quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Me conformo. Porque sei que apesar disso tudo, um dia eles morrem. E será a vez dos vermes terem um banquete. by Deise


 

Posse de Jader Barbalho vai

 lhe render mais de R$ 30 mil

                 Senado abriu no recesso para    

                 empossar senador que tinha sido

                       barrado pela Ficha Limpa

O senador Jader Barbalho reassumirá o cargo na próxima semana Foto: Gustavo Miranda / O Globo

O senador Jader Barbalho reassumiu o cargo ontem

by Gustavo Miranda / O Globo
BRASÍLIA - A pressa para tomar posse no próximo dia 28  rendeu  a Jader Barbalho (PMDB-AP) o ganho de R$ 30.283,13 - resultantes de uma ajuda de custo de R$ 26.723,13 paga aos senadores no início e no fim de cada ano legislativo (valores brutos), mais R$ 3.360 relativos a quatro dias de salário de dezembro, mesmo sem trabalho.
Numa iniciativa que não se vê mesmo para votar projetos de interesse do país, a Mesa Diretora do Senado, reunida na ultima  terça-feira sob o comando do presidente José Sarney , decidiu se reunir em caráter excepcional na próxima quarta-feira, em pleno recesso parlamentar, para dar posse ao senador Jader Barbalho. Ele renunciou a seu mandato anterior de senador, em 2000, para não ser cassado no escândalo de desvio de recursos do Banpará e da Sudam, e, por isso, foi barrado pela Lei da Ficha Limpa nas eleições do ano passado, quando foi o segundo candidato ao Senado mais votado do Pará.
O Senado entrou em recesso nesta quinta-feira e só retoma as atividades no início de fevereiro. Já empossado como senador, Jader fará jus também ao salário de janeiro, no valor bruto de R$ 26.723,13, que não receberia se só tomasse posse do mandato em fevereiro. E, na volta do recesso, o novo senador receberá, como todos os demais, o salário do mês somado a mais uma ajuda de custo do mesmo valor, relativa ao início do ano legislativo de 2012.

STF liberou a posse na semana passada

Jader foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa por ter renunciado em 2000, mas na semana passada, depois de muita pressão do PMDB, ele foi liberado para tomar posse pelo Supremo Tribunal Federal, com voto de desempate do presidente da Corte, ministro Cezar Peluso.

Na reunião da Mesa Diretora marcada para ontem, antes da posse de Jader, foi lido o relatório do senador João Vicente Claudino (PTB-PI), relator da defesa de cinco dias dada à senadora Marinor Brito (PSOL-PA), que assumiu no lugar de Jader no início do ano e agora perdeu o mandato.

Na ultima  terça-feira, Jader disse que não foi o dinheiro que o moveu para tomar posse logo:
- Eu confesso que você é a primeira pessoa que toca nesse assunto comigo. Eu nem sabia que tinha isso (ajuda de custo) - disse Jader ao GLOBO, explicando que, se deixasse para assumir só em fevereiro, a cadeira do Pará no Senado ficaria vaga, já que, a partir da sua diplomação, a de Marinor é desconstituída.
Marinor será notificada

Com o Congresso já na reta final para o início do recesso, poucos se manifestaram sobre o assunto. Mas o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) estranhou todo o processo para garantir a volta de Jader ao Senado.
- Todo esse procedimento para a posse de Jader é muito estranho e rápido. Primeiro, a decisão rápida e surpreendente do Peluso. Depois, a diplomação em prazo recorde no TRE do Pará, que nem esperou a comunicação oficial do STF e o diplomou com um reles telegrama. Agora, além do dinheiro extra que receberá a mais, essa posse no meio do recesso mostra a sede de Jader para exercer logo o poder do mandato - disse o senador do PSOL.

- Muito rápido? Essa gente tem um conceito de tempo muito restritivo. Eu perdi um ano do meu mandato. E ainda acham que é tudo muito rápido? - respondeu Jader.

