amigas, casais amigos, e quase todos se drogaram também. Uns mais e outros menos.
Petiscamos durante o dia e só no final da festa é que resolvemos comer algo mais consistente. Sorrimos muito e também tivemos momentos de conversa séria. Eu, por exemplo, quando me drogo, tenho momentos de euforia e de silêncio. Passo horas ouvindo as pessoas e outras horas com o olhar perdido. Depois, peço desculpas e retorno à euforia e boas risadas.
Um desses meus amigos gosta muito de misturar e reclama que não está sentindo nada, embora todos os demais percebam seu visível estado de euforia. Outro amigo tem sempre um copo de água ao lado, mas poucas vezes bebe a água. Outro tem o ciclo bem rápido e em poucas horas passa da sobriedade para a euforia, silêncio e sono; depois, quando os demais ainda estão na fase da euforia, ele já está completamente recuperado e começa do zero. Outro não come nada e justifica que se comer não consegue continuar se drogando e sente muito sono.
Outro, ao contrário, tem sempre um prato de petiscos ao lado e justifica que não consegue se drogar sem comer. Outro, talvez só eu saiba disso, provoca vômito cada vez que vai ao sanitário para continuar se drogando e parecer sóbrio.
Drogas são drogas e ponto final. Todas elas alteram nossa percepção sensorial e, em consequência, a forma de ver o mundo. Esta relação das drogas com cada pessoa é única. Drogas é uma coisa e o efeito delas é algo absolutamente pessoal. Busca-se, portanto, algo entre a pessoa e a droga. Este algo é único e individual e reflete exatamente a história da pessoa com os efeitos da droga. Então, como cada um tem sua própria história, a relação dessa história com a droga também será uma história própria. Por causa disso, uns usam drogas apenas uma vez e não gostam, outros conseguem usar por muitos anos e não se tornam dependentes e outros não conseguem mais parar de usar depois da primeira experiência, tornando-se um usuário dependente.
Independentemente do caráter de legal ou ilegal, lícita ou ilícita, todas as drogas são drogas e estabelecem as mesmas relações com o usuário, pois não sabem se são permitidas ou não. Assim, o uso do tabaco pode causar um profundo bem estar ao fumante, embora possa causar inúmeros tipos de câncer. Da mesma forma, o álcool pode oferecer alegria e euforia e, ao mesmo tempo, causar uma infinidade de problemas à saúde de quem ingere álcool.
Adentrando às drogas consideradas ilícitas, a cocaína pode causar sensação de autoconfiança e poder, mas pode também comprometer a saúde de quem cheira ou injeta. Também a maconha pode relaxar e proporcionar viagens leves e lentas, mas também pode causar mal à saúde de quem fuma. O ponto comum é que todas as drogas podem causar a dependência e se tornar um problema para o usuário, seus familiares e comunidade.
No fim, o problema a ser enfrentado e discutido é por que alguns usuários se tornam dependentes e problemáticos e outros não. Sendo assim, como jamais conseguiremos acabar com as substâncias que alteram nossa percepção sensorial, interessa muito mais entender a mente humana, as tragédias pessoais e a desigualdade social do que proibir e criminalizar as drogas.
Pensando assim, fico a me perguntar, qual o fundamento jurídico, legal, histórico, filosófico, moral, religioso ou de qualquer outra natureza para considerar marginais e bandidos pessoas que usam algum tipo de droga? E mais, também me pergunto, por que as drogas fabricadas pela indústria capitalista, a exemplo do tabaco, álcool, ansiolíticos e antidepressivos, são consideradas lícitas e, inexplicavelmente, as drogas que não passam pela indústria capitalista são consideradas ilícitas, a exemplo da maconha e cocaína? Será, por fim, que o detalhe em comum seja exatamente este: a indústria capitalista?
Voltando ao começo, ontem fiz um churrasquinho em casa e convidei os amigos para matar a saudade, jogar conversa fora, comentar os jogos da Copa no Brasil e as consequências na campanha política, lembrar das aventuras passadas, dos tempos difíceis, empanturrar de carnes e, principalmente, tomar muitas cervejas.
Abasteci o freezer com algumas caixas de cerveja, preparei costelinhas de porco e carneiro com toque final de alecrim; coração de frango, coxinhas da asa de frango, costela de boi ao forno com papel alumínio, calabresa mista apimentada (uma delícia!) e, como não poderia deixar de ser, saborosas picanhas com dois dedinhos de gordura. Na manhã seguinte, como sou de carne e osso, tinha as mãos trêmulas, boca seca, dificuldade de raciocinar e uma sede insaciável, ou seja, estava de ressaca.
Sei, por fim, que no mesmo domingo milhões de pessoas fizeram a mesma coisa e outros milhões usaram drogas consideradas ilícitas. Muitos, como eu, trabalharam normalmente no dia seguinte e outros, não tenho dúvidas, por conta exatamente de sua relação com as drogas, continuaram usando abusivamente e causando problemas à sua família e comunidade.
No mais, é muito provável que muitos policiais militares, que poderiam estar presentes em algum churrasco e provavelmente também de ressaca, resultado das cervejinhas do domingo, irão prender em flagrante jovens pobres, negros, periféricos e excluídos com pequenas porções de maconha ou crack, conduzindo-os a algum delegado, também de ressaca, que irá indiciá-lo, mais pela cor da pele e condição social, como traficante de drogas.
Em seguida, algum representante do Ministério Público, também participante do churrasquinho do domingo, irá representar pela prisão preventiva com fundamento puro e simples na “garantia da ordem pública” e, por fim, seu destino será escrito indelevelmente como acusado por tráfico de drogas quando as mãos trêmulas e boca sedenta de algum juiz de direito lhe decretar a prisão preventiva e lhe esquecer na prisão.
Domingo que vem tem mais churrasco com os amigos, muita cerveja e ressaca na segunda-feira, mas também terá muita galera fumando maconha, cheirando cocaína e fumando pedras de crack. A diferença é que uns, por conta da droga usada, cor da pele e condição social, serão presos e condenados e outros, enquanto cidadãos respeitáveis, tomarão um engov ou epocler e assinarão mandados de prisão.
* Juiz de Direito (Ba), membro da Associação Juízes para a Democracia (AJD), membro da Comissão de Direitos Humanos da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e Porta-Voz no Brasil do movimento Law Enforcement Against Prohibition (Leap-Brasil)
http://blogs.estadao.com.br/

