sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Ator foi encontrado morto por um funcionário na tarde desta sexta-feira, 18. Circunstâncias da morte serão investigadas pela polícia.


Walmor Chagas morre aos 82 anos



O ator Walmor Chagas, de 82 anos, foi encontrado morto na chácara onde vivia na cidade de Guaratinguetá, no interior de São Paulo, na tarde desta sexta-feira (18). As circunstâncias da morte ainda serão investigadas, mas a polícia disse acreditar que pode ter sido suicídio.
Com mais de 60 anos de carreira, o gaúcho Walmor de Souza Chagas atuou em mais de 40 peças, cerca de 20 filmes e mais de 30 novelas. Era considerado um dos grandes atores do teatro brasileiro.

Segundo o relato de um funcionário, o caseiro José Arteiro de Almeida, o corpo do artista foi achado caído na cozinha com um tiro na cabeça por volta das 16h30. Almeida disse ainda ao G1, por telefone, que, no momento da morte, Walmor estava sozinho dentro da casa. Ele diz também que uma empregada e uma cozinheira haviam acabado de deixar o local.
Almeida, que trabalha há 30 anos com o ator, diz que Walmor Chagas não demonstrava nenhum indício de que poderia tirar a própria vida. "Ele apenas relatou nos últimos dias que estava preocupado com o diabetes. As pernas também já não estavam tão firmes, mas ele estava bem", disse.

O tenente Reis, do Corpo de Bombeiros, informou que no momento que a equipe de resgate chegou ao local, o ator estava sentado em uma cadeira na sala, já sem vida, e com uma perfuração na cabeça.

O sítio onde o ator vivia fica no bairro Gomeral, na zona rural de Guaratinguetá. O local é de difícil acesso. Bombeiros dizem que receberam um chamado às 17h15, mas só conseguiram chegar ao local por volta das 18h30. Policiais civis estavam junto com os bombeiros e a Polícia Científica também está no local para a realização da perícia.
Carreira 
Walmor Chagas nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 28 de agosto de 1930. No começo dos anos 50, foi para São Paulo em busca de uma chance no cinema.
(Ao lado, veja entrevista do ator ao programa "Starte", da Globo News.)
Em 1952, Chagas fundou o Teatro das Segundas-Feiras, com Ítalo Rossi, encenando “Luta até o amanhecer”, de Ugo Betti. Ele estreou no Teatro Brasileiro de Comédia em 54, na peça “Assassinato a domicílio”, de Frederick Knott, com direção de Adolfo Celi.
Ao lado de Eva Wilma, o ator estreou no cinema em “São Paulo Sociedade Anônima” (1965), de Luís Sérgio Person, interpretando Carlos, um jovem da classe média. Sua primeira novela foi na TV Globo em 1974, na trama de “Corrida do ouro”.

Em 1992, Chagas chegou a apresentar o programa “Você decide”. Após oito anos afastado dos palcos, o ator retornou em 1999 na peça “Um equilíbrio delicado”.

Seus últimos trabalhos foram “Cara ou Coroa” e “A Coleção Invisível”, no cinema; e as novelas “A favorita” e “Os mutantes”, na televisão. Chagas era viúvo da atriz Cacilda Becker, com quem teve uma filha, Maria Clara Becker Chagas.

A organização do Prêmio Shell de Teatro anunciou no dia 21 de dezembro de 2012 que Walmor Chagas seria o grande homenageado na edição de 2013 do evento, que deve acontecer em março, "por seu papel histórico como ator e produtor em 64 anos de atividade no teatro brasileiro".
by G1

(...)"Caro leitor, cara leitora, desculpem-me, mas são necessários dois comentários: primeiro, o pretenso “mensalão” do PT não chega aos pés do esquema Cachoeira/PSDB-GO; segundo, se o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tivesse agido durante a Operação Vegas, conforme solicitado pela Polícia Federal, parte desses recursos não teriam sido desviados e provavelmente Marconi Perillo não teria sido eleito governador, tampouco Demóstenes Torres (outro queridinho das empresas privadas de comunicação) eleito senador em 2010 (...)


“A 
CPI vai terminar em pizza.” Assim vaticinavam as empresas privadas de comunicação (Globo, 
Veja, Estadão, Folha, etc.) desde o início dos 
trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de 
Inquérito (CPMI, ou CPI na sigla consagrada) 
que investigou as relações criminosas do bicheiro Carlos Cachoeira com agentes públicos 
e privados. Melhor dizendo: assim pregavam, 
torciam e assim acabaram por construir esse final. Agiram desta maneira porque, como toda 
empresa privada, elas têm seus interesses, que 
não são muito diferentes dos interesses das 
empresas de transporte, medicamentos, etc. 
Ou seja: financeiros, econômicos, políticos, 
comerciais, etc. E para defender esses interesses é que a CPI tinha que terminar em pizza. 
Pensaram: e se sobrar para nós também? Pois 
bem, é na defesa de seus interesses que essas 
empresas manipulam a informação.
A CPMI foi constituída para investigar as 
práticas criminosas do senhor Carlos Augusto
Ramos, conhecido vulgarmente como Carlinhos Cachoeira. O trabalho durou oito meses 
e teve como base as investigações da Polícia 
Federal nas denominadas operações Vegas e 
Monte Carlo. E, ao contrário do que afirmam 
alguns parlamentares, as paralisações do período eleitoral não prejudicaram as investigações, 
já que a maior parte dos trabalhos se deu pela 
análise de documentos e não de depoimentos. 
A análise dos documentos permitiu conhecer 
o modus operandi da organização criminosa, 
sua relação com agentes públicos, políticos e 
fontes de financiamento. Identificou também 
profissionais ligados aos meios de comunica-
ção que de alguma forma aderiram à organização ou colaboraram com Carlos Cachoeira.
Como membro da CPMI posso afirmar que o relatório apresentado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG) não protegia 
ninguém, tampouco jogava sombra sobre 
personagens que deveriam continuar a ser 
investigados ou mesmo indiciados, como o 


