domingo, 19 de março de 2023

Saiba mais sobre a aposentadoria compulsória do juiz!



O Brasil enfrenta um momento único em que reflexões e mudanças (não só legislativas) são imprescindíveis para que nos tornemos efetivamente um país respeitável e em consonância com os princípios e valores que orgulhosamente declaramos em nossa Constituição Cidadã de 1988.

Neste caminho é de suma relevância destacar o papel do Poder Judiciário, que tem sido um dos maiores aliados para a implementação do Estado Democrático.

O legislador constituinte conferiu aos membros do Poder Judiciário garantias importantíssimas para a indispensável independência da atividade jurisdicional. Por outro lado, buscando também prevenir abusos, a Constituição estipulou meios de controle das atividades dos membros do poder judiciário.

Pensando nisso, preparamos este artigo, em que iremos trabalhar os principais aspectos das garantias dos juízes, as penalidades aplicáveis em caso de violação de deveres, e os detalhes da aposentadoria compulsória para juízes.

Tenha uma ótima leitura!
Quais são as garantias dos juízes?

A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu art. 95, que são garantias constitucionais dos magistrados:Vitaliciedade;
Inamovibilidade; e
Irredutibilidade de subsídios.

Em seguida, confira o que significa cada garantia:
Vitaliciedade

A vitaliciedade consiste na impossibilidade de perda do cargo pelo juiz. No entanto, existe uma exceção para essa garantia, que ocorre nos casos que houver sentença judicial transitada em julgado.

Dessa forma, o juiz que estiver em posse e exercício de função só pode perder seu cargo após ser condenado em um processo, com os direitos de defesa e contraditório respeitados, e após o trânsito em julgado da sentença.

Vale mencionar que o magistrado só adquirirá a vitaliciedade após período de dois anos do estágio probatório. Ou seja, no decurso do estágio probatório, o magistrado ainda não adquiriu a vitaliciedade, e pode ser destituído mediante deliberação do tribunal e justificativa devida.

Além disso, a vitaliciedade não se confunde com a estabilidade, garantida ao servidor público comum. Isso porque a estabilidade só é garantida ao serviço, enquanto a vitaliciedade é do cargo. Ademais, a estabilidade requer 3 anos para ser adquirida, enquanto a vitaliciedade demanda apenas 2 anos.

A vitaliciedade tem por objetivo permitir ao magistrado maior liberdade de atuação. Ela garante que o juiz possa exercer seu cargo livremente até se aposentar.

No entanto, conforme explica Fernanda Marinela, professora de Direito Administrativo da LFG, mestranda pela Universidade Federal de Alagoas e especialista em Direito Público pela USP:

“A garantia da vitaliciedade tem sido utilizada como instrumento de impunidade por profissionais que, sabedores que a penalização é muito mais complexa e, principalmente, demorada, permanecem com todas as garantias e prerrogativas mesmo tendo sido autores de condutas gravíssimas.”

Inamovibilidade

A inamovibilidade, por sua vez, diz respeito à impossibilidade de remover o juiz, seja de sua vara, comarca, grau, sede, cargo, câmara ou tribunal, para outro local, sem a concordância expressa do magistrado.

Essa garantia se pauta na compreensão de que a remoção indiscriminada de juízes poderia dar margem a perseguições ou manipulações. Isto significa dizer que a inamovibilidade garante que o juiz exerça sua função jurisdicional de forma consistente e autônoma, sem se preocupar em ser retirado dos locais onde eventualmente esteja afetando interesses.

A inamovibilidade inclui a prerrogativa do juiz de recusar inclusive promoções, caso não as deseje, e a única exceção à garantia é o caso de patente interesse público, que requer voto de dois terços do tribunal de origem.

Irredutibilidade de subsídios

A irredutibilidade de subsídios é uma garantia que impede a redução do salário do juiz, seja por ato administrativo ou sentença.

O objetivo desta garantia é assegurar que o juiz possa julgar de forma livre, sem temer retaliações financeiras por parte de qualquer poder público que ele possa vir a contrariar no exercício de sua profissão.

Além disso, a irredutibilidade de subsídios busca manter os salários de juízes num patamar elevado o suficiente para garantir que o oferecimento de vantagens ilícitas não seja economicamente vantajoso. A lógica é de que um juiz mal remunerado poderia ter mais motivações para aceitar corrupções do que um juiz que recebe um salário alto.
Mecanismos de controle da atuação dos juízes

A Emenda Constitucional nº 45/2004 inseriu em nosso ordenamento jurídico o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão da cúpula administrativa do Poder Judiciário.

Sua finalidade é, nos termos do artigo 103-B da Constituição Federal: “o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura”.

Nesse sentido, foi conferida ao CNJ a atribuição de aplicar sanções disciplinares (artigo 103-B, §4º, inciso III da Constituição Federal) aos magistrados que desvirtuam os deveres impostos pela Constituição Federal e pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN – Lei Complementar nº 35/1979).

A esse respeito, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional prevê, em seu capítulo sobre penalidades, que “salvo os casos de impropriedade ou excesso de linguagem o magistrado não pode ser punido ou prejudicado pelas opin

Quais são as punições que um juiz pode receber?

A LOMAN lista, em seu art. 42, quais são as penalidades disciplinares cabíveis para juízes, que seguem a seguinte escala de gravidade, da mais leve para a mais severa:

Advertência;
Censura;
Remoção compulsória;
Disponibilidade com vencimentos proporcionais;
Aposentadoria compulsória; e
Demissão.

Advertência

Aplicada de forma reservada, por escrito e voltada a infrações de cunho administrativo-disciplinar. Exclusiva para juízes de 1ª instância.
Censura

Aplicada para negligência quanto ao cargo de forma reiterada. O juiz punido com censura não poderá constar em lista de promoção por merecimento por um ano.

Remoção Compulsória

Com a remoção compulsória o juiz é transferido para outra comarca, após transtornos na locação prévia. A punição é determinada pelo Tribunal, em escrutínio secreto e por voto de ⅔ dos membros efetivos, diante de motivo de interesse público.
Disponibilidade com vencimentos proporcionais

Afastamento do magistrado de sua função. Deve ser determinada pelo Tribunal ou Órgão Especial, mediante voto de ⅔ dos membros efetivos do Tribunal ou Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O juiz punido com disponibilidade fica impedido de exercer advocacia ou funções públicas e não gera vacância do cargo, porque admite pedido de retorno após 2 anos.
Aposentadoria compulsória

A aposentadoria compulsória é a penalidade administrativa mais grave. É aplicada nos casos de condutas impróprias para a função jurisdicional, que tenham sido praticadas pelo magistrado na esfera pública ou privada ou, alternativamente, quando o juiz apresenta desempenho insuficiente.
Demissão

A demissão é uma punição por uma infração grave cometida e consiste em uma penalidade judicial.