Ajuda da Cruz Vermelha a cidades da serra do RJ foi desviada, diz auditoria

25/07/2014 

Segundo secretário geral no país, desvio foi de cerca de R$ 17 milhões.
Vítimas da fome na Somália e terremoto no Japão também foram afetadas.

Do G1 Rio


A Cruz Vermelha brasileira desviou dinheiro arrecadado para campanhas humanitárias, de acordo com uma uma auditoria encomendada pela Federação Internacional das Sociedades do próprio órgão, com sede em Genebra, Suíça. De acordo com uma reportagem publicada nesta sexta-feira (25) no jornal "Folha de S.Paulo", o dinheiro seria usado com as vítimas da chuva na Região Serrana do Rio de Janeiro, do terremoto no Japão, da fome da Somália, e em campanhas contra a dengue em todo o Brasil.
Em entrevista à GloboNews, o secretário geral nacional da Cruz Vermelha brasileira, o coronel Paulo Roberto Costa e Silva, informou que o total desviado foi de aproximadamente R$ 17 milhões. O dinheiro teria ido parar na conta de uma ONG no Maranhão, o Instituto Interamericano de Desenvolvimento Humano – conhecido como Humanos. A organização era presidida pela mãe do ex-vice-presidente da Cruz Vermelha no Brasil, Anderson Marcelo Choucino.
"Nós temos constatações pela auditoria que em torno de R$ 17 milhões saíram de doações e não chegaram ao seu destino”, explicou o coronel (veja na reportagem acima).
De acordo com o secretário, o relatório, que demorou um ano para ser concluído, será levado nesta sexta-feira (25) às autoridades brasileiras. “Tão logo que tomamos conhecimento da denúncia que ocorreu em meados de 2012, nós solicitamos uma auditoria internacional independente em toda a Cruz Vermelha brasileira. A auditoria se desenvolveu durante todo o ano de 2013. As denúncias apresentadas pela mídia naquela oportunidade foram quase todas confirmadas por esta auditoria”, explicou.
De acordo com Paulo Roberto, já houve uma representação preliminar do desvio. ‘Agora, substanciados com o resultado da auditoria, nós vamos à procuradoria da Justiça, vamos tomar medidas judiciais e policiais cabíveis”, afirmou o coronel, informando ainda que o Ministério Público estava investigando a questão há mais de um ano.
“O que a gente está pedindo é que este dinheiro que saiu da Cruz Vermelha e foi para este instituto, ou ele seja devolvido, ou que seja prestado contas para onde foi, porque não chegou ao seu destino”, afirmou o secretário.
Risco de suspensão de atividades
Pedro Paulo afirmou que o comitê pode desde advertir ou até recomendar a suspensão das atividades da Cruz Vermelha em território brasileiro.
“Sem dúvida seria muito traumático para todos nós”, disse, informando que todas as pessoas envolvidas no desvio foram afastadas. "Nós fazemos parte de um movimento humanitário de ajuda humanitária internacional que hoje reúne 189 nações em todo o mundo. Essa marca é muito forte e uma imagem que arranha a credibilidade do movimento nos atinge diretamente. Nós estamos sendo acompanhados de perto pelo Comitê de Mediação e Comprimento, que é um órgão da Federação Internacional encarregado de verificar os procedimentos e as condutas da Cruz Vermelha.”
carro pendurado em nova friburgo (Foto: Marcos de Paula/Agência Estado)Estrago provocado pela chuva em Nova Friburgo, em 2011 (Foto: Marcos de Paula/Agência Estado)
Maior tragédia climática do país
O dinheiro desviado seria usado para ajudar vítimas de tragédias de 2011. A chuva na Região Serrana do Rio, em janeiro, provocou a morte de quase mil pessoas em sete municípios afetados, e é considerada o maior desastre climática da história país. Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis foram as áreas mais atingidas com deslizamentos de terra e inundações.
De acordo com especialistas, houve falta de controle e planejamento no crescimento das cidades. Segundo dados das prefeituras e da Defesa Civil na época, Teresópolis teve 9 mil desalojados e 6 mil desabrigados; Petrópolis (incluindo Itaipava) somou 6 mil desalojados e 191 desabrigados; e Nova Friburgo contabilizou 3 mil desalojados e 2 mil desabrigados.
Em março, o Japão foi atingido pelo mais forte terremoto da sua história. O desastre deixou 19 mil vítimas. No mesmo ano, uma seca atípica no chifre da África provocou uma crise alimentar na região.
Mulher é vista cuidado de filhos desnutridos em Dadaab. Pessoas doentes não precisam jejuar durante o Ramadã, mas a maioria dos acampados que sofrem com a fome na Somália parece determinada a manter as tradições (Foto: Omar Faruk/Reuters)Mulher cuidando de filhos desnutridos em Dadaab, na Somália, em 2011 (Foto: Omar Faruk/Reuters)

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