Queiroz é suspeito de tortura na cela
Secretaria de Justiça abre processo administrativo para apurar casoDetentos do presídio de Tijucas, na Grande Florianópolis, afirmaram em depoimento à Polícia Civil que houve participação do diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap) nas agressões durante uma operação pente-fino em março. Na penitenciária de São Pedro de Alcântara, um agente prisional foi afastado do cargo por maus-tratos. Os dois casos foram denunciados pelo “Fantástico”, da Rede Globo, no domingo.
O depoimento de um dos detentos de Tijucas relata que os agentes procuravam drogas, armas ou telefones nas celas. O responsável pelo Deap, Hudson Queiroz, teria batido com uma mangueira nas costas do detento. O mesmo homem contou que, ao ser surrado pelos agentes penitenciários com cacetetes e chinelos, ouvia Hudson gritar “bate que ele merece”. Nos relatos, ainda há unanimidade entre os presos de que o funcionário do governo “não fazia esforço” para os agentes cessarem as agressões.
Ontem, a Secretaria Executiva da Justiça e Cidadania abriu um processo administrativo para apurar as responsabilidades de agressão a presos de São Pedro de Alcântara. Um agente prisional do Deap foi afastado, após a divulgação de imagens de uma operação feita em fevereiro de 2008 na unidade prisional. O nome não foi divulgado.
“O governo do Estado não compactua com atos de violência gratuita, mas é importante ouvir os servidores envolvidos para realmente saber o que e por que aconteceu”, explicou o secretário-executivo da Justiça e Cidadania, Justiniano Pedroso.
Segundo ele, o procedimento administrativo deve levar 30 dias para ser concluído.
Em nota divulgada ontem pelo Ministério Público de Santa Catarina, o procurador-geral de Justiça, Gercino Gomes Neto, lamentou o acontecimento e considerou “inconcebível em qualquer regime político no mundo, especialmente em um estado de direito democrático como o Brasil”. Ele também cobrou do governo do Estado o afastamento imediato dos agressores identificados no vídeo gravado na penitenciáira e que haja continuidade da apuração do caso na esfera administrativa.
AN.com.br