governador Marconi Perillo (PSDB-GO) e 
vários jornalistas. Ou seja, era o resultado 
que a mídia não queria, pois apontava para 
um partido queridinho, o PSDB, e levantava 
suspeitas sobre o envolvimento da imprensa 
“imparcial” com o crime organizado.
Como afirma o relator, as “Operações 
Vegas, entre os anos de 2008 e 2009, e Monte Carlo, entre os anos de 2010 e 2012, evidenciaram um espectro de ilicitudes do Senhor Carlos Cachoeira, e seu envolvimento 
com o Poder Público do Estado de Goiás, 
estendendo-se ao Executivo, Legislativo e 
Judiciário, bem como a membros do Ministério Público”. “Os indícios também apontavam para uma rede de espionagem política e 
econômica, na qual a organização criminosa 
se baseava em comprar informações sigilosas muitas vezes por meio de interceptações 
telefônicas clandestinas.”
Com o cruzamento dos dados obtidos, a 
CPMI desvendou os esquemas da organiza
ção criminosa de Carlinhos Cachoeira. Estabeleceu as relações financeiras entre pessoas 
físicas e jurídicas e mostrou a aquisição de 
patrimônio a partir da atividade criminosa. 
Demonstrou também como “integrantes da 
organização se infiltraram no Estado de Goi-
ás e como utilizaram agentes púbicos em benefício próprio ou de seus negócios ilícitos”.
Sei que é estafante para um simples artigo, mas é preciso se debruçar sobre números para demonstrar o alcance das análises 
dos documentos e o quão era (ou é?) atuante 
a organização criminosa. Foram quebrados 
os sigilos bancários de 75 empresas e pessoas físicas, totalizando uma movimentação 
de R$ 84.351.961.822,13 entre 2002 e 2012, 
sendo R$ 42.053.697.762,31 em créditos e 
R$ 42.298.264.059,82 em débitos.
Segundo os dados obtidos, “88,70% das 
transações envolvendo cheques não estão 
identificadas e as transferências entre contas 
não identificadas totalizam R$ 632.068.848,01 
em créditos e R$ 852.571.649,98 em débitos. 
Por sua vez, as transferências interbancárias 
(DOC e TED) não identificadas atingem 
o montante de R$ 200.862.131,02 em cré-
ditos e R$ 1.500.933.694,58 em débitos”. 
Continua: “No universo do sigilo bancá-
rio, 24,97% dos créditos constantes (ou R$ 
10.500.180.092,48) não estão identificados, 
assim como 38,66% dos débitos (que representam R$ 16.350.963.569,61). São consideradas não identificadas as transações que não 
possuem CNPJ ou CPF informados”.
O volume de recursos que passou pelas empresas-fantasmas superou R$ 148 
milhões num período de pouco mais de 
quatro anos. “Trata-se de um valor considerável, principalmente quando levamos 
em consideração que tais empresas não têm 
qualquer atividade econômica real. Foram 
criadas apenas e tão somente para ocultar 
transações financeiras”, conclui o relator. 
Dados esses atualizados até o dia 06 de outubro de 2012.

Caro leitor, cara leitora, desculpem-me, 
mas são necessários dois comentários: primeiro, o pretenso “mensalão” do PT não chega aos pés do esquema Cachoeira/PSDB-GO; 
segundo, se o procurador-geral da República, 
Roberto Gurgel, tivesse agido durante a Operação Vegas, conforme solicitado pela Polícia 
Federal, parte desses recursos não teriam sido 
desviados e provavelmente Marconi Perillo 
não teria sido eleito governador, tampouco 
Demóstenes Torres (outro queridinho das 
empresas privadas de comunicação) eleito 
senador em 2010.
O relator conclui que a “organização 
criminosa de Carlos Cachoeira construiu um 
verdadeiro ‘Triângulo de Ferro’ em Goiás, 
com vértices e personagens bem delineados”. 
Neste triângulo “merecem destaque a atuação 
do próprio Carlos Cachoeira, em um vértice, 
da empresa Delta Construções S/A Centro-
-Oeste, em outro, e do senador cassado Demóstenes Torres, em outro. Somam-se a esses 
vértices agentes públicos e privados envolvidos, com destaque para integrantes dos escalões políticos do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB)”.
Cachoeira também usava o Poder Legislativo brasileiro, nas figuras de deputados 
federais, estaduais e vereadores. Deles obtinha favores para a organização criminosa e 
retribuía financiando, com dinheiro oriundo 
do crime, suas campanhas eleitorais.
A Delta Construções S/A, ramo Centro-
-Oeste, acabou por se revelar um dos instrumentos de corrupção de agentes públicos e 
privados. “As quebras de sigilos bancário e 
fiscal revelaram que essa regional da Delta 
transferiu vultosa quantidade de recursos financeiros para empresas de fachada controladas por Carlos Cachoeira.”
“Cachoeira mantinha ainda uma intricada rede de escutas clandestinas e arapongagem, por meio da qual obtinha informações 
que eram usadas para chantagear e achacar 
agentes públicos e privados. Essa rede de 
espionagem servia ainda para Cachoeira tomar conhecimento das operações policiais 
de combate a jogos de azar e máquinas caça-
-níqueis em Goiás e no entorno do Distrito 
Federal, elo financeiro mais forte do contraventor”.
Chamo a atenção para o fato que este 
serviço de arapongagem estava à disposição 
do jornalista Policarpo Junior, da revista Veja. 
Em poder de informações obtidas através de 
grampos ilegais, portanto criminosos, Policarpo criava matérias para bater nos governos 
do Lula e Dilma, no PT e em seus militantes.
Cachoeira tinha em suas mãos políticos 
do porte do ex-senador Demóstenes Torres 
(um dos mosqueteiros da revista Veja) e do 
governador de Goiás, Marconi Perillo. Tinha 
trânsito livre em importantes secretarias e autarquias do Estado de Goiás, assim como no 
gabinete do governador. Tinha em suas mão 
prefeitos de cidades goianas, vereadores e 
deputados estaduais e federais, além da Delta 
Construções S.A., ramo Centro-Oeste, responsável pelo depósito de R$ 98.928.491,10, 
nas contas de cinco das sete empresas-fantasmas investigadas. Também controlava mais 
de uma dezena de jornalistas, incluso o mais 
importante jornalista da revista Veja, Policarpo Junior.
Nada me custa fazer duas perguntas: 
será que Cachoeira tinha essas pessoas nas 
mãos ou ainda as tem? Segunda: por que em 
setembro de 2009, quando o inquérito policial 
da Operação Vegas detectou o envolvimento 
de parlamentares e outras autoridades com 
prerrogativa de foro no esquema de explora-
ção de jogos ilegais comandado por Carlos 
Cachoeira, o Dr. Roberto Gurgel, procurador-
-geral da República, não ofereceu a denúncia 
para iniciar a ação penal? Por que, como se 
diz vulgarmente, “sentou” em cima?
Creio que é possível concluir o porquê, 
desde o início, as empresas de comunicação 
trabalharam para que a CPMI terminasse em 
pizza: porque por todos os meios ela chegava aos seus queridinhos ou a alguns dos seus 
jornalistas.
A pizza foi ao forno tendo com chefes da 
cozinha o PSDB, comandado pelo “ferrenho 
combatente” da corrupção, senador Álvaro 
Dias, e o PMDB.
*Dr. Rosinha, médico pediatra, é deputado 
federal (PT-PR) e vice-presidente brasileiro do 
Parlamento do Mercosul

by *Dr. Rosinha, médico pediatra, é deputado 
federal (PT-PR) e vice-presidente brasileiro do 
Parlamento do Mercosul

Manifesto comunista (...) "Naturalmente, isso só se realizará, em princípio, através de uma violação despótica do direito de propriedade e das relações burguesas de produção, ou melhor, pela aplicação de medidas que, do ponto de vista econômico, parecerão insuficientes e insustentáveis, mas, que no desenrolar do movimento ultrapassarão a si mesmas, provocando novas modificações na antiga ordem social e se tornarão indispensáveis para transformar radicalmente todo o modo de produção. É evidente que essas medidas serão diferentes em cada país. Porém, nos países mais adiantados, as medidas seguintes poderão ser postas em prática" (...):

O Manifesto Comunista.