Nos termos do art. 47 da LOMAN, só será aplicada a magistrados que já gozem de vitaliciedade nos casos de:

I – ação penal por crime comum ou de responsabilidade;

II – procedimento administrativo para a perda do cargo nas hipóteses seguintes:

a) exercício, ainda que em disponibilidade, de qualquer outra função, salvo um cargo de magistério superior, público ou particular;

b) recebimento, a qualquer título e sob qualquer pretexto, de percentagens ou custas nos processos sujeitos a seu despacho e julgamento;

c) exercício de atividade politico-partidária.
O que é a aposentadoria compulsória de juiz?

Aposentar-se compulsoriamente significa afastar-se em definitivo das atividades jurisdicionais, mas com a manutenção dos vencimentos do magistrado infrator.

Conforme estipulado no artigo 56 da Lei Complementar nº 35/1979, o Conselho Nacional da Magistratura poderá determinar a aposentadoria, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço, do magistrado que:For manifestamente negligente no cumprimento dos deveres do cargo;
Tenha procedimentos incompatíveis com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções;
Possua capacidade de trabalho escassa ou insuficiente;
Tenha proceder funcional incompatível com o bom desempenho das atividades do Poder Judiciário.
Quando ocorre a aposentadoria compulsória?

A aposentadoria compulsória pode ocorrer em razão de critério etário ou decorrente de punição disciplinar.

Nesse sentido, a aposentadoria compulsória etária está disposta no art. 3º da Lei 4.493/67, observe:

“Tratando-se de aposentadoria compulsória pelo fato de o magistrado atingir a idade de 70 anos (art. 191, nº II, da Constituição), o Presidente do Tribunal, à falta de requerimento do interessado, quarenta dias antes da data em que o magistrado completar aquela idade, baixará portaria para que se instaure o processo ex officio, fazendo-se a prova da idade pela certidão de nascimento ou pela matrícula do magistrado.”

Já a disciplinar, decorre dos art. 28 e art. 42, V, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Lei Complementar nº 35/1979).
Controvérsias acerca da aposentadoria compulsória de juízes

Conforme ressalta a prof. Fernanda Marinela:

“As decisões do CNJ têm natureza administrativa e por isso a sanção disciplinar aplicada por ele não poderá em hipótese alguma violar a vitaliciedade. Portanto, a aposentadoria compulsória seria a pena mais grave a ser aplicada pelo órgão. Afinal, a pena de demissão prevista na Lei Complementar 35 só pode ser aplicada administrativamente aos magistrados que ainda não tiverem adquirido a vitaliciedade.”

Ela prossegue explicando que, “por razões óbvias, e, infelizmente, pelo grande número de magistrados envolvidos em escândalos, a aposentadoria compulsória, cada vez mais aplicada pelo CNJ, vem sendo alvo de inúmeras críticas.”

No contexto descrito pela professora, a Proposta de Emenda Constitucional que tramita no Senado Federal desde 2003 (PEC n. 89/03) volta a ser ponto de discussão.

A proposta pretende dar nova redação aos artigos 93 e 95 da Constituição. Foi incluído no art. 93 o inciso VIII-A com o seguinte teor: “o ato de aposentadoria dos magistrados não terá caráter disciplinar”. A inclusão do parágrafo 2º ao artigo 95 permitiria que o magistrado pudesse perder o cargo por decisão do tribunal a que estiver vinculado, tomada pelo voto de dois terços de seus membros, nos casos de:Infração do disposto no parágrafo anterior;
Procedimento incompatível com o decoro de suas funções; e
Recebimento de auxílio ou contribuições de pessoas ou entidades, ressalvadas as exceções previstas em lei.

Discute-se que a mudança não estaria violando a garantia à vitaliciedade, e, por conseguinte, a independência funcional e autonomia do Judiciário. Isso porque quem aplica a pena é o próprio Poder Judiciário, não havendo, portanto, qualquer interferência na sua independência e, mais especificamente, na atuação do próprio magistrado.

Conforme explica a professora Fernanda, a proposta ainda precisa ser analisada, inclusive quanto à necessidade de deixar mais clara a questão da competência do CNJ nestes casos.

“No entanto, é certo que o fim da aposentadoria compulsória e alterações quanto à punição de magistrado são medidas que devem estar na pauta do Congresso Nacional com maior urgência. Afinal, não podemos corroborar com a impunidade em nenhum dos poderes nem muito menos considerar a aposentadoria compulsória como sanção ou punição. A permanência da aposentadoria compulsória como suposta penalidade é realmente absurda, principalmente quando se analisa os custos aos cofres públicos já que juízes corruptos e criminosos, mesmo sendo afastados de suas funções, continuam sendo “sustentados” pelo contribuinte.”

A esse respeito, o professor Ives Gandra da Silva Martins também assevera, em seu livro O Controle Disciplinar da Magistratura e o perfil ético do magistrado:

“A difícil tarefa de enquadrar o descumprimento dos preceitos da Lei Orgânica da Magistratura e dos Códigos de Ética Judicial nas penalidades passíveis de aplicação aos magistrados decorre do fato de que a norma, em matéria disciplinar, deixa uma margem de discricionariedade muito ampla ao julgador, uma vez que não relaciona condutas a sanções, à exceção do art. 56 da Lei Complementar n. 35/79, e, mesmo assim, de forma muito genérica.

E mais. A crítica maior que se tem feito à LOMAN, em matéria de penas disciplinares, é restringir a demissão aos casos de prática de crime apurado em processo penal, exercício de duplicidade de função, à exceção de magistério, ou recebimento de percentual ou custas dos processos que julgar (art. 26), o que deixa à instância disciplinar, nos processos administrativos, a pena de aposentadoria compulsória como penalidade máxima a ser aplicada.

Ora, não é raro ouvir de pessoas não ligadas à área jurídica, quando têm notícia da aposentadoria compulsória de magistrado corrupto, o comentário depreciativo: “premiaram o ladrão com uma polpuda aposentadoria!” E não se deixa de ter razão. Se, por um lado, se “afasta a raposa do galinheiro”, por outro, a recuperação das vantagens desviadas ou recebidas indevidamente só se faz em processo civil e a efetiva punição do juiz corrupto só se consegue no processo penal, ambos raramente intentados. Daí a discussão, no projeto de novo Estatuto Orgânico da Magistratura, da introdução de penas mais duras para combater a corrupção no Judiciário, pela ampliação das hipóteses de perda do cargo.” (destaques nossos)
Custos com subsídios dos ministros

Na opinião da professora Marinela, a manutenção na percepção dos vencimentos revela-se muito mais um prêmio do que uma punição. Reitere-se que mesmo tendo sido punido por infração gravíssima, o juiz aposentado poderá iniciar uma nova profissão com uma “poupança” paga pelos brasileiros, algo inadmissível e até imoral.

