sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

O que é o Rumble, a rede social que Moraes mandou bloquear no Brasil


Plataforma é semelhante ao YouTube e passou a ser bastante popular entre conservadores a partir de 2021, após a invasão do Capitólio nos EUA por apoiadores de Trump.













Rumble é uma plataforma de vídeos semelhante ao YouTube que passou a ser bastante popular entre conservadores nos EUA a partir de 2021 — Foto: Reprodução

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes mandou bloquear a plataforma de vídeos Rumble no Brasil nesta sexta-feira (21).

Segundo Moraes, a rede social cometeu "reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais, além da tentativa de não se submeter ao ordenamento jurídico e Poder Judiciário brasileiros" e instituiu um "ambiente de total impunidade e 'terra sem lei' nas redes sociais brasileiras".

Na quinta-feira (20), o ministro deu um prazo de 48 horas para a rede social informar quem é seu representante legal no Brasil, com poderes amplos para nomeação de advogados e cumprimento de decisões judiciais.

Não é a primeira vez que a plataforma sai do ar no Brasil. Em 2023, o Rumble desabilitou o acesso de usuários no país, citando ordens judiciais para "remover certos criadores". A rede social voltou a funcionar no Brasil em fevereiro de 2025.

Além disso, na quinta-feira (20), o Rumble apresentou à Justiça dos Estados Unidos uma ação contra Moraes, o acusando de censura e pedindo que as suas ordens para derrubada de contas de usuários não tenha efeito legal nos EUA.

O processo foi aberto em conjunto com o grupo de comunicação Trump Media & Technology Group, do presidente dos EUA, Donald Trump.

O que é o Rumble

É uma plataforma de vídeos similar ao YouTube, do Google, inclusive no visual.

Lançada em 2013, a rede social é bastante popular entre conservadores nos EUA. Ela diz que sua missão é "proteger uma internet livre e aberta" e já se envolveu em diversas controvérsias.
 ar ao YouTube, do Google, inclusive no visual.

Lançada em 2013, a rede social é bastante popular entre conservadores nos EUA. Ela diz que sua missão é "proteger uma internet livre e aberta" e já se envolveu em diversas controvérsias.

A plataforma tem negócios com o grupo de comunicação de Trump e também já recebeu investimentos de pessoas próximas do republicano, inclusive o atual vice-presidente dos EUA, J.D. Vance.

Começo com virais de gatinhos

Uma reportagem do New York Times de 2024 apontou que o Rumble começou como uma plataforma onde circulavam principalmente vídeos virais de gatinhos.

A guinada aconteceu com o episódio da invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, por apoiadores de Trump. Eles queriam impedir a cerimônia de certificação de Joe Biden, que derrotou o republicano nas eleições de 2020. O resultado era contestado por Trump, sem provas.

Por ter usado as redes sociais para incentivar a invasão no 6 de janeiro, Trump acabou suspenso das principais plataformas, após intensa pressão da opinião pública.

Depois disso, e também por conta da pandemia, redes sociais como o então Twitter e o YouTube passaram a reprimir com mais frequência conteúdos que violavam suas regras, e muitos usuários migraram para outras plataformas, como o Rumble — incluindo Trump.

O Rumble, "rapidamente, abraçou seu novo papel como um refúgio de 'liberdade de expressão' — e viu sua avaliação subir para meio bilhão de dólares praticamente da noite para o dia", diz a reportagem do NY Times.

O texto diz ainda que, assim que Trump foi eleito para voltar à presidência neste ano, influencers lotaram a plataforma com a frase "Somos a mídia agora".

Em 2022, o Rumble tentou contratar um dos principais nomes dos conservadores na mídia, Joe Rogan. Com milhões de visualizações por episódio, o podcast do apresentador é um dos maiores do mundo e tem exclusividade com o Spotify.

Durante a pandemia, o Spotify sofreu pressão para punir Rogan por divulgar desinformação sobre a Covid e usar termos racistas no podcast. Foi nessa época que o CEO do Rumble fez uma oferta para o apresentador levar seu programa para a rede de vídeos.

"Caro Joe, nós estamos com você, seus convidados e sua legião de fãs que querem conversas reais", postou Chris Pavlovski.

"Que tal trazer todos os seus programas para o Rumble, tanto os antigos quanto os novos, sem censura, por US$ 100 milhões ao longo de quatro anos?", completou.