(...) O comunismo não pretende privar ninguém do direito de apropriar da parte que lhe cabe dos produtos sociais, apenas não admite que o trabalho de outrem possa ser escravizado por meio dessa apropriação.
(...) No sistema burguês, o trabalho vivo destina se a aumentar o trabalho acumulado. No sistema comunista, o trabalho acumulado se reduz a uma forma de ampliar, de enriquecer, de promover a vida do trabalhador.
(...) Causa nos horror falarmos em abolir a propriedade privada. Mas a propriedade privada na atual sociedade já está abolida para nove décimos da população. Se ela ainda existe para um grupo reduzido é justamente porque deixou de existir para esses nove décimos. Portanto, vossa acusação contra nós é a de nos propormos abolir uma forma de propriedade que, para subsistir, tem de privar a imensa maioria da população de qualquer tipo de propriedade.
Em uma palavra, vós nos acusais de querermos abolir vossa propriedade. Tendes razão, é justamente esse o nosso objetivo.
Não podendo mais reverter se o trabalho em capital, em lucro, em renda da terra, enfim em poder social, capaz de ser monopolizado, em outros termos, não podendo a propriedade individual transformar se em propriedade burguesa, concluis que as liberdades individuais já não existem. Desta forma, reconheceis que, ao falardes de indivíduo, quereis referir vos exclusivamente ao burguês, ao proprietário burguês. E esse tipo de indivíduo deve ser realmente eliminado.
(...) Ao suprimir se a exploração do homem pelo homem, será igualmente suprimida a exploração de uma nação por outra. A hostilidade entre países tende a desaparecer, na medida em que no interior de cada país, já não houver classes antagônicas.
(...) Pelo que foi dito acima, vimos que a 1ª etapa da revolução operária é elevar o proletariado à classe dominante, em busca da democracia.
Desse modo, o proletariado se valerá de sua supremacia para arrancar, pouco a pouco, todo o capital das mãos da burguesia, procurando centralizar os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado em classe dominante a fim de aumentar rapidamente, o total das forças produtivas.
Naturalmente, isso só se realizará, em princípio, através de uma violação despótica do direito de propriedade e das relações burguesas de produção, ou melhor, pela aplicação de medidas que, do ponto de vista econômico, parecerão insuficientes e insustentáveis, mas, que no desenrolar do movimento ultrapassarão a si mesmas, provocando novas modificações na antiga ordem social e se tornarão indispensáveis para transformar radicalmente todo o modo de produção.
É evidente que essas medidas serão diferentes em cada país. Porém, nos países mais adiantados, as medidas seguintes poderão ser postas em prática.


1 Extinção da propriedade latifundiária com a transferência da renda da terra para o Estado.
2 Imposto gradativo com taxas altas.
3 Abolição dos direitos à herança.
4 Confiscação da propriedade dos emigrados e dos contra-revolucionários.
5 Controle centralizado do crédito pelo Estado através de um banco nacional com capital do Estado e com monopólio exclusivo.
6 Controle completo pelo Estado de todo o sistema de transporte.
7 Disseminação por toda parte de fábricas e instrumentos de produção de propriedade do Estado, aproveitamento das terras não cultivadas e melhoramento das terras já cultivadas, dentro de um planejamento geral.
8 Obrigação de trabalhar estendida a todos os cidadãos, formação de exércitos industriais, particularmente para a agricultura.
9 Harmonização do trabalho agrícola com o industrial, através de medidas que eliminem gradativamente a distinção entre cidade e campo.
10 Educação pública e gratuita para todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas fábricas, como existe hoje. Adequação do sistema educativo ao processo de produção material, etc.
Desaparecendo as divergências de classes, no decorrer do processo, e concentrando a produção em mãos de associados, o poder político perderá seu caráter político. O poder político é, evidentemente, o poder organizado de uma classe para oprimir a outra. Se o proletariado, em sua luta contra a burguesia é forçado pelas circunstâncias a organizar se em classe; se se converte, mediante uma revolução em classe dominante e, como tal, consegue destruir definitivamente as antigas relações de produção, e conseqüentemente as condições de antagonismos de classes e as próprias classes em geral, é levado assim a extinguir até sua própria dominação como classe.
Em vez, pois, da antiga sociedade burguesa com suas classes e conseqüentes conflitos, surge um novo tipo de sociedade na qual o desenvolvimento social de todos se condiciona ao livre desenvolvimento de cada um.

Marx e Engels, 1848.

(...)"Povo ignorante? Esses comentaristas da Globo tentam passar a imagem de que a Venezuela é um país de atraso cultural, para o que se valem , novamente, do expediente corriqueiro da desinformação massificada, repetida sistematicamente. Vamos aos fatos: enquanto a Venezuela já foi declarada oficialmente, pela UNESCO, como “Território Livre do Analfabetismo”, o Brasil ainda não tem sequer uma meta segura para erradicar esta mazela social, apesar de terem nascido aqui os geniais Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire. Lá, para a erradicação do analfabetismo, além da utilização de um método super- revolucionário elaborado em Cuba, o “Yo Si Puedo”, houve uma tremenda mobilização do governo, das massas, das instituições, mas também dos meios de comunicação públicos, que, existem, informam e possuem uma programação cultural educativa elevada ao contrário daqueles sintonizados com os ditames prepotentes do Consenso de Washington."(...)


As Lições de Chávez



Desde que foi eleito em 1998, o presidente Hugo Chávez vem estimulando uma série de debates, seja em razão das amplas transformações sociais que promove na Venezuela, seja em razão do medo pânico que causa nos governos imperiais e nas oligarquias de cada país, vassalas e zeladoras dos interesses deste imperialismo em cada país. Certamente, sobre cada um destes aspectos é possível retirar profundas lições.

No caso brasileiro, a mídia do capital que jamais se preocupou em oferecer um mínimo de informação objetiva sobre as mudanças em curso na Venezuela, agora, em razão do infortúnio da enfermidade de Chávez, esta mídia supera-se.  Promove uma comunicação necrológica, havendo inclusive  comentarista de veículos das Organizações Globo,  que chega mesmo ao grotesco de torcer  pela desaparição do mandatário venezuelano.