Segundo dados publicados em dezembro de 2016 no site UOL, os valores gastos com os 48 magistrados condenados pelo CNJ com a sanção de aposentadoria compulsória daria para pagar durante três anos os salários dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os custos com os subsídios dos ministros chegam a R$5 milhões por ano entre vencimentos e impostos. Em valores líquidos, após o desconto de impostos, a folha salarial deles cai para R$3,2 milhões por ano. A remuneração dos magistrados punidos pelo CNJ fica em R$11,8 milhões anuais.
Discussão legislativa sobre a aposentadoria compulsória de juízes

Em seguida, confira as principais discussões legislativas acerca do tema da aposentadoria compulsória de juízes:

Projeto de Lei Complementar 277/20

Corria na Câmara dos deputados o Projeto de Lei Complementar (PL) 277/20, atualmente sustado. O referido PL busca alterar a Lei Orgânica da Magistratura Nacional para extinguir a possibilidade de aposentadoria compulsória para magistrados que cometem falhas graves.

Além disso, o texto também amplia as possibilidades de demissão de juízes por faltas disciplinares severas, estipulando a possibilidade de perda de cargo para magistrados, mesmo vitalícios, que:Forem negligentes no cumprimento dos deveres da função;
Adotem procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro;
Apresentem capacidade de trabalho incompatível com o bom desempenho das atividades do Poder Judiciário.

Desta forma, a partir da aprovação do projeto, as hipóteses anteriormente compreendidas como ensejadoras de aposentadoria compulsória passam a ser abarcadas como hipóteses de demissão.

Atualmente, como vimos acima, a previsão de perda de cargo pode se dar por ação penal ou procedimento administrativo.

No caso de perda do cargo em decorrência de ação penal, é necessário que o magistrado tenha sido condenado por crime comum ou de responsabilidade, em sentença penal condenatória transitada em julgado.

O procedimento administrativo para a perda do cargo é apenas nas hipóteses de exercício de qualquer outra função (exceto magistério superior), recebimento de percentagens ou custas nos processos em que julga, ou exercício de atividade político-partidária.

O projeto de Lei vem em momento oportuno, pois a Reforma da Previdência (Emenda Constitucional 103) já havia retirado da Constituição a possibilidade de aposentadoria compulsória de juízes como forma de punição.

Desta forma, resta apenas alterar a Lei Complementar para extinção do uso da aposentadoria compulsória como punição, e é isto que o Projeto de Lei Complementar 277/20 busca concretizar.

A ementa do PL esclarece que a lei, se aprovada, altera a LC nº 35/1979, para revogar a pena disciplinar de aposentadoria compulsória e instituir a pena de demissão aos magistrados condenados pela prática de faltas disciplinares graves.

No entanto, o andamento do PL estava suspenso. Ele foi devolvido ao autor em 16/06/2021, por haver consideração de que a emenda violaria a separação de poderes.
Proposta de Emenda à Constituição

Existe, ainda, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 163/2012) que dá nova redação aos arts. 93, 95 e 103-B, da Constituição Federal, com o objetivo de proibir a concessão de aposentadoria compulsória, com salário proporcional ao tempo de serviço, que hoje é aplicável a juízes acusados de corrupção ou ofensas à moralidade administrativa como instância disciplinar.

Em junho, esta PEC foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. O relator afirmou que “Não há vício de inconstitucionalidade formal ou material na proposta, bem como foram atendidos os pressupostos constitucionais e regimentais para sua apresentação e apreciação”.

O próximo passo do procedimento legislativo é que a PEC seja analisada por uma comissão especial, que deverá avaliar o mérito da proposta para posterior votação em Plenário na Câmara dos Deputados.

Na exposição de motivos PEC 163/2012, constam as seguintes motivações para a proposta:Enorme desgaste provocado pelas denúncias envolvendo magistrados, constatação embasada por dados da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, que afirma que 15 dos 27 presidentes dos Tribunais de Justiça e 18 de seus 28 corregedores estão sendo investigados ou tiveram processos arquivados no Conselho. Na justiça federal, dois presidentes e três corregedores de Tribunais Regionais Federais respondem ou responderam a processos perante o CNJ;
Escândalo e perplexidade o fato de que aquele que usurpou de suas competências, desonrou o Poder Judiciário, e promoveu o descrédito da Justiça, seja agraciado com a concessão, à guisa de punição, de um benefício pecuniário, suportado por toda a sociedade;
À magistratura são conferidas garantias e prerrogativas especialíssimas, visando assegurar-lhes a independência e a imparcialidade necessárias para a justiça da prestação jurisdicional. (…) Se tais garantias são indispensáveis e indisponíveis, por outro lado, cumpre reconhecer que não se devem prestar a dar guarida a atividades ilícitas ou ofensivas ao princípio da moralidade, especialmente quando perpetradas por aqueles aos quais é confiado o mister de dizer o direito e distribuir a justiça. A alteração aqui proposta objetiva a garantia da vitaliciedade conformação jurídica adequada aos princípios do Estado Democrático de Direito.

Após a montagem da comissão temporária especial de análise, a PEC 163/2012 prosseguirá o curso do processo legislativo.

Aposentadoria Compulsória: punição ou prêmio?

A partir dos dados dos gastos do poder público com os juízes compulsoriamente aposentados, a professora Fernanda Marinela afirma, assertivamente, que é inconcebível mantermos essa situação. Veja:

“Defendemos a independência funcional dos magistrados e as garantias para que a função jurisdicional seja desempenhada sem qualquer interferência de qualquer poder. Mas não podemos aceitar que aqueles que descumpriram com o dever de prezar pela Constituição Federal, ao invés de serem severamente punidos, sejam agraciados com um “salário” mensal pelos atos desleais praticados.”

Como qualquer outro agente público, é dever do juiz respeitar a moralidade, podendo agir em consonância com a probidade administrativa. Como qualquer outro agente público, a penalização do magistrado é decorrente de um processo administrativo disciplinar, garantido a ampla defesa e contraditório. Como qualquer outro agente público, deve ser responsabilizado no âmbito cível, penal e administrativo.

E, em nenhuma destas situações, há violação à sua autonomia, à sua independência funcional ou mesmo interferência de um poder sobre o outro, já que é o próprio Judiciário quem julgará seus membros.

