BARINAS, Venezuela, 31 Mar 2013 (AFP) - Nicolás Maduro lembra que não conseguiu dizer uma palavra durante horas depois que Hugo Chávez anunciou que ele deveria assumir o comando do país caso ficasse incapacitado por seu estado de saúde. Atualmente, garante estar preparado e diz que "a revolução está unida" e não tem data de validade.
"Nunca esperei isso. Jamais. Mas foi absolutamente comovente e surpreendente que um chefe que amamos e que sempre apoiamos com lealdade em certo momento te diga: 'Olhe, vou fazer uma operação e há três cenários: um é que não sobreviva à operação, o segundo é que meu estado fique muito delicado e nestes dois casos cabe a você, você deve assumir o comando'", afirmou Maduro, presidente interino da Venezuela e candidato presidencial para as eleições de 14 de abril, em uma entrevista exclusiva à AFP em Barinas (oeste).
Maduro, de 50 anos e que formava parte do reduzido grupo de confiança do falecido presidente, converteu-se na pessoa de fora da família que mais o acompanhou durante sua doença, e foi o responsável por anunciar sua morte aos venezuelanos no dia 5 de março.
Civil, trabalhador, sindicalista e ex-ministro das Relações Exteriores com reputação de moderado, Maduro negou os rumores que falam de divisões dentro do chavismo avivadas após a morte do líder. Insistiu que se sente legitimado e que conta com o apoio de todo o governo.
"Houve uma reação de unidade. Agora temos relações verdadeiramente de irmandade em um nível que nunca tivemos. A direção político-militar da revolução está coesa por um mesmo sentimento de dor e amor em relação a Chávez. Se algo nos une, é o amor a Chávez (...) E todos cumprimos a ordem do presidente Chávez, começando por mim", disse.
Nas eleições presidenciais de outubro de 2012, já debilitado pela doença, Chávez conseguiu 55% dos votos contra os 44% alcançados por seu adversário, Henrique Capriles. Maduro acredita que irá superar este resultado nas eleições de 14 de abril contra o mesmo rival.
"Sim, acredito que as pessoas irão às urnas votar por Maduro porque somos como uma família que perdeu o pai. Aqui o povo se uniu porque agora é responsabilidade de todos que o legado de Chávez continue. E estou à frente, ele me deixou à frente de uma revolução, mas o povo sabe que eu vou avançar se eles avançarem. Há consciência e vamos ter uma vitória que vai quebrar os recordes", prometeu.
"De verdade, estamos prontos para assumir a presidência no dia 15 de abril com o povo e com o roteiro que ele nos deixou. Ele foi me preparando, sem que eu soubesse, em todos os temas: petroleiro, financeiro, internacional...", acrescentou.
Mas Maduro evitou se referir a ele mesmo como a encarnação do chamado "chavismo sem Chávez", como se admitir a ausência do falecido presidente fosse uma espécie de traição.
"Há muitos que apostam agora pelo fim da revolução, mas eu acredito que agorinha os líderes do mundo sabem que a revolução tem força própria, reconhecem que vamos obter uma grande vitória no dia 14 de abril e sabem que na Venezuela os únicos que podem garantir a estabilidade política, econômica e energética somos nós, com Nicolás Maduro como presidente", acrescentou.
Consciente da dolorosa divisão política vivida pela Venezuela, o candidato, considerado por muitos mais conciliador do que Chávez, apesar de estar utilizando um discurso radical nesta pré-campanha, ressaltou que a partir de 15 de abril, se vencer as eleições, "o diálogo com todos os setores que quiserem trabalhar e debater se aprofundará".
"Nós sempre trabalhamos com os que pensam diferente de nós, a intolerância e a tensão vieram da direita nestes anos", disse.
Com um discurso impregnado de referências e elogios constantes ao falecido presidente, Maduro, favorito nas pesquisas, negou que o governo esteja paralisado e não consiga tomar decisões afetado pela ausência de Chávez, que concentrou um grande poder em suas mãos.
"Estamos tomando decisões e governando graças a uma direção coletiva da revolução", disse o candidato.
Os pilares do programa de governo de Maduro não se diferenciam dos de Chávez: consolidar a independência, construir o socialismo venezuelano e contribuir para criar um mundo multipolar estão no todo da agenda. Mas, lidando com novos desafios a cada dia, Maduro atribui grande importância à luta contra a violência e o crime, um dos grandes temas pendentes deixados pelo governo de Chávez.
"Superar a violência é um tema prioritário, queremos construir uma sociedade socialista de paz, com altíssimos níveis de igualdade social", afirmou.
Com 16.000 homicídios em 2012, segundo números oficiais, valor que seria muito superior, de acordo com organizações não governamentais, a insegurança é a principal angústia dos venezuelanos. Embora este drama não possa ser atribuído diretamente a Chávez, seus opositores criticam uma inação que contribuiu para o aumento da violência.
É evidente que Maduro está cada dia mais confortável em atos com multidões, como o que liderou antes da entrevista, mas admite, antes de concluir, que não consegue se acostumar com a sua nova situação.
