domingo, 16 de fevereiro de 2025

Lagoa da Conceição, em Florianópolis, tem concentração de cocaína entre as mais altas do mundo


Segundo pesquisadora que coordenou estudo, a concentração está entre as mais altas reportadas no mundo. Local é um dos principais pontos turísticos da capital, usado para banho, passeio e pescaria.

Por Caroline Borges, g1 SC

Pesquisadores da UFSC identificam até cocaína em água da Lagoa da Conceição

Imagens aéreas mostram alagamento na Lagoa da Conceição, em Florianópolis 
— Foto: Corpo de Bombeiros/ Divulgação

A Lagoa da Conceição, em Florianópolis, está contaminada com cocaína, e em concentrações que estão entre as mais altas reportadas no mundo, segundo pesquisa desenvolvida e divulgada pela Universidade Federal Santa Catarina (UFSC) nesta quinta-feira (13). O resultado impacta a fauna e flora locais (leia abaixo quais são os riscos).

Além da droga, o estudo encontrou cafeína, diferentes tipos de medicamentos antibióticos e analgésicos. Ao todo, foram 35 "contaminantes emergentes", nome dado às substâncias de uso diário, como cosméticos e produtos de higiene pessoal que são despejados na água.

Professora do departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFSC, Silvani Verruck explica que os índices de cocaína e da benzoilecgonina (principal metabólito da droga) na lagoa são "surpreendentes, mas esperados", já que as substâncias são liberadas pelos humanos na urina e fezes e foram encontradas em outras pesquisas, como a que achou os ilícitos em tubarões da Bacia de Santos. A pesquisa de Santa Catarina usou metodologia semelhante.

"São dados bastante expressivos. Claro, a pesquisa chamou a atenção por causa da cocaína, mas a gente tem um número muito grande de medicamentos, além de outros produtos, inclusive as drogas ilícitas, principalmente a cocaína e outros derivados.", disse.

 Como eles chegaram na lagoa? Apesar do estudo não focar em como as substâncias chegaram ao local, a pesquisadora explica que uma possibilidade é o esgoto não tratado, o descarte ilegal direto na água, ou até mesmo de embarcações.

Procurada, a Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Capital afirmou que os "resultados refletem os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente". Já a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) disse que a condições acontecem por causa do "crescimento populacional e o descarte inadequado de esgoto" (leia íntegra da nota mais abaixo).

Os pesquisadores ainda não divulgaram os números e outros dados quantitativos sobre a droga e seus derivados, pois organizam outro artigo para publicação com os dados. A expectativa é de que o estudo seja publicado ainda neste ano.

Cafeína e remédios

O estudo mencionou ainda o encontro da cafeína em maior concentração, seguida pela ciprofloxacina, antibiótico utilizado em infecções causadas por bactérias. A clindamicina, outro antibiótico, e o diclofenaco também foram detectados. Para a professora, essas substâncias preocupam

"Nós temos algumas substâncias, os antibióticos, que acabam sendo bastante resistentes. É algo que nos chama a atenção porque muito provavelmente, em algumas concentrações, eles vão sim afetar a flora local, e fauna local, os peixes, siris", explicou.

Lagoa da Conceição, em Florianópolis, está contaminada com cocaína: dados 'surpreendentes, mas esperados' — Foto: Divulgação/PMF

Balneabilidade e risco de consumo

Em relação à balneabilidade, a pesquisadora explica que os contaminantes emergentes identificados na lagoa "não são considerados para o estabelecimento da qualidade de banho no locais". O Instituto do Meio Ambiente (IMA) avalia nove pontos do espaço semanalmente com base na concentração de coliformes fecais.

Na última avaliação, na sexta-feira (7), dois dos nove pontos estavam impróprios para o banho. Em resposta ao estudo, o IMA destacou que o trabalho de balneabilidade é diferente da pesquisa apresentada pela UFSC e que os critérios para nos locais segue o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) (leia nota na íntegra abaixo).

Em relação ao consumo, o estudo não mostrou risco do pescado da região. "Então, quanto a isso, o monitoramento contínuo seria o mais importante para seguir avaliando a segurança. Por ora, quanto aos contaminantes avaliados, o consumo humano é seguro", disse a pesquisadora.

