A VERDADEIRA DILMA VOLTA
PARA A CLANDESTINIDADE
Por Reinaldo Azevedo
Viram a nova Dilma Rousseff?
Dizer o quê? Assistiram ao filme Meninos do Brasil? Pois é. O PT pode fazer o seu As Meninas (nem tanto...) do Brasil. O dito partido operário brasileiro tem, mais do que qualquer outro, incrível intimidade com a cirurgia plástica — recurso bastante distante ainda das camadas populares.
Dilma só resistiu à tentação de ficar loura, como Marta Suplicy e Marisa Latícia, mas o, digamos, shape é o mesmo. Aliás, fiquemos atentos: vai que, sob o nome de Dilma, seja Marisa a concorrer às eleições presidenciais...
Bem, não estou censurando a sua vaidade, é claro. Todos têm o direito de tentar melhorar de aparência — alguns dirão que ela melhorou, o que acho discutível. Mas é evidente que a reforma facial tem caráter político. Quem mexeu no rosto de Dilma procurou alguma coisa além de mais juventude: a suavização da expressão, de modo que ela parecesse, assim, mais “cute” — se alguém não quiser o adjetivo em inglês, pode escolher, então, algo como “mais cute-cute”...
Políticos corrigem isso e aquilo em suas feições — o botox e a tintura de cabelo se universalizaram, para mulheres e homens. Mas uma reforma como fez Dilma? Ah, isso é mesmo inédito. Ela, definitivamente, decidiu ficar com “outra cara”, o que me parece emblemático no petismo, sempre tão esforçado em parecer aquilo que não é. Nunca ninguém, no exercício do poder, havia renunciado ao ar de gerentona para se parecer com uma subcolunável da Barra da Tijuca... Só faltou se apresentar em público com o seu pet...
Bem, sou obrigado a lembrar outro “operado” famoso no PT, o companheiro José Dirceu, que ganhou outra cara em Cuba para viver clandestinamente no Brasil. Consta que, depois, a cirurgia foi desfeita. Assim, a cara que ele tem hoje seria a original das duas que ele teve. O Zé Dirceu falso teria desaparecido e dado lugar ao verdadeiro, que estava na clandestinidade.
Dilma, de certo modo, fez a trajetória contrária, não? A ditadura obrigou o Zé a esconder o verdadeiro e a apresentar o falso. No caso da ministra, é a democracia que parece pedir à verdadeira Dilma que vá para a clandestinidade. Ao menos até disputar a eleição.
Bem, sabemos todos: não existe plástica para a alma e para os anseios. Essa Dilma cute-cute esconde a outra. Quem votar na falsa pode acabar tendo de levar a verdadeira... Agora estou curioso para saber se ela mudou a sua mania de tornar supertônicas as sílabas tônicas, o que confere a seu discurso um certo tom marcial.
LEONARDO BARROS às 08:19