"Eu nunca imaginei isso. Às vezes parece que eu estive sonhando, como se esta ausência do comandante fosse apenas um pesadelo. Eu não sou nenhum carreirista nem desejo poder pessoal. Na verdade, nós somos militantes de uma causa e jamais pensamos que Chávez poderia nos faltar", lamentou.
"Nunca esperei isso. Jamais. Mas foi absolutamente comovente e surpreendente que um chefe que amamos e que sempre apoiamos com lealdade em certo momento te diga: 'Olhe, vou fazer uma operação e há três cenários: um é que não sobreviva à operação, o segundo é que meu estado fique muito delicado e nestes dois casos cabe a você, você deve assumir o comando'", afirmou Maduro, presidente interino da Venezuela e candidato presidencial para as eleições de 14 de abril, em uma entrevista exclusiva à AFP em Barinas (oeste).
Maduro, de 50 anos e que formava parte do reduzido grupo de confiança do falecido presidente, converteu-se na pessoa de fora da família que mais o acompanhou durante sua doença, e foi o responsável por anunciar sua morte aos venezuelanos no dia 5 de março.
Civil, trabalhador, sindicalista e ex-ministro das Relações Exteriores com reputação de moderado, Maduro negou os rumores que falam de divisões dentro do chavismo avivadas após a morte do líder. Insistiu que se sente legitimado e que conta com o apoio de todo o governo.
"Houve uma reação de unidade. Agora temos relações verdadeiramente de irmandade em um nível que nunca tivemos. A direção político-militar da revolução está coesa por um mesmo sentimento de dor e amor em relação a Chávez. Se algo nos une, é o amor a Chávez (...) E todos cumprimos a ordem do presidente Chávez, começando por mim", disse.
Nas eleições presidenciais de outubro de 2012, já debilitado pela doença, Chávez conseguiu 55% dos votos contra os 44% alcançados por seu adversário, Henrique Capriles. Maduro acredita que irá superar este resultado nas eleições de 14 de abril contra o mesmo rival.
"Sim, acredito que as pessoas irão às urnas votar por Maduro porque somos como uma família que perdeu o pai. Aqui o povo se uniu porque agora é responsabilidade de todos que o legado de Chávez continue. E estou à frente, ele me deixou à frente de uma revolução, mas o povo sabe que eu vou avançar se eles avançarem. Há consciência e vamos ter uma vitória que vai quebrar os recordes", prometeu.
"De verdade, estamos prontos para assumir a presidência no dia 15 de abril com o povo e com o roteiro que ele nos deixou. Ele foi me preparando, sem que eu soubesse, em todos os temas: petroleiro, financeiro, internacional...", acrescentou.
Mas Maduro evitou se referir a ele mesmo como a encarnação do chamado "chavismo sem Chávez", como se admitir a ausência do falecido presidente fosse uma espécie de traição.
"Há muitos que apostam agora pelo fim da revolução, mas eu acredito que agorinha os líderes do mundo sabem que a revolução tem força própria, reconhecem que vamos obter uma grande vitória no dia 14 de abril e sabem que na Venezuela os únicos que podem garantir a estabilidade política, econômica e energética somos nós, com Nicolás Maduro como presidente", acrescentou.
Consciente da dolorosa divisão política vivida pela Venezuela, o candidato, considerado por muitos mais conciliador do que Chávez, apesar de estar utilizando um discurso radical nesta pré-campanha, ressaltou que a partir de 15 de abril, se vencer as eleições, "o diálogo com todos os setores que quiserem trabalhar e debater se aprofundará".
"Nós sempre trabalhamos com os que pensam diferente de nós, a intolerância e a tensão vieram da direita nestes anos", disse.
Com um discurso impregnado de referências e elogios constantes ao falecido presidente, Maduro, favorito nas pesquisas, negou que o governo esteja paralisado e não consiga tomar decisões afetado pela ausência de Chávez, que concentrou um grande poder em suas mãos.
"Estamos tomando decisões e governando graças a uma direção coletiva da revolução", disse o candidato.
Os pilares do programa de governo de Maduro não se diferenciam dos de Chávez: consolidar a independência, construir o socialismo venezuelano e contribuir para criar um mundo multipolar estão no todo da agenda. Mas, lidando com novos desafios a cada dia, Maduro atribui grande importância à luta contra a violência e o crime, um dos grandes temas pendentes deixados pelo governo de Chávez.
"Superar a violência é um tema prioritário, queremos construir uma sociedade socialista de paz, com altíssimos níveis de igualdade social", afirmou.
Com 16.000 homicídios em 2012, segundo números oficiais, valor que seria muito superior, de acordo com organizações não governamentais, a insegurança é a principal angústia dos venezuelanos. Embora este drama não possa ser atribuído diretamente a Chávez, seus opositores criticam uma inação que contribuiu para o aumento da violência.
É evidente que Maduro está cada dia mais confortável em atos com multidões, como o que liderou antes da entrevista, mas admite, antes de concluir, que não consegue se acostumar com a sua nova situação.
"Eu nunca imaginei isso. Às vezes parece que eu estive sonhando, como se esta ausência do comandante fosse apenas um pesadelo. Eu não sou nenhum carreirista nem desejo poder pessoal. Na verdade, nós somos militantes de uma causa e jamais pensamos que Chávez poderia nos faltar", lamentou.