Ambientalista em Florianópolis, o também professor da UFSC Paulo Horta explica que na prática, a pesquisa é um indicativo de que o "sistema de saneamento é ineficiente. Além destes contaminantes, temos metais pesados e outro xenobióticos, que fazem mal para a saúde da fauna e flora, e claro faz muito mal para a saúde de banhistas entre outros usuários".

Pesquisa

O estudo faz parte do Programa de Recuperação Ambiental proposto pela Casan como forma de compensar as consequências do desastre ambiental provocado após o rompimento da lagoa artificial de infiltração que recebe efluente tratado da Estação de Tratamento de Esgotos da região. Veja outras informações da pesquisa abaixo:

➡️ Início em a partir do início de 2021.
🗺️ Colaboração do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA);
📚 Publicada em 1º de fevereiro de 2025 na revista Science of the Total Environment;
💰 Financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação de SC (Fapesc);
👩‍🔬 🧑‍🔬 Integrantes: Alice Cristina da Silva; Luan Valdemiro Alves de Oliveira; Luan Amaral Alexandre, Mateus Rocha Ribas, Juliana Lemos Dal Pizzol, Gustavo Rocha, Jussara Kasuko Palmeiro, Maurício Perin, Maurício Perin, Rodrigo Hof, Silvani Verruck

As amostras foram coletadas em pontos estratégicos da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, considerando áreas próximas à estação de tratamento de esgoto, às áreas urbanizadas e às regiões de maior biodiversidade.

Busca por solução

O objetivo do estudo é avaliar o impacto ambiental no local, que é um espaço bastante urbano, além de apresentar iniciativas para mitigar ou resolver o problema no local. Por isso, em paralelo à análise o grupo desenvolveu e aperfeiçoa uma ferramenta mais eficiente para o tratamento da água.

O equipamento é chamado de "REACQUA", foi desenvolvido pela UFSC e usa um sistema de destilação de água a base de luz solar para reuso da água limpa.

"A gente fez alguns testes de remoção [das substâncias encontradas na água contaminada] e consegue ele [sistema REACQUA] consegue ir superbem. Só que claro, é um processo que a gente ainda está otimizando, pois ainda é lento. Agora, a gente quer destilar essa água em maior escala", explica a professora.

Doutorando Luan Valdemiro Alves de Oliveira, que participou da pesquisa, ao lado do sistema REACQUA — Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

O que diz a prefeitura de Florianópolis

A Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável informa que tomou conhecimento do estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre a presença de contaminantes emergentes na Lagoa da Conceição e irá analisar os dados apresentados. A partir dessa avaliação, serão adotadas as providências cabíveis dentro da competência da Secretaria, em diálogo com os órgãos responsáveis pelo saneamento e pela preservação ambiental.

Os resultados refletem os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente. Reafirmamos nosso compromisso com a qualidade da água e a proteção do ecossistema local, além da importância do monitoramento contínuo e da busca por soluções para minimizar esses efeitos e promover um desenvolvimento mais sustentável.

O que diz a Casan

A CASAN informa que o efluente tratado na Estação de Tratamento de Esgoto da Lagoa da Conceição é destinado à Lagoa de Evapoinfiltração (LEI), não sendo lançado na Lagoa da Conceição. Os resultados apresentados pela UFSC não têm relação com o efluente tratado pela CASAN.

A Companhia destaca ainda, que neste ano divulgou o resultado do monitoramento feito ao longo de quatro anos. O acompanhamento foi iniciado após o acidente na encosta de dunas da LEI em janeiro de 2021, quando foram registrados 422,3 milímetros de chuva, enquanto o esperado era de 138,6 milímetros. Foram analisadas características físicas, químicas e microbiológicas de amostras de água salobra, de sedimento, da biota aquática (plâncton e bentos), além de toxicidade da água e sedimentos da Lagoa da Conceição.