Sobre isto devemos tirar lições, seja aquelas amargas , a partir do comportamento medieval da mídia empresarial  sobre a trágica enfermidade de Chávez, enfermidade que, óbvio,  pode alcançar a qualquer um de nós, mas também sobre o que este mandatário já realizou mudando a face de seu país e ajudando a mudar a face da América Latina. Por um lado, fica claro que para aqueles comentaristas globais, a ideologia está por cima de qualquer conceito básico de humanidade ou solidariedade, que sustentariam desejos de restabelecimento e de superação deste azar pessoal. Mas, o que se observa é ainda mais grave:  para além do desejo pessoal da morte alheia, as  concessões de serviço público de radiodifusão estão a ser utilizadas para a propagação destes   desejos mórbidos  em grande escala de difusão,  violando  a Constituição Brasileira, que, em seu artigo 221,  estabelece como princípio a ser observado, “o respeito aos valores éticos e sociais, da pessoa e da família”, sem qualquer manifestação da autoridade responsável. É como se fosse autorizado aos concessionários de serviços públicos de abastecimento de água, distribuir água contaminada e suja à sociedade.

Para que serve a mídia?

Será que isto estaria se tornando uma tendência?  Há alguns meses, quando cientistas iranianos foram  assassinados  em atentados que , segundo o noticiário da época,  teriam sido organizados por comandos israelenses  -   os mesmos que assumem agora terem participado na eliminação de Yasser Arafat   -   num programa televisivo, Manhattan Conexion ,  também veiculado por empresa das Organizações Globo,  comentaristas chegaram a defender que aqueles cientistas iranianos mereciam mesmo ser  assassinados. Apologia do homicídio!


Tanto num caso, como em outro,  Venezuela e Iran, são países com os quais o Brasil possui  relações de amizade e cooperação, aliás crescentes, em benefício mútuo notório. Qual seria a reação do Itamaraty, do Governo Federal, caso emissoras de tv da Venezuela ou do Irã  passassem a hostilizar autoridades brasileiras, e, chegassem a torcer pela reincidência do câncer em Dilma ou em Lula, e para que eles não resistissem? Ou se estas emissoras defendessem a morte de cientistas brasileiros, pois, como sabemos, o Brasil também possui   -  de modo soberano    - seu próprio  programa nuclear, como EUA, Rússia, China, Israel e Irã?


Pra que servem os meios de comunicação social, afinal de contas?  Para hostilizar e desejar o pior,  de modo incivilizado, embrutecido, desumano e antidemocrático,  a  personalidades de outros países, com o que se desrespeitam povos com os quais temos relações de cooperação e amizade? Será mesmo admissível que concessões de serviço público sejam utilizadas para insuflar, propagandear e celebrar o desejo de morte de seres humanos, simplesmente por não comungar de suas ideias?  Esta prática não seria equiparável àquelas que Goebels denominava de “razões propagandísticas”, e que precederam os ataques nazistas a outros povos?

Estranho “ditador”


As notas que a mídia brasileira divulgam sobre Hugo Chávez  atentam contra a prática basilar do jornalismo. Críticas e discordâncias são absolutamente normais e devem ser praticadas. Mas, desinformação, distorção e inverdades grotescas são  atributos rigorosamente alheios ao jornalismo.
Um dos aspectos mais utilizados nesta cruzada midiática de anos é a tentativa de rotular Hugo Chávez como ditador.  Estranho “ditador” este que chegou ao poder pelas urnas e, em 14 anos, promoveu 16 eleições, referendos e plebiscitos,  dos quais venceu 15 pelo voto popular e respeitou, democraticamente, o resultado do único pleito em que não foi vencedor. Estranhíssimo “ditador” esse Chávez que introduziu na Constituição Bolivariana  -   ela também referendada pelo voto popular  -  o mecanismo da revogabilidade de mandatos,  utilizado pela oposição que, no entanto, não conseguiu  a vitória nas urnas.

Auditoria eleitoral

Na Venezuela, para dar ainda mais segurança às eleições, estas não são julgadas pela mesma autoridade que as organiza. Além disso,  as urnas possuem mecanismo de impressão do voto,  possibilitando ao eleitor conferir se o voto que teclou foi realmente o voto registrado pelo computador. De posse deste voto impresso, o eleitor, no mesmo momento da votação, o deposita em urna anexo. Isto possibilita que haja plena auditoria do voto, o que não ocorre no Brasil, onde, conforme já demonstraram especialistas da UnB, as urnas eletrônicas são vulneráveis a interferência externa sobre seus programas, além do que, na existe a possibilidade do voto material em papel para eventual necessidade de recontagem.

 Estranho “ditador” este Chávez, que ampliou a segurança eleitoral dos cidadãos, lembrando que lá na Venezuela o voto não é obrigatório, tendo sido registrada, na eleição de outubro de 2012, uma participação superior a 86 por cento do colégio eleitoral. O revelador aqui é que as Organizações Globo, tão empenhada em rejeitar e criticar a democracia venezuelana, é aquela que  apoiou o a supressão do voto popular no Golpe de 1964, apoiou a Proconsult contra a eleição de Brizola em 1982 e foi contra a Campanha Diretas-Já, em 1984, uma das mais belas páginas da consciência democrática do povo Brasil. E, ainda hoje, a Globo insiste em difamar e combater a instituição do voto impresso na urna eletrônica brasileira,  cuja vulnerabilidade tem lhe causado a rejeição por mais de 40 países, exceção para o Paraguai, a quem o TSE regalou tais equipamentos......

Povo ignorante?


Esses comentaristas da Globo  tentam passar a imagem de que a Venezuela é um país de atraso cultural, para o que se valem , novamente, do expediente corriqueiro da desinformação massificada, repetida sistematicamente. Vamos aos fatos: enquanto a Venezuela já foi declarada oficialmente, pela UNESCO, como “Território Livre do Analfabetismo”, o Brasil ainda não tem sequer uma meta segura para erradicar esta mazela social, apesar de terem nascido aqui os geniais Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire.  Lá, para a erradicação do analfabetismo, além da utilização de um método super- revolucionário elaborado em Cuba, o “Yo Si Puedo”,  houve uma tremenda mobilização do governo, das massas, das instituições, mas  também dos meios de comunicação públicos, que, existem, informam e possuem uma programação cultural educativa elevada ao contrário daqueles sintonizados com os ditames prepotentes do Consenso de Washington.

 Aliás, vale lembrar que foi exatamente por meio deste método que o Deputado Tiririca foi alfabetizado em prazos relâmpagos e foi capaz superar as ameaças elitistas da autoridade eleitoral que queria lhe cassar o mandato. Tiririca aprendeu a ler e  escrever em poucas semanas. Com também foram alfabetizados campesinos, índios, povo pobre na Venezuela, na Bolívia e no Equador. Em breve será a Nicarágua a ser declarada também, oficialmente,  pela Unesco,  Território Livre do Analfabetismo.

Como contraponto, vale lembrar que o programa Telecurso Segundo Grau, produzido pela Fundação Roberto Marinho, é exibido em horário da madrugada pelas emissoras que empregam esses comentaristas, apesar dos volumosos recursos públicos  despendidos para a sua produção e veiculação. A escolha do horário é apenas demonstração da baixa preocupação e vontade dos concessionários de serviços públicos de radiodifusão  em contribuir para a elevação do nível educacional e cultural do nosso povo. Contrariando a Constituição.

