domingo, 15 de abril de 2012

O Julgamento do Século


Sete anos depois da denúncia, o mensalão deve ser finalmente julgado este ano pelo STF. O resultado pode representar um marco na luta contra a impunidade no País e mudar o sistema de financiamento das campanhas políticas

                                                                                                                     by Claudio Dantas Sequeira

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O PESO DA TOGA
O ministro Joaquim Barbosa é o relator de um dos
processos mais importantes da história do Supremo
O ano 2012 reserva um capítulo especial na vida política do País. Quase sete anos depois de vir à tona, o caso do mensalão, um dos maiores escândalos políticos da história do Brasil, deve ir a julgamento. Nunca antes tantas autoridades de tão grosso calibre correram risco real de ser condenadas pelo Supremo Tribunal Federal. A depender do resultado, o julgamento do mensalão pode tornar-se um marco na luta contra a corrupção e a impunidade. A sentença a ser proferida pelos ministros do STF também terá o poder de definir como será o sistema de financiamento das campanhas eleitorais daqui para a frente.

Do ponto de vista político, o desfecho do julgamento, qualquer que seja ele, certamente irá influir nas eleições municipais de outubro e nas presidenciais de 2014. “A sociedade clama por justiça e os ministros do Supremo são sensíveis a essa demanda. Há um predomínio do bom-senso e a vontade é de que o processo seja julgado em tempo hábil”, afirma o jurista Maurício Corrêa. Com a experiência de quem foi ministro do Supremo, ele admite que a corte não está isenta de pressões de certos grupos, e, diante disso, deve trabalhar para mostrar ainda mais independência. “As punições não devem se restringir aos pequenos”, diz.

Por tudo o que está em jogo, o clima no STF não anda nada bom desde 2009, quando os ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes trocaram acusações publicamente. Por detrás das togas, o que se vê é um poderoso jogo de pressões, cujos reflexos vieram à tona na segunda semana de dezembro. Especialmente após declarações feitas pelo ministro Ricardo Lewandowski de que teria pouco tempo para revisar o caso e alguns crimes acabariam prescrevendo. A afirmação levou o ministro Joaquim Barbosa a anunciar a conclusão do relatório sobre a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra 36 réus, entre políticos, empresários, funcionários públicos e assessores. Eles são acusados de integrar o que o então procurador-geral, Antonio Fernando Barros, chamou de “sofisticada organização criminosa”, responsável por operar um esquema milionário de pagamento de propinas a parlamentares usando dinheiro público. Ainda em reação a Lewandowski, o presidente do STF, Cezar Peluso, determinou a distribuição imediata do relatório de Barbosa aos demais integrantes do tribunal, o que o ministro relator considerou um “lamentável equívoco”. Segundo ele, os autos teriam sido digitalizados há quatro anos e, desde então, estavam disponíveis a todos os ministros. Como se vê, o Supremo vai precisar de mais paz e menos vaidades para julgar um dos principais processos da sua história.

De toda forma, concluído o relatório, Barbosa continua a elaborar seu voto, no qual deverá apontar as responsabilidades de cada um dos réus no episódio e pedir as devidas punições. A partir da entrega do voto, caberá a Lewandowski, como revisor, avaliar se a tramitação do processo obedeceu a todas as etapas previstas na legislação e se está pronto para ir ao plenário da corte. Enquanto Barbosa acredita ser possível julgar o caso a partir de abril ou maio, Lewandowski considera difícil que isso ocorra no primeiro semestre, por causa do grande volume de informações a serem estudadas por todos os ministros. Ele mesmo só poderá se dedicar ao caso após deixar a Presidência do Tribunal Superior Eleitoral em abril. Ainda assim, a expectativa é de que o julgamento se estenda por várias semanas, invadindo o período eleitoral – tudo o que o PT mais temia. “Se houver uma grande quantidade de condenações de membros do PT, isso pode manchar um pouco a imagem da legenda e interferir no resultado eleitoral de outubro”, avalia o cientista político Antonio Lavareda. Desde que o STF aceitou a denúncia do Ministério Público em 2007, a defesa dos principais réus do esquema tentou adiar ao máximo o julgamento para conseguir a prescrição dos crimes. Contava-se ainda com a possibilidade de que os ministros Cezar Peluso e Ayres Britto, cujos votos devem ser pela condenação, ficassem de fora do julgamento. Os dois se aposentam em 2012 e poderiam ser substituídos por magistrados menos rigorosos, aumentando as chances de absolvição. Na estratégia para adiar o julgamento, a defesa de alguns réus arrolou dezenas de testemunhas – algumas tiveram que ser ouvidas em outros países. Tentou-se também desmembrar o caso, a fim de que alguns réus fossem julgados em primeira instância, o que permitiria o uso de inúmeros recursos e até evitar uma condenação definitiva. Mas nada disso deu certo.