“A legislação sobre a matéria (seja a própria Constituição ou mesmo a Lei Orgânica da Magistratura) necessita urgentemente de reforma, não podendo prosperar a impunidade no âmbito do poder que tem por função precípua proteger a Constituição Federal. A aplicação de verdadeiras sanções a magistrados infringentes, desligando-os da função jurisdicional sem percepção de qualquer subsídio, nos casos em que restar comprovado o cometimento de falta grave no exercício de suas funções, é fundamental. É uma medida para que realmente possamos acreditar que o Brasil pretende seguir em frente no combate à corrupção para efetivamente sermos uma sociedade mais justa, livre e solidária” , conclui Fernanda.



sexta-feira, 17 de março de 2023

A era do smartphone chega ao fim: a lente de contato inteligente já é uma realidade

Dispositivo oferece um "sistema de realidade aumentada que pode fornecer acesso discreto às informações de que você precisa ao longo do dia"

POR HISTORY CHANNEL BRASIL 


A companhia Mojo Vision anunciou que a primeira lente de contato inteligente já está em funcionamento. Os fabricantes afirmam que o Mojo Lens oferece um "sistema de realidade aumentada que pode fornecer acesso discreto às informações de que você precisa ao longo do dia". Segundo especialistas, esse dispositivo é a mais séria ameaça ao reinado dos smartphones.

Rastreamento ocular

O Mojo Lens é controlado por meio de uma interface intuitiva baseada em rastreamento ocular que permite aos usuários acessar conteúdo e selecionar itens apenas usando o movimento natural dos olhos. As lentes inteligentes possuem uma tela MicroLED com resolução de 14 mil pontos por polegada. Medindo menos de 0,5 mm de diâmetro, trata-se da menor e mais densa tela do mundo já criada para conteúdo dinâmico.

A primeira pessoa a usar as lentes foi o CEO da empresa, Drew Perkins. “O futuro já está aqui. Eu o vi. Eu o usei. Funciona” disse ele. “Tudo aconteceu nos laboratórios da Mojo Vision, em Saratoga, Califórnia, em 23 de junho de 2022, e foi a primeira demonstração ocular de uma lente de contato inteligente de Realidade Aumentada completa”, afirmou.

Ainda não há previsão para comercialização do aparelho. Após as fases de testes, a empresa enviará uma solicitação de aprovação aos órgãos reguladores dos Estados Unidos para que as lentes cheguem ao mercado. Enquanto isso, a empresa está trabalhando com desenvolvedores de aplicativos para criar funcionalidades para o dispositivo quando ele for lançado.

Operação Habeas Pater': saiba quem são desembargador do DF e filho envolvidos em investigação da PF


Pai e filho podem pegar até 12 anos de prisão por supostos crimes de corrupção ativa e passiva. Em nota, gabinete de Cândido Ribeiro disse que juiz não tem nada a declarar; g1 tenta contato com Ravik Ribeiro.


Por Fábio Amato e Iana Caramori, TV Globo
14/03/2023 09h31 Atualizado há 2 dias


Advogado Ribeiro e o pai, o desembargador do TRF-1 Cândido Ribeiro — Foto: OAB e TRF-1/Reprodução

O desembargador federal Cândido Ribeiro, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, e o filho, o advogado Ravik de Barros Bello Ribeiro, são investigados na "Operação Habeas Pater", deflagrada nesta terça-feira (14) pela Polícia Federal.

O magistrado é suspeito de vender sentenças judiciais a traficantes. O g1 tentou entrar em contato com Ravik, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria. Em nota, o gabinete de Cândido Ribeiro disse que a operação corre em sigilo e que o desembargador não tem nada a declarar.
Cândido Ribeiro é natural de São Luís, no Maranhão, e foi nomeado juiz do TRF-1 em 1996, "após ter sido indicado, em lista tríplice, por merecimento", de acordo com o site do tribunal. Entre 2014 e 2016, foi presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Ravik é sócio de um escritório de advocacia na capital. De acordo com o site do escritório, o advogado tem inscrições ativas no DF, Rio de Janeiro e Maranhão. Foi servidor concursado do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS; trabalhou como assistente Parlamentar no Senado; e foi representante do governo no Conselho de Recursos da Previdência Social.
A operação policial desta terça-feira combate possíveis crimes de corrupção ativa e passiva, e cumpre nove mandados de busca e apreensão, determinados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Pai e filho podem responder pelos crimes citados acima e, se condenados, ficar presos por até 12 anos.

Operação Flight Level 2

Ravik e Cândido são suspeitos de ligação com investigados da "Operação Flight Level 2", deflagrada pela PF também nesta terça. Os mandados são cumpridos em Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina.

De acordo com as investigações, os suspeitos na primeira fase da operação seriam uma “célula” de uma organização criminosa maior voltada ao tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e crimes financeiros.

Foram identificadas compras de imóveis, veículos de luxo, joias e criptoativos sem que os rendimentos declarados fossem sOs suspeitos poderão responder pelos crimes de tráfico de drogas, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro com penas que, somadas, podem chegar a 38 anos de prisão.

CAVERNA DE PLATÃO: A ÁRDUA JORNADA EM BUSCA DO CONHECIMENTO PLENO

Descrito no capítulo 6 do livro A República, originalmente por Platão no século IV a.C., o "mito da caverna" foi registrado como um dos pilares da filosofia antiga, entregando as bases para a evolução da história humana e sua relação com a importância de se obter conhecimento. Através de um diálogo entre Glauco e Sócrates, o autor revela as projeções distorcidas pelo aprisionamento, de forma a mostrar ao homem apenas o que seus olhos são capazes — ou querem — enxergar.

(Fonte: Shutterstock)

A alegoria da caverna usa a metáfora dos prisioneiros acorrentados no escuro para explicar as dificuldades de alcançar e manter um espírito justo e intelectual, baseando-se em condutas e conjunturas sociais. Como resultado, pessoas presas na caverna tendem a confundir o conhecimento sensorial com a verdade, estabelecendo convicções muitas vezes equivocadas sobre uma realidade que difere significativamente do que de fato ocorre no mundo exterior.

Durante a conversa, Sócrates pede para Glauco imaginar uma caverna subterrânea que contém presos acorrentados desde seu nascimento, capazes de observar apenas paredes. A única luz na sala seria uma pequena chama estrategicamente posicionada atrás dos prisioneiros e fora de suas vistas, que exibe apenas sombras de gestos, corpos e objetos projetados por pessoas que passam por uma passarela elevada, ao lado de sons inconclusivos e gritos representados por ecos abafados.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)

A partir disso, os prisioneiros passam a brincar de um jogo de adivinhação onde devem dar palpites sobre o que estaria por trás de cada uma das sombras; quem adivinhasse corretamente — baseado em critérios aleatórios e subjetivos — seria eleito como o mais inteligente do grupo e considerado "mestre da natureza".

Certo dia, um prisioneiro conseguiu escapar e foi capaz de ver, pela primeira vez na vida, a luz em si e o exterior. Após dias de exploração do mundo e de aquisição de conhecimento sobre a vida para além da caverna, quando aceita enfrentar uma jornada intelectual para alcançar a verdade, o fugitivo retorna para sua antiga clausura e decide contar o que aprendeu para seus colegas, mas é desacreditado por todos e passa a ser ameaçado de morte caso não os liberte.
A metáfora por trás da história

A caverna de Platão surge como uma poderosa metáfora sobre a aquisição e compartilhamento de conhecimento, já que ensina que a sabedoria individualizada em um único ser não corresponde ao alcance da verdade. Para isso, o narrador da história afirma que o prisioneiro liberto teve que retornar para as trevas — a caverna — para aplicar a bondade e justiça, espalhando a representação do mundo identificada no meio exterior mesmo que não seja bem aceita pelas pessoas "aprisionadas".