O que é notícia?

Aqueles comentaristas são incapazes de informar sobre tudo isto, bem como sobre o papel dirigente de Hugo Chávez ao formar com estes países e outros a ALBA  -  Aliança Bolivariana para o Progresso,  numa iniciativa em que colocou o petróleo com instrumento da elevação das condições de vida não apenas dos venezuelanos, mas também do progresso social conjunto destes povos. A isso chamam de ingerência, trocando solidariedade por intromissão. Graças aos recursos do petróleo, milhares de latino-americanos, estão recuperando a plena visão, por meio de cirurgias gratuitas realizadas pela Operación Milagro, um esforço comum entre Cuba e Venezuela.  Esta operação humanitária, jamais divulgada adequada pelas Organizações Globo, nasce quando a OPAS alertou para a possibilidade de que pelo menos 500 mil latino-americanos perdessem a visão à curto prazo, vítimas de catarata, uma tragédia perfeitamente evitável. As cirurgias são feitas tanto em Cuba, como na Venezuela, e agora também na Bolívia, no Equador, seja por médicos cubanos, ou locais. Isto não se informa, mas um dia destes , fiquei tomei conhecimento, pelo Jornal Nacional, da edificante informação de que a esposa do Príncipe Willians, a tal duquesa de Cambridge,  está sofrendo  muito enjoo na  sua gravidez. Cuba e Venezuela decidiram operar 6 milhóes de latino-americanos, gratuitamente, em 10 anos. O que é notícia?

Índios lêem “Cem anos de solidão”

Aí temos outra lição de Chávez: depois de erradicar o analfabetismo, Chávez criou a Universidade Bolivariana, pública e gratuita, a Universidade das Forças Armadas,  e um programa para elevar a taxa de leitura do povo venezuelano. Por meio deste programa foram editados, dando apenas  alguns exemplos, a obra “Dom Quixote”,  com uma tiragem de 1 milhão de exemplares que foram distribuídos gratuitamente nas praças públicas, e também a obra “Contos”, da Machado de Assis, pelo mesmo programa, com uma tiragem de 300 mil exemplares, tiragem que o genial escritor do Cosme Velho jamais mereceu aqui no Brasil, onde não apenas  o analfabetismo persiste , mas a tiragem padrão de nossa indústria editorial arrasta-se na melancólica marca de 3 mil exemplares. Além disso, algumas tribos indígenas da Amazônia venezuelana,  que, até Chávez, ainda desconheciam a escrita,  já tiveram seu  idioma sistematizado, e, como primeira obra publicada no novo sistema de escritura, tiveram o belíssimo “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel Garcia Marquez.  No entanto, apesar de tudo isto, para estes comentaristas da Globo,  que agridem Chávez no leito de um hospital, na Venezuela há um “povo ignorante”, dirigido por um “ditador”.... Como explicar, então,  a realização destas mudanças marcantes? Vale contar um caso: o senador Cristovam Buarque, ex-Ministro da Educação de Lula,  foi à Venezuela para a solenidade de Declaração de Território Livre do Analfabetismo. Escreveu num papelucho um endereço e saiu pelas ruas perguntando ao acaso aos transeuntes, que lhe orientassem como chegar ao destino marcado. “Falei com pessoas indistintamente, camelôs, donas-de-casa, jovens ou não, ninguém me disse que não sabia ler e davam a informação”, contou. São as lições de Chávez que a Globo não possui aptidão para aprender....

Petróleo a preço de água

Antes de Chávez, quando 80 por cento dos venezuelanos viviam na miséria absoluta, o petróleo era regalado aos EUA, enquanto a burguesia local era conhecida por ser a maior consumidora de champanhe do mundo, depois da francesa, e pela elevadíssima importação de caviar para pequenos círculos oligarcas. Eleito, Chávez cumpriu promessa de campanha de acabar com a farra imperialista com o petróleo venezuelano regalado.  Recuperou gradativamente o controle sobre a PDVSA e também fez uma cruzada internacional para acordar a OPEP de seu sonho colonizado. Na época, o preço do petróleo estava em 7 dólares o barril  -  ou seja, muito mais barato que água mineral ou Coca-Cola  -  e hoje,  avança pela casa dos 100 dólares. Eis a razão do ódio dos EUA a  Chávez.

Evita Perón  e Vargas

Este ódio imperial se expressa como uma ordem, uma sentença de morte, dada pelos falcões norte-americanos para que seja alcançada,  por meio do câncer, aquela meta mórbida contra qualquer mandatário que não seja talhado para vassalagem, para submissão.  Não é a primeira vez na história que isto ocorre. Quando Evita Perón foi acometida por  um câncer, este jornalismo mortífero se expressou sem qualquer escrúpulo. O ódio que os círculos imperiais nutriram por Evita fez com que ele saltasse das páginas da imprensa portenha para os muros de Buenos Aires, nos quais a oligarquia festejava sua podridão moral escrevendo “Viva el Câncer!”. Os imperialistas jamais perdoaram Evita por ter armado os trabalhadores da CGT para resistir aos golpes que frequentemente se organizavam contra Perón. Chegou mesmo a advertir Perón, que lhe criticou pela distribuição de armas, da qual ela nunca se arrependeu, que ele estava preparando as condições   -  desmobilizando os trabalhadores   -  para não ter capacidade de resistir ao golpe, que chegou em 1955, 3 anos depois da morte de Evita. Ela bem que avisou.

Depois foi contra Getúlio Vargas, quando sua saída da vida para entrar na história foi comemorada em círculos manipulados pelo capital externo, que não suportavam a criação da estatal Petrobrás, dos direitos laborais inscritos na CLT e da lei da remessa de lucros ao exterior. Não por acaso, o povo expressou sua tristeza e sua fúria, pranteando Vargas, mas também  empastelando os símbolos daquele ódio contra o popular presidente,  entre os quais os jornais Tribuna da Imprensa, Globo, e, até mesmo do jornal do PCB, Tribuna Popular, que no dia do suicídio de Vargas trazia desorientada entrevista de Prestes pedindo sua renúncia. Assustados e envergonhados, os dirigentes comunistas recolhiam os exemplares do jornal que ainda estavam nas bancas. Mas, não tiraram conclusões históricas do porquê também foram alvo da fúria popular contra seus inimigos, sobretudo porque Vargas havia convidado Prestes para ser o chefe militar da Revolução de 30, aquela que em apenas 24 horas alistou mais de 20 mil  voluntários para pegar em armas e combater  a República Velha. Prestes inicialmente aceitou o convite, mas a ordem stalinista foi para que se afastasse de Vargas, enquanto que, na mesma época, em sentido contrário,  Leon Trotsky escrevera que tanto Vargas como o mexicano Cárdenas, eram expressão de um bonapartismo sui generis, com potencial revolucionário, e que deveriam  receber o apoio tático dos revolucionários.

