Leitores me pediram que desmascarasse o senhor Paulo Arantes por conta de sua entrevista grotesca à Folha de S. Paulo contida na matéria “Nova direita surgiu após junho, diz filósofo“. Mas o filósofo Olavo de Carvalho já o desmascarou em meu lugar.
Quando digo que a intelectualidade esquerdista acabou e que seus últimos representantes não passam de papagaios caquéticos repetidores de slogans, tenho em vista exatamente personagens como Paulo Arantes. “A direita norte-americana não precisa de votos porque está sendo financiada pelas grandes corporações” é afirmação digna do Lula.
(1) As grandes corporações contribuem em massa para o Partido Democrata; o Republicano vive essencialmente de contribuições individuais, é o partido popular por excelência. Isso foi demonstrado em sucessivas pesquisas, das quais o David Horowitz resume algumas no seu novo livro The New Leviathan. Direita rica x esquerda pobre é um estereótipo imbecil, nada mais.
Nota de FMB: Como já anotei
aqui no post sobre “o dono do mundo” George Soros, Horowitz mostra no livro que as doações de empresas para os movimentos de esquerda nos EUA somam 3 bilhões de dólares, enquanto que, para a direita, apenas 32 milhões. Mas que importam os fatos para filósofos esquerdistas? Nada!
(2) Mesmo supondo-se que os Republicanos fossem subsidiados pelas grandes corporações, a frase é absurda: para quê um político recebe contribuições de campanha senão para poder ganhar votos e eleger-se? Fora do Parlamento, seus serviços prestados aos financiadores não valeriam um p**do, seriam como as palavras do sr. Paulo Arantes.
RETOMO. Toda vez que um esquerdista como Arantes fala da direita, ele se refere à direita que a esquerda deseja que o público imagine existir, nunca a uma direita existente de fato. Assim se faz a caricatura de todo um pensamento político para demonizá-lo com mais facilidade e evitar que o público entre em contato com ele e perceba os engodos em que acreditava antes.
A maior prova disso veio no ano 2000 com o lançamento do livro esquerdista “Dicionário crítico do pensamento de direita”, que providencialmente excluía os principais pensadores de direita do século XX, jamais lidos por qualquer membro da esquerda brasileira: von Mises, Hayek, Rothbard, Kirk, Muggeridge, Sowell, Babbit, Scruton, Peyrefitte, Voegelin, Guénon, Nasr, Schuon, Lindblom, Rosenstock-Huessy, Rosenzweig, Kristol, além do próprio Horowitz.
O livro, como apontou Olavo na ocasião, continha “uma lista de tarados, psicopatas, esquisitões, assassinos e genocidas – de Röhm a Eichmann -, muitos deles de identidade ideológica incerta, além de autores de terceira ordem e personagens de importância episódica”. Hoje sabemos que, para a maior parte da esquerda, os representantes máximos do pensamento direitista conservador já não são nem mesmo os excêntricos Bolsonaros, Malafaias e Felicianos da vida, mas qualquer internauta “zuero” que faz piada separatista no Facebook.
Arantes não citou exemplo prático algum para tudo que afirmou na entrevista à Folha, de modo que não sei que “direita não convencional” é essa que, segundo ele, surgiu após as manifestações de junho. Quem a representa? (Só falta dizer que são os esquerdistas do PSDB.) Que o povo brasileiro é conservador, todas as pesquisas mostram há anos. Direita política, a única que apareceu recentemente foi a do Partido NOVO, ainda ausente das disputas eleitorais. E direita intelectual, bom, essa aí autores como o próprio Olavo lutaram durante décadas contra a hegemonia da esquerda para que surgisse – e isto aconteceu antes e independentemente de junho de 2013, embora as manifestações tenham despertado a curiosidade política de muitos que vieram a se tornar nossos leitores, o que nem de longe é o que Arantes diz.
Lamentavelmente, suas palavras ocas se passam por “análise” na Folha de S. Paulo. Para falar mal da direita nos grandes jornais, qualquer coisa serve.
Felipe Moura Brasil