Na tese de Platão, a caverna representaria o corpo humano, fonte de engano e dúvida que se restringe ao conhecimento relacionado apenas ao que é visto ou escutado, resultando na ignorância. Enquanto isso, as sombras seriam as percepções daqueles que acreditam que as evidências empíricas são os únicos fundamentos de um conhecimento genuíno; se você acredita que o que vê deve ser considerado verdade, então você está apenas vendo uma sombra da verdade.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)

Em relação às ações, o jogo seria uma espécie de ferramenta de admiração de um mestre que joga verdades sem justificativa, baseadas apenas em suas próprias experiências e em achismos. Já a fuga da caverna indicaria o ofício real de um filósofo em si, com o Sol — a iluminação natural — sendo a verdade e o mundo das ideias, para além do empirismo, e a jornada como a busca pela sabedoria.
Assim, Platão sugere que os seres humanos atravessem um árduo e doloroso caminho em busca da iluminação, passando pelo estágio da prisão da caverna (mundo imaginário) para escapar das correntes (mundo real), encontrar o exterior (mundo das ideias) e retornar para ajudar os outros com os novos conhecimentos.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Túmulo de Lázaro Barbosa é violado em Cocalzinho de Goiá


Apontado como assassino de uma famlia, Lázaro foi morto pela polícia após dias de perseguição, em 2021. Polícia investiga o caso.

g1 Goiás


Túmulo de Lázaro Barbosa é violado em Cocalzinho de Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil
O túmulo de Lázaro Barbosa, que passou 20 dias fugindo da polícia depois de ter matado uma família no Distrito Federal em junho de 2021, foi violado em Cocalzinho de Goiás, no noroeste do estado, nesta quarta-feira (15). Inicialmente, a polícia suspeitou que tivessem levado o crânio durante a violação, mas após perícia viu-se que o corpo estava intacto.

De acordo com o delegado Rafhael Barboza, a violação do túmulo foi denunciada à polícia pelo coveiro do cemitério local. A polícia não divulgou se o crime foi realizado por uma única pessoa ou por um grupo de pessoas.

Os nomes dos possíveis suspeitos, que devem responder pelos crimes de violação de sepultura e subtração de cadáver, também não foi divulgado pela polícia, por isso, o g1 não conseguiu localizar a defesa deles para um posicionamento

A Prefeitura de Cocalzinho, responsável pelo cemitério, foi procurada, mas não havia respondido até a última atualização desta reportagem.

VÍDEO: Lázaro Barbosa é levado para ambulância após ser capturado

Crimes e buscas por Lázaro Barbosa

Segundo as investigações, Lázaro, que tinha 32 anos, matou quatro pessoas de uma família em Ceilândia no dia 9 de junho de 2021. Ele fugiu para Cocalzinho de Goiás em um carro roubado.
 Desde então, ficava escondido na mata. A polícia disse que durante esse período, ele recebeu ajuda de familiares e um fazendeiro.

A Polícia Civil divulgou que concluiu todos os casos em que ele era investigado e eles foram arquivados. As buscas envolveram uma força-tarefa com mais de 200 agentes da segurança pública. A polícia divulgou que o fugitivo era suspeito de mais de 30 crimes em Goiás, Bahia e Distrito Federal. Entre eles estavam homicídio, estupro e roubo.

Durante as buscas a Lázaro, policias chegaram a trocar tiros com ele. Uma família foi feita refém e resgatada sem ferimentos da mata. No dia 28, após uma longa operação, ele entrou novamente em confronto com policiais em Águas Lindas de Goiás e acabou morrendo baleado.

Um vídeo mostra quando Lázaro chega em um carro da polícia à base da operação, em Cocalzinho de Goiás, é carregado até uma ambulância dos bombeiros e levado ao hospital (veja acima). Os militares comemoram o fim da operação.

Buscas por Lázaro Barbosa são feitas por mais de 200 policiais do DF e Goiás — Foto: TV Globo / Reprodução

Apoio ao fugitivo

O então secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, chegou a dizer que Lázaro agir como um jagunço para fazendeiros da região. A polícia também afirmou que havia uma organização criminosa agindo na região, com pessoas importantes, como empresários, fazendeiros e políticos. Porém, a polícia não conseguiu comprovar a existência desse grupo organizado ligado aos crimes cometidos por Lázaro.

Porém, durante a fuga, a polícia identificou uma rede de ajuda ao fugitivo. O grupo era composto pela ex-mulher dele, a mãe dela, a viúva de Lázaro e por um fazendeiro.

Elas tiveram contato com o procurado dias antes dele ser encontrado pela polícia e não o denunciaram. Elas falaram com ele pessoalmente ou por telefone, inclusive no dia do cerco final, horas antes dele ser baleado e morto.

Já o fazendeiro Elmi Caetano, de 74 anos, chegou a ser preso por abrigar Lázaro em sua fazenda, dando comida e local para que ele dormisse. Além disso, segundo as investigações, ele deu informações falsas à polícia para atrapalhar a operação. O fazendeiro morreu em março desse ano, vítima de câncer.

quinta-feira, 9 de março de 2023

Sete traços psicológicos do narcisismo que um narcisista nunca admitiria

Aprenda a detectar quando o egocentrismo e a manipulação são fruto de uma personalidade patológica



KRISTIN SULENG
23 DIC 2018 - 17:51 BRST


Não fazer terapia nem ter passado pela consulta de um psicólogo não significa que você não tenha uma personalidade narcisista, totalmente patológica. Afinal, onde você encontraria um profissional do seu nível? “Em alguns casos, quando os narcisistas aceitam ir à terapia, a primeira premissa é que o profissional esteja à altura de suas expectativas, tem que ser de reconhecido prestígio e estar altamente capacitado para atendê-lo”, afirma o psicólogo José Elías Fernández. Ou o que é quase pior: talvez haja um narcisista por perto, tornando sua vida impossível, sem que você consiga imaginar qual é a causa de seus delírios.

Nesse caso, até que não aprenda a desenvolver a inteligência emocional, consiga controlar seus sentimentos e os dos demais, reconheça suas qualidades e capacidade em sua justa medida, aceite as críticas, desenvolva a autoestima e tenha objetivos realistas, mais vale ficar de olho. Os narcisistas podem ser muito tóxicos. Mas será mais difícil para eles se esconder se você conhecer todos os traços de uma personalidade narcisista que os psicólogos detalharam para que você não baixe a guarda.