O Levante de 4 de Fevereiro de 1992

Processos revolucionários começam sob formas mais inesperadas, normalmente com rupturas da legalidade instituída quando esta acoberta iniquidades, sob a forma de insurreições, armadas ou não. A partir das revoluções outra legalidade é constituída. Assim foi a Revolução de 30. Assim havia sido a Revolução Francesa, Assim foi a revolução em Cuba, na Nicarágua  ou na Argélia. A Revolução Iraniana, por exemplo, desde 1979, de quatro em quatro anos promove eleições diretas, o que ainda não foi conquistado pelo povo dos EUA, onde o voto é indireto e apenas os candidatos que podem pagar aparecem na mídia para defenderem suas ideias. A Revolução Bolivariana começa com um levante insurreicional  - o 4 de fevereiro de 1992   -   destinado a convocar uma Assembleia Nacional Constituinte, cujo objetivo era retirar a Venezuela da condição de colônia petroleira.  Evidentemente, os comentaristas que seguem orientação imperial não suportam qualquer forma de rebeldia contra hegemonias colonizadoras. Na prisão, Chávez se transforma no homem mais popular da Venezuela,  aquele capaz de traduzir e promover a identidade de seu povo com a sua história, com Bolívar, com a sua identidade cultural, sua  mestiçagem negra e índia, como são os venezuelanos.
A Revolução Bolivariana começa com um levante armado e transforma-se em processo institucional por meio da aprovação do voto popular. Mas, diante das constantes ameaças golpistas imperiais e também das provocações desestabilizadoras da oligarquia, Chávez mesmo declarou que “esta é uma revolução pacífica, pero armada” , como a expressar a consciência do golpismo que sempre esmagou processos democráticos de transformação social na América Latina. Não lhe sai da lembrança que Allende morreu de metralhadora na mão...

Jornalismo de desintegração

As lições de Chávez estão aí aos olhos do mundo,  mesmo que esta mídia golpista, praticando o mais vulgar jornalismo de desintegração, queira ocultar. A parceria Brasil-Venezuela multiplicou em mais de 500 por cento o comércio bilateral em poucos anos e hoje estão atuando na pátria de Ali Primera a Embrapa, a Caixa Econômica e muitas empresas brasileiras. Realizam obras de infra-estrutura indispensáveis para que o país dê um salto em seu desenvolvimento, o que sempre foi  sabotado pelas oligarquias do período pré-Chávez. Agora  Venezuela constrói ferrovias, metrôs, teleféricos, estradas, hidrelétricas, pontes, e a participação brasileira nisto, com financiamento estatal, via BNDES, traduz bem o pensamento de Lula de que integração significa “todos os países crescendo juntos”. Os comentaristas da Globo não informam nada disso, até porque apoiaram quando o Brasil, na era da privataria neoliberal, demoliu um terço de suas ferrovias, além de ter destruído sua indústria naval, que agora, recuperada, tem inclusive  27 encomendas para a construção de navios petroleiros da PDVSA, a serem feitos aqui.

Solidão do Uniforme

Além da integração, Chávez recuperou para o centro do debate o conceito de socialismo, além de propor a organização de uma nova Internacional, indignando-se com a cruzada da morte que o imperialismo organizou contra o Iraque, a Líbia e também contra Síria. Muito longe de resolver o desemprego galopante que assola a França, o governo de Hollande lança-se em mais uma empreitada imperial contra. Só sabem guerrar. Chávez recupera o debate sobre uma nova função social para os militares, retirando-os da solidão do uniforme,  unindo-os ao povo e às causas mais preciosas para viver com dignidade, com soberania e como democracia e justiça social. Recuperou até mesmo a função histórica do General José Ignácio de Abreu e Lima, pernambucano que lutou ao lado de Bolívar e que foi o primeiro a escrever sobre O Socialismo na América Latina, o que, em boa medida era desconhecido até mesmo pelas esquerdas brasileiras. Hoje os militares venezuelanos cumprem função libertadora e resgatam a função das correntes militares progressistas e antiimperialistas na história e seus representantes como Velasco Alvarado, Torres, Torrijos, Perón, Prestes, Nasser, Tito, a Revolução dos Cravos.....São lições de Chávez.



Os comunicadores que ignoram os fatos objetivos alardeiam a existência de desabastecimento alimentar quando a Unicef  comprova que a Venezuela teve reduzida drasticamente a  desnutrição e sua mortalidade infantil. O que há é boicote da indústria alimentar, o que levou o governo a montar uma rede estatal de mercados, fixos e móveis, que chegam a vender alimentos ao povo a preços até 70 por cento mais baratos, já que supera a especulação dos oligopólios. Na semana que passou, para as autoridades venezuelanas confiscaram 3 mil toneladas de alimentos que estavam escondidos pelos oligopólios, numa operação casada com a mídia para fazer a campanha de que “falta alimento”, operação da qual participam, vergonhosamente, os comentaristas globais e sua grotesca desinformação. Segundo estatísticas da FAO, o consumo de alimentos na Venezuela aumentou em 96 por cento  no período de 2001 a 2011, Era Chávez, enquanto a Cepal atesta que este país é hoje o menos desigual da América  Latina, além de pagar o maior salário mínimo do continente, o equivalente a 2440 reais, informação que a Globo jamais noticiará.

MST, sem veneno

Antes de Chávez, a Venezuela não possuía economia agrícola, ou melhor, tinha apenas uma “agricultura de portos”,  todo alimento era importado, até alface vinha de avião de Miami.  Hoje o país, graças à integração e à cooperação promovidas incansavelmente por Chávez, já tem uma pecuária leiteira, já produz metade do arroz que consome e recebeu até a solidariedade do MST que lhe doou toneladas de sementes criollas de soja não transgênica. Aliás, Chávez organizou convênio com o MST, o então governador Roberto Requião e a Universidade Federal do Paraná para montar escolas de agroecologia aqui no Brasil, abertas à participação de estudantes de toda a América Latina.

Jornais populares e diversidade

Essas são algumas das generosas lições de Chávez, atacado pela Globo daqui,  como pela de lá, exatamente porque existe plena liberdade de imprensa na Venezuela. Ou, como disse Lula, “o problema da Venezuela é excesso de democracia”. Vale contar episódio de jornalista brasileira que antes de viajar para lá me perguntou como poderia ter acesso a imprensa não controlada pelo governo, segundo frisou. Eu lhe disse, vá às bancas de jornal. Ela desconfiou, mas foi. E me contou; “pedi ao jornaleiro imprensa de oposição ao Chávez. Ele apontou para toda a sua banca e disse-me. minha filha, isso aí tudo é contra o governo, que poderia escolher á vontade”, relatou-me surpreendida. A diferença é que essas grosseiras distorções e manipulações que se lançam aqui contra Chávez, lá têm respostas pois foi constituído um sistema público de comunicação, inclusive com jornais populares distribuídos gratuitamente ao povo nos metrôs e rodoviárias, o que ainda não temos aqui. O povo brasileiro eleva seu padrão de consumo, mas não tem um jornal com o qual  possa dialogar e refletir sobre as mudanças sociais em curso aqui. Continua “dialogando” com as xuxas da vida....