Após a reunião da Mesa do Senado pela manhã, o primeiro-secretário, Cícero Lucena (PSDB-PB), explicou que o Senado cumpriria o regimento e notificaria ainda na ultima terça-feira a senadora Marinor para que, em cinco dias, ela apresente sua defesa para tentar se manter no cargo. Mas isso é só pro forma, pois o Senado vai confirmar a decisão do Supremo.
- Estamos cumprindo o que foi decidido pelo Supremo. E é regimental ele tomar posse perante a Mesa (durante o recesso) - disse Cícero Lucena , ao ser questionado sobre os prazos e o relatório de defesa de Marinor.
Em Belém do Pará, enquanto Jader é festejado por seus correligionários, a ainda senadora Marinor Brito foi homenageada na noite de segunda-feira num ato de desagravo e protesto, na Câmara Municipal. Na mesma noite, o ministro Joaquim Barbosa, do STF, arquivou o seu recurso contra decisão que liberou o registro de candidatura de Jader Barbalho.
Ela questionava a decisão do presidente do Supremo de ter votado duas vezes. Como a votação estava empatada em 5 a 5, Peluso usou, como previsto no regimento interno da Corte, o chamado "voto de qualidade" de presidente do Supremo para solucionar o impasse no caso.
Marinor assumiu a vaga de segunda senadora eleita do Pará no ano passado depois de terminar a votação em quarto lugar. Isso só foi possível porque os registros do segundo e do terceiro candidatos mais votados, Barbalho e o petista Paulo Rocha, respectivamente, foram negados de acordo com a Lei da Ficha Limpa. Com a anulação dos efeitos da lei para 2010, eles se tornaram novamente elegíveis.


ENQUANTO ISSO NO
PLANETA DOS MACACOS....

                                                                                                        by JusBrasil

Sancionado decreto que eleva


salário mínimo para R$ 622




Publicado hoje no DOU, o decreto 7.655 define o valor de R$ 622 para o salário mínimo a partir de 1º de janeiro de 2012. O novo valor representa um aumento de 14,13% em relação ao atual, de R$ 545. Com o reajuste, o valor diário do salário mínimo corresponderá a R$ 20,73 e o valor pago pela hora de trabalho será de R$ 2,83.
O método de reajuste do salário mínimo foi definido por meio de uma medida provisória aprovada pelo Congresso. A lei que fixa a política de reajuste do salário mínimo estabelece que o valor será reajustado, até 2015, com base no INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor do ano anterior mais a variação do PIB de dois anos antes.
O novo salário mínimo de R$ 622 terá impacto de R$ 23,9 bilhões nos gastos públicos em 2012. A maior parte desse montante corresponde aos benefícios da Previdência Social no valor de um salário mínimo, que serão responsáveis pelo aumento de R$ 15,3 bilhões nas despesas do INSS.
Veja abaixo a íntegra do decreto.
DECRETO Nº 7.655, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011.
Regulamenta a Lei nº 12.382, de 25 de fevereiro de 2011, que dispõe sobre o valor do salário mínimo e a sua política de valorização de longo prazo.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. da Lei nº 12.382, de 25 de fevereiro de 2011,
DECRETA:
Art. 1º A partir de 1º de janeiro de 2012, o salário mínimo será de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais).
Parágrafo único. Em virtude do disposto no caput, o valor diário do salário mínimo corresponderá a R$ 20,73 (vinte reais e setenta e três centavos) e o valor horário, a R$ 2,83 (dois reais e oitenta e três centavos).
Art. 2º Este Decreto entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2012.
Brasília, 23 de dezembro de 2011; 190º da Independência e 123º da República.
DILMA ROUSSEFF
Guido Mantega
Paulo Roberto dos Santos Pinto
Miriam Belchior
Garibaldi Alves Filho
Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.12.2011
Autor: Assessoria de Imprensa

Eu deito a cabeça no travesseiro e durmo. Com a certeza de fazer minha parte. by Deise


Que nos venha 2012


Cássia Eller: Assim se passaram 10 anos

by Jamari França     
 
Há 10 anos, no dia 29 de dezembro de 2001, um sábado, Cássia Eller morreu de infarto do miocárdio após quatro paradas cardíacas na Clínica Santa Maria, em Laranjeiras. Ela tinha 39 anos. O texto abaixo é de Zélia Duncan, amiga de Cássia dos tempos de Brasília, onde as duas começaram no início dos anos 80. Ainda sob o impacto da morte da amiga, Zélia fez o poema Menino e Menina, publicado pela primeira vez aqui. Logo em seguida, um texto sobre minha convivência jornalística com Cássia.

Fala Zélia:

A última vez que estive com Cássia, foi no Canecão, no show do álbum Acústico, grande e derradeiro momento de sua carreira, junto com a aparição arrebatadora no Rock in Rio.

Ela estava alegre no camarim, fez uma graça, demos risadas, abraços...como diz Luiz Tatit, “quem quer um abraço, um pouco de alguém, abraçando tem”. Como é bom abraçar com vontade um amigo. Se eu soubesse que seria o último, pedia pra que ela cantasse mais um pouquinho no meu ouvido.