Christopher Pavlovski, CEO do Rumble, postou foto na Casa Branca em meados de fevereiro — Foto: Reprodução/Instagram

Em outro episódio polêmico, em 2023, a plataforma se negou a atender ao Parlamento britânico e interromper a monetização do canal de Russell Brand. O comediante e ex-marido da cantora Katy Perry estava sendo acusado por quatro mulheres de uma série de agressões sexuais.

Segundo a Reuters, Pavlovski disse que, "embora possa ser politicamente e socialmente mais fácil para o Rumble se juntar a uma multidão da cultura de cancelamento", fazer isso seria uma violação dos valores e da missão da empresa.Brand se tornou réu neste mês, em Londres.

Envolvimento com Trump e vice

A Rumble e o grupo de comunicação de Trump têm diversos negócios conjuntos.

A Truth Social, rede social que Trump criou em 2022, após ser banido do então Twitter e suspenso do Facebook, do Instagram e do Youtube, na esteira do episódio da invasão do Capitólio, virou anunciante da plataforma de publicidade da Rumble em 2021.

O grupo de Trump e o Rumble também fecharam um acordo de "tecnologia e serviços em nuvem", que incluía vídeo e streaming para a Truth Social.

Ainda segundo a Reuters, o vice-presidente de Trump, J.D. Vance, investiu no Rumble em 2021, o mesmo ano em que Trump entrou na plataforma.

Também em 2021, outro nome ligado a Trump apostou no zRumble: Peter Thiel. Ele, que também foi um primeiros investidores do Facebook, é conhecido com um dos fundadores da empresa que deu origem ao site de pagamentos on-line Paypal.

Thiel é apoiador antigo de Trump e doou dinheiro para suas campanhas em 2016 e 2020. Ele não tem cargo no atual governo, mas sua influência ajudou a emplacar J.D. Vance como vice.

Outros três nomes da gestão do republicano têm ligação com o Thiel e o site de pagamentos, integrando o grupo ficou conhecido como máfia do Paypal. Entre eles está Elon Musk, responsável por um departamento que recomenda corte de gastos ao governo, onde já coleciona polêmicas.

Zigurats, a comunidade brasileira que se prepara para o dia do Apocalipse

Povoado no interior de Mato Grosso do Sul contesta ciência e constrói pirâmide de 63 metros

A comunidade Zigurats, em Corguinho, Mato Grosso do Sul, acredita em tudo: de ET à tese de que o mundo é convexo. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Os viajantes desavisados que chegam à vila de Zigurats, em Corguinho, no interior de Mato Grosso do Sul, não sabem que nem todos os seus habitantes podem ser vistos a olho nu. Entre as dezenas de casinhas redondas do povoado, erguido num matagal e contornado por uma vista privilegiada do Cerrado, há uma residência em especial que não foi destinada a um ser humano. O nome desse morador é Bilu, o extraterrestre que se popularizou depois de ser retratado por programas de TV a partir de 2009 e que ajudou a projetar o lugar.

A exposição midiática, em geral de forma jocosa, tirou do anonimato os moradores de Zigurats, um tipo de condomínio com 30 residentes fixos e outros 40 temporários que começou a ser construído na virada do século por uma associação chamada Dakila Pesquisas, cujos membros estudam, entre outros assuntos, alienígenas e civilizações antigas. Desde os primeiros programas de TV, cresceu o número de curiosos que visitam o lugar, a cerca de 100 quilômetros de Campo Grande.

O mais novo grande projeto da Dakila foi o lançamento no ano passado de um documentário que coloca em xeque o fato de a Terra ser esférica. Para os moradores de Zigurats, nosso planeta é plano em sua superfície e convexo na “base”. O mundo como o conhecemos, dizem eles, estaria limitado a uma imensa borda de gelo, a Antártida, além da qual existiria uma região ainda inexplorada pela humanidade. Os membros da Dakila a chamam de “Norte Maior”, o continente onde nenhum desbravador jamais colocou os pés.