No relatório do ministro Joaquim Barbosa, de 122 páginas, ele detalha como funcionava o esquema de desvio de recursos públicos por meio de licitações fraudulentas e empréstimos fictícios. E aponta José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares como os responsáveis por “organizar a quadrilha voltada à compra de apoio político”. Eles respondem, nos autos, pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. Conforme a denúncia, o esquema teria sido arquitetado durante as eleições de 2002, a partir da aproximação com personagens obscuros, como o publicitário Marcos Valério e executivos do Banco Rural – o mesmo usado em fraudes no governo do tucano Eduardo Azeredo, em Minas Gerais. O caso só veio a público com a divulgação de um vídeo, em 2005, em que Maurício Marinho, então funcionário dos Correios ligado ao PTB, aparecia recebendo propina. Foi o que levou o presidente da legenda, o ex-deputado Roberto Jefferson, a denunciar a distribuição de dinheiro em troca de votos a favor do governo no Congresso. O dinheiro era sacado na boca do caixa e transportado em malas. Todos os réus negaram em seus interrogatórios ter cometido algum crime. Delúbio foi o único que admitiu a prática de caixa 2 eleitoral, um crime menor que lhe daria no máximo cinco anos de prisão.
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Morre no Rio, aos 66 anos, antropólogo Gilberto Velho



O trabalho do cientista é pioneiro nos estudos de antropologia urbana, tanto no Brasil quanto no exterior. Foto: ABC/DivulgaçãoO trabalho do cientista é pioneiro nos estudos de antropologia urbana, tanto no Brasil quanto no exterior
Foto: ABC/Divulgação 


O cientista social Gilberto Velho morreu na madrugada deste sábado, no Rio de Janeiro. Ele sofreu um AVC enquanto dormia. O corpo será velado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, das 10 às 17hs deste domingo. Ele fazia parte da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e é autor de estudos pioneiros sobre antropologia urbana

Gilberto Cardoso Alves Velho formou-se em Ciências Sociais no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ) em 1968. Obteve o mestrado em Antropologia Social no Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ, em 1970. Especializou-se em Antropologia Urbana e das Sociedades Complexas na Universidade do Texas, em Austin (EUA) e concluiu o doutorado em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo, em 1975.
Seu trabalho é pioneiro nos estudos de antropologia urbana, tanto no Brasil quanto no exterior. Segundo a ABC, teve grande contribuição ao estudo de camadas médias e elites urbanas. Sua obra percorre áreas diversificadas como a antropologia das sociedades complexas, a teoria da cultura, a antropologia e sociologia da arte, estudos de transe e possessão, desvio, a problemática do uso de drogas, violência e interpretações do Brasil.
Velho publicou mais de 160 artigos em periódicos nacionais e internacionais, além de ter sido organizador e autor de 16 livros. Foi homenageado com a Medalha UERJ-40 Anos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 1990 e com a Medalha Capes 50 Anos, do Ministério da Educação (Capes/MEC), em 2001. Também foi eleito membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) em 2000. Recebeu da Presidência da República do Brasil a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1995 e a Grã-Cruz em 2000.
O presidente da ABC, Jacob Palis, lamentou profundamente o ocorrido. "É uma grande perda para nós, cientistas, para a ABC e para o Brasil."

Morre o herdeiro do grupo Camargo Corrêa

by Home Brasil 247 Economia

                           

Morre o herdeiro do grupo Camargo CorrêaFoto: João Sal/Folhapress

O empresário Fernando de Arruda Botelho faleceu num acidente de ultraleve, ocorrido nesta tarde, na cidade de São Carlos; grupo é um dos maiores do País, com receitas superiores a R$ 10 bilhões

13 de Abril de 2012 às 17:22
247 – Faleceu, na tarde desta sexta-feira 13, o empresário Fernando de Arruda Botelho. Ele é um dos três donos do grupo Camargo Corrêa, um dos maiores do País, com receitas superiores a R$ 10 bilhões. Botelho se acidentou num acidente de ultraleve, na cidade de São Carlos, no interior paulista.
A Camargo Corrêa é a segunda maior empreiteira do País, atrás apenas do grupo Odebrecht. Tem também negócios em diversas áreas. Recentemente, o grupo adquiriu a cimenteira Cimpor. A Camargo também é dona da marca Havaianas e, na área de energia, toca as obras das usinas de Jirau e Belo Monte.
Recentemente, a empreiteira foi alvo de uma Operação da Polícia Federal, a Castelo de Areia, que acabou sendo invalidada pelo Superior Tribunal de Justiça. Botelho era casado com uma das três filhas do lendário Sebastião Camargo, fundador da construtora.
Leia abaixo nota divulgada pela assessoria de imprensa da Camargo Corrêa:
Uma aeronave particular em voo local na região da cidade de São Carlos com 02 ocupantes a bordo sofreu um acidente neste dia (13/04/2012). Estavam a bordo da aeronave Fernando de Arruda Botelho, acionista do Grupo Camargo Corrêa, e Sérgio Luiz Robattino, piloto da Morro Vermelho Taxi Aéreo.
Expressamos os mais sinceros sentimentos, trabalhando em conjunto com as Autoridades competentes. Faremos o possível para auxiliar no processo de investigação, bem como assistir as famílias dos ocupantes da aeronave.