Os resultados indicam que a qualidade da água varia entre as diferentes regiões da lagoa, e o acidente não deve ser considerado responsável por essas alterações, uma vez que a água da lagoa já se renovou pelo menos quatro vezes nesse período. As condições observadas são influenciadas, principalmente, por fatores como o crescimento populacional e o descarte inadequado de esgoto.

O que diz o IMA

A análise feita pelo IMA segue os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, exigidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e tem o objetivo de informar aos banhistas os pontos considerados seguros, do ponto de vista sanitário, também serve para auxiliar os gestores municipais na área de saneamento básico, na tomada de decisões sustentáveis e em relação à necessidade de se investir em ações voltadas ao esgotamento sanitário, sejam elas estruturais ou estruturantes, preventivas ou corretivas.

Metodologia e legislação

As amostras são analisadas pelo método fluorogênico tendo como substrato o Colilert-18, conforme diretrizes do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 24ª edição, Método 9223 B que consiste na quantificação dos coliformes totais e Escherichia coli. Conforme a Resolução Conama nº 274, de 29 de novembro de 2000, o ponto é considerado “PRÓPRIO” quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli por 100 mililitros. O ponto é considerado “IMPRÓPRIO” quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, for superior a 800 Escherichia coli por 100 mililitros ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000 Escherichia coli por 100 mililitros.

O monitoramento realizado pelo IMA considera, em especial, a qualidade sanitária das águas buscando informar aos usuários a propriedade ou impropriedade do ponto de vista sanitário.

Portanto, são análises e trabalhos diferentes.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

A polícia não apresentou uma única prova...morreu sendo tratada como suspeita! Não acredito que tenha matado aquelas pessoas e muito menos se matou. O Brasil virou um Estado que mente, adultera, alsifica, frauda, mata! Um Estado criminoso! Assassino! Caso o estado 'se ofenda" me mostre (e á todos) as 'provas" que justifiquem as acusações e prisão e morte de Deise dos Anjos! E por fim, caso os envolvidos se ofendam, (inclui-se IML, PC, MP e Judiciário) me processem. Acreditem: será um imenso, imensurável favor!!!

Presa por envenenar farinha de bolo que matou três pessoas da mesma família é encontrada morta na cadeia


Deise foi encontrada morta nesta quinta-feira. arquivo pessoal / arquivo pessoal

A mulher presa por suspeita de ter envenenado farinha com arsênio foi encontrada morta na manhã desta quinta-feira (13) na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba.

Deise Moura dos Anjos, 42 anos, estava presa preventivamente desde 5 de janeiro. A informação foi confirmada pelo chefe de Polícia, Fernando Sodré.

— Ela tinha sinais de enforcamento. Vamos apurar as circunstâncias agora — afirma Sodré.

Segundo nota da Polícia Penal, a mulher foi encontrada nesta manhã, “durante a conferência matinal na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba”.

Segundo a Polícia Penal, ela estava sozinha na cela. “As circunstâncias serão apuradas pela Polícia Civil e pelo Instituto-Geral de Perícias”.

Conforme a Polícia Penal, os servidores prestaram os primeiros socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência, que constatou a morte.

Relembre o caso
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde na antevéspera do Natal de 2024, quando seis começaram a passar mal após consumirem pedaços de um bolo. Um deles não ingeriu o doce. Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal, e levou para Torres, também foi hospitalizada.

Três mulheres morreram em intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada “choque pós-intoxicação alimentar”.

A prisão de Deise Moura dos Anjos
Deise é casada com Diego Silva dos Anjos, filho de Zeli, e morava em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ela está presa temporariamente desde 5 de janeiro.

Deise é suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Ela está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres.

Exumação do corpo de Paulo
Após suspeitas, a polícia solicitou a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise. Paulo faleceu em setembro de 2024, sob suspeita de uma infecção intestinal, após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele por Deise.

A perícia do IGP confirmou que ele foi envenenado com arsênio, e os níveis encontrados no corpo eram letais, caracterizando envenenamento por ingestão oral.