Os narcisistas são arrogantes e prepotentes, mas não por acaso. Acreditam-se únicos, especiais e donos e senhores de uma existência maravilhosa que está muito longe da que os demais poderiam sequer imaginar. “Esse conceito grandioso de sua personalidade e de sua vida os leva a pensar que não podem se relacionar com qualquer um, que devem procurar pessoas de sua categoria”,explica Fernández, membro do Colégio de Psicólogos de Madri. “Por isso a maioria das pessoas significa pouco para eles”, acrescenta.

Curiosamente, têm consciência de seus defeitos, e alguns até sabem que exageram suas habilidades para muito além da realidade. “Por isso precisam ser admirados constantemente”, afirma Fernández. O ruim é que, em seu afã por sobressaírem-se, exageram suas conquistas a um limite tão estratosférico que se tornam pessoas insuportavelmente competitivas. “São os únicos que conseguem triunfos na vida (outros conseguem e não sabem), os demais não estão a sua altura, e se fixam no negativo das pessoas à sua volta” para se destacarem em comparação, afirma o psicólogo.

Também acreditam que suas experiências têm mais valor do que a dos demais, e sentem que devem ser o exemplo para aqueles que os rodeiam. Não fazem isso para dar conselhos, mas para ser o centro do discurso. Isso faz suas relações sociais se deteriorarem e então precisam de novos contatos que os admirem, ainda que, com o tempo, modulem o discurso para assumir que geram rejeição.

O mundo dos narcisistas é pequeno, limita-se ao que pensam e fazem, em sua cabeça só cabem ecos de seus próprios pensamentos. “Não ouvem os outros porque nada lhes importa. A avidez por admiração os leva a crer que tudo em sua vida é excepcional, não existem fatos normais, sua existência é maravilhosa, cheia de triunfos e notoriedade”, descreve Fernández.

No entanto, em suas relações pessoais e sociais impera a inveja, tanto que a sentem pelas conquistas alheias como pela que acreditam que os outros têm por suas conquistas. A cautela é a norma se um narcisista se aproxima de você, pois se precisam apoiar-se em seus colegas para sobressair, não duvidarão em fazê-lo. A mentira é uma das muletas dos narcisistas, mas suas histórias são distantes, difíceis de confirmar

São os piores companheiros que se pode ter porque sua falta de receptividade os torna incapazes de ajudar os outros. “Em situações como viagens, quando se faz com alguém que não se conhece bem, é preciso tomar cuidado porque a personalidade aflora. As narcisistas podem aparecer a qualquer momento”, adverte o especialista.

Sucesso ilimitado, essa fantasia que os acompanha
Criar uma realidade paralela também é um dos traços indicativos dos narcisistas. “A maior parte do tempo não vivem na realidade. Seus conceitos errados sobre suas capacidades os colocam em um mundo de fantasias e de poder sobre os demais. A única coisa que fazem, com a esperança de alcançar o sucesso a todo custo, é enganar a eles mesmos e aos demais”, reflete Fernández.

As pessoas narcisistas só conseguem alcançar o objetivo com uma imaginação excessiva. “Costumam mentir. Um clássico é que te falem de coisas distantes que você nunca poderá comprovar, mas quanto mais enganam a si mesmos, mais acreditam naquilo. Com sua fantasia ilimitada exageram e rentabilizam o que é bom, que em boa parte pegaram de outros”, destaca o psicólogo. Todos mentimos, mas não mais de duas vezes por dia: o número determina quando poderia ser um problema. Sem dúvida, não lhes dê ouvidos se colocarem a culpa em você; na vida do narcisista o fracasso sempre pertence ao mundo exterior.

Escondem suas emoções, sobretudo sua vulnerabilidade
“Se alguém próximo a um narcisista está passando um mau momento, não dará a menor importância. Mas quando eles se sentem mal querem que os demais lhes deem seu apoio”,explica Fernández. Seu problema é que pretendem se colocar no centro de gravidade de suas relações, mas são despojados de empatia, e isso os impede de se colocar no lugar dos outros. Mas costumam ser vulneráveis.

O que acontece é que os narcisistas sentem a necessidade de esconder seus defeitos a todo custo, e conseguem transformar sua insegurança em uma falsa fortaleza cujo objetivo é que ninguém possa prejudicá-los. “Para conseguir não demonstrar sua vulnerabilidade, farão tudo que for necessário, como falar demais, mudar de assunto, menosprezar os demais, apontar seus defeitos... tudo com o propósito de não se mostrarem frágeis”, reforça.

São viciados em controle... e não só nisso
Os narcisistas não conseguem manter as mãos longe do timão. “Querem que ninguém consiga revelar sua insegurança e sua falta de autoestima”, e por isso tentam de qualquer forma levar toda situação para seu terreno, destaca Fernández.

Costuma-se dizer que as redes sociais são um campo perfeito para o narcisismo, mas a afirmação não é totalmente correta. O caráter visual e estético dessas plataformas pode intensificar sua conduta, mas não é um lugar confortável para eles porque é um mundo que não podem controlar. “Sua personalidade não tolera críticas, e por fim saem da rede social porque não aguentam”, acrescenta o psicólogo clínico Jorge Barraca. Além disso, são incapazes de assumir a realidade crua, que os selfies publicados nas redes não interessam a ninguém. Ao contrário do que se pensa, os narcisistas fogem das redes sociais porque não têm controle sobre elas

Uma via frequente para compensar os sentimentos de dor e frustração são os vícios, seja por compras, álcool, outras drogas, esporte, sexo ou jogo. “O vício, que interfere em sua vida pessoal, profissional e social, se relaciona com a necessidade de sentir euforia constantemente e aplacar o mal-estar, pois a pessoa narcisista não consegue aceitar que em sua vida haja dor, sente intolerância ao apagamento e à tristeza”, explica Barraca.

Se fizerem com você, será seu marionete
Se olhássemos os contatos da agenda de um narcisista, aponta o psicólogo clínico Barraca, veríamos que o critério para classificá-los distingue quem pode servi-los e quem não. “Os narcisistas costumam se aproveitar dos outros. Fazem isso, por exemplo, com pessoas bem posicionadas para ganhar sua confiança. Isso costuma acontecer muito na política. Lançam mão de assessores que os ajudam a ascender e se apropriam dos acertos de quem os rodeia para subir”, descreve o profissional.

