segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Meningite transmitida por parasitas se espalha pelo Brasil


Meningite eosinofílica foi diagnosticada 34 vezes no país nos últimos 8 anos. Principal vetor da doença no país é o caramujo gigante africano
REDAÇÃO ÉPOCA, 
COM ESTADÃO CONTEÚDO
04/08/2014 


O caramujo gigante africano é bastante comum em jardins. Cuidado! (Foto: Thinkstock)

Um novo tipo de meningite, transmitido por parasitas, está se espalhando pelo país. Diferentemente das formas mais conhecidas da doença, virais e bacterianas, a chamada meningite eosinofílica é transmitida por um verme, o Angiostrongylus cantonensis. Desde 2006, ela já foi diagnosticada 34 vezes em seis estados brasileiros, nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste. Entre os casos, foi registrada uma morte. As informações foram reunidas num estudo publicado pela revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, que alerta para o avanço da doença no país.

O verme A. cantonensis costuma estar presente em crustáceos e moluscos. Segundo o levantamento, o caramujo gigante africano é o vetor mais frequente deste verme no Brasil. Os caramujos ingerem fezes de roedores contaminadas com larvas do verme. Quando se locomovem, liberam um muco, para facilitar seu deslizamento, que também contém larvas. As pessoas são infectadas ao ingerir esse muco. Isso pode ocorrer no consumo de legumes, verduras, e frutas mal lavados, por exemplo. Ou ao tocar em plantas e vegetais sujos e depois levar a mão à boca.

"O caramujo gigante africano está em todos os lugares: no quintal, na pracinha, nas ruas. Como está próximo (das pessoas), facilita o contágio. E já foi encontrado em todos os Estados, exceto no Rio Grande do Sul", diz a bióloga Silvana Thiengo, chefe do laboratório de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz. Segundo a especialista, há formas simples de evitar o contágio, como lavar as mãos com frequência e deixar hortaliças e frutas de molho por 30 minutos em um litro de água com uma colher de sopa de água sanitária.

Os sintomas da meningite eosinofílica são semelhantes aos das outras formas da doença: dor de cabeça persistente, febre alta e, menos frequentemente, rigidez na nuca. A doença pode deixar sequelas como disfunção nos movimentos de braços e pernas, redução ou perda da visão e audição. O que permite diferenciá-las é o exame do liquor, líquido entre as meninges, extraído por punção lombar. O aumento de eosinófilos, que são células de defesa do organismo, é um sinal típico da infecção por parasita. O tratamento é feito com corticoides, a fim de reduzir a reação inflamatória.

"Os médicos não estão atentos a essa forma da doença, por falha de educação e de treinamento. Eles querem saber se a meningite é viral ou bacteriana e não prestam atenção aos outros agentes", afirma o médico Carlos Graeff-Teixeira, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Su (PUC-RS), um dos autores do artigo.

Nova forma da doença já foi diagnosticada em seis Estados; houve pelo menos 34 casos e uma morte desde 2006


Principais sintomas
Os sintomas mais comuns da meningite eosinofílica incluem:
Dor de cabeça forte;
Rigidez na nuca, dor e dificuldade em mexer o pescoço;
Náuseas e vômitos;
Febre baixa;
Formigamento no tronco, braços e pernas;
Confusão mental.

Perante estes sintomas, a pessoa deve ir imediatamente ao hospital para fazer um exame chamado punção lombar, que consiste na retirada de uma pequena quantidade de liquor da medula espinhal. Este exame é capaz de identificar se este líquido encontra-se contaminado, e se estiver, por qual micro-organismo, o que é fundamental para decidir como será feito o tratamento.

Como é feito o Tratamento

O tratamento para meningite eosinofílica deve ser feito em internamento no hospital e, geralmente, é feito com remédios antiparasitários, analgésicos, para aliviar as dores de cabeça, e corticoides, para tratar a inflamação da meningite, que afeta as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinal, chamadas meninges, e também é útil para diminuir a pressão cerebral.

Se a pressão no cérebro não diminuir com os remédios, o médico poderá fazer várias punções lombares para aliviar mais eficazmente a pressão.

Quando o tratamento não é feito o mais rapidamente possível, o paciente pode ficar com sequelas, como perda de visão e audição ou diminuição da força muscular, principalmente nos braços e nas pernas. 

A meningite eosinofílica é causada por parasitas que são transmitidos aos seres humanos da seguinte forma:

- As pequenas larvas alojam-se no intestino dos ratos, sendo eliminadas através de suas fezes;
- O caramujo se alimenta com as fezes do rato, ingerindo o parasita;
- Ao consumir o caramujo contaminado ou alimentos contaminados com suas secreções o parasita chega na corrente sanguínea do homem e alcança seu cérebro, causando meningite.

Desta forma, é possível contrair essa meningite quando:

- Ingerem moluscos mal cozidos, como caracóis, caramujo ou lesmas que estão contaminados com as larvas;

- Ingerem alimentos, como verduras, legumes ou frutas mal lavadas que estão contaminadas com as secreções liberadas pelos caracóis e as lesmas para se moverem;

- Ingerem camarão de água doce, caranguejos e rãs que se alimentaram de moluscos infectados.

Depois da pessoa ingerir as larvas, elas vão pela corrente sanguínea até ao cérebro, causando esta meningite.

Como se proteger

Para se proteger e não ser contaminado com o parasita que causa a meningite eosinofílica é importante não consumir animais que estejam contaminados, mas como não é possível identificar se um animal está contaminado, somente pela sua aparência, não é recomendado comer este tipo de animal.

Além disso, para evitar esta doença deve-se lavar muito bem todas as verduras e frutas que possam estar contaminadas com as secreções deixadas pelas lesmas, por exemplo.

Os caramujos costumam surgir em épocas de chuvas, não têm predadores naturais e se reproduzem muito rapidamente, sendo facilmente encontrados em jardins e quintais até mesmo nas grandes cidades. Por isso, para eliminar as lesmas e caramujos é recomendado coloca-las numa sacola plástica totalmente fechada, quebrando sua casca.

O animal não é capaz de sobreviver mais de 2 dias fechado dentro de um saco plástico onde não pode beber água e se alimentar. Não é recomendado colocar sal por cima deles porque isso causará sua desidratação, liberando intensa secreção, que pode contaminar o ambiente à sua volta.

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