Urandir Fernandes de Oliveira é o líder em Zigurats e considerado o “pai do ET Bilu”, que teria sido a origem da teoria da Terra convexa. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

“Acreditar que a Terra não é esférica é tão estranho quanto acreditar em extraterrestres. Defender o contrário requer sair do campo da ciência com indícios comprovados por mais de dois milênios e entrar num pensamento mágico”­

Urandir Fernandes de Oliveira, considerado o “pai do ET Bilu”, fundador da Dakila, pode ter uma teoria diferente das ideias convencionais do terraplanismo, que não defendem a existência de novos continentes inexplorados. Em comum, Oliveira concorda que a Terra não tem o formato comprovado pela ciência. E ele não está só. Sete por cento da população brasileira acredita que a Terra seja plana, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, divulgada em julho. Assim como outros terraplanistas, os membros da Dakila apresentam como principal evidência para comprovar a teoria a ideia de planicidade das superfícies aquáticas. Segundo eles, se a Terra fosse de fato curva, um objeto que se afastasse demais ao longo de um plano aquático, como no mar ou num lago extenso, sumiria no horizonte. “Nós fomos no Lago Titicaca ( no Peru ), numa época em que a água está muito gelada, para ela não evaporar, e a gente via a rua lá do outro lado, a 180 quilômetros de distância. Cadê a meleca da curvatura? Não tem. A água é plana, você pode ter certeza”, disse o engenheiro civil Paulo Parra, de 72 anos, membro da Dakila. “Agora imagina chegar para mim, que sou engenheiro civil, baseado na ciência, e falar que a Terra não é redonda? Ô, gente, eu sofri demais.” Alessandro Drago de Oliveira, também autointitulado “pesquisador”, disse que a descoberta da Dakila “acaba com tudo que se sabia sobre astronomia no mundo” e prova que “todos os astrônomos estavam muito, muito errados”.

A pista para a descoberta da Terra convexa, afirmou a professora aposentada Vera Pedrosa, de 70 anos, que largou a vida no Rio de Janeiro para viver na comunidade em Mato Grosso do Sul, pode ter vindo como uma revelação do próprio ET Bilu, durante um contato com uma equipe de TV que foi a Corguinho para tentar captar imagens do ser de outro mundo. “Um repórter veio aqui e ouviu do Bilu que a Terra não era redonda, que a gente tinha de pesquisar mais. O Bilu queria se mostrar para ele, mas o repórter recuou, ficou com medo e não publicou a matéria. Ele tinha a oportunidade de ganhar o prêmio mundial de jornalismo. Era uma notícia que mudaria o mundo”, declarou a ex-professora. “O Bilu disse para buscarem conhecimento, e hoje a internet toda fala sobre isso.”

A ex-atriz gaúcha Lígia Rigo, de 56 anos, mora com o marido Telmo Flores, de 68 anos na vila e acredita que a arquitetura do lugar aumenta a energia. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

A frase que se tornou quase um mote do extraterrestre foi levada a sério pelos membros da Dakila. Eles se definem como “buscadores de conhecimento”, e a mensagem foi até estampada nos caminhões que trabalham nas obras do local. “Nós somos o legado de Bilu”, afirmou Paulo Vieira, de 23 anos, que largou a faculdade de engenharia e foi morar em Zigurats há dois anos. “Eles são erroneamente chamados de ETs, porque são muito mais parecidos com a gente do que os filmes mostram. O termo correto é ser extradimensional. São seres de outra dimensão que simplesmente vibram numa faixa de frequência diferente”, completou.

Acreditar que a Terra não é esférica é tão estranho quanto acreditar em extraterrestres. O conhecimento do formato de nosso planeta é anterior ao nascimento de Jesus Cristo. Defender o contrário requer sair do campo da ciência e de princípios fundamentais da geografia comprovados por mais de dois milênios e entrar num pensamento mágico. Para Vera Jatenco, professora do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), a teoria terraplanista e da Terra convexa não tem pé nem cabeça. “Que a superfície da água não é plana pode muito facilmente ser comprovado, observando um navio que se afasta perpendicularmente ao continente. Primeiramente o casco começa a desaparecer e, aos poucos, o navio todo desaparece, sendo o mastro a última parte a desaparecer. Embora os terraplanistas digam que isso não acontece, esse fenômeno já foi, e tem sido observado, milhares de vezes”, disse.
A sala de estudos tem mapas e internet, mas o acesso a informações é insuficiente para demover os membros da ideia de que a Terra é convexa. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

A comunidade tenta dar um ar científico a suas ideias. Conta com uma pequena casa batizada como Centro Tecnológico de Zigurats (CTZ), um telescópio e as fundações do que deverá ser uma pirâmide de 63 metros. A localização escolhida não foi por acaso. Segundo Oliveira, o fundador, o terreno se encontra no paralelo que está 19 graus a sul do plano equatorial da Terra, “um dos vórtices mais poderosos de energia hoje em dia”. Ele afirmou que nessa faixa são abundantes as aparições de fenômenos não naturais. E também disse acreditar que a imagem de extraterrestres como criaturas macabras foi inventada pelas “lideranças mundiais” para assustar a população.