Compra do arsênio pela internet
A polícia confirmou que Deise comprou arsênio quatro vezes em um período de quatro meses. Uma das compras ocorreu antes da morte do sogro — que faleceu por envenenamento — e as outras três, antes da morte de três pessoas que consumiram o bolo envenenado, em dezembro. O veneno teria sido recebido pelos Correios. O documento estava salvo no celular da suspeita, apreendido durante a investigação.

— A gente não tem dúvida de que se trata de uma pessoa que praticava homicídios e tentativas de homicídios em série, e que, durante muito tempo, não foi descoberta, e, durante muito tempo, tentou apagar provas que pudessem levar à atribuição de culpa a ela — afirmou a delegada regional do Litoral Norte do RS, Sabrina Deffente.

Contaminação da farinha

A investigação aponta que a farinha do bolo pode ter sido contaminada quase um mês antes do episódio fatal. De acordo com o delegado Marcos Vinícius Veloso, Deise esteve em Arroio do Sal no dia 20 de novembro, o que pode ter sido o momento em que o veneno foi adicionado à farinha usada no bolo consumido em Torres.

— As informações que nós temos no inquérito policial são de que a investigada esteve na cidade de Arroio do Sal, na última vez, no dia 20 de novembro. E, pelas informações que já foram coletadas do inquérito, nesta data, a Polícia Civil acredita que possa ter ocorrido o envenenamento da farinha que foi utilizada no bolo que foi consumido na cidade de Torres —afirmou o delegado.

Fonte: O Diário

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Primeiro caso de varíola dos macacos de 2025 é confirmado em Lajeado




O primeiro caso de varíola dos macacos (doença monkeypox) em Lajeado foi confirmado nesta quarta-feira, 05/02. O caso foi confirmado pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-RS), e a Secretaria Municipal da Saúde (Sesa) foi notificada.

Trata-se de um morador de Lajeado do sexo masculino, de 33 anos. O diagnóstico ocorreu após o paciente perceber os sintomas da doença. O resultado positivo do teste para a doença monkeypox ocorreu nesta terça-feira.

O quadro do paciente é estável e ele está isolado em sua residência para monitoramento da doença.

O caso não é autóctone, ou seja, foi contraído fora do estado.

Sobre a doença

A Monkeypox é uma doença causada pelo Monkeypox vírus (MPV), do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae. Trata-se de uma doença zoonótica viral, cuja transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animal silvestre ou humano infectado ou com material corporal humano contendo o vírus.

Apesar do nome popular da doença, os primatas não humanos (macacos) não são reservatórios do vírus. Embora o reservatório seja desconhecido, os principais candidatos são pequenos roedores nas florestas tropicais da África, principalmente na África Ocidental e Central. O MPV é comumente encontrado nessas regiões, e pessoas com o vírus eram ocasionalmente identificadas fora delas, normalmente relacionadas a viagens para áreas onde o MPV é endêmico.

Sintomas

Normalmente, os sintomas da varíola dos macacos incluem:
- Febre
- Dores no corpo
- Dor de cabeça
- Calafrio
- Fraqueza
- Adenomegalia: linfonodos inchados (ínguas)
- Erupções cutânea ou lesões de pele.

Contágio
A transmissão entre humanos ocorre por meio de contato pessoal com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos recentemente contaminados, sendo que o contato direto com as pele ou com objetos contaminados têm papel fundamental.

Após a manifestação de erupções na pele, o período em que as crostas desaparecem o paciente deixa de transmitir o vírus para outras pessoas.

By Prefeitura Lajeado

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Teoria da internet morta: a web está sendo controlada por bots e robôs?


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By TecMundo

A Teoria da internet morta é uma espécie de teoria da conspiração que surgiu nas redes há alguns anos e não foi exatamente levada a sério. Basicamente, ela defendia que, em pouco tempo, não haveria mais interações humanas na internet: tudo seria gerado por meio de algoritmos e robôs.


Embora essa ideia possa parecer absurda para alguns, o fato é que alguns fatos novos - dentre eles, a ascensão recente da Inteligência Artificial - tem reavivado essa discussão. Mas será que há indícios de que a teoria pode estar correta?

O que é a Teoria da internet morta?

