Padre voa preso a balões de festa cheios de gás hélio e desaparece
O Padre, Antônio de Carli, 42, desapareceu na noite do último domingo (20) no litoral de Santa Catarina Adelir, enquanto tentava bater um recorde ao voar preso a balões de festa cheios de gás hélio, escreve a Folha Online.
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Embarcações da Marinha, uma aeronave da Força Aérea e equipes do Corpo de Bombeiros foram mobilizados para as buscas.
Carli partiu de Paranaguá (96 km de Curitiba) às 13h de domingo. Seu destino era Ponta Grossa (113 km de Curitiba), a 180 km do local da decolagem. Os ventos e o mau tempo teriam desviado Carli de seu percurso, levando-o à costa catarinense. Ontem (21), fragmentos de balões foram encontrados na região do município da Penha.
Vôo
Suspenso por cerca de mil balões, Carli queria ficar 20 horas no ar. Segundo a equipe de apoio do padre, o recorde pertence a dois norte-americanos que ficaram 19 horas no ar.
Além do recorde, o padre dizia ainda que iria divulgar a Pastoral Rodoviária, de apoio a caminhoneiros.
Mesmo com o céu nublado e pancadas de chuva, o padre manteve o vôo. Segundo o empresário José Agnaldo de Morais, da equipe de apoio, Carli chegou a ser aconselhado a adiar a viagem, mas se recusou.
Nesse tipo de navegação, o balão depende da direção do vento e é apenas controlado pelo piloto nos momentos de subida ou descida. A suspeita é que o balão do religioso tenha sido atingido por uma corrente de vento. Por causa disso, ele foi levado para o mar, em sentido oposto ao de Ponta Grossa, seu destino original. Ele chegou a atingir 5.500 m de altura, segundo a equipe de apoio.
Por celular via satélite, o padre entrou em contato com os bombeiros de Guaratuba (PR) e disse que precisava que alguém o ensinasse a operar o aparelho de GPS (sistema de posicionamento global) que portava. Disse ainda que a bateria do seu telefone estava acabando.
Carli fez o último contato do balão com bombeiros de São Francisco do Sul, no litoral norte de Santa Catarina, às 20h45 de anteontem. Informou que perdia altura e que precisava de resgate, pois iria cair no mar.
O padre dizia estar a 20 km da costa, entre as cidades de São Francisco do Sul e Barra do Sul. Pela costa, o local fica a 90 km do ponto da decolagem.
Resgate
As buscas começaram na tarde de anteontem e se estenderam até as 18h30 de ontem. Embarcações civis, um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), outro do governo do Paraná, um helicóptero da Polícia Militar e dois barcos da Marinha participaram dos trabalhos.
Pela manhã, foram encontrados, em Penha (120 km de Florianópolis), destroços dos equipamentos -balões e cordas- usados pelo religioso.
Para o bombeiro Johnny Coelho, há 70% de chances de o padre estar vivo. 'Temos informação de que ele tem curso de mergulho, alpinismo, sobrevivência em selva e salvamento aquático. Levava água e pode, sim, estar vivo.' 'A esperança é que ele seja encontrado com vida', fez coro Morais, da equipe de apoio. Segundo ele, o padre informou a base da Aeronáutica em Curitiba sobre o vôo.
Carli levava barras de cereais e água no vôo. De acordo com Morais, o padre poderia boiar no mar, pois carregava oito bolsas impermeáveis com água, que servem de lastro para ganhar ou perder altura.
Para evitar congelamento em alturas de até 5.000 metros, Carli usava capacete, botas e um macacão de pára-quedismo de tecido grosso de algodão. Por baixo, portava ainda um traje conhecido como 'manta de alumínio', usado por praticantes de balonismo e pára-quedistas para evitar o congelamento a grandes alturas.
O padre havia feito um teste com um balão semelhante há cerca de um mês, em Ampére (510 km de Curitiba). Chegou a 5.300 metros de altura e voou cem quilômetros, por quatro horas, até atingir o município argentino de San Antonio.