Caminhando e cantando e seguindo a lição....

Diante de tantas lições civilizatórias, democráticas, transformadoras e marcadas pelo humanismo que está sendo aplicado pelo governo bolivariano da Venezuela, a conclusão de um comentarista global de que Chávez iria tomar o poder no além, é apenas  e tão somente confissão de um desejo golpista macabro e atestado da estatura moral desta mídia teleguiada de Washington. O que desejamos é que Chávez possa se recuperar, concluir a sua obra, na qual está a meta de construir e entregar 380 mil novas moradias em 2013, equipadas com móveis e eletrodomésticos, em terrenos localizados também em bairros nobres, e não numa periferia longínqua ou à beira de precipícios que desmoronam com as chuvas.

Quanto a nós, que aprendamos algumas destas lições, especialmente quanto à necessidade de fortalecer, expandir e qualificar um sistema público de comunicação, para que tenhamos acesso ao que está em nossa Constituição, a pluralidade e a diversidade informativas, e um jornalismo como construção de cidadania e de humanidade.

by Beto Almeida,
jornalista
16 de janeiro de 2013

(...)"Para a sorte do regime petista, a oposição, de direita ou de esquerda, não parece ter forças para aproveitar a turbulência e consolidar um nome, um projeto, ideias gerais que sejam, alternativos ao programa petista para o Brasil. Desta forma e apesar das crises políticas, o espaço da mudança parece continuar reduzido à ocorrência de um cataclisma econômico que mude radicalmente o humor dos brasileiros em relação aos seus governantes. Ou a uma verdadeira reviravolta, a partir de terremotos políticos de alto grau. Tendo em vista o que aconteceu em 2012, nenhuma dessas hipóteses pode ser descartada. Como palpite, no entanto, este colunista acha que é possível, mas não provável."(...)


Tempos estranhos
 
ESCRITO POR LUIZ ANTONIO MAGALHÃES
QUI, 03 DE JANEIRO DE 2013


O ano de 2012 foi surpreendente, daqueles para desmoralizar a crença em todo e qualquer tipo de vidência. Sim, porque, se em dezembro de 2011 alguém afirmasse que ao final deste ano que ora se encerra José Dirceu e mais boa parte da cúpula do PT estariam condenados a dezenas de anos de prisão, ou que a identidade de uma “amiga íntima” do ex-presidente Lula seria revelada e que tal amiga seria indiciada por formação de quadrilha e outros crimes, qual seria a reação de dez entre dez analistas políticos? Risos, provavelmente.

Mas não é só isto, tem mais: e se um hipotético vidente vaticinasse que o Catão do Senado Federal, o implacável defensor da moral e dos bons costumes, seria cassado por ligações com um bicheiro, como ocorreu com Demóstenes Torres em julho, liquidado politicamente por ter colocado seu mandato a serviço de Carlinhos Cachoeira? Ou ainda, se previsse também que José Serra, recém-saído das urnas com mais de 40 milhões de votos, seria derrotado por um neófito na política, sem nenhuma eleição no currículo, em pleno auge do julgamento do mensalão?  E se dissesse que a presidenta Dilma Rousseff manteria, mesmo com a economia andando de lado, a estratosférica popularidade, despontando nas pesquisas de opinião como candidata imbatível na eleição de 2014?

Provavelmente, pela soma das previsões, o vidente seria considerado louco varrido, merecedor de internação imediata no primeiro hospício ao alcance.

No entanto, tudo aconteceu, e não foi só: o Corinthians venceu a Libertadores e o Mundial de Clubes... Sem a menor sombra de dúvida, 2012 foi um ano diferente, muito diferente e, sobretudo, estranho. O que nos leva então a um exercício de interpretação complexo. Afinal, o que está acontecendo no Brasil?

Se a resposta é difícil, a velha e boa técnica da eliminação das alternativas ajuda a pensar. É possível perceber com razoável grau de certeza o que NÃO está acontecendo.
Oposição paralisada

Em primeiro lugar, não existe, nem de longe, um movimento organizado da oposição para desestabilizar o governo ou atingir Lula, Dirceu, Genoino e outros integrantes da cúpula do PT.

Ao contrário, na verdade a oposição só se debilitou nos últimos anos, parte dela capitulando cada vez mais ao regime petista. Estão aí o DEM de ACM Neto e o PSD de Gilberto Kassab, ambos praticamente em vias de integrar a amplíssima base do governo Dilma. Ainda mais emblemático é o exemplo do governador tucano das Alagoas, Teo Vilela, que participou de recente desagravo ao ex-presidente Lula, convescote que reuniu em São Paulo quase uma dezena de governadores de estado.

No fundo, a oposição partidária se resume hoje a uma parcela, cada vez mais diminuta, do PSDB e PPS, à direita. E às pequenas agremiações de esquerda (PSOL, PSTU, PCB etc.), que lutam, com grande dificuldade, para ter alguma voz no debate público, e que têm também as suas próprias contradições, como ficou claro na disputa interna do PSOL em Belém, que acabou tirando uma eleição quase certa de Edmilson Rodrigues, candidato do partido à prefeitura da capital do Pará.

De toda maneira, resta claro que nenhuma dessas forças está por trás dos movimentos que culminaram no julgamento do mensalão, na condenação dos mensaleiros, Operação Porto Seguro e o “Rosegate”.
Elites e movimentos sociais

Também não há sinais de qualquer movimentação organizada das chamadas “elites”, como Lula gostava de se referir. Salvo uma parcela do setor de mídia, em especial a Editora Abril, sobre a qual trataremos mais adiante, não é possível perceber qualquer sinal de apoio do empresariado a tentativas de desestabilizar o governo ou o PT. Ao contrário, o que mais se vê é o aplauso à política econômica de Guido Mantega, em que se pesem algumas críticas pontuais em aspectos absolutamente laterais e que na verdade têm muito mais a ver com os pleitos de determinados segmentos da economia do que com uma crítica abrangente sobre a condução da política econômica nacional.

Por fim, não existe qualquer movimentação, organizada ou desorganizada, nas ruas. Os movimentos sociais, urbanos ou rurais, andam um tanto ausentes do debate público de forma geral, uma parte porque está de fato cooptada pelo governo, outra parte talvez enfraquecida ou cansada de não conseguir se fazer ouvir. Mesmo as tentativas de líderes petistas de utilizar os “seus” movimentos sociais para pressionar por alguma forma de “resistência” às penas estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão também não surtiram, até aqui, efeito algum, o que apenas demonstra, com sinal trocado, a inapetência desses movimentos por qualquer tipo de mobilização neste momento.