Pensada para perdurar por mais de 1.000 anos, segundo os membros da comunidade, a vila terá até mesmo um “sistema antiapocalipse”. Quando estiverem prontas, planeja-se que as casas, quase todas em formato de iglus, vão ser interligadas por galerias e corredores subterrâneos, por onde será possível se deslocar sem precisar subir à superfície e estocar comida para longos períodos de crise. A ocupação do lugar tem outras propriedades, disseram alguns moradores. “Até a arquitetura das casas promove um acréscimo de energia”, disse a ex-atriz gaúcha Lígia Rigo, que mora na comunidade com o marido Telmo Flores, de 68 anos.

Os moradores de Zigurats levam a sério a sustentabilidade. Além de evitar ao máximo o consumo de produtos industrializados, dizem se esforçar para plantar a própria comida ou comprá-la das três comunidades quilombolas existentes na região, que produzem alimentos diversos sem agrotóxicos ou demais produtos químicos. Tetos solares ajudam na economia de energia, o lixo orgânico é separado para compostagem e o demais é selecionado para reciclagem.
O relógio de sol fica localizado na entrada da vila. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Nascida no Paraguai, Amanda Riveros, de 60 anos, largou tudo para se mudar para a vila. Ela afirmou que vivia viajando pelos Estados Unidos, fazendo compras para sua loja de perfumes, até que parou para pensar em si mesma. “Minha vida deu uma reviravolta. Perdi família, amigos, trabalho, quando conheci isto aqui. Me chamaram de louca, mas hoje não troco ( Zigurats ) por nada. Se eu pudesse recomeçar minha vida conhecendo isto aqui, seria outra pessoa. Quando você vem para cá, você se conhece. Conquistei uma família aqui. A gente acaba pensando igual, querendo as coisas da mesma forma”, disse a ex-comerciante, antes de começar a chorar, emocionada.

A vida saudável é outra regra seguida à risca. Paulo Vieira, que trabalha no CTZ e monitora os visitantes, declarou que uma das metas da Dakila é alcançar a máxima longevidade da vida humana — talvez até a vida eterna, dizem eles. “A gente se aprofunda, além daquilo que a gente chama de lacunas da ciência, na questão da alimentação, de atividades físicas e do prolongamento da vida. Chegar a 80, 90, 100 anos com saúde”, afirmou Vieira, citando a argila “mágica” da região como uma das promessas para alcançar esse objetivo. O engenheiro Parra vai além. Ele indagou à reportagem de ÉPOCA se haveria surpresa caso ele, daqui a três anos, se encontrasse rejuvenescido, décadas mais jovem. “No futuro, me vejo cabeludo de novo”, comentou ele, tateando a careca.

“A comunidade tem empresas e aposta em produto à base de argila — contendo elementos minerais — com a suposta capacidade de promover o rejuvenescimento”­

A argila de Zigurats é o produto xodó da Dakila, que até abriu uma nova empresa, a Kion Cosmetics, só para vender os cremes de beleza, cuja propaganda está sendo estampada em revistas da região. “Essa argila não tem em outro local. Ela tem uma substância que não é conhecida pela ciência ainda”, afirmou Oliveira, orgulhoso. “Para cosmético, rejuvenescimento da pele, ela é especial, porque tem propriedades eletromagnéticas. Mandamos o material para fora do país. Lá no Canadá eles não conseguiram registrar todos os minerais que ela contém. São mais de 123 elementos, que fogem da tabela periódica que conhecemos”, sustentou Oliveira.
Além da Kion, a comunidade tem outras 12 empresas, entre as quais uma fábrica de cerâmica — para economizar na construção de Zigurats —, uma atacadista de produtos alimentícios, uma varejista de bebidas e uma companhia de construção civil. O capital social de todas as empresas soma cerca de R$ 700 mil, mas Oliveira não dá detalhes de como chegou a essa cifra. Ele jura que todo o financiamento da Dakila vem das mensalidades de R$ 150 pagas pelos 4.500 associados.