Fui uma das primeiras a chegar no hospital e uma das últimas a sair. Eu precisei daquelas cenas pra me conformar do que, até hoje, não tem explicação. No natal deste ano, na casa da minha mãe, em Niterói, ficamos vendo um de seus DVDs. Mamãe era muito amiga de Cássia, nos conhecemos todos em Brasília e elas se davam muito bem.

Cássia sempre impressionou. Sua imensa timidez, como num passe de mágica, sumia em meio à força de sua voz e ao choque de suas atitudes no palco. Todos se rendiam, mesmo que fosse pra passar horas dizendo que aquilo era um absurdo. Mas passavam horas falando dela.

Cássia nasceu pra fazer diferença, pra mudar um monte de coisas e, se não mudou tanto assim, é porque o mundo dá um passo pra frente e dez pra trás. Mas o passo que ela fez o mundo dar, nos fez vislumbrar muitas coisas fundamentais. Mas quem não quiser ficar pensando nessas coisas meio filosóficas, simplesmente ponha a voz-trovão pra tocar, e no melhor estilo Cássia Eller, apenas exista e sinta essa emoção inexplicável.
Esta canção é de Simone Saback, amiga de Brasília de Zélia e Cássia. As duas queriam gravá-la juntas, mas esperaram demais. Zélia gravou com Roberto Frejat no álbum Pré Pós Tudo Bossa Band, de 2005


MENINO E MENINA

Pra Cássia Eller, Rio/2001.


De repente tudo vira resto
Falso anexo de um conteúdo
Seu grito, agora mudo
Calou fundo nosso fiapo de voz
Ficou tão sem graça acordar nesse mundo
Andar sabendo que nunca mais
Vou te esbarrar na esquina
Menino e menina
Desejo tatuado
Carinho, violão, amor, acaso
Amizade no braço
Sem muitas palavras
Apenas te encontrava
E me sentia muito mais viva do que agora
Memórias que alimentam
Te encontro depois da escola
Na hora do ensaio, enquanto sonhamos no vento
Enquanto corremos alegres, pra lugar nenhum
Segredo no ouvido, tanto amor escondido
Depois aprendemos
Que amor não se esconde
Nada existe pelo meio
Amor não pode ser feio
Conta isso pro mundo inteiro
Abusa, levanta a blusa
E mostra a alma, Vestida de seu corpo
Sem luxo, seu luxo, escracho e beleza
Real realeza pra cuja coroa
Não existe mais cabeça
O Brasil é uma ilha, coitado
Cercado de sua ausência
Por todo os lados.

Agora sou eu. Lá vai:
Trecho do show do Circo em 1992, o primeiro que vi dela
Conheci Cássia Eller em 1992, quando ela fez o show de lançamento de seu segundo disco, Marginal, no Circo Voador. Não lembro porque o primeiro disco dela, de 1990, me passou em branco, apesar do sucesso de sua versão de Por Enquanto, da Legião Urbana. Cássia estava de camiseta, bermuda, tênis, cabelos na altura dos ombros, muito bonita, mas chamou a atenção logo pela postura de moleque de rua no palco (quando soube mais sobre ela vi que era para disfarçar a timidez) que incluía coçar um saco inexistente e cuspir.

Apoiada por um bandão em que brilhava o baixo de Tavinho Fialho (pai do filho dela, Chicão) ela mandou um repertório que tinha Jimi Hendrix, Beatles, Luiz Melodia, Itamar Assumpção, Mario Manga. A voz era sensacional, rocker até o talo, grossa, rascante, cheia de atitude. E assim ficou no futuro, mesmo quando ela incursionou por vários tipos de músicas. A essência dela era roquenrol.
Em 1994 lançou um disco chegado ao mainstream com músicas mais palatáveis às rádios. Soube depois que ela fizera um acordo com a gravadora. Precisava de dinheiro para pagar o parto e concordou em fazer um disco com repertório escolhido de comum acordo e mais acessível ao mercado, sem perder a qualidade. O repertório garimpado por ela, pelo jornalista Ezequiel Neves e pelo produtor Guto Graça Mello e uma produção impecável de viés rock fizeram do disco um dos melhores da década. Os carros-chefe foram Malandragem, uma música de Frejat e Cazuza que os dois fizeram para Angela Ro Ro e ela não se interessou. E ECT, de Marisa Monte, Nando Reis e Carlinhos Brown. Cazuza e Nando passaram a ser dois favoritos de Cássia. Ela gravou um disco com repertório de Cazuza e me disse que, se pudesse, só gravaria músicas do Nando (Agora em 2011 acabou saindo um disco dela só com músicas dele).