(Fonte: GettyImages/ Reprodução)Fonte: GettyImages/ Reprodução

Não se sabe exatamente onde essa teoria surgiu, mas estima-se que ela possa ter aparecido enquanto conceito no 4chan ou Wizarchan no fim da década de 2010. Já em 2021, um tópico chamado "Dead Internet Theory: Most Of The Internet Is Fake" foi publicado no fórum Agora Road's Macintosh Cafe e começou a levantar essa discussão online.

Em resumo, a ideia dessa teoria é que chegaria um momento (havia até uma data para a "morte": o ano de 2016) em que quase tudo que circulasse na rede, como imagens, textos e vídeos, seria criado por robôs. A teoria se relaciona aos medos suscitados pela complexidade crescente da internet, aos ataques cibernéticos e ao aumento no digital da presença de robôs e algoritmos inteligentes.

Ou seja, a Teoria da internet morta defende a ideia de que os bots logo substituiriam totalmente a atividade humana no mundo online. Mas, embora se trate de uma teoria conspiratória sem grandes fundamentos em dados empíricos, o fato é que estamos vendo um aumento gradativo de conteúdos gerados por robôs e que são postados na internet. Por isso, é até natural que essas ideias voltem à tona como uma forma de lidar - e tentar criar algum tipo de controle - sobre o medo causado pela inteligência artificial, por exemplo.

Notícias e artigos gerados por robôs

(Fonte: GettyImages/ Reprodução)Fonte: GettyImages/ Reprodução

Em maio de 2023, um relatório da NewsGuard e MIT Tech Review trouxe dados que chocaram muita gente: em uma análise feita para avaliar a credibilidade de sites de notícias, a ferramenta identificou 49 portais que publicam matérias e artigos escritos totalmente por IA. Ou seja, notícias e textos diversos que não eram criados por pessoas, por mais que os usuários fossem levados a acreditar nisso.

São listados até uma série de indícios que ajudariam a reiterar a substituição constante do humano pela máquina. Dentre eles, estão:

Presença cada vez maior de interações de robôs em posts, para dar a sensação de engajamento, ainda que falso;

A tecnologia do deep fake, que consegue criar imagens e áudios falsos simulando alguém real;
O artifício de comprar seguidores que são bots;

Anúncios criados e distribuídos por robôs;

Algoritmos que conseguem identificar o gosto do usuário e utiliza essas informações para distribuir conteúdo;

Pessoas, como influencers e modelos, criados por meio da inteligência artificial.

Pode-se notar que as diferentes tecnologias de IA estão impactando e reacendendo esse temor de que, em breve, todos nós seremos quase obsoletos na internet.

A influência da Inteligência Artificial

(Fonte: GettyImages/ Reprodução)Fonte: GettyImages/ Reprodução

O fato é que a ascensão gradativa da IA tem modificado muito as maneiras pelas quais encaramos o digital. E um dos aspectos que tem mudado é uma personalização cada vez maior da nossa experiência de navegação na internet. Os algoritmos, ao lado de outros elementos (como as assistentes virtuais como Siri e Alexa) têm tornado a entrega de conteúdo, outrora ampla e expansiva, cada vez mais direcionada aos nossos gostos e tendências pré-estabelecidos.

Dito de outro modo, a internet tem se tornado menos plural, e a automatização destes processos, pela intermediação da inteligência artificial, faz com que essa tendência só tenda a aumentar. E é claro que isso pode ser potencialmente negativo. Basta lembrar que as ferramentas de IA nada mais são que tecnologias treinadas a partir da inteligência humana - e que, por isso mesmo, tendem a reproduzir os mesmos preconceitos e problemas presentes nas pessoas que as programaram.

Por fim, é importante lembrar que o aumento de robôs suscita medos legítimos nas pessoas - como, por exemplo, o de que ocorra o encerramento de muitos empregos e funções. Um temor circulante (e que, vale lembrar, tem fundamento na realidade) é que a IA, que foi criada justamente pelos humanos, pode levar no futuro ao desemprego generalizado.

Por esses vários aspectos, a Teoria da internet morta aparece para relembrar e dar corpo aos temores que todos temos e vivenciamos frente ao mundo digital - que, em vários aspectos, é assustador.

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