A casa em construção em formato de pirâmide será destinada a Urandir Fernandes de Oliveira, o fundador de Zigurats. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Além do grande apreço pela vida saudável, da desconfiança no governo e nas grandes companhias e da descrença num planeta Terra esférico, os moradores de Zigurats compartilham experiências próprias com Bilu e outros seres de outra dimensão. Oliveira disse que a criatura tem 1,40 metro. Já Vieira deparou com uma versão um pouco mais alta, de aproximadamente 1,70 metro. O aspecto comum, eles concordam, fica por conta da voz, um tanto infantilizada, cuja gravação pode ser encontrada no YouTube.

Questões envolvendo Bilu continuam perseguindo a comunidade até mesmo nessa nova fase, mais voltada para o formato da Terra. Existe uma disputa entre os terraplanistas e o grupo liderado por Oliveira, contou uma moradora de Zigurats. “Alguns até entraram para nossas pesquisas e continuam defendendo a Terra plana”, disse ela. A explicação para a teimosia em não aceitar a teoria de Oliveira seriam feridas religiosas da época em que o ET Bilu ganhou notoriedade na imprensa. “Como eles ( terraplanistas ) são muito ligados à religião, e a maioria é evangélica, eles acham que ET é demônio. Então eles não aceitam de jeito nenhum. Tem gente que acha que é farsa, você acredita?”

domingo, 16 de fevereiro de 2025

“O show de Janja custa caro”, afirma Estadão em editorial


Janja no festival de música Ação Global Contra a Fome e a Pobreza Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Em editorial intitulado O Show de Janja Custa Caro, o jornal O Estado de S. Paulo expôs que os eventos paralelos à Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, que tiveram a liderança da primeira-dama Janja da Silva na organização, custaram “muito mais” do que a própria reunião entre os chefes de Estado.

De acordo com levantamento feito via Lei de Acesso à Informação, o G20 Social e o festival de música Ação Global Contra a Fome e a Pobreza, que ganhou apelido de Janjapalooza, obtiveram R$ 27,2 milhões e R$ 28,3 milhões, respectivamente. Já a cúpula dos chefes de Estado mundiais custou R$ 13 milhões.

O periódico ainda criticou o engajamento milionário de estatais nos projetos, que doaram juntas um total de R$ 83,45 milhões. Participaram do contrato de cooperação com a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), o Banco do Brasil (BB), a Caixa Econômica Federal (Caixa), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Petrobras.

– Sob o beneplácito do presidente da República, Janja fez da Cúpula do G20, evento de importância estratégica para o Brasil, uma vitrine para a promoção de interesses pessoais e partidários. Ademais, o desvio de foco e a submissão das direções do BB, da Caixa, do BNDES, da Petrobras e de Itaipu Binacional ao governo de turno expõem a renitente fragilidade da gestão pública no país, que, ao que parece, se deixa degradar em prol de uma agenda política particular – disse o jornal.

Embora não tenha assinado o contrato de cooperação, a Itaipu Binacional, onde Janja trabalhou, também fez doações para os eventos, que somaram R$ 15 milhões.

O veículo de imprensa finalizou sua crítica observando que o Brasil não merece a “condenação perpétua ao patrimonialismo que o aferra ao atraso”.

– Merece um governo com responsabilidade e compromisso com o bem comum, não com a defesa de projetos pessoais, partidários ou ideológicos – concluiu

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Lagoa da Conceição, em Florianópolis, tem concentração de cocaína entre as mais altas do mundo


Segundo pesquisadora que coordenou estudo, a concentração está entre as mais altas reportadas no mundo. Local é um dos principais pontos turísticos da capital, usado para banho, passeio e pescaria.

Por Caroline Borges, g1 SC

Pesquisadores da UFSC identificam até cocaína em água da Lagoa da Conceição

Imagens aéreas mostram alagamento na Lagoa da Conceição, em Florianópolis 
— Foto: Corpo de Bombeiros/ Divulgação

A Lagoa da Conceição, em Florianópolis, está contaminada com cocaína, e em concentrações que estão entre as mais altas reportadas no mundo, segundo pesquisa desenvolvida e divulgada pela Universidade Federal Santa Catarina (UFSC) nesta quinta-feira (13). O resultado impacta a fauna e flora locais (leia abaixo quais são os riscos).