Isso porque os narcisistas dominam a sutil arte de levar para seu campo tanto as pessoas como as situações, impedindo o livre fluir dos acontecimentos. Sempre estão vigiando, prestes a reconduzir quem tente dizer ou fazer algo que não gostam, ou que não lhes permita manifestar sua grandiosidade e poder frente aos demais. Amigos desse tipo só trazem problemas, todos os dias, pois sempre se colocam acima de você, constantemente querem rebaixá-lo e tentam fazê-lo servir a seus propósitos

Um narcisista nunca se identifica como tal
Se depois de ler todas essas características você acredita que o melhor a fazer é marcar uma consulta no psicólogo mais caro de sua agenda, pode ficar tranquilo. Um verdadeiro narcisista nunca se identificará com esses traços. “Para a pessoa narcisista, as aspirações nunca são desmedidas. Se são o centro das atenções, é porque merecem. Para essas pessoas é ridículo tentar identificar-se com esses pontos”, afirma Barranco.

quarta-feira, 8 de março de 2023

Exclusivo: vídeo mostra momento em que enviado de Bolsonaro tenta retirar joias do Aeroporto de Garulhos


'Isso aqui faz parte da passagem. Não pode ter nada do antigo para o próximo', argumentou o sargento da Marinha enviado pela Presidência da República.

Por Andréia Sadi e Arthur Guimarães — São Paulo

08/03/2023 

Video mostra tentativa do governo Bolsonaro de pegar joias apreendidas na Receita Federal em Guarulhos — Foto: Reprodução/GloboNews

Um vídeo obtido com exclusividade pelo blog mostra o momento em que um enviado do então presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta pegar o conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos (SP) (veja a sequência de vídeos abaixo).

As joias – um colar, anel, relógio e um par brincos de diamantes da marca de luxo suíça Chopard – foram apreendidas em 26 de outubro de 2021 na mala de um integrante de uma comitiva do governo Bolsonaro que foi à Arábia Saudita.

Na ocasião, o então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque – que integrava a comitiva – tentou reaver as joias, mas sem sucesso. Os itens, então, permaneceram na alfândega da Receita Federal.

Em 28 de dezembro de 2022 – às vésperas do fim do governo e um dia antes de o então presidente da República embarcar para os Estados Unidos – o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva foi enviado em voo oficial pelo gabinete de Bolsonaro ao Aeroporto de Guarulhos para pegar as joias.

A operação não deu certo. As joias permaneceram apreendidas na Receita Federal.

Veja, abaixo, trechos do vídeo e a transcrição das conversas.

TRECHO 1: Sargento mostra ofício de braço-direito de Bolsonaro


Exclusivo: vídeo mostra tentativa do governo Bolsonaro de liberar joias sauditas

O sargento Jairo chega ao aeroporto de Guarulhos e mostra ao auditor um ofício enviado pelo tenente-coronel Mauro Cid, braço-direito de Bolsonaro, ao chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes (como o blog mostrou, Gomes Vieira pediu aos funcionários do órgão que atendessem o pedido.)

Jairo: Opa! Como vai?

Auditor: Como vai, tudo bom?

Jairo: Boa tarde, desculpa incomodar.

Auditor: Nada! tudo bom?

Jairo: (se apresenta) Jairo, como vai?

Auditor: Prazer.

Jairo: Deixa eu pegar aqui no celular...em cima da hora, correria!

Auditor: Então, não tá...não sei...deixa eu dar uma olhada

Jairo: (aponta para o celular e entrega para o auditor): Achei que entraram em contato.

Auditor: (com o cel do Jairo na mão, lendo) Ao senhor Julio Cesar (...)

TRECHO 2: Sargento tenta por braço-direito de Bolsonaro ao telefone com auditor


Vídeos mostram tentativa do governo Bolsonaro de liberar joias sauditas na Receita

Jairo fala com o braço-direito de Bolsonaro, Mauro Cid, ao telefone, e tenta passar o telefone ao auditor, que recusa.

Jairo: Coronel, eu to aqui na alfândega aqui já. Estou falando com o supervisor deles aqui. Quer falar com ele? Ele falou que não está ciente aqui do que se trata. Posso passar aqui para ele?

Auditor: (faz o sinal de negativo com o dedo para Jairo): eu não posso falar no celular.

TRECHO 3: 'É de urgência', diz sargento

Vídeos mostram tentativa do governo Bolsonaro de liberar joias sauditas na Receita

O auditor da Receita explica que a liberação itens apreendidos pela Receita depende de um Ato de Destinação de Mercadoria (ADM). Jairo argumenta que está "na correria" e que o caso é de "urgência".

Auditor: Entendeu? Existe uma necessária para essa incorporação aí, que é o ADM.

Jairo: É que tô na correria, cara. Passagem de comando, como se diz, né, um entrando, outro saindo

Auditor: Você não mora em Brasília? Chegou agora de Brasília?

JAIRO - TÔ chegando agora. Vim direto para cá.

AUDITOR - Então assim, esse ADM - que seria para incorporação - seria necessário, não tem. Não tenho conhecimento também dessa liberação. Não sei onde estaria, talvez no cofre, mas eu não tenho acesso, então... Não sei se teve algum atropelo, assessoria, alguma coisa muito de urgência...

Jairo: Não, é de urgência, com certeza.

TRECHO 4: Sargento alega que ' tem que tirar tudo' antes do fim do governo

Vídeos mostram tentativa do governo Bolsonaro de liberar joias sauditas na Receita

O sargento tenta argumentar que a retirada das joias é um passo burocrático decorrente da transição do governo Bolsonaro para o governo Lula (PT), que ocorreria dias depois (a apreensão havia ocorrido mais de 1 ano antes, em 26 de outubro de 2021). O argumento não foi aceito pelos auditores, e as joias permaneceram apreendidas na Receita.

Auditor: Mas o clima lá está tranquilo?

Jairo: O clima em Brasília está sempre tranquilo, cara, por incrível que pareça. Assim, tá pegando fogo no Brasil todo, ahhhh, lá está tranquilo.

Auditor: Está tranquilo? Não tem erro, nada que...

Jairo: Não. Tudo correndo normal. Assim, lá fora o pessoal gritando e a gente fazendo o que tem que fazer, passagem normal. Tanto que isso aqui faz parte da passagem, não pode ter nada do antigo para o próximo. Tem que tirar tudo, tem que levar. Não pode, é burocrático, é burocracia.

Este post está em atualização.

TRECHO 5: Sargento diz que documento para liberação está sendo providenciado
Vídeos mostram tentativa do governo Bolsonaro de liberar joias sauditas na Receita

Jairo diz que o ato de destinação de mercadoria (ADM) está sendo providenciado e pede para o auditor que o está atendendo ligue para outro funcionário da Receita.

Auditor: A questão é a seguinte. Independente de eu ter, de onde esteja, tem que ter o ato de destinação de mercadoria porque é uma incorporação. Não tendo, não teria nem como liberar. Nem eu pudesse, não teria como liberar. Não estou sabendo

Jairo: Alô... Ele falou que não pode atender o celular, mesmo que ele quisesse não poderia liberar, porque não tem um...

Auditor: Um ADM, ADM

Jairo: Um ADM
(...)

