No início, para evitar as tentações, ele recorreu à marmita feita pela esposa.
Fabíola GleniaDo G1,
em São Paulo
Com 1,78 m de altura e 156 kg, o técnico gráfico Milton Tomaz Bispo Júnior estava passando por uma bateria de exames para fazer a cirurgia de redução de estômago, quando ouviu da psicóloga que fazia o acompanhamento do seu caso que ele não estava pronto para a intervenção. “Isso foi determinante. Fiz todos os exames, mas fiquei com medo e desisti. Então, se eu estava gordo e não podia fazer a cirurgia, eu tinha que fazer alguma coisa”, relata.
A família inteira de Júnior é “redondinha”, segundo ele. “Todo mundo é pesadinho, é genético”, diz. Mas seu caso começou a se tornar mais grave a partir dos 11 anos de idade, quando um problema ortopédico exigiu cirurgia e muito tempo de repouso. Nessa fase, as “tranqueiras” – como bolachas recheadas, chocolates e salgadinhos – viraram suas companheiras de recuperação, e o peso só fez aumentar.
Já adulto, o técnico gráfico diz que era viciado em carne vermelha e refrigerante. “Comia em grande quantidade, muita carne vermelha, churrascaria todo dia. Não comia nada de saudável, zero, não gostava”, conta. Para piorar o cenário, ele trabalhava de madrugada e confessa que, muitas vezes, seu café da manhã era um lanche de fast food.
Impossibilitado de fazer a cirurgia após a avaliação da psicóloga, e preocupado com sua saúde – a pressão de Júnior estava alta, chegou a 16 x 11, e o médico disse que era por causa do peso – em junho do ano passado, o paulistano de então 25 anos decidiu mudar drasticamente seus hábitos. Em vez de ir à churrascaria, ele passou a levar marmita para a hora do almoço. “Onde trabalho, não pode levar marmita, mas conversei com meu gestor, expliquei que era uma questão de saúde e ele deixou. Optei pela marmita porque, no começo, eu não ia ter controle.” Só depois de quatro meses ele se sentiu seguro para voltar a almoçar com os amigos em qualquer lugar.
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Vencer a “mobilidade zero”, como ele mesmo define seu nível de atividade física antes da mudança, foi mais complicado. “Fui a várias academias, e não gostava de nenhuma, até que conheci uma academia com acompanhamento de personal trainer. Esse foi o grande X da questão, você não faz sozinho, está sempre acompanhado. Foi o que me deu ânimo”, relata.
“No começo eu queria emagrecer 30 quilos, o plano era esse. Quando cheguei perto dos 100 kg, decidi que queria sair dos três dígitos. Depois de baixar dos 100 kg, fui ao médico, achei que estava arrasando, e ele disse: para a sua altura, para o seu porte, é 80 kg. Fui a outro médico, que repetiu a mesma indicação. Então eu decidi: vamos buscar os 80 kg.”
Hoje, pouco mais de um ano depois, o técnico gráfico conquistou os 80 kg, o que significa que ele emagreceu 76 quilos. A atividade física bem orientada ajudou a evitar a flacidez e Júnior conquistou um corpo definido. Mas ele não se deixa seduzir pela vitória. “Não tem como considerar uma batalha vencida, é uma luta diária. A grande questão está nessa disciplina do dia a dia. A ajuda da minha mãe e da minha esposa foram fundamentais. Eu me cerquei de ajuda, porque sozinho ninguém consegue nada.”