O amor por Cazuza, que ela não conheceu, valeu um CD tributo em 1997 com repertório solo e do Barão Vermelho. Bem roquenrol, com apresentação do meu guru Ezequiel Neves, que a chamou de "meu primeiro, único e último marido" e ela retribuiu chamando-o no encarte de "meu marido predileto." Na época fiz a ressalva de que o disco não continha a alma rhythm'n'blues de Cazuza e do Barão, era muito rock de branco e contaminado também por muitos clichês de sopros. Nem por isso deixava de ter grandes interpretações, como Blues da Piedade, Todo Amor Que Houver Nessa Vida (que ganhou versão definitiva no Acústico), Billy Negão (lenta e gingada) e outras.
Cássia e Maria Eugenia, sua companheira, com Chicão
Depois teve o do Cazuza ao Vivo na mesma linha do de estúdio e o disco de voz e violões. E veio a surpresa: Com Você...Meu Mundo Ficaria Completo, de 1999, que acabou sendo o último de estúdio. Um repertório de qualidade com ela mais concentrada no canto do que antes. Soube depois que seu filho, Francisco, o Chicão, tinha reclamado que ela não cantava, só gritava, e ele queria vê-la cantando. E foi seu primeiro disco só de inéditas, com canções de Caetano, Gil, Nando (também produtor), Marisa Monte, Itamar Assumpção, um luxo.

A pedido da gravadora Universal fiz dois textos para o disco, um biográfico e um dissecando o repertório. Fui numa manhã à casa dela no Cosme Velho (que Nando citou como Laranjeiras em All Star) e tive que suar para arrancar a entrevista por causa de sua timidez. No disco ela canta maravilhosamente bem, mas me disse o seguinte: "Eu estou gostando muito mais desse disco, é diferente de todos. Nem estou cantando bem assim como nos outros, mas estou muito satisfeita com a produção dele. Acho que é o repertório mais bonito que já juntei." Aí perguntei "como assim, não está cantando bem?" Ela respondeu que achava isso porque odiava estúdio: "Fico nervosa. O que mais fiquei nervosa para gravar foi esse."
O disco fez muito bem a ela e se estendeu por dois anos até a gravação do Acústico MTV em março de 2001 em São Paulo. Senti que ela mal podia se conter em cima daquele banquinho que aprisiona os artistas neste formato. As gravações de Acústicos eram muito engessadas e cansei de ver shows depois muito melhores do que na gravação.

Teve um lance engraçado. Cássia empacou em Vá Morar Com O Diabo, do compositor baiano Riachão. Engasgava sempre na mesma parte. E repetia, repetia. Lá pela 9ª vez, acho, saiu, e a platéia explodiu na maior comemoração quando ela passou pelo trecho fatídico, o que ficou meio estranho para quem não conhece a história, ver um entusiasmo muito maior do povo no meio desta música.


Acabada a gravação fui falar com ela. Entrei no camarim, ela estava na maior festa com os músicos. Acenei, veio falar comigo, perguntou se eu tinha gostado e travou. Perguntei sobre ensaios, repertório, o que tinha achado do clima da gravação e ela mais monossilábica do que Milton Nascimento. Pedi ajuda ao Nando Reis, que sentou comigo num sofá que estava no meio de um corredor e me deu a ficha completa.


Não lembro se vi o show depois. No dia 29 de dezembro de 2001 eu estava na folga de final de ano do site Globonews.com em Lumiar quando me avisaram da morte dela. Liguei para saber se precisava descer, mas me dispensaram. Quando voltei pro Rio rolou por algum tempo o papo de overdose até o resultado do exame toxicológico revelar que ela estava limpa.
P.S. Lembrei de um mico que paguei num show de blues dela com o mega guitarrista Victor Biglione no Jazzmania, hoje Studio RJ. Eu fiquei tão empolgado com a dupla que, já calibrado por algumas doses de uísque, me levantei, fui até o palco, um estrado quase no mesmo nível das mesas, e beijei a mão da Cássia, que ficou totalmente sem jeito. Ezequiel Neves gritou "lindo" e aplaudiu. A gravação em áudio desse show existe mas nunca foi lançada em disco.

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