Jairo: Ele falou para o senhor ligar para o Fabiano, o Fabiano está ciente. A ADM já está sendo feita e ele vai assinar daqui a pouquinho. E tu conhece: é em cima da hora mesmo.
(...)
Jairo: A AM está sendo providenciada já

Auditor: Aham

Jairo: Está sendo providenciada a ADM. Ele falou que ele via assinar

Auditor: Então vamos aguardar. Essa ADM se ela for providenciada e ele mandar. Eu não vou ligar para o (diz o nome de outro funcionário da Receita) porque, assim, eu não tenho acesso direto ao (diz o nome novamente). (Diz o nome mais uma vez) Está na superintendência. Ele não é da alfândega aqui de Guarulhos. Entendeu? Ele tá como superintendente-adjunto de aduana lá na superintendência, com isso ele ficou como delegado aqui muito tempo. Então vamos aguardar.

segunda-feira, 6 de março de 2023

Pedrinho Matador foi morto a tiros e teve o pescoço cortado, diz boletim de ocorrência

Segundo o boletim de ocorrência, o caso foi registrado como homicídio qualificado. Até o momento, ninguém foi preso.

Por Rubens Guilherme Santos, g1 Mogi das Cruzes e Suzano


Pedrinho Matador em entrevista a podcast — Foto: Reprodução/YouTube

Pedro Rodrigues Filho, o Pedrinho Matador, foi assassinado a tiros e teve o pescoço cortado, de acordo com o boletim de ocorrência. O assassino em série, de 68 anos, foi morto na calçada em frente à casa de familiares na manhã deste domingo (5), em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.

Segundo o boletim de ocorrência, policiais militares foram acionados após serem informados de disparos de arma de fogo na Rua José Rodrigues da Costa, no bairro Ponte Grande, que uma pessoa teria sido atingida e que os suspeitos teriam fugido em um carro preto. Em outro chamado, a PM foi informada que o veículo teria entrado na Estrada da Cruz do Século. Os policiais foram até o local e encontraram o carro abandonado, com munição de pistola aparentemente intacta no assoalho.

De acordo com depoimento de uma familiar à polícia, por volta das 8h30 deste domingo um carro preto trafegando na via. Mais tarde, às 9h50, Pedrinho estava sentado em uma cadeira em frente à casa dela quando o mesmo veículo parou na rua e, então, duas pessoas, armadas, desceram do carro. Um dos homens, que utilizavam máscaras, teria dito "não é nada com você, não. Pega sua filha e entra para dentro".

'Pedrinho Matador' foi morto a tiros na manhã deste domingo (5), em Mogi das Cruzes — Foto: Basílio Magno/TV Diário

Na sequência, os dois efetuaram os disparos contra Pedrinho. Um dos suspeitos, com uma faca de cozinha, perfurou a garganta da vítima, que já estava caído. Após a ação, os criminosos voltaram para o carro e fugiram e uma outra pessoa surgiu no portão da casa gritando que havia chamado a polícia.


O celular de Pedrinho foi coletado pela equipe do Setor de Homicídios de Mogi das Cruzes. Já o carro encontrado pela PM e um galão encontrado próximo do veículo foram apreendidos.


Carro em que suspeitos de atirarem em Pedrinho Matador foi abandonado durante fuga — Foto: José Antonio de Assis/TV Diário

A Polícia Civil requisitou o Instituto de Criminalística e a perícia também foi encaminhada para o local. O caso foi registrado como homicídio qualificado. Até o momento, ninguém foi preso.

Histórico de crimes

Pedrinho Matador foi preso pela primeira vez em 1973 e passou 42 anos na cadeia. Em uma entrevista para a revista "Época", de 2003, Rodrigues Filho disse que teria matado mais de cem pessoas, incluindo crimes cometidos dentro do sistema prisional.

O g1 procurou o Tribunal de Justiça de São Paulo, que não informou, até a última atualização desta reportagem, por quantas mortes Rodrigues Filho foi condenado.

Rodrigues Filho cometeu o primeiro assassinato em Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, aos 14 anos de idade. Ele matou a tiros o então prefeito da cidade, que tinha demitido seu pai como vigia de um colégio municipal, e não parou mais.

Fantástico: Pedrinho Matador (1996)

"Simplesmente, sou um assassino, sempre fui", disse ele em uma entrevista ao Fantástico em 1996, quando estava havia quase 30 anos preso. Na ocasião, Rodrigues Filho estava havia dez anos na Casa de Detenção de Taubaté, isolado. Ele já tinha matado 40 pessoas dentro da cadeia.

Na entrevista ao Fantástico, Rodrigues Filho dizia não ter arrependimentos. Entre as suas tatuagens, imagens de punhais e a frase "mato por prazer".

Em 2018, já em liberdade, Rodrigues Filho criou um canal de Youtube. Ele também mantinha um perfil no TikTok. Em um dos vídeos, mostrou um livro em que conta a sua história. No registro mais recente, publicado neste sábado (4), ele aparece jogando sinuca em um bar com a localização de Mogi das Cruzes.

Morre o cartunista Paulo Caruso, aos 73 anos, em São Paulo


O artista, que atualmente participava do Roda Viva, estava internado na capital paulista
Por Da Redação 

O cartunista Paulo Caruso morreu aos 73 anos, em São Paulo - (TV Cultura/Divulgação)

O cartunista Paulo José Hespanha Caruso, conhecido como Paulo Caruso, morreu neste sábado, 4, aos 73 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospítal Nove de Julho, no centro da capital paulista, para tratar de um câncer no intestino.

Nascido na cidade de São Paulo em 6 de dezembro de 1949, Caruso era caricaturista, ilustrador, chargista e músico, Paulo José Hespanha Caruso tinha um irmão gêmeo, Chico Caruso, também cartunista.

Caruso trabalhou desde 1987 no Roda Viva, programa da TV Cultura, ilustrando as entrevistas. Formado em Arquitetura pela FAU – USP, não seguiu carreira e começou como chargista no Diário Popular em 1960. A partir daí passou por diversos veículos de comunicação como O Pasquim, revistas Careta, Senhor e Istoé. Trabalhou ainda em jornais como Folha de S.Paulo e Movimento.

Entre os diversos livros publicados, destaca-se As Origens do Capitão Bandeira, 1983, e outros com cenas irônicas que acompanham a história política brasileira, Ecos do Ipiranga (1984) e Bar Brasil na Nova República (1986). Além disso escreveu também São Paulo por Paulo Caruso – Um Olhar Bem-Humorado sobre Esta Cidade (2004), em homenagem aos 450 anos da metrópole.

Paulo Caruso recebeu vários prêmios, como o de melhor desenhista, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA, em 1994. Por sua habilidade para a sátira e para a caricatura, aliada à numerosa produção, sua obra é mais conhecida do país.

(com Agência Brasil)

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