Ora, se vimos acima o que NÃO ESTÁ acontecendo, voltamos então à pergunta inicial: o que ocorreu para que tantos fatos estranhos na política nacional tenham acontecido em 2012?
Jogo nas sombras

Aparentemente, e por isto é tão complicada a análise, o jogo político relevante está se desenrolando nas sombras e dentro do governo, dentro do Partido dos Trabalhadores. Todos os indícios levam a crer que há uma guerra interna, bastante importante, sendo travada no interior do regime, envolvendo a divisão do poder (cargos e recursos, obviamente) e interesses bastante difusos.

Seria um simplismo enorme falar em “dilmistas”, “lulistas” e “dirceuzistas”, porque a configuração é evidentemente muito mais complexa e envolve disputas não apenas de grupos do PT, mas também os aliados que compõem a vasta aliança montada por Lula desde 2002 e que teve continuidade com Dilma.

A questão de fundo, na verdade, parece ser 2014, ano em que o país terá mais uma eleição geral, com o Planalto em disputa. E, ao contrário de 2006 e 2010, quando Lula disputou a reeleição e ungiu sua candidata, agora a sensação é de que tudo está em aberto, criando assim um vácuo de poder. Lulistas espalham que o ex-presidente pode ser o candidato do PT de novo, mas Dilma parece ter gostado da experiência e tem a seu favor muitos argumentos para pleitear a reeleição.

Na base aliada, o PSB reforçado com diversas vitórias nas eleições deste ano parece se movimentar para ocupar a vice-presidência, porém há um PMDB no meio do caminho, e quem há de governar sem o PMDB?

Em meio a este clima de incertezas e vazio de poder, muita coisa pode acontecer, e já aconteceu. O Rosegate parece ser expressão acabada deste jogo confuso, em que a Polícia Federal aparece com uma autonomia sem precedentes na história recente. Este ambiente permitiu que Carlinhos Cachoeira, velho conhecido do PT, do PSDB, do DEM, do PMDB e de todas as agremiações que já estiveram no centro do poder ou em torno dele gravitaram, fosse apanhado e encarcerado como um criminoso sem qualquer trânsito junto aos poderosos. O mesmo vale para o ex-senador Gilberto Miranda, cuja influência em diversos negócios, públicos e privados, data de décadas, sem jamais ter sido de fato incomodado.

Demóstenes Torres, o Catão do Senado, tornou-se vítima, digamos assim, deste mesmo ambiente, com sinal trocado, é claro, e foi rapidamente abandonado por seus aliados, como é comum acontecer. Vide os casos de José Roberto Arruda e mesmo de Antonio Carlos Magalhães, embora este, com maior robustez e base política, tenha conseguido se reerguer.
Mídia conservadora e o mensalão

Mais difícil é interpretar o julgamento do mensalão, porque o vácuo de poder não explica totalmente o que se assistiu no STF. Afinal, dos 11 ministros que terminaram o julgamento, oito foram indicados por Lula ou Dilma, inclusive o relator, Joaquim Barbosa, que terminou o ano com status de celebridade. A expectativa inicial era de que, de alguma maneira, os advogados de defesa conseguissem protelar ou desmembrar o julgamento. Não aconteceu. Depois, dizia-se que muitos seriam absolvidos por falta de provas. Também não aconteceu. Outro palpite que não se concretizou dizia respeito à aplicação das penas, que deveriam ser pequenas. Foram penas duras, com multas altas e dezenas de anos de prisão para os condenados, impossibilitando que eles possam cumpri-las em regime semiaberto.

Neste particular, a mídia conservadora, em especial a revista Veja, da Abril, talvez tenha tido um papel relevante ao criar um ambiente de pressão pela condenação dura dos envolvidos. Cobertura extensa e diária, na internet, com blogs de colunistas cobrando diuturnamente uma postura agressiva dos ministros, pode ter criado uma zona de desconforto para os ministros que talvez estivessem propensos a não acompanhar o relator. A demonização dos votos do revisor, Ricardo Lewandowski, foi outra estratégia para evitar que o resultado fosse diferente de uma condenação efetiva do núcleo político do esquema, mesmo diante de provas eventualmente frágeis.

E, já ao final do processo, Veja publicou como furo de reportagem novas “revelações” do publicitário Marcos Valério, peça chave do esquema, àquela altura já condenado a mais de 40 anos de prisão e em busca de alguma forma de reduzir a sua pena. Sem aspas efetivas do protagonista, a revista tentou envolver o ex-presidente Lula, que, sim, saberia e teria autorizado os empréstimos para a empresa de Valério.

Tudo somado, o ambiente político permitiu e proporcionou a condenação de líderes petistas da magnitude de José Dirceu e Genoino. Não é pouca coisa e fica para 2013 o momento da prisão de todos os condenados e também uma possível nova ação da Procuradoria Geral da República, tendo em vista os novos fatos relatados por Valério.
Ventos de mudança ou de continuidade?

Para finalizar, cabe então a pergunta: o que esperar de 2013 tendo em mente esses tempos estranhos que vivemos? Neste novo ano que se inicia, o espaço para palpites parece pequeno, visto que os do ano anterior foram todos desmoralizados pelos fatos. O que dá para afirmar com tranquilidade é que a turbulência deve continuar, e o jogo deve prosseguir nas sombras, naquelas áreas que o público geral pouco conhece, em que a informação é escassa e privilégio dos muito bem informados.

Mesmo em um ambiente tão turbulento, porém, não dá para vaticinar que ventos de mudança estão chegando, como atesta a eleição do petista Fernando Haddad, contra tudo e contra todos, em São Paulo. Dilma continua extremamente popular, mesmo com um PIB fraco. É preciso lembrar que o Brasil vive um inédito momento de pleno emprego e que o crédito continua turbinando o consumo interno. Para os mais pobres, a vida segue melhorando, e todos sabemos que a economia conta muito para a (im)popularidade dos mandatários da nação.

Para a sorte do regime petista, a oposição, de direita ou de esquerda, não parece ter forças para aproveitar a turbulência e consolidar um nome, um projeto, ideias gerais que sejam, alternativos ao programa petista para o Brasil. Desta forma e apesar das crises políticas, o espaço da mudança parece continuar reduzido à ocorrência de um cataclisma econômico que mude radicalmente o humor dos brasileiros em relação aos seus governantes. Ou a uma verdadeira reviravolta, a partir de terremotos políticos de alto grau. Tendo em vista o que aconteceu em 2012, nenhuma dessas hipóteses pode ser descartada. Como palpite, no entanto, este colunista acha que é possível, mas não provável.

Previsão mesmo, daquelas que o leitor pode cobrar no final de 2013, apenas uma: o Corinthians não ganha outro Mundial... E ficam então aqui já os votos de um ótimo ano para todos, com muitas realizações.

by Luiz Antonio Magalhães
jornalista

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