Além da droga, o estudo encontrou cafeína, diferentes tipos de medicamentos antibióticos e analgésicos. Ao todo, foram 35 "contaminantes emergentes", nome dado às substâncias de uso diário, como cosméticos e produtos de higiene pessoal que são despejados na água.

Professora do departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFSC, Silvani Verruck explica que os índices de cocaína e da benzoilecgonina (principal metabólito da droga) na lagoa são "surpreendentes, mas esperados", já que as substâncias são liberadas pelos humanos na urina e fezes e foram encontradas em outras pesquisas, como a que achou os ilícitos em tubarões da Bacia de Santos. A pesquisa de Santa Catarina usou metodologia semelhante.

"São dados bastante expressivos. Claro, a pesquisa chamou a atenção por causa da cocaína, mas a gente tem um número muito grande de medicamentos, além de outros produtos, inclusive as drogas ilícitas, principalmente a cocaína e outros derivados.", disse.

 Como eles chegaram na lagoa? Apesar do estudo não focar em como as substâncias chegaram ao local, a pesquisadora explica que uma possibilidade é o esgoto não tratado, o descarte ilegal direto na água, ou até mesmo de embarcações.

Procurada, a Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Capital afirmou que os "resultados refletem os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente". Já a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) disse que a condições acontecem por causa do "crescimento populacional e o descarte inadequado de esgoto" (leia íntegra da nota mais abaixo).

Os pesquisadores ainda não divulgaram os números e outros dados quantitativos sobre a droga e seus derivados, pois organizam outro artigo para publicação com os dados. A expectativa é de que o estudo seja publicado ainda neste ano.

Cafeína e remédios

O estudo mencionou ainda o encontro da cafeína em maior concentração, seguida pela ciprofloxacina, antibiótico utilizado em infecções causadas por bactérias. A clindamicina, outro antibiótico, e o diclofenaco também foram detectados. Para a professora, essas substâncias preocupam

"Nós temos algumas substâncias, os antibióticos, que acabam sendo bastante resistentes. É algo que nos chama a atenção porque muito provavelmente, em algumas concentrações, eles vão sim afetar a flora local, e fauna local, os peixes, siris", explicou.

Lagoa da Conceição, em Florianópolis, está contaminada com cocaína: dados 'surpreendentes, mas esperados' — Foto: Divulgação/PMF

Balneabilidade e risco de consumo

Em relação à balneabilidade, a pesquisadora explica que os contaminantes emergentes identificados na lagoa "não são considerados para o estabelecimento da qualidade de banho no locais". O Instituto do Meio Ambiente (IMA) avalia nove pontos do espaço semanalmente com base na concentração de coliformes fecais.

Na última avaliação, na sexta-feira (7), dois dos nove pontos estavam impróprios para o banho. Em resposta ao estudo, o IMA destacou que o trabalho de balneabilidade é diferente da pesquisa apresentada pela UFSC e que os critérios para nos locais segue o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) (leia nota na íntegra abaixo).

Em relação ao consumo, o estudo não mostrou risco do pescado da região. "Então, quanto a isso, o monitoramento contínuo seria o mais importante para seguir avaliando a segurança. Por ora, quanto aos contaminantes avaliados, o consumo humano é seguro", disse a pesquisadora.

Ambientalista em Florianópolis, o também professor da UFSC Paulo Horta explica que na prática, a pesquisa é um indicativo de que o "sistema de saneamento é ineficiente. Além destes contaminantes, temos metais pesados e outro xenobióticos, que fazem mal para a saúde da fauna e flora, e claro faz muito mal para a saúde de banhistas entre outros usuários".

Pesquisa

O estudo faz parte do Programa de Recuperação Ambiental proposto pela Casan como forma de compensar as consequências do desastre ambiental provocado após o rompimento da lagoa artificial de infiltração que recebe efluente tratado da Estação de Tratamento de Esgotos da região. Veja outras informações da pesquisa abaixo:

➡️ Início em a partir do início de 2021.
🗺️ Colaboração do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA);
📚 Publicada em 1º de fevereiro de 2025 na revista Science of the Total Environment;
💰 Financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação de SC (Fapesc);
👩‍🔬 🧑‍🔬 Integrantes: Alice Cristina da Silva; Luan Valdemiro Alves de Oliveira; Luan Amaral Alexandre, Mateus Rocha Ribas, Juliana Lemos Dal Pizzol, Gustavo Rocha, Jussara Kasuko Palmeiro, Maurício Perin, Maurício Perin, Rodrigo Hof, Silvani Verruck

As amostras foram coletadas em pontos estratégicos da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, considerando áreas próximas à estação de tratamento de esgoto, às áreas urbanizadas e às regiões de maior biodiversidade.