Cineasta Paulo Cezar Saraceni morre no Rio aos 79 anos

by Terra

Saraceni é considerado um dos precursores do Cinema Novo brasileiro. Foto: Ricardo Stuckert/PR/Divulgação

                         Saraceni é considerado um dos precursores do Cinema Novo brasileiro
                                                Foto: Ricardo Stuckert/PR/Divulgação

 
O cineasta e roteirista Paulo Cezar Saraceni morreu neste sábado (14), aos 79 anos, no Hospital da Lagoa, na zona sul do Rio de Janeiro, vítima de disfunção múltipla dos órgãos. A informação foi divulgada pela Secretaria Estadual de Cultura do Rio de Janeiro.
Saraceni estava internado desde outubro do ano passado, por ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Seu corpo será velado neste domingo (15) na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, na zona sul do Rio.
Saraceni é considerado um dos precursores do Cinema Novo brasileiro, junto com Nelson Pereira dos Santos e Cacá Diegues. Em sua carreira, o cineasta recebeu prêmios como o melhor filme do Festival de Brasília, com A Casa Assassinada, de 1970, e o Prêmio Especial do Júri do Festival do Cinema Brasileiro em Miami, com O Viajante, de 1998.
Seu último trabalho foi o filme O Gerente, produzido no ano passado e baseado em um conto de Carlos Drummond de Andrade. Por meio da nota, a secretária de Cultura, Adriana Rattes, lamentou a morte de Saraceni ao dizer que "o cinema brasileiro perde um de seus artistas mais arrojados e provocadores, um pioneiro e um rebelde eternamente indomado".

Deic fará devassa em dados fiscais e telefônicos de suspeitos

 
 
Deic fará devassa em dados fiscais e telefônicos de suspeitos Divulgação/Polícia Civil
São apuradas suspeitas de fraude no contrato da SSP que deveria vender sucata para trituração Foto: Divulgação / Polícia Civil


Justiça abre sigilo de possíveis envolvidos em irregularidades no caso do ferro-velho


by Diogo Vargas *


Jogadas ao relento da imensidão do pátio da Secretaria de Segurança Pública (SSP), no Bairro Areias, em São José, na Grande Florianópolis, peças como motores de caminhões e automóveis saíram da tutela do Estado para protagonizar suspeitas de crimes, afastamento de autoridades públicas e investigações complexas sobre os envolvidos. Um desvio cujas ramificações a polícia buscará esclarecer com a quebra de sigilos autorizada pela Justiça.

Documentos, troca de e-mails, fotografias e depoimentos — associados ao clima de descontentamento político por trás — fazem parte do polêmico inquérito da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic). São apuradas suspeitas de fraude no contrato da SSP que deveria vender sucata para trituração, mas no qual acabaram sendo descobertos desvios de peças que seriam revendidas.

Uma tentativa de se aprofundar e descobrir até que ponto foram essas suspeitas será intensificada a partir de segunda-feira pela Deic. De acordo com o delegado Alexandre Carvalho de Oliveira, da divisão de furtos e roubos de veículos, a Justiça de São José autorizou a quebra, pedida pela Deic, de sigilos fiscais, bancários e telefônicos de sete suspeitos no caso.

A polícia ainda não recebeu as informações, mas poderá ter acesso aos dados confidenciais de servidores públicos e empresários nos próximos dias. Um dos objetivos é esclarecer a relação entre a Comissão de Leilões do Detran e empresa G-Truck, de Joinville, um dos destinos das peças que saíram irregularmente do complexo de São José e de Tijuquinhas.

A G-Truck é a dona do maior pátio em que ficam os veículos apreendidos em Joinville. Nos últimos anos, o local também sediou leilões de veículos feitos pelo Estado. Até quinta-feira, a comissão era presidida pelo tenente-coronel José Theodósio de Souza Júnior, afastado pelo secretário da SSP, César Grubba, por omissão na fiscalização do contrato da sucata. Além de Theodósio, outros quatro integrantes da comissão foram afastados e sofrerão processos administrativos. O DC não conseguiu localizá-los, nem pela assessoria de imprensa.

A G-Truck, de acordo com a Deic, apareceu de forma ainda não esclarecida no transporte das peças do complexo para Joinville. A Gerdau, quem venceu a licitação para a trituração das peças, disse à polícia em depoimento que contratou verbalmente o serviço.

A polícia ainda não sabe a dimensão da parceria entre Estado e G-Truck. O DC procurou na sexta-feira o dono da empresa, Sidney Martins, mas ele não foi encontrado por telefone. Em manifestações na semana passada, Sidney disse que tinha nota fiscal, que os motores estariam velhos e não poderiam mais ser comercializados. Por isso, os devolveria ao Estado.

Além dos dados dos investigados, a Deic vai ouvir o próprio secretário Grubba e o seu secretário-adjunto, coronel Fernando de Menezes. Ele prestarão depoimento como testemunhas em data ainda não definida.

                                                                                                                  * Colaborou Gabriela Rovai

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