Busca por solução

O objetivo do estudo é avaliar o impacto ambiental no local, que é um espaço bastante urbano, além de apresentar iniciativas para mitigar ou resolver o problema no local. Por isso, em paralelo à análise o grupo desenvolveu e aperfeiçoa uma ferramenta mais eficiente para o tratamento da água.

O equipamento é chamado de "REACQUA", foi desenvolvido pela UFSC e usa um sistema de destilação de água a base de luz solar para reuso da água limpa.

"A gente fez alguns testes de remoção [das substâncias encontradas na água contaminada] e consegue ele [sistema REACQUA] consegue ir superbem. Só que claro, é um processo que a gente ainda está otimizando, pois ainda é lento. Agora, a gente quer destilar essa água em maior escala", explica a professora.

Doutorando Luan Valdemiro Alves de Oliveira, que participou da pesquisa, ao lado do sistema REACQUA — Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

O que diz a prefeitura de Florianópolis

A Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável informa que tomou conhecimento do estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre a presença de contaminantes emergentes na Lagoa da Conceição e irá analisar os dados apresentados. A partir dessa avaliação, serão adotadas as providências cabíveis dentro da competência da Secretaria, em diálogo com os órgãos responsáveis pelo saneamento e pela preservação ambiental.

Os resultados refletem os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente. Reafirmamos nosso compromisso com a qualidade da água e a proteção do ecossistema local, além da importância do monitoramento contínuo e da busca por soluções para minimizar esses efeitos e promover um desenvolvimento mais sustentável.

O que diz a Casan

A CASAN informa que o efluente tratado na Estação de Tratamento de Esgoto da Lagoa da Conceição é destinado à Lagoa de Evapoinfiltração (LEI), não sendo lançado na Lagoa da Conceição. Os resultados apresentados pela UFSC não têm relação com o efluente tratado pela CASAN.

A Companhia destaca ainda, que neste ano divulgou o resultado do monitoramento feito ao longo de quatro anos. O acompanhamento foi iniciado após o acidente na encosta de dunas da LEI em janeiro de 2021, quando foram registrados 422,3 milímetros de chuva, enquanto o esperado era de 138,6 milímetros. Foram analisadas características físicas, químicas e microbiológicas de amostras de água salobra, de sedimento, da biota aquática (plâncton e bentos), além de toxicidade da água e sedimentos da Lagoa da Conceição.

Os resultados indicam que a qualidade da água varia entre as diferentes regiões da lagoa, e o acidente não deve ser considerado responsável por essas alterações, uma vez que a água da lagoa já se renovou pelo menos quatro vezes nesse período. As condições observadas são influenciadas, principalmente, por fatores como o crescimento populacional e o descarte inadequado de esgoto.

O que diz o IMA

A análise feita pelo IMA segue os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, exigidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e tem o objetivo de informar aos banhistas os pontos considerados seguros, do ponto de vista sanitário, também serve para auxiliar os gestores municipais na área de saneamento básico, na tomada de decisões sustentáveis e em relação à necessidade de se investir em ações voltadas ao esgotamento sanitário, sejam elas estruturais ou estruturantes, preventivas ou corretivas.

Metodologia e legislação

As amostras são analisadas pelo método fluorogênico tendo como substrato o Colilert-18, conforme diretrizes do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 24ª edição, Método 9223 B que consiste na quantificação dos coliformes totais e Escherichia coli. Conforme a Resolução Conama nº 274, de 29 de novembro de 2000, o ponto é considerado “PRÓPRIO” quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli por 100 mililitros. O ponto é considerado “IMPRÓPRIO” quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, for superior a 800 Escherichia coli por 100 mililitros ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000 Escherichia coli por 100 mililitros.

O monitoramento realizado pelo IMA considera, em especial, a qualidade sanitária das águas buscando informar aos usuários a propriedade ou impropriedade do ponto de vista sanitário.

Portanto, são análises e